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Este microbook é uma resenha crítica da obra: O algoritmo da vitória
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-65-553-5008-1
Editora: Planeta Estratégia
Você sabe o que fazem os coaches vencedores para encontrar jovens com o potencial de se transformarem em futuros campeões? Basicamente, eles buscam por algumas características centrais, para as quais os autores apresentam uma série de indicadores.
A seguir, empenham-se em desenvolver esses jovens a partir de uma base fundamental de esforços, reforçando-a sempre. Os melhores treinadores aplicam, na prática, os mesmos métodos para o desenvolvimento e o recrutamento tanto em atletas experientes quanto nos mais novos.
No entanto, guardam certos “truques na manga”, a fim de motivar os experientes a continuarem se dedicando. Entre os diversos casos apresentados por Salibi Neto e Gomes, encontram-se:
Os três nomes destacados enxergaram príncipes em sapos, reconheceram o caráter e o talento físico de um campeão. Além de desenvolverem atletas para se tornarem campeões, apostaram no tripé: valores, autoconfiança e habilidades técnicas.
Eles selecionam talentos maduros e jovens, analisando-os detidamente e se empenhando ao máximo para desenvolvê-los. Para os autores, eles são “farmers”, isto é, reservam um período para o desenvolvimento dos atletas logo no início do trabalho com eles – no caso de iniciantes, contabilizado em anos e, para os maduros, em meses.
Para encontrar campeões, um bom scouting (atividade estruturada do que chamamos por aqui de “olheiros”) é fundamental para recrutar jovens, bem como a utilização de dados é valiosa para a seleção dos atletas experientes.
O conceito de kaizen, oriundo do japonês, designa o estado de melhoramento contínuo. O controle emocional dos atletas de alto desempenho sempre foi delegado aos psicólogos.
Evidentemente, as terapias são indicadas em situações particulares e específicas, mas Salibi Neto e Gomes descobriram que existem muitas coisas que um coach pode (e deve) fazer para assegurar o equilíbrio mental.
Nesse quesito, os autores apresentam diversas lições contraintuitivas. O jogo mental, por exemplo, não diz respeito apenas à mente: o corpo também desempenha um papel fundamental.
Nossos autores entendem que atividades direcionadas a objetivos bem definidos podem causar mais impacto do que todo um conjunto de ações descoordenadas.
Esse princípio funcionou bem para John Wooden (ex-jogador de basquete, considerado um dos melhores treinadores da liga universitária estadunidense, a NCAA) e Glen Mills (treinador jamaicano de atletismo).
Ambos promoveram melhorias contínuas do campo mental de seus atletas, bem como aprimoraram substancialmente os aspectos táticos, técnicos e físicos. Apesar de não descartarem os acompanhamentos psicológicos de alguns atletas, eles assumiram para si a responsabilidade de cuidar do jogo mental.
Os bons coaches compreendem que a condição mental ideal de desempenho ao longo de uma competição é o resultado dos hábitos adotados. Wooden e Mills criaram uma mentalidade de crescimento, trabalhando corpo e mente como uma entidade única.
Há 5 iniciativas para a construção de equipes aptas a escalar vitórias. Englobam desde a consolidação do técnico como um líder (o que é menos óbvio do que pode parecer) até a seleção dos atletas certos (isso nem sempre significa escolher os melhores atletas).
Para os autores, essas iniciativas são válidas tanto em esportes individuais quanto em coletivos. As seleções nacionais precisam ser encaradas como uma espécie de “time especial”, principalmente nos esportes que não contam com treinamentos regulares, como o futebol.
Nos esportes individuais, isso é ilustrado pelo ex-tenista e treinador Brad Gilbert. Nos esportes coletivos, por Bernardinho, um dos maiores treinadores de vôlei da história. Escalar montanhas ensina uma preciosa lição: as equipes mais vencedoras são aquelas nas quais os atletas dependem, realmente, um do outro.
Times desse tipo, chamados por Salibi Neto e Gomes de “escaladores”, podem ser construídos pelo coach por meio de 5 medidas. A primeira, é a busca pela complementaridade dos seus integrantes, não só em termos táticos, técnicos e físicos, mas de juventude e experiência, personalidades, histórias de vida e comportamentos.
O segundo item consiste na inclusão de talentos individuais, ou seja, os craques, porém controlando o seu ego. O terceiro ponto é conseguir fazer com que o time jogue “sem pensar”. Os treinamentos intensos são imprescindíveis, mas não o suficiente para atingir esse nível.
O quarto é a consolidação da confiança no grupo – fator que depende, em grande medida, do coach. A iniciativa final pode ser encontrada no fato de o coach fazer com que seja reconhecido como líder.
Uma equipe vitoriosa é aquela que tem, pelo menos, uma linguagem apropriada, compartilhada por todos, que pode ter sido incorporada ou criada pelo coach. Tal linguagem tem que passar por alguns testes para ser uma real impulsionadora de vitórias.
Dentre os casos descritos pelos autores estão o de Angelo Dundi, treinador do pugilista Muhammad Ali, Brad Gilbert e Lari Passos – o treinador de Gustavo Kuerten, o Guga.
Eles implementaram um sistema comunicacional baseado em códigos, utilizando comportamentos, imagens, gestos e palavras rapidamente reconhecidos por seus atletas.
Há códigos de ignição (que servem para mudar os rumos de uma competição) e os de sustentação (que visam a criação da confiança e do pertencimento, nos treinos e outros períodos de convivência).
Os códigos, para serem efetivos, precisam ter elasticidade e duas práticas: comunicação de 360 graus e storytelling. Tenha em mente que a transparência é um valor inegociável.
Agora que chegamos à metade da leitura, vamos nos aprofundar um pouco mais nos demais elementos que compõem o algoritmo da vitória e, como tais, podem ser usados, indiscriminadamente, além do mundo esportivo, também em sua vida pessoal e profissional.
São eles: a necessidade de criar estratégias, a constituição de ambiente de crescimentos e, ainda, a importância de criar mecanismos que assegurem um aprendizado contínuo e duradouro.
A estratégia não pode ser confundida com a tática, pois, se trata de uma espécie de “cascata de escolhas”. Na realidade, essa é a nomenclatura utilizada por Salibi Neto e Gomes para se referir às 5 escolhas que um grande técnico faz, inconsciente ou conscientemente, permitindo que seus atletas desenvolvam importantes diferenciais em relação aos concorrentes.
Quem cria estratégias, planeja e executa. Ademais, sabe lidar com o favoritismo e com o derrotismo. Pep Guardiola (técnico e ex-jogador do Barcelona e da seleção espanhola), Telê Santana (ex-jogador e treinador premiado de futebol) e Phil Jackson (treinador multicampeão da NBA) que o digam.
Os três sempre souberam que a estratégia não se limita à definição de esquemas táticos; ela se fundamenta em 5 escolhas estratégicas. A primeira refere-se a um objetivo qualitativo, relacionado ao esporte, podendo ser chamado de “propósito” ou “aspiração”. Jogar bonito é um exemplo.
A segunda escolha consiste na definição dos espaços competitivos – um objetivo que, de certo modo, é quantitativo. Por exemplo, terminar o Campeonato Brasileiro em quarto lugar para disputar a Copa Libertadores da América.
A terceira é o próprio esquema tático. Apesar de os esquemas futebolísticos serem os mais conhecidos, existe tática em qualquer esporte, como atropela no final ou fazer corrida de fundo.
A quarta escolha vincula-se às capacidades, isto é, a providenciar para que estas sejam adequadas às estratégias. A quinta escolha encontra-se nos sistemas de apoio, logístico e de dados, sobretudo acerca dos rivais.
Nesse sentido, a execução estratégica é imprescindível, com gestão de competições e treinamentos. O treinador deve, também, saber gerenciar os extremos desse espectro competitivo.
Em outras palavras, deve estar pronto para o clima de derrota e para o ambiente da vitória. Desse modo, ele aprende a neutralizar eventuais favoritismos, motivando os atletas a realizarem viradas e recuperações (ou “turnarounds”).
O ambiente que favorece o crescimento, obrigatoriamente, facilita a vitória e o aprendizado. Como mostram os treinados pesquisados, tal ambiente fornece uma permanente tensão aos atletas – por meio dos relacionamentos, dos processos, da estrutura, dentre outros.
Os ambientes de treinamentos, focados na busca das vitórias, englobam o que acontece com o atleta, seja antes ou após as competições, e devem ser, também, ambientes de crescimento.
Para tanto, eles precisam alternar fatores de mudança e de estabilidade, em um movimento pendular. Isso é o que promove o amadurecimento e o aprendizado dos atletas.
De acordo com os nossos autores, existem 5 vetores centrais que auxiliam os técnicos a trabalhar mudança e estabilidade: os valores, a governança, as rotinas (ou processos), os relacionamentos, e as instalações destinadas aos treinamentos.
É indispensável equilibrar os extremos da mudança e da estabilidade. Porém, em certas ocasiões, um deles prevalece. Essa gestão de detalhes é vital para a percepção do ambiente de crescimento. De fato, há maior eficiência em ambientes que operam como uma extensão das personalidades de seus respectivos treinadores.
Os técnicos estudados nesta obra aprendem continuamente. Salibi Neto e Gomes conseguiram, de certo modo, fazer uma engenharia reversa de seus aprendizados. Eles são, metaforicamente, distribuídos em cinco caixas, que fecham e abrem, sendo esvaziadas e preenchidas de acordo com a necessidade.
Dentre os que são capazes de fazer isso com maestria encontram-se Vince Lombardi (o primeiro ganhador do Super Bowl), Bob Bowman (treinador de Michael Phelps) e o brasileiro José Roberto Guimarães, da seleção brasileira de vôlei feminino.
Todos aprendem sempre, com atenção aos mínimos detalhes e o máximo de intensidade. São dotados de uma curiosidade infinita, de tal sorte que vão, compulsivamente, adquirindo ferramentas e as usam para preservar, destruir e criar as coisas.
Os autores mapearam os seus 7 modos mais comuns de aprendizagem: mediante atuação no ecossistema, com intercâmbios internacionais, fazendo experimentos, sistematizando suas filosofias de coaching como legado, por meio da reflexão pós-derrota, com mentores (incluindo livros e cursos) e o estímulo da autoconsciência.
Os 7 elementos apresentados são traduzidos em diversas ações pelos maiores técnicos. O oitavo aspecto, contudo, pode ser encontrado em sua capacidade de saber cadenciar essas atividades.
Obviamente, cada técnico faz isso do seu próprio modo, sem copiar ninguém, embora possam se inspirar em várias histórias de sucesso. Tal sequência própria de instruções é comparável a um algoritmo.
Como todo software, o algoritmo necessita de um hardware para funcionar – algo que os bons técnicos sabem escolher. Em suma, os fundamentos das vitórias são traduzidos em ações sequenciais.
Cumpre ressaltar, por fim, que a prática do algoritmo da vitória pode, ainda, auxiliar as pessoas a lidarem melhor com o sucesso. Isso é especialmente útil aos brasileiros, uma vez que, como já diagnosticou o grande músico Tom Jobim, parecem culturalmente propensos a rejeitarem os êxitos.
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É jornalista formada pela USP, tendo atuado em veículos como Folha de São Paulo... (Leia mais)
Cofundador da HSM, empresa líder em Educação Executiva, José Salibi Neto é imediatamente associado a introdução no Brasil dos principais conceitos da Gestã... (Leia mais)
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