Ouse argumentar - Resenha crítica - Maytê Carvalho
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Ouse argumentar - resenha crítica

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Desenvolvimento Pessoal

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-65-5535-740-0

Editora: Planeta

Resenha crítica

Conte a história certa para si

Mulheres aprendem cedo que precisam pôr as necessidades dos outros acima das suas próprias. Há cobranças para sentar assim ou assado, falar baixo e se comportar do jeito “certo”. Dizem para sorrir sempre e não fechar a cara. Palavrões são proibidos. Se a maior parte dos homens se candidata às vagas de emprego, mesmo sem classificação, as mulheres são seletivas. 

Quando não se julgam capacitadas para uma vaga, sequer tentam. Se conquistam algo, julgam que tiveram sorte. Raramente se gabam de uma conquista, por ser “feio”. A dica da autora é não ter vergonha de falar bem de si em voz alta.

Repare na história que você conta para si. Observe o mérito que dá às suas conquistas. Pare de achar que é fruto da sorte ou de fatores externos. Inscreva-se para a vaga dos sonhos, mesmo que não se considere com qualificação suficiente para isso. Aceite que você mereceu o que conseguiu.

A qualidade da sua vida é proporcional à das suas relações

Poste suas conquistas. Espalhe-as. Deixe que todos saibam o quão grande você é. Conte em voz alta, com orgulho. Se os outros não sabem lidar com a sua grandeza, azar o deles. Não dá para prosperar se você se cercar de gente que não vibra por seus progressos.

Se chegar em casa comemorando uma conquista e seu namorado chamá-la de metida, reveja sua relação. A qualidade da sua vida é proporcional à das suas relações. Veja se você é protagonista da sua própria história ou se só responde às demandas dos outros. Pense no que quer.

Quando você começar a lutar, em voz alta, pelo seu poder, conflitos vão aparecer. Isso não é ruim. Olhe para esses momentos como oportunidades de rever relações. Mude as cláusulas da amizade e do amor. Reveja os incisos que dizem que falar alto, colocar limites e se impor são coisas feias.

Brilhar autoriza o brilho dos outros

Você pode ter sido coagida ao silêncio algumas vezes na vida. Veja quantas pessoas já chamaram você de geniosa por expôr suas opiniões. Observe quando você disse algo no trabalho e ninguém deu bola, mas, quando um colega seu disse, as pessoas prestaram atenção. Então, você aprendeu que é melhor não falar nada.

Não tenha medo de ser grande demais. Fale, ainda que tumultue. Diga, mesmo que o que diz soe controverso. Deixe que suas roupas incomodem. Chame atenção, se preciso. Não vibre na mediocridade se dá para brilhar sendo de um tamanho digno de você. 

É comum ver as pessoas se silenciando por medo de perder uma relação ou uma oportunidade. Seja diferente. Encolher para caber em um relacionamento ou um trabalho que não lhe serve é uma péssima ideia. Brilhe. Brilhar autoriza o brilho dos outros. Não banque a pequena pelo medo de ser notada. O mundo não vai ganhar nada com a sua irrelevância. 

Você não foi feita para caber

Se apequenarem você ou condenarem suas ideias, não se intimide. Você não foi feita para caber, mas para transbordar. Se sentir que é grande demais para ficar em algum lugar, vá embora. Não se encolha para se encaixar em um espaço pequeno. É um suicídio espiritual.

Isso vale para a vida acadêmica, o trabalho, a amizade e o amor. Nem sempre é fácil bancar sua grandeza, porque o mundo recompensa aquelas que se sacrificam pelos outros. A mulher “boa” é a que se coloca disponível anulando as próprias vontades. A “bruxa” é a que aceita o próprio tamanho e sabe que pode ser detestada por isso. 

Ela não está ali para ser agradável e sabe que a própria opinião é a que vem em primeiro lugar. A cultura faz o comportamento dócil triunfar sobre a dignidade. O conselho da autora é ser irreverente. Tenha coragem para não agradar.

Tenha coragem para ser detestada

Você só vai alcançar a liberdade quando tiver coragem de ser detestada. A verdade dura sobre a vida é que mulher protagonista não agrada. A maior parte dos brasileiros não se sente confortável ao ver uma liderança feminina em uma empresa. Esteja pronta para causar incômodo quando chegar no topo.

Isso não é falta de confiança, e sim, medo de não pertencer. A possibilidade de não ter o acolhimento do grupo assusta. O medo de não ser amada impera. Isso se relaciona com séculos de machismo. É histórico. Os direitos femininos eram ligados à figura do homem.

Itens básicos, como votar, ter conta em banco ou comprar um imóvel tinham marcas patriarcais. Pode parecer difícil arriscar ser detestada, mas pensar assim é uma armadilha. Tem a ver com uma ilusão de pertencimento. Se os outros não gostam de você, o problema é deles.

Não confie sua vida aos outros

Se você vive buscando a validação alheia, está confiando aos outros o seu bem mais valioso, que é a sua própria vida. Isso nos põe em uma zona de conforto. É mais fácil culpar os outros por aquilo que não conseguimos fazer. Se você não quer correr riscos, basta dizer que não faz algo porque os outros vão reprovar.

O problema é que isso retroalimenta uma narrativa que coloca, nas mãos dos outros, o poder sobre suas escolhas. Quando você assume a coragem de ser rejeitada, se liberta. Você diz ao mundo que não vai se encolher para caber e se apropria de quem é, de fato. 

Lembre-se de que escolher o silêncio não é o mesmo que ser silenciada. Você pode protestar sem dizer uma única palavra. É o que os políticos fazem quando se recusam a denunciar seus companheiros. É diferente de quando a sociedade coage você a ficar quieta. 

Não encolha para se encaixar em quem reprime você

Já passamos da metade do microbook e a autora conta que você não está sozinha. Mesmo que a rejeição venha de alguns, sempre vai ter outros dispostos a compreender seu lado. Ofereça seus valores e convide quem se identificar a seguir com você. 

Não se diminua para se encaixar em quem censura ou reprime você. A pessoa que tem coragem para ser rejeitada exerce sua potência. Ela não está agindo pelos outros, mas por si mesma. Seu objetivo é ter a própria voz ouvida e reconhecida. Para isso, é preciso se dispor a encarar o desafio de ser desagradável.

Principalmente, alguns homens que não vão gostar de ver uma mulher no topo. Continue. Siga em frente. Resista. Mesmo quando tudo parecer jogar contra. Se for para se calar, que seja para protestar.

Diga sim para si

Uma tendência comum é a de pender para o amor baseado na performance. Isso acontece quando você acredita que só é digna de amor se for agradável o suficiente. Por isso, satisfazer vira prioridade. Você passa a se esforçar para ser amada. O problema é que isso faz com que você peça desculpas antes de falar.

Não peça desculpas por pôr limites. Não ateie fogo em si para deixar os outros aquecidos. Separe o autossacrifício do amor. Coloque-se em primeiro lugar. Faça prós e contras. Quando propuserem algo, pergunte-se o que ganha e o que perde. Sempre que você diz sim para algo quando queria dizer não, você diz sim para os outros e não para si.

Separe um pedaço de papel e anote o nome de cinco pessoas ou ocasiões para as quais você quer começar a dizer não. Isso inclui situações de trabalho, familiares e amizades. Coloque limites e depois anote como se sente. 

Persuadir é fazer o outro aceitar o que você diz como verdade

A retórica surge da necessidade de um orador conquistar o auditório. Ela se pauta no desafio de convencer as pessoas. Por isso, é uma ótima ferramenta para argumentar e defender as próprias ideias. Originalmente, era o meio que os sofistas da Antiguidade usavam para ganhar fama e dinheiro. 

Seu uso se baseava só em convencer, com pouca preocupação com a verdade. Mas Aristóteles se contrapôs a esse pensamento. Ele organizou a retórica com base na filosofia. Para o filósofo, sem razão, não há retórica. Isso significa que o convencimento não é a única coisa importante. 

Você ainda vai precisar sensibilizar os outros caso queira que eles façam o que deseja. Ainda assim, persuadir ganhou um outro tom e passou a se referir à possibilidade de fazer o outro aceitar o que você diz como verdade. Por isso, a argumentação é um fundamento importante da persuasão.

Persuasão não é sobre impor

A primeira função da retórica é a persuasão e o convencimento. Esses conceitos não são sinônimos. Convencer é usar provas lógicas e justificar racionalmente um ponto, funcionando como um apelo à razão do outro. Persuadir, por sua vez, envolve as ações para fazer o outro aceitar o que você diz sem impor seu ponto de vista, usando habilmente as palavras.

Se o convencimento usa a razão, a persuasão o complementa com a paixão. Isso a partir de uma fala impactante. A habilidade retórica tem poder. Ela se revela nos grandes líderes, como Alexandre, o Grande. 

Hoje, quem tem o poder do discurso mobiliza milhares de pessoas nas redes sociais. Assim, dirige o destino da vida e da comunidade. Seja estratégica ao usar a sua voz. Conheça seu interlocutor e construa um discurso que valorize você como oradora.

Como estruturar sua fala

Para criar a sua fala, a autora recomenda o exercício “inventio". Os primeiros sete passos são para descobrir o que quer compartilhar e como.

  1. Defina seu propósito geral. Saiba se você quer informar, celebrar, convencer, persuadir ou alcançar outro resultado.
  2. Escolha seu propósito específico, delimitando o tema.
  3. Crie uma tese central, uma ideia que dê para resumir em uma frase.
  4. Crie os subtópicos da tese central.
  5. Selecione as provas da sua tese. Por exemplo, estatísticas, definições e testemunhos.
  6. Defina os tipos de fonte que vai usar. 
  7. Escolha outras três fontes de credibilidade.

Com a fala definida, você vai precisar passar pelas etapas da estrutura da argumentação.

  1. Isca de atenção, o gancho para atrair as pessoas.
  2. Necessidade, em que justifica a relevância do problema.
  3. Solução, em que propõe uma alternativa, abusando de razão, emoção e credibilidade.
  4. Visualização, em que incentiva as pessoas a imaginar a alternativa em funcionamento.
  5. Convite à ação, em que pede o que quer do interlocutor.

Desperte sua criança interior

Não tenha medo do mundo. Conecte-se com sua criança destemida interior. Entre em seu estado de presença mais ousado e irreverente. Resgate seu lado lúdico. Faça uma playlist com suas músicas favoritas da infância. Coma aquilo que gostava quando pequena. 

Faça uma meditação. Converse com seu eu da infância. Visualize-se pequena. Veja como você agia. Imagine você, criança, conversando com sua versão mais velha. Pergunte-se quais conselhos daria para si. Enumere seus prêmios. Lembre-se da olimpíada de História que venceu ou do dia em que arrasou em alguma aula.

Esqueça os ricos de revistas como a Forbes. Foque no que é importante para você. Pense no que está em seu hall da fama da imaginação. Ande descalça, como fazia quando criança. Faça barulhos engraçados com a boca. Cante alto, ainda que desafinadamente. Use uma roupa inusitada. Crianças dão tudo de si e não têm medo de ficar vulneráveis. 

Notas finais

Ouse argumentar é um livro de comunicação feito sob medida para mulheres. Maytê Carvalho incentiva a coragem para expor a própria voz, ainda que em ambientes que excluem o feminino. O livro complementa o “persuasão”, seu debut editorial que explora as partes técnicas da retórica aristotélica e da semiótica.

Dica do 12min

As expectativas que recaem sobre as mulheres são cruéis. É preciso ser gentil e sorridente, mesmo sobrecarregada com infinitas demandas. Em “Aurora: o despertar da mulher exausta”, Marcela Ceribelli mostra o caminho para ter uma relação mais amorosa consigo mesma. Confira no 12 min.

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Quem escreveu o livro?

Maytê Carvalho é executiva e professora universitária. Atua como diretora de estratégia de negócios na agência... (Leia mais)

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