A Arte do Silêncio - Resenha crítica - Amber Hatch
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A Arte do Silêncio - resenha crítica

A Arte do Silêncio Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Autoajuda & Motivação e Estilo de vida

Este microbook é uma resenha crítica da obra: The art of silence

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 9788545203117

Editora: Gente

Resenha crítica

Sobrecarga auricular – e por que ela nos faz mal

 Em nosso dia a dia, vivemos cercados por estímulos visuais e sonoros. A autora relata para exemplificar essa realidade que, enquanto escrevia este livro em um quarto supostamente “silencioso”, podia ouvir:

  • uma porta batendo;
  • vegetais sendo cortados;
  • um avião a passar pelo céu;
  • o ranger do piso;
  • o arrulhar de uma pomba;
  • o som de si própria engolindo;
  • o soprar do vento nas folhas;
  • uma britadeira;
  • crianças cantando;
  • o roçar de roupas no varal;
  • uma britadeira;
  • o chilrear de pardais;
  • passos de pessoas subindo escadas;
  • o telefone tocando;
  • o bater das teclas de seu computador;
  • a própria respiração;
  • sons do trânsito;
  • uma sirene policial;
  • alguém tossindo;
  • peças de Lego sendo viradas e reviradas;
  • crianças gritando no andar logo abaixo;
  • construtores conversando na casa ao lado;
  • o ronronar de seu gato sobre os seus joelhos, dentre outros sons.

O problema é que o nosso corpo não está, desde um ponto de vista biológico, preparado para se submeter à tamanha estafa com tanta frequência e regularidade. Nesse cenário, é bem possível que adquiramos algum nível de estresse crônico.

Isso é uma péssima notícia, uma vez que o estresse está relacionado às principais causas de morte, como cirrose hepática, câncer, doenças pulmonares e enfermidades cardíacas. Ao derrubar o sistema imunológico, o estresse nos torna vulneráveis a certos vírus comuns que, de outra forma, seriam inofensivos.

Ademais, ele acarreta depressão e ansiedade e, comprovadamente, diminui as expectativas de vida das pessoas. Como se não bastasse, a sensação de estar estressado é extremamente desagradável. Felizmente, porém, o estresse pode ser evitado.

Silenciar o ambiente

A busca pelo silêncio não se resume a reduzir a intensidade dos sons que lhe cercam (não obstante, isso deva ser feito). O movimento rumo ao silêncio pode incorporar, também, um desejo mais generalizante, qual seja, a remoção de todas as bagunças desnecessárias que existem em sua vida.

Essa bagunça pode se manifestar sob a forma de responsabilidades, conteúdos midiáticos, cargas de trabalho ou pertences. Todas essas coisas, quando não estão em equilíbrio, tendem a gerar sobrecarga e estresse.

Nesse sentido, a autora insiste na necessidade de introduzir pausas em sua rotina. Essas pequenas interrupções propiciam chances para desfrutar e apreciar as oportunidades que surgem, algo difícil de realizar ao correr de um lado para o outro sem parar!

Em uma perspectiva psicológica, por exemplo, aprender a dizer “não” pode ser a mudança de trajetória que você precisa para desenvolver um estilo de vida mais consciente.

Quando repensar suas atividades e selecionar cuidadosamente quais assumirá ou continuarão sob sua responsabilidade, você cultivará uma atitude calma, sem pressa para tratar de questões importantes da sua vida.

Trata-se de abandonar o velho caminho de ser dirigido pelas circunstâncias e, em vez disso, fazer escolhas livres e conscientes. Segundo Hatch, não há nada que contribuirá mais para obter uma sensação interna de calma e de silêncio.

Cultivar relações pacíficas

Embora possa parecer contraintuitivo, em um primeiro momento, investir o seu tempo ao pensar em discursos e palavras para buscar o silêncio, na realidade, as conversas podem definir e criar nossos relacionamentos, de modo que elas são extremamente importantes.

A qualidade de nossos discursos e a forma como somos escutados e escutamos está intimamente relacionada à nossa maneira de vivenciar o silêncio. Se você for incapaz de cultivar relacionamentos tranquilos e pacíficos, dificilmente conseguirá encontrar a paz dentro de si mesmo.

Escuta ativa

A escuta ativa, como conceito, é utilizado nas mais variadas situações e terapias (inclusive, na psicoterapia), e por dentistas, médicos, coaches, tutores e muitos outros. Ela pode, também, ser empregada de forma mais geral, por meio de conversas diárias com crianças, parceiros, amigos e colegas, ajudando a consolidar um diálogo mais efetivo e encorajador para criar essa necessária conexão.

A palavra “ativa” não integra, gratuitamente, este conceito: ela reflete o fato de que o escutar consiste em uma atividade eminentemente dinâmica – na qual os interlocutores devem encontrar um justo meio termo.

Seus diferenciais podem ser encontrados em prestar a atenção devida àquilo que o falante diz e, assim, tentar entender os significados inerentes à sua linguagem corporal, entonação e palavras.

Ao escutar, você pode validar os elementos que foram ditos por meio de expressões e gestos faciais. Isso costuma, muitas vezes, envolver repetições de palavras e paráfrases ditas, servindo para demonstrar que o ouvinte está, efetivamente, atento para confirmar os elementos que foram compreendidos.

Quando ouve, você pode, adicionalmente, fazer perguntas exploratórias e relevantes, levando em conta os sentimentos velados subjacentes às palavras. Ao longo dessas conversas, os falantes podem esclarecer as informações iniciais, mudar completamente de ideia ou, até mesmo, enfatizar alguns aspectos.

A grande vantagem é que, ao se dedicar a compreender os seus interlocutores, você poderá se surpreender quando perceber que suas ideias e noções não são tão arraigados quanto imaginava previamente.

Como criar atenção plena

Devemos, antes de mais nada, estabelecer um compromisso em prol da atenção plena. Isso implica em desejá-la. É imprescindível reconhecer a sua utilidade para cada um de nós e, assim, tentar cultivá-la cada vez mais. Por sorte, isso integra um círculo vicioso: quando a aceitamos, fica mais fácil reconhecer os seus benefícios.

Ao utilizarmos a atenção plena para encontrar o silêncio, percebemos os momentos de quietude que, via de regra, surgirão à nossa volta. O que, por sua vez, contribui para elevar nossa motivação e elevar os níveis de atenção plena.

Todas as pessoas experimentam, em algum momento, a atenção plena. Seja fazendo um esforço objetivo e consciente para tal, ou sem nos darmos conta disso. Logo, a primeira fase rumo à sua prática intencional consiste em reconhecê-la.

A sensação inerente à atenção plena consiste, segundo a autora, em “estar de mente presente”, ou seja, constantemente alerta. De outro lado, ao não ativarmos a consciência, permanecemos como que cegos ao momento presente e ao que ocorre ao nosso redor.

Em vez de prestar atenção à quietude que leva ao silêncio, temos pensado em outras coisas. Estamos, comumente, absorvidos em uma espécie de fantasia interna, geralmente, preocupados com alguma coisa no futuro ou revisitando eventos passados.

Podemos permanecer emaranhados nesses sentimentos e pensamentos, deixando de notar o que, de fato, está acontecendo. Essa condição nos leva a realizar ações imprudentes, perdendo a calma e dificultando a promoção do silêncio.

Quando o seu objetivo é, de fato, praticar atenção plena, é indispensável se atentar às situações nas quais sua mente desliza rumo ao esquecimento. O elemento mais maravilhoso disso tudo é que, ao percebermos que nossa mente está presa em alguma coisa desse tipo, esse fato marca, em si mesmo, nosso retorno ao estado de atenção plena.

Silenciar a voz em nossa cabeça

Até mesmo dentro de um silencioso quarto de dormir, durante altas horas da noite, permanecemos cercados por sons. Um dos aspectos mais interessantes disso é que, grande parte deles não é ouvidos por nós.

Quando a autora realizou o exercício de reparar em sons que estavam ao alcance de sua audição, levou muito tempo ouvindo antes de conseguir identificar os sons de fundo mais repetitivos e familiares, como a própria respiração, o zunido baixo de utensílios domésticos e o soprar do vento nas folhas.

Com efeito, esse fenômeno é bastante comum: nosso cérebro evoluiu de modo a concentrar em sons incomuns ou especiais – aqueles que, eventualmente, indicam perigo –, deixando outros, que são mais comuns, escaparem à nossa atenção. Isso contribui a nos focarmos nas tarefas de cada momento.

Caso avaliássemos cada som perceptível, atribuindo-lhes o mesmo valor, poderíamos saltar da cadeira sempre que um automóvel passasse por perto. Somos, ao que parece, altamente seletivos com aquilo que escutamos.

Nesse sentido, quando mais concentrados em um determinado assunto, tanto mais os outros pensamentos se reduzem ou se aquietam. Reconhecemos, em menor medida, outros estímulos e sons, até chegarmos ao estágio de não os escutarmos mais.

Os tímpanos, claramente, ainda vibram da mesma forma. Contudo, o cérebro não interpreta tais vibrações como sons. Tal fato sugere uma ideia bastante interessante: a de que talvez seja viável “desligar” todos esses sons que nos cercam, a fim de ouvirmos apenas o silêncio.

Ao praticar meditação com regularidade, é possível iniciar um processo de controle dessa voz interna e rebelde, sobretudo, quando a respiração é utilizada como seu objeto central. 

Lembre-se de que a sua mente sempre tomará algo como objeto e, quando a direcionamos de modo contínuo à respiração, ela serve como uma âncora para a sua mente. Caso isso seja realizado de forma consecutiva, o cérebro, no fim das contas, passa a se acalmar e a permitir que os pensamentos passem a fluir com menos frequência.

A capacidade de se manter atento ao lugar no qual o corpo é tocado pela respiração requer concentração – uma das habilidades mais comumente praticadas na meditação. A mente, em vez de se dirigir a todos os lugares, pode aprender a priorizar as sutis nuances da respiração.

Muitas pessoas se surpreendem com o quanto esse estado de calma e concentração é agradável e com a intensidade da imersão em um silêncio aprazivelmente acompanhado pela atenção à respiração.

É natural que diferentes pensamentos lhe distraiam e, dessa forma, lhe impeçam de se separar da respiração em algumas ocasiões. Entretanto, com mais prática e experiência, isso ocorrerá com menos frequência, de modo que os seus pensamentos tenderão a se tornar menos agitados e apressados.

Notas finais

O silêncio, como ideal, é atrativo: sequer é necessário pensar muito sobre o seu significado para logo percebermos que, de fato, precisamos dele. É raro quem não se sinta, atualmente, atado a um ciclo ininterrupto de consumo, estímulo e comunicação. Sabemos, intuitivamente, que continuar agindo da mesma forma não solucionará as nossas dificuldades.

Precisamos radicalizar, ou seja, precisamos de menos e, talvez, nem precisamos de nada. Não obstante, buscar por algo implica em procurar mudanças drásticas nas formas habituais de ser e de pensar. 

Criar um espaço para o nada demanda uma modificação profunda de toda nossa perspectiva sobre o mundo. Podemos começar a partir de pequenos passos, pois, o processo de incorporação do silêncio em nossa rotina pode ser gradual, à medida que o encontramos nas diversas atividades que participamos.

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Quem escreveu o livro?

Amber Hatch é conhecida pelos seus trabalhos relacionados à meditação, como no livro "Mindfulness for Parents". U... (Leia mais)

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