The myth of normal - Resenha crítica - Gabor Maté
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The myth of normal - resenha crítica

The myth of normal Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Sociedade & Política e Psicologia

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-05-9308-388-8

Editora: Avery Publising Group

Resenha crítica

Por que o “normal” é um mito? 

A sociedade contemporânea é a mais obcecada pela manutenção da saúde em todos os tempos. Mas nem tudo está bem. Essa fixação moderna gerou indústrias multibilionárias, capazes de investir continuamente em uma busca interminável para comer melhor, ter aparência mais jovem, viver por mais tempo, sentir-se animado todo o tempo ou ter menos sintomas de uma enfermidade. 

No noticiário, é comum nos depararmos com novidades sobre modos de autoaperfeiçoamento constantes. Pare e pense em quantas vezes você não viu capas de revistas e reportagens televisivas sobre suplementos, estúdios de ioga, dietas da moda, testes genéticos ou estratégias para prevenir o câncer e outras doenças. 

Ao mesmo tempo, a saúde coletiva está se deteriorando. Estamos no auge da engenhosidade e sofisticação médica da humanidade, mas surgem cada vez mais males crônicos, transtornos mentais e vícios. Ficamos sempre alarmados, permanentemente atrás da cura para esse adoecimento da humanidade. 

Você certamente já se surpreendeu com o surgimento de uma nova condição médica que não existia há poucos anos. No fundo, essa é a demonstração de que, embora seja importante trabalhar por um estilo de vida mais saudável, passar ileso por pequenos problemas com corpo e mente é tão irreal quanto buscar viver para sempre. 

As faces de um trauma 

Um evento traumático pode ter consequências profundas e duradouras, tanto individual quanto coletivamente. Para exemplificar de forma prática, o autor se propôs a contar uma situação particular. 

Aos 71 anos de idade, ele foi a Vancouver para um ciclo de palestras. O público entusiasmado fazia questão de ouvi-lo sobre os impactos que um vício pode ter em nossas vidas. Na volta para casa, o sentimento foi de grande fúria irracional ao receber uma mensagem da esposa, avisando que ainda não havia saído de casa para encontrá-lo no aeroporto. 

Gabor Maté reagiu com incômodo, sentindo-se extremamente contrariado, de forma muito distante do comportamento esperado para um senhor com mais de sete décadas de vida e com um trabalho acadêmico consistente. E o que isso tem a ver com trauma? 

Sua reação teve muito a ver com experiências passadas, em que a sensação de abandono causou o medo do que poderia esperá-lo no futuro. Assim, como se voltasse à infância, reagia tentando espantar o retorno de um sentimento inadequado e indesejável. 

Assim, a busca constante por uma saúde perfeita, algo impossível de ser alcançado, tem muito a ver com o medo coletivo dos tempos em que a humanidade vislumbrava apenas a sobrevivência, sem saber quantos voltariam vivos a sua aldeia, tendo em vista os perigos selvagens que nos cercavam. 

O trauma da morte iminente e do adoecimento repentino nos cerca. Mais que buscar um estilo de vida saudável, precisamos nos atentar para a necessidade de não nos traumatizarmos por condições médicas que venham a cruzar conosco ao longo do caminho. 

Vivendo em um mundo imaterial 

Um caso marcante para o autor é o de Caroline, que morava na Pensilvânia e foi diagnosticada com um câncer de mama aos 36 anos. O ano era 1988 e seu tumor foi tratado com um procedimento cirúrgico e sessões de radioterapia. 

Anos depois, um novo tumor maligno apareceu em seu quadril e no fêmur esquerdo. A necessidade de um novo procedimento, até mais delicado que o primeiro, era urgente. 

Seu prognóstico era de apenas dois anos de vida, e havia ainda uma preocupação maior, já que tinha dois filhos pequenos. No fim das contas, ela viveu ainda mais duas décadas e teve a oportunidade de ver suas crianças crescidas, sem se martirizar pela possibilidade de uma morte precoce. 

Seu apego à vida imaterial era maior do que as questões físicas. Fazia questão de trabalhar para a redução dos abalos psicológicos que um câncer causa, não só no paciente mas em toda a família. E sua vida ficou leve, serena, cheia de momentos memoráveis.  

Quando a medicina ocidental tem no aspecto de juventude uma qualidade excessivamente valorizada, qualquer mínimo problema de saúde ganha aspectos catastróficos. A sabedoria de quem esteve de cara com a morte precisa ser absorvida por todos nós. 

Caso contrário, não só ficaremos permanentemente aflitos com o passar do tempo, mas buscaremos uma saúde perfeita e impossível de nosso organismo, gastando muito dinheiro com quem vende receitas enganadoras, como a fórmula da eternidade. 

Natureza humana, necessidades também humanas

Agora que passamos da metade deste microbook, trazemos uma questão de difícil resposta: qual é a nossa verdadeira natureza como seres humanos? Desde a antiguidade, essa pergunta é impossível de ser respondida plenamente. 

Nós, seres humanos, somos maleáveis. Nos adaptamos às mudanças de comportamentos, culturais e até climáticas. Essa não é uma habilidade recente, vem desde os tempos das cavernas e faz parte da evolução da espécie. 

E todas as sociedades fazem suposições sobre a natureza humana, colocando nela a culpa por comportamentos manipuladores, egoístas ou curiosos. Há uma cultura de ver com aprovação ou desânimo as pessoas mais agressivas, gananciosas e muito individualistas. 

Muita gente enxerga o interesse próprio como algo não natural, mas se trata da natureza humana. De maneira análoga, o adoecimento, o envelhecimento e os momentos de oscilação na saúde também seguem essa linha. 

Já a inexistência de enfermidades por toda uma vida são irreais. Em compensação, a busca pela inalcançável saúde plena, pela juventude eterna e pela perfeição do corpo são necessidades humanas, tanto quanto a realização de sonhos. 

Mas não se pode tirar os pés do chão, sob o risco de ver a saúde mental entrando em crise por nunca alcançar uma perfeição que nem existe. 

Aflições e adaptações

Para o autor, boa parte do sofrimento mental da modernidade não deveria ser tratado apenas como doença, mas como um intruso de fora, que na realidade expressa a forma de vida atual. 

Um bom exemplo disso é a depressão, que, em seu significado mais puro, indica  algo como empurrar para baixo. Pessoas deprimidas sentem uma série de emoções e sentimentos que as jogam em uma espécie de fundo do poço, do qual é muito difícil sair sem esforço. 

E não se pode falar apenas do adoecimento mental tão frequente em nosso tempo como algo isolado. Esse é um reflexo automático de uma rotina de correria e pressões. Se você mal consegue parar um pouco para relaxar, curtir a vida e aproveitar um tempo sozinho, então está propenso a viver aflições que podem prejudicar seu estado emocional. 

E esse estado de tensão constante está levando milhões de pessoas a sofrerem de ansiedade e outros transtornos. É preciso adaptar o cotidiano para reduzir os riscos de uma vida triste e doente. 

Reduzir a carga laboral, tirar uns minutos do dia para se dedicar a si mesmo, não exagerar nas horas trabalhadas e manter um estilo de vida sem muitos exageros pode fazer toda a diferença em sua saúde. 

Se as aflições podem nos adoecer e a correria moderna intensifica esse processo, moldar-se em prol de seu bem-estar é a melhor alternativa possível. 

Desfazendo um mito: por uma sociedade saudável

Para desfazer o mito do que é normal em termos de saúde, precisamos estar atentos às percepções equivocadas, preconceitos e ficções que, diariamente, nos afligem. Em especial, devemos ter cuidado com hábitos autodestrutivos vendidos como a garantia de uma vida sem problemas no corpo e na mente. 

É importante valorizar o conhecimento que a ciência tem a nos oferecer ano após ano, de forma a proporcionar mais saúde coletiva para a população e seus indivíduos. A sociedade deve traçar um caminho em que isso seja acessível para o máximo de pessoas possível, não apenas para uns poucos privilegiados. 

Quando uma sociedade está adoecida, fica mais difícil entender o que é causa e o que é consequência do mal-estar cotidiano. É preciso entender as doenças como professoras, capazes de nos ensinar sobre hábitos nocivos e rever costumes que parecem automatizados. 

Uma sociedade saudável exige esforços de cada um de nós, primando tanto por melhorias individuais quanto coletivas, sem fazer do egoísmo uma filosofia de vida que vai nos matando aos poucos. 

E se não acharmos as respostas sobre os caminhos para solucionar todos os entraves para uma saúde plena, essa busca constante faz de todos nós uma coletividade preocupada uns com os outros, aumentando a saúde coletiva gradativamente, ao mesmo tempo em que estamos ciente de nossa finitude no planeta. 

Notas finais 

De perto, ninguém é normal. Por mais clichê que essa frase pareça, faz todo o sentido quando relacionada à saúde e às doenças, tanto individual, quanto coletivamente. Essa obra deixa claro o quanto pensar em normalidade ou saúde plena não passa de um mito, especialmente quando se trata de um momento de tanta correria, cobranças e pressões por todos os aspectos da vida. Não é possível pensar em cura se não nos atentamos aos sintomas que nos adoecem dia após dia. Estar com a saúde normal vai muito além de não ter diagnósticos sérios. Também é preciso fazer um check-up no mundo que nos cerca. 

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Quem escreveu o livro?

Gabor Maté é um médico canadense de origem húngara que se especializou no estudo e tratamento da toxicodependência e também é amplamente reconhecida por sua perspectiva única sobre Transtorno de Déficit de Atenção e sua firme convicção na conexão entre mente e corpo health.Born em Budapeste, Hungria em 1944, ele é um sobrevivente do genocídio nazista. Seus avós maternos foram mortos em Auschwitz quando tinha cinco meses de idade, sua tia desapareceram durante a guerra, e seu pai suportou o trabalho forçado nas mãos dos nazistas. Ele emigrou para o Canadá com sua família em 1957. Depois de se formar com um B. A. da University of British Columbia em Vancouver, e alguns anos como uma escola secundária Inglês e professor de literatura, ele voltou para a escola para perseguir seu sonho de infância de ser um physician.Maté correu uma família prátic... (Leia mais)

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