Vivemos Mais! Vivemos Bem? - Resenha crítica - Mario Sergio Cortella
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Vivemos Mais! Vivemos Bem? - resenha crítica

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Saúde & Dieta

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-8561773465

Editora: Papirus 7 Mares

Resenha crítica

A vida como desafio

A relação entre vivência e experiência tem sido apresentada de formas diferentes por vários pensadores. Jorge Larrosa tem explorado a ideia de experiência de um modo que me parece muito rico.

Larrosa afirma que “a experiência é o que se passa comigo e que, assim, me forma ou me transforma, me constitui, me faz como sou, marca minha maneira de ser, configura minha pessoa e minha personalidade”. A experiência está ligada ao sentido que se dá às vivências.

É interessante porque a palavra experiência, como nos revela a etimologia, tem dentro de si a palavra perigo. “Experire” é acercar-se do perigo e saber enfrentá-lo também. Ou seja, a noção do perigo como aquilo que cada um de nós tem de encarar.

Recorrendo outra vez à etimologia, vamos verificar que na palavra desafio está contida a ideia de desconfiança. Fiar é confiar. Por isso é bem usual a expressão: “Não me fio muito em tal coisa”.

Pelo mesmo motivo, o padeiro coloca em seu estabelecimento uma tabuleta com os dizeres: “Fiado só amanhã”. Ele desconfia. Confiar é fiar, desconfiar é desafiar. Em todo desafio há uma “desconfiança”, coloca-se em dúvida a possibilidade de realização de uma ação – e, portanto, acena-se para o perigo.

Quando digo para alguém: “Eu o desafio a ir, em cinco minutos, do lugar em que estamos a determinado outro lugar”, é porque duvido que consiga, desconfio. Isso requer, de sua parte, coragem para enfrentar o desafio.

Quando mergulhamos na ideia de Guimarães Rosa, descobrimos que viver é perigoso porque viver é desafio de fato. É o desafio da criação do inédito. Afinal de contas, embora a vida seja dádiva na origem, como princípio, ela não é dádiva como ponto de chegada.

Embora se diga “Deus é que sabe”, ainda assim essa percepção metafísica, teológica, que leva a reconhecer a vida como dádiva no ponto de partida está ligada também à condição de vivê-la de uma maneira intensa e, portanto, acolhendo o perigo e enfrentando-o, em vez de fugir do desafio.

É claro que há desafios dos quais não temos como escapar. Mas há desafios que nós escolhemos, que vamos buscar.

Diante do perigo, é preciso coragem. E resulta curioso que as pessoas às vezes digam que o contrário de coragem é medo. Mas não é assim; o contrário de coragem é covardia.

Medo é algo que existe frequentemente na vivência das situações em que nos encontramos. Se não tivéssemos medo diante das provocações, dos desafios que a vida vai apresentando a cada etapa, poderíamos até agir precipitadamente, sem refletir, irresponsavelmente.

Crescemos sempre que, embora tenhamos medo, ou até mesmo porque o temos, avaliamos criticamente as situações, consideramos nossos limites e possibilidades e buscamos superar os obstáculos, explorando os elementos positivos que estão à nossa disposição.

Viver mais e viver bem

É absolutamente necessário refletir sobre o tipo de vida que vale a pena viver e o tipo de vida que não vale a pena. A ideia de vida longa implica viver mais e viver bem. Mas, viver bem não é só chegar a uma idade mais avançada com qualidade material de vida.

É também adquirir a capacidade de olhar a trajetória. Porque a vida não é só o agora, é o percurso. Ela é a soma de todos os momentos numa extensão de tempo.

O contrário de vida é não vida. E morte não é não vida, morte é cessação. Quando a pessoa está morrendo, dizemos que ela está agonizando. Agonia, em grego, significa “luta”. A pessoa em agonia luta para que alguma coisa não aconteça.

Há situações em que só o comprimento da vida a leva a desistir da luta – isto é, a pessoa não vê sentido em sua vida.

E, nessa hora, o que se defende não é uma morte boa que conclua uma vida boa, mas uma vida com sentido enquanto existe vida e se está consciente.

É por tudo isso que hoje se discute a prática da chamada “obstinação terapêutica”, ou distanásia, que é quando há uma tentativa de prolongar artificialmente a vida de enfermos incuráveis, o que pode ser encarado como mera obsessão.

Vida longa para todos? Ainda sobre esse ponto, há uma saudação que alguns árabes fazem ao se cumprimentar ou despedir: “Vida longa e morte rápida”. Essa ideia de morte rápida é a de uma morte que abrevia não a vida, mas a agonia. Porque vida não é agonia nesse sentido.

A seletividade da memória

Existe um aspecto difícil na memória, e isso em qualquer idade, que nos faz reviver tanto o agradável quanto o desagradável. Ivan Izquierdo, grande neurologista argentino naturalizado brasileiro, estudou amplamente o assunto.

Ele tem uma belíssima reflexão sobre o papel do esquecimento na preservação da saúde mental, publicado no livro “A arte de esquecer”.

A noção de “kyklos” de Nietzsche, o eterno retorno, apresenta, igualmente, um dado fundamental: a natureza nos preserva. Não temos memória dos nossos primeiros quatro ou cinco anos de vida, que é a fase mais complicada para um ser vivo.

Não nos lembramos de nada. Se alguém crê que se lembra de alguma coisa de quando tinha três ou quatro anos, é memória emprestada. Provavelmente a mãe lhe mostrou fotos ou lhe contou histórias e a pessoa pensa que se trata de uma lembrança. Mas não temos memória desse período.

Um primeiro sinal de senilidade é a perda da memória de novo, o que pode ser uma bênção. Afinal, é muito difícil carregar muita memória. Embora talvez não seja adequada a comparação com o computador, às vezes aparece na tela a informação: “insuficiência de memória”.

De certa maneira, para os humanos, numa vida longa, a perda, mesmo que parcial da memória, é sempre muito difícil.

Contudo, a gente precisa fazer com as gavetas da memória o que faz com as gavetas dos armários: de vez em quando fazer uma limpeza, jogar fora o que já não se usa, o que já não tem valor.

Olhando para trás e adiante

Apesar das pressões, da necessidade de manter o status, da influência dos outros e da tendência a seguir a corrente dos acontecimentos, as modas são passageiras, efêmeras. Não inúteis, mas fluidas.

E essa fluidez pode até ser escravizadora, pois, como dizia Millôr Fernandes, “o importante é ter sem que o ter te tenha”. Isto é, não sejamos possuídos por aquilo que possuímos.

Há uma questão de decisão: embora haja pressão da mídia, da sociedade, da estrutura de consumo, da organização econômica, ela não é invencível; embora seja forte, não é irresistível. Resistir a essa vacuidade, a essa vaidade, para usar o termo latino, é uma simples questão de decisão.

Alguém poderia perguntar: Por que decidir fazer isso? Porque eu quero ser dono de mim, minha vida tem de me pertencer. Alguém pode até usar um argumento religioso: a minha vida pertence a uma divindade. Mas não é disso que se trata.

Esta vida pode até pertencer a Deus no ponto de partida. Ele, que pode ser entendido, como o é por algumas pessoas, fonte da vida. Mas o fato de a fonte ser divina, de acordo com essa perspectiva, não dispensa ninguém de fazer suas próprias escolhas.

Esta sociedade tem, sim, algum poder sobre nós, mas “quem sou eu dentro disso?” Sou eu aquele que “vive a vida de gado”, como canta Zé Ramalho, em “Admirável gado novo”, ou sou eu aquele capaz de ter uma vida que não é soberana, mas que é autônoma.

Será que o indivíduo toma consciência disso no meio desse turbilhão de apelos, de assédios de muitas formas? Há esperança de que a consciência prevaleça. Trata-se de uma questão complexa, mas à qual devemos estar atentos.

E ainda podemos acrescentar a importância da educação, dos valores e de sua problematização. É preciso refletir, discutir tudo isso.

Existe uma expressão caipira que diz: “Tome tento”, ou seja, “preste atenção”, “pare, olhe e escute”. Em outras palavras, veja que vida você está vivendo, que caminho está seguindo.

Você optou por isso ou alguém o está empurrando nesta ou naquela direção? Toda a filosofia tradicional busca contribuir para que o ser humano seja capaz de liberdade, de decisão; de que é preciso ser capaz de não se alienar.

Se eu não me pertenço, não tenho uma vida que possa entender como a “minha vida”. Frases como “na minha vida mando eu” não representam uma expressão de individualismo, mas são, sim, uma expressão do indivíduo, isto é, da capacidade de querer uma vida que possa ser partilhada.

Pode ser considerado extremamente confortável e fraco de espírito quando alguém diz: “O que posso fazer? A vida é assim. Preciso consumir, preciso cuidar da minha imagem”, como se fosse uma fatalidade. Essa é a visão trágica da vida.

Sem dúvida, a perspectiva trágica tem a capacidade de acalmar o espírito ao partir do princípio de que há uma roda da fortuna que gira independentemente da vontade do sujeito. É a vida como “crime culposo” e não como “crime doloso”.

Essa ideia da autonomia é fundamental, porque está ligada à essência de humanidade, que é a liberdade. Muita gente acha que liberdade é a ausência de limites. Na verdade, liberdade é possibilidade de escolha.

E a escolha implica responsabilidade. Aí reside o caráter político de nossa vida em sociedade. Vivendo na polis, na cidade organizada, somos submetidos a determinadas pressões, prescrições e temos a necessidade de tomar partido. Ser político não é ser de um partido, é tomar partido.

A ditadura do relógio e o valor do tempo

Na transição do sistema feudal para o capitalismo ocorreram importantes transformações na vida profissional e nos hábitos dos indivíduos. Aquilo que mais diferencia a sociedade ocidental de nossos dias das sociedades mais antigas da Europa e do Oriente é o conceito de tempo.

Em nenhum lugar do mundo antigo ou da Idade Média havia mais do que uma pequeníssima minoria de homens que se preocupassem realmente em medir o tempo em termos de exatidão matemática. A invenção do relógio altera esse cenário.

E a forma como ele é utilizado na sociedade industrial transforma o tempo: antes considerado um processo natural, ele passa a ser uma mercadoria, que pode ser vendida e comprada como qualquer outra. E o tempo do relógio determina o ritmo de vida dos seres humanos.

Uma mercadoria que alguém pode comprar é a ideia básica da jornada. A jornada, o jornaleiro, o mensalista, o diarista, são aqueles que vendem o tempo. Eu vendo o dia, o “jour”, logo sou jornaleiro, diarista; ou posso ser um mensalista.

Desse modo, quando meu tempo é “oferecido” ao outro, estamos entendendo-o como propriedade – que é, no fundo, a vida como propriedade.

Em “Segundo tratado sobre o governo civil”, John Locke discute como propriedade natural sobre si mesmo o direito de cada um despender seu tempo como desejar, isto é, fazer o que bem entender da própria vida.

Já Benjamin Franklin, que é o autor da frase “Tempo é dinheiro”, estava num movimento ligado à estrutura de uma nova organização do capital. Afinal, ele estava vivendo o auge da industrialização do século XVIII – daí a noção do tempo como algo que pode ser negociado com terceiros.

Eu alugo uma parte da minha vida para você ao trabalhar para você. É interessante porque parece que a aposentadoria se dá, em tese, quando eu tomo minha vida de volta, isto é, não trabalho mais para ninguém.

Agora o tempo é meu, posso fazer dele o que quiser. E por vezes escutamos de um aposentado: “Tenho tempo sobrando”. E se alguém tem tempo sobrando – aí vem o outro lado –, como usar esse tempo?

Esse tempo terá muito valor se for aproveitado para viver melhor. Mas o problema é se a pessoa permanece sem se envolver em nada e não tem o que fazer. Porém, não nos esqueçamos de que ócio não é vagabundagem.

Ócio não é não ter o que fazer, mas escolher o que fazer no tempo livre. Nesse sentido, alguém que não tem o que fazer não é alguém livre, porque não tem escolhas.

A ampliação do horizonte de vida

Nós tivemos um alongamento do tempo vital. No começo do século XX, a expectativa média de vida dos indivíduos era de 42 anos. No início do século XXI, saltou para 72. Logo, quase dobrou.

Tal incremento na média do tempo vital foi uma consequência da melhoria das condições de saneamento, do avanço da ciência, da maior disponibilidade de bens de consumo e de bens de produção.

Essa ampliação da expectativa de vida fez com que muitas pessoas tivessem um estoque maior de dias que nos levou a alterar nossa perspectiva em relação às fases da vida.

Hoje pensamos a infância, a adolescência, a maturidade e a velhice de modo diferente. Não que seja tudo mais lento. Nós reposicionamos o que fazer nesse tempo. Antigamente, a vida durava 60 anos. Então, havia três grandes blocos: 20, 40 e 60 anos.

De zero aos 20 anos, a pessoa se programava. Quer dizer, aos 20 anos ela deveria saber o que ia ser na vida, com quem ia casar, ajoelhar-se diante de um altar para jurar que viveria com aquela pessoa até a morte.

Esse era o esperado de zero aos 20 anos. Aos 20 anos, começava a se reproduzir e trabalhava intensamente até os 40. Que é quando a vida começa, como diz o ditado popular.

Quando a vida começava, porque era quando tinha início a fase da vida sem trabalho. Aí, dos 40 anos em diante, vinha a aposentadoria, um período de maior tranquilidade, com os filhos já criados etc.

Essa imagem mudou completamente. Na segunda metade do século XX, quando um jovem atingia 20 anos, ele considerava que já tinha vivido um terço da vida; com essa idade, hoje, ele viveu apenas um quinto.

E sabe disso! Porque sabe disso, ele tem mais tempo. Quem tem mais tempo não cuida tanto do tempo atual. É um princípio básico de economia. Logo, o jovem pode até desperdiçar um pouco de seu tempo.

Além disso, somos a primeira geração de pessoas na faixa dos 60, 70 anos que cuida da geração que veio antes e da que veio depois. Isto é, que tem que cuidar dos pais e dos filhos, e que tem, portanto, uma redução do tempo disponível para si mesmo.

Hoje já não nos preocupamos apenas em cuidar de nós e dos nossos filhos – houve uma época em que se esperava que os filhos tomassem seu rumo, cuidassem de si próprios e saíssem das asas dos pais.

Isso, porém, não é o que tem acontecido. Hoje temos que acolher também o filho que volta, ou acabamos indo junto com a filha que vai para outra cidade, para apoiar. E ainda aí estão os pais idosos que antes eram cuidados comunitariamente, porque a família vivia de maneira comunitária.

No modo de vida atual, nós nos afastamos, ficamos em apartamentos, literalmente apartados em relação a essa convivência. Isso diminuiu um pouco o nosso tempo vital. Por quê? Porque temos dois polos de responsabilidade, em relação a nossos pais e nossos filhos.

Com uma ilusão e uma certeza. A ilusão era a de que os filhos pequenos, a cada dia, seriam um problema menor.

Já a certeza em relação aos idosos era a de que, como não viviam tanto e nós vivíamos em comunidade, e também como os cuidados com eles eram partilhados entre mais pessoas, aquela era uma situação mais fácil de ser administrada.

A vida só vale porque é finita

A pior coisa para uma vida longa na qual a pessoa não tem a presença de outros é quando ela se torna solitária. A solidão é a negação da vida, porque somos seres gregários, gostamos de viver juntos.

E porque nós temos essa natureza, quando alguém se torna solitário, de fato, não há por que viver. Há perda de sentido.

A tese que Simone de Beauvoir procura demonstrar em “Todos homens são mortais” é que a vida faz sentido porque vai acabar. Ela narra uma fábula, a história de um homem que, na Idade Média, toma um elixir da vida eterna.

A partir desse momento, a vida para ele perde a graça. Porque ele se apaixona por mulheres que envelhecem e morrem, ele vai à guerra e todos estão empenhados em garantir a vida, mas ele não precisa disso.

Então, não encontra sentido em nada. E a solidão está relacionada, às vezes, com essa perda de sentido. O valor vem pela carência. Aliás, não há valor sem carência. Se fossemos imortais, a vida não teria graça. Primeiro, porque ela seria insuportável, a menos que pudéssemos ir perdendo a memória.

Assim é, por exemplo, com o alcoólatra: ele não tem prazer na bebida, tem obsessão por beber. O prazer está relacionado à carência. Um copo de água é delicioso quando você está com sede.

Ter de tomar seis para fazer um ultrassom de vias urinárias é algo extremamente desagradável. É a mesma água, mas não é a mesma circunstância. Na primeira há carência, na segunda, exagero. A vida só vale porque é finita. Portanto, temos que valorizá-la.

Aposentadoria não é desocupação

Devemos pensar no que significa, para a sociedade, o cidadão que não está empregado, que utiliza seu tempo de outra maneira, que pode construir de outra forma a sua vida.

Reduzido drasticamente o emprego, as pessoas procuram desenvolver seu trabalho de outra forma ou até experimentar outro tipo de atividade. Muitos jovens, por exemplo, optam por trabalhar como freelancers, abrem pequenas empresas, são contratados como “pessoa jurídica”.

Hoje, carteira assinada pode até ser raro dentro de determinados contextos – a própria expressão é antiga: carteira assinada! É possível constatar, entre os jovens profissionais, hoje, como há inúmeros registros em suas carteiras de trabalho, quando eles as têm.

Mudar de emprego não significa o que antes significava, exatamente por causa das mudanças no mercado de trabalho. Mas para o trabalhador mais velho, as mudanças podem representar uma ameaça. Até porque as empresas estão, cada vez mais, contratando jovens. E descontratando idosos.

Ultimamente, porém, várias sociedades estão pensando melhor em relação ao mais idoso. Por exemplo, para ele não ficar desocupado, oferecem-lhe uma ocupação – muitas vezes, como trabalho voluntário.

Ele pode trabalhar num hospital, por exemplo. Aliás, não precisa ser uma ocupação só de natureza voluntária. É possível, sim, ter uma ocupação que seja remunerada e que melhore a condição de vida.

Por exemplo, em Nova York é muito comum encontrar no hotel um idoso como porteiro da noite, porque, como o idoso tende a dormir menos, ele pode fazê-lo com mais vantagem do que pessoas mais jovens.

Não se trata de pensar na ocupação do idoso só para ele não ficar sem fazer nada, para que não fique triste, deprimido. Há, ademais, a possibilidade de o idoso buscar atividades que o ocupem de maneira prazerosa.

Pode ser o trabalho voluntário, pode ser a dança, a música. Nesse campo, no Brasil, o Sesc é insubstituível, é o nosso verdadeiro ministério da terceira idade, porque cria condições de estímulo, de desenvolvimento de atividades essenciais para o idoso.

Contudo, a ocupação não deve se dar apenas de maneira voluntária, em que a pessoa não tenha retorno financeiro. É uma questão de inventividade. Nós ainda não temos cotas destinadas ao idoso como temos para pessoas com deficiências, mas, certamente, vamos tê-las em algum momento.

Afinal, como escreveu Alain nas “Considerações sobre a felicidade”, “quanto melhor se enche a vida, menos medo se tem de perdê-la”.

Notas Finais

Vida boa é a presença do desejo e não a satisfação da necessidade. Quando temos a presença do desejo, continuamos adiante. Quando temos a satisfação da necessidade, somos mera biologia, isto é, mera corporeidade.

Quando é mera necessidade satisfeita, é pouco. O erótico tem essa força, porque ele é a presença do desejo.

Vemos pessoas com bastante idade que conservam o desejo da sexualidade – não necessariamente o desejo do sexo, porque sexo não é desejo, é necessidade –, que mantêm a vitalidade erótica em relação à família, à comida, à Igreja, mas também em relação ao prazer.

Elas têm prazer de participar de um canto, prazer de estarem vivas. A presença do desejo supera a satisfação da necessidade.

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Quem escreveu o livro?

Mario é filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário. É muito conhecido por divulgar pensadores com outros intelectuais como Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal e Renato Janine Ribeiro e analisar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea. É professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e de pós-graduação em Educação da PUC-SP, na qual está de 1977 a 2012, além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral, desde 1997, e foi no GVPec da Fundação Getúlio Vargas, entre 1... (Leia mais)

Terezinha Azerêdo Rios é mineira, de Belo Horizonte, onde graduou-se em Filosofia pela UFMG. Mora desde 1968 em São Paulo. Fez o mestrado em Filosofia da Educação pela PUC-SP, onde fez parte, por mais de 30 anos, da equipe de professores do Departamento de Teologia e Ciências da Religião. Doutorou-se em Educação pela USP e é pesquisadora do GEPEFE – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de... (Leia mais)

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