Mortais - Resenha crítica - Atul Gawande
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Mortais - resenha crítica

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Autoajuda & Motivação

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Being Mortal: Medicine and What Matters in the End

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 853900674X, 978-8539006748

Editora: Objetiva

Resenha crítica

O envelhecimento e a morte são algumas das únicas certezas absolutas que podemos ter enquanto seres humanos. Por isso, o presente microbook pretende explorar a sua visão sobre o envelhecimento, refletindo como ela pode ser muito mais tranquila e até mesmo prazerosa, entendendo mais das experiências de mortalidade, fraquezas e limites do ser humano.

O autor aqui é Atul Gawande, um médico e jornalista americano, especialista em reduzir erros de outros profissionais no campo da medicina, e trazer maior eficiência aos procedimentos cirúrgicos. Outros livros de sua autoria seriam "Checklist" e "Better", ambos best sellers! Conheça mais do que Gawande pode te ensinar nos próximos 12 minutos

O tratamento médico e a internação

O objetivo da medicina moderna é preservar a vida humana a qualquer custo. Ela não se preocupa necessariamente com a qualidade da vida e isso é um problema. Tornar a vida de uma pessoa melhor nem sempre significa curar suas doenças médicas. Algumas vezes, isso significa evitar dores ou cuidados menos invasivos que permitem ao paciente chegar ao fim com mais conforto.

Quando mais nada pode ser feito para salvar a vida de uma pessoa, é a hora de ajudá-la a aceitar o que virá a seguir. Lutar até o fim e aproveitar todas as chances de continuar vivendo é algo instintivo para todos nós. Mas muitas dessas opções não produzirão resultados e só vão fazer com que a luta seja mais difícil do que deveria. Se o fim está próximo, talvez seja hora de repensar a internação do indivíduo.

A internação é um serviço que está disponível com tratamento, embora muitos pacientes decidam renunciar a esse tratamento para aproveitar seus últimos dias com conforto. A internação reduz a dor e o sofrimento, alivia o stress e pode muitas vezes ajudar os pacientes a viverem um pouco mais. Muitos pacientes sentem que aceitar a internação é aceitar a derrota, mas, na realidade, significa aproveitar melhor o tempo que lhes resta.

Especialistas em cuidados paliativos ajudam o paciente com a dor e a viver o tempo que resta com maior qualidade de vida. Mas os médicos precisam estar cientes e precisam ser capazes de abordar esse assunto com os pacientes e serem realistas sobre as expectativas do tratamento.

O paciente precisa entender sua realidade

Pode ser difícil determinar o que deve ser controlado ou não. O instinto dos médicos modernos é lidar com os problemas médicos buscando alongar a vida de uma pessoa, independentemente de como essa pessoa vive com os resultados. Muitas vezes, o tratamento para uma doença fatal como o câncer deixa o paciente muito doente e só oferece uma chance mínima de prolongar a vida.

Isso significa que o restante da vida do paciente será gasto em sofrimento e dor. Os médicos deveriam perguntar a eles: “você quer viver por um período menor de maneira relativamente confortável ou você quer prolongar a vida em um estado de miséria e dor?” O paciente deveria receber toda a informação e estar ciente das consequências de cada decisão antes de escolher.

O paciente deve entender seu prognóstico, quais são suas preocupações pessoais, o que ele está disposto a fazer para conseguir viver e quem tomará suas decisões caso ele não possa mais decidir por si. Os médicos devem aprender como perguntar a pacientes terminais essas questões difíceis e encorajá-los a descobrir o que mais importa para eles.

É importante que os pacientes entendam a realidade de sua situação e que sejam capazes de decidir o que querem que aconteça. Eles precisam decidir sobre questões importantes como autorização de reanimação, auxílios respiratórios, medicamentos fortes e tubos ou alimentação intravenosa. Com isso tudo claro e comunicado, eles podem se focar em aproveitar o melhor dos seus últimos dias. Se todos esses pontos foram considerados, então as pessoas responsáveis pelos desejos dos pacientes saberão o que fazer em qualquer situação.

O processo de envelhecimento no mundo moderno

Antigamente as pessoas viviam de maneira mais saudável até a hora da morte. Podiam ser atingidas por uma doença ou um acidente, mas, até que morressem, viviam de maneira saudável. Mas o mundo moderno mudou muito e as pessoas possuem hoje uma expectativa de vida muito maior. Com isso, aprendemos que nossos corpos envelhecem mais e se esgotam com o tempo.

Em vez de enfrentar condições anti-higiênicas e sofrer com infecções, as pessoas começaram a viver tempo suficiente para desenvolverem outros problemas crônicos. Esses incluem câncer fatal, doenças crônicas, falência dos órgãos e muitas outras condições. Mas a medicina moderna conseguiu encontrar maneiras para lidar com muitas dessas condições fatais, fazendo com que sejam meras inconveniências que podem ser tratadas até que o corpo finalmente desista.

Mas à medida que as doenças atacam o corpo do paciente, sua condição no geral se deteriora. A qualidade de vida desses indivíduos diminui aos poucos. Apesar dos procedimentos cirúrgicos, medicamentos, instalações e tecnologia avançada, não se pode evitar por muito tempo a morte.

Em vez de viver de maneira saudável até a hora da morte, as pessoas gastam muito tempo se deteriorando lentamente. É claro que muitos procedimentos médicos podem oferecer aos pacientes uma nova chance e uma boa perspectiva, permitindo que eles vivam por mais tempo de maneira mais saudável e produtiva, o que talvez não fosse possível sem esses tratamentos. Mas algumas coisas não podem ser consertadas, como o avanço da idade por exemplo.

Juntas, dentição, vasos sanguíneos, músculos e órgãos falham com a idade e, embora possam ser temporariamente remendados para prolongar a vida, nada dura para sempre. A verdade inevitável é que todos nós desaceleramos e envelhecemos, embora ninguém goste de pensar sobre isso. Mas com cuidado adequado de um geriatra ou assistência de outros profissionais, muitas pessoas mais velhas podem se manter independentes e viver com conforto até o fim.

Todas as pessoas querem ser independentes

Um dos maiores desafios que um idoso e um enfermo enfrentam é a perda de sua independência. Quando nos tornamos adultos, aproveitamos a habilidade de tomar decisões e nos tornamos responsáveis por nossas vidas. E quanto mais estamos no controle dessas coisas, menos percebemos o quanto isso é um privilégio.

Mas chega um tempo em nossas vidas em que a independência não é mais uma opção. O avanço da idade traz inúmeros efeitos colaterais que tornam quase impossível a locomoção. Tornamo-nos frágeis e a velhice pode causar perda de memória, ossos quebrados, equilíbrio deficiente, visão ruim, fraqueza, dentre outras coisas. Quando muitos desses problemas se acumulam, os indivíduos não podem mais cuidar de si.

As pessoas hoje em dia são independentes e se orgulham disso. E é por isso que perder essa independência quando envelhecemos causa frustração, tristeza e até mesmo depressão. Essas pessoas já foram responsáveis por elas mesmas e estavam no controle de sua própria dignidade, mas a velhice as impediu de manter isso. Os médicos consideram uma pessoa incapaz de ter independência física se ela não pode realizar essas oito atividades sem assistência: sair da cama, ir ao banheiro, tomar banho, arrumar-se vestir-se, comer, andar e levantar de uma cadeira.

Portanto, para ser considerada apta a viver sozinha, ela deve também ser capaz de realizar essas oito atividades de maneira independente: cuidar da casa, preparar comida, fazer compras, lavar roupas, realizar telefonemas, viajar, cuidar das finanças pessoais e tomar medicamentos. Existem algumas soluções para aqueles que não conseguem viver sozinhos. Antigamente, a família cuidava dessas pessoas, mas hoje em dia nem sempre isso é possível ou desejável. Então elas acabam morando em casas de repouso, hospitais e instalações que tiram todo o controle de suas vidas.

Os idosos e as casas de repouso

O que a maioria dos idosos teme não é a morte, mas sim alcançar um estado assustador de completa dependência. A velhice pode ser descrita como um processo de perdas progressivas. Seja perder seus entes queridos para doenças e para a morte ou perder suas capacidades mentais, a velhice rouba lentamente as coisas importantes da vida.

Quando chega a hora desses indivíduos procurarem por assistência porque já não são independentes, a maioria deles acaba em casas de repouso. Apesar de essas instalações terem sido criadas para ajudar os idosos a manterem um padrão de vida saudável, elas mais parecem instituições que acabam com a habilidade da pessoa de controlar sua própria vida.

As casas de repouso surgiram da ideia de que os idosos precisavam de cuidado médico constante e isso não era fornecido com sucesso nos hospitais. Eles criaram essas instalações para abrigar e tratar os idosos e os enfermos que se tornaram um fardo para a sociedade. Era uma solução que não considerava a felicidade ou os sentimentos daqueles que moravam lá.

Os idosos perdem toda sua vida quando precisam se mudar. Eles muitas vezes precisam vender seus bens ou guardá-los, porque não há muito espaço disponível. E em muitos lugares não é permitido levar os animais de estimação. É muito difícil considerar um lugar desses sua casa – e quando eles não se sentem em casa, não conseguem se sentir confortáveis.

Essa mudança em suas vidas faz com que muitos idosos entrem em depressão. Eles podem perder peso, precisar de mais medicamentos e envelhecer até mais rápido que antes. Sua saúde física pode ser tratada, mas a saúde emocional e mental não. Eles se sentem presos em uma instituição; não morando em uma casa, mas em um asilo. Eles perdem seu propósito na vida e estão simplesmente esperando pela morte.

Os idosos querem continuar sendo independentes

Muitos idosos nessa situação ainda questionam algumas coisas. Eles discutem com os funcionários, tentam lutar contra as coisas que não querem fazer e fazem tudo que podem para manter algum controle sobre suas vidas e independência. Isso gera uma guerra constante entre os funcionários e os residentes, porque os funcionários estão focados em realizar suas tarefas sem se importarem com os sentimentos dos residentes.

Por causa dessa falta de controle e falta de consideração com os sentimentos deles, muitos idosos preferem evitar as casas de repouso. Quando chegam a um ponto em que precisam de assistência diária, eles procuram por suas famílias. Mas, em alguns casos, o trabalho é muito exigente para uma pessoa moderna que tem outras responsabilidades.

A melhor alternativa para as instalações para idosos é providenciar cuidado necessário e assistência enquanto permitem também que os residentes mantenham algum o controle sobre suas próprias vidas.

Os idosos desejam ter privacidade quando podem, discrição sobre suas refeições e hábitos pessoais e a habilidade de fazer escolhas simples. O que eles querem é um lar e o objetivo de um lar é que a pessoa sinta que está no comando.

Idosos podem precisar de assistência diária, mas eles ainda são adultos que querem ser tratados como tal. Eles querem que seus sentimentos sejam considerados e que seus desejos sejam escutados. O que essas moradias deveriam buscar fazer é auxiliar esses residentes a viver uma vida feliz e realizada. Não é suficiente prolongar a vida física. Também precisamos nos importar com a qualidade dessa vida e como isso afeta uma pessoa emocionalmente.

As casas de repouso podem melhorar a qualidade de vida dos idosos

Algumas pessoas se preocupam com essa distinção e se esforçam para provar que é possível cuidar de uma pessoa tanto emocionalmente como fisicamente. O médico Bill Thomas tomou medidas drásticas para fazer isso na Casa de Repouso Chase Memorial.

Quando ele começou a trabalhar nessa casa, ele não viu nada além de tristeza, derrota e desespero. Depois de algumas observações, ele percebeu que isso não tinha relação com os medicamentos ou o cuidado médico. O que estava faltando naquele lugar era vida, energia e espírito. O que ele precisava fornecer era cuidado e não tratamento. Ele percebeu que seus residentes precisavam de alguma independência.

Ele identificou as “três pragas” do lugar: desamparo, tédio e solidão. Então, colocou plantas em todos os quartos, fez um jardim para os residentes cuidarem e levou animais de estimação ao local. Ele também permitiu que os funcionários levassem seus filhos para brincar. Era difícil organizar isso tudo no começo e foi preciso muito esforço e trabalho duro para integrar tudo.

Com o tempo, eles transformaram a Casa de Repouso Chase Memorial em um lugar que se parecia mais com um lar. Os residentes cuidavam dos animais e da vegetação, o que dava um propósito e uma razão para viverem todo dia. Eles interagiam com as crianças e com os funcionários em um nível mais pessoal. A necessidade por medicamentos diminuiu e o humor dos residentes melhorou assim como a qualidade de vida no geral. Esse foi um método pouco convencional, mas demonstrava que alguém realmente se importava.

Um homem que tinha perdido a vontade de viver voltou a se importar e a ter um propósito depois de começar a cuidar dos cachorros e dos periquitos. E esse não foi um caso isolado. Essas pessoas se sentiam bem por serem importantes. Todos queremos sentir como se fizéssemos parte de algo e esse sentimento não muda com a idade.

Enquanto muitos lugares negligenciam essa necessidade, há um número crescente de locais que mudaram para melhor. Nem todos eles usam os mesmos métodos para dar aos residentes comida para a alma, mas eles ainda conseguem dar um propósito e independência à vida dos idosos.

Notas Finais

A maioria das pessoas passa o fim de suas vidas lutando contra doenças, recebendo tratamento atrás de tratamento para prolongar suas vidas e evitar temporariamente a morte. Mas o fato é que todos nós morremos. Então, a diferença está em como gastamos o resto de nossas vidas, fazendo o que é mais importante para nós pelo máximo de tempo possível ou lutando uma luta fútil que não nos deixa ter tempo para as coisas que amamos.

Médicos precisam aprender a perguntar a seus pacientes as questões certas, ser realistas sobre a eficiência dos tratamentos e ajudar os pacientes a determinar como querem passar o resto de suas vidas. A maioria das pessoas quer continuar sendo independente o máximo de tempo possível e passar tempo com as pessoas que amam. Seja um paciente terminal ou um idoso, os objetivos são geralmente os mesmos.

Os idosos não querem ser controlados e perder sua independência. Apesar de não poderem evitar que as condições de vida mudem, eles podem ainda ganhar qualidade de vida se as pessoas que cuidam deles realmente se importarem.

O objetivo é dar às pessoas a informação que precisam para tomar decisões que darão uma maior qualidade de vida de acordo com o que importa mais para elas.

Dica do 12': Se você gostou deste microbook, que tal ver o autor falando sobre o mesmo tema em um TED Talk? Confira aqui!

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Quem escreveu o livro?

Atul Gawande é médico e jornalista americano. É especialista em reduzir erros, aumentar a segurança e melhorar a eficiência dos procedimentos cirúrgicos. Atua como cirurgião geral e do sistema endócrino no Brigham and Women's Hospital em Boston, Massachusetts e como diretor associado do Center for Surgery and Public Health. Também é pro... (Leia mais)

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