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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Homo Deus - A Brief History of Tomorrow
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-85-438-0782-9
Editora: Companhia das Letras
O projeto humano original, isto é, existente nos primórdios da humanidade, centrava-se na sobrevivência diante da fome, da peste e da guerra. À medida que superamos esses desafios, concentramo-nos, agora, em questões de maior profundidade, envolvendo os conceitos de imortalidade, felicidade e divindade.
A maior parte dos humanos primitivos era animista, ou seja, abraçando uma intrínseca relação com outros animais. Os antigos consideravam a humanidade como descendente das cobras – tanto que o nome “Eva” pode ser traduzido pelo substantivo “cobra” na maioria das línguas semíticas.
Permanecemos nessa cultura animista até o surgimento da agricultura, quando mudamos para uma perspectiva deísta, segundo a qual os animais existem apenas para o nosso benefício.
A partir da Revolução Científica, porém, os homens substituíram os deuses como objetos de adoração, e o humanismo floresceu. O autor leva esse raciocínio às últimas consequências, afirmando que a devoção pelos dados está substituindo a adoração aos seres humanos, levando a uma mudança em direção ao que o autor chama de “Dataísmo”.
A crença de que apenas os animais humanos possuem almas eternas é uma pedra angular de nossos atuais sistemas jurídicos, políticos e econômicos. Porém, Darwin demonstra que não há nada mais próximo à ideia de uma essência humana do que o nosso DNA.
O DNA pode, com efeito, ser resumido a dados. Para o autor, o que realmente permitiu aos humanos conquistar o mundo não foi o fato de ser o único ser consciente (afinal, os animais também a têm em diferentes graus), mas a nossa capacidade de cooperar em larga escala – o que depende da intersubjetividade.
Com o estabelecimento de diferentes formas de comunicação entre muitos humanos, criou-se uma rede de significado – um entendimento compartilhado da realidade. Essa teia intersubjetiva é, segundo Harari, o que organiza e mantém a sociedade.
Todavia, como os humanos criam significado no mundo? Os contadores de histórias são os verdadeiros tecelões da nossa realidade intersubjetiva. Os deuses sumérios, por exemplo, cumpriram uma função semelhante às marcas corporativas de hoje, atuando como entidades legais que podem possuir campos e escravos, executando várias transações comerciais, como pagar salários e conceder empréstimos.
Para os antigos sumérios, os deuses eram tão reais quanto o Google e a Microsoft para nós hoje. Tais entidades formaram os sujeitos em torno dos quais emergiram as narrativas da realidade intersubjetiva.
O advento da escrita fez com que tudo o que era gerenciado pela mente dos indivíduos passasse a ser facilmente compartilhado em redes muito grandes de pessoas. Nelas, cada um age no maciço algoritmo que é o próprio âmago da burocracia. Dito de outra forma, é a esse fenômeno que o autor se refere quando aponta que fazemos parte do “sistema”.
Ao passo que o sistema corrige os erros cometidos no processo de documentação, ele se torna cada vez mais acurado e preciso com o passar do tempo.
Há uma troca entre esse tipo de precisão e o poder inspirador de simplificar mitos. As organizações humanas que são realmente poderosas tendem a impor crenças ficcionais a seus membros. Essas ficções nos permitem cooperar mais facilmente por meio de um significado intersubjetivo.
Com efeito, esses significados são a base de elementos como dinheiro, estados e corporações. Quando esquecemos que são apenas ficção, às vezes corremos o risco de perder o contato com a realidade.
A fé cega das histórias subjacentes à nossa realidade intersubjetiva nos leva, muitas vezes, ao investimento excessivo em deuses, nações e corporações ficcionais – em detrimento de seres humanos individuais.
Segundo o autor, as religiões são histórias abrangentes o suficiente para conferir legitimidade sobrenatural às leis, normas e valores humanos. Elas, de fato, legitimam nossas histórias, movendo-as a um reino sobre-humano.
Isso significa, em termos práticos, que a religião é uma espécie de “acordo”, enquanto a espiritualidade assemelha-se mais a uma “jornada”. As religiões são sistemas fechados, ou seja, uma descrição completa do mundo com contratos bem definidos e objetivos pré-determinados. A espiritualidade, por outro lado, é mais aberta: uma jornada misteriosa ao desconhecido.
A ciência é tipicamente vista em desacordo com a religião, mas a história moderna deve ser entendida, para o autor, como uma parceria estabelecida entre o conhecimento científico e uma forma particular de religião, chamada de “humanismo”.
A modernidade, no fundo, é o fruto de um grande pacto: os seres humanos concordam em desistir da busca por significados em troca de poder. Até os tempos modernos, ainda acreditávamos que os humanos desempenhavam um papel especial em um grande plano cósmico.
A cultura moderna, no entanto, rejeita essa concepção, substituindo-a por um universo sem propósitos, repleto de som e fúria, mas sem significar nada. Estamos à beira da onipotência, mas oscilamos nas proximidades do vazio e da falta de sentido.
Nosso principal problema é que achamos que podemos ter poder sem pagar o alto preço da falta de sentido. O ideal de crescimento econômico foi elevado à condição de único sentido e fonte de significação, como um novo tipo de religião colocado acima de todos os demais valores morais, sociais, éticos ou filosóficos.
Embora o crescimento econômico tenha nos conferido, como sociedade, um imenso poder, resta saber, ainda, como evitamos a ameaça constante da falta de significado em nossas próprias vidas?
A chave para manter nosso significado tem sido, de acordo com Harari, despojá-lo de sua dependência de participar no grande plano cósmico. Em outras palavras, a religião humanista adora a humanidade: é, justamente, a experiência da humanidade que nos dá sentido na vida.
Nossas experiências subjetivas não criam significados para nós mesmos, mas para o mundo, de maneira mais ampla. Na Antiguidade, era Deus quem podia definir a bondade, a retidão e a beleza. Hoje, essas respostas estão dentro de nós.
Nossos sentimentos dão sentido às nossas vidas privadas, mas, também, aos processos sociais e políticos em que, de uma forma ou de outra, tomamos parte. Afinal , certamente você já ouviu frases do tipo:
Esses são alguns dos principais credos humanistas. As formas pelas quais adquirimos conhecimento (e, assim, construímos “verdades”) mudaram radicalmente com o humanismo. Na Europa Medieval, por exemplo, o conhecimento advinha da articulação entre as Escrituras e a Lógica Escolástica.
Agora que chegamos à metade da leitura, chegou a hora de avaliarmos os resultados práticos e de longo prazo de todo esse conjunto de mudanças sociais e tecnológicas.
Com a Revolução Científica, porém, o conhecimento passa a ser o resultado de um cruzamento entre dados empíricos e a matemática. A despeito de essa alteração ter representado um passo adiante em relação à conquista de poder, ela não foi capaz de lidar com questões de valor e significado.
Como resultado, o humanismo aborda a aquisição de novos conhecimentos como resultado das experiências e das sensações humanos. O fenômeno subjetivo da experiência inclui, portanto, as sensações, as emoções e os pensamentos. Dessa forma, a sensibilidade passa a ser considerada como a capacidade de prestar a devida atenção a esses fatores e permitir que eles nos influenciem.
O humanismo considera a vida como um processo de mudanças interiores, passando da ignorância para a iluminação por meio da incorporação de experiências. É uma amplitude de experiências que nos levam à sabedoria.
Uma das maiores ameaças ao humanismo consiste no fato de que os seres humanos têm importância quando agregados, mas nunca individualmente. Isto é, a ciência contemporânea sugere que somos compostos por diferentes algoritmos que, realmente, não possuem livre-arbítrio, sendo modelados por fatores genéticos e ambientais.
Algoritmos externos podem nos conhecer melhor do que nós mesmos. Quando isso acontecer, o valor exclusivo – hoje atribuído a consumidores e eleitores individuais – desaparecerá completamente.
As pessoas não mais se verão como seres autônomos, mas como integrantes de uma rede de algoritmos digitais que, como tais, não se revoltam e são, de certo modo, escravizados, à medida que a nossa individualidade vai sendo sufocada sob o mantra da “utilidade”.
E, em troca dessa utilidade, forneceremos à rede todos os dados necessários para continuar a expandir o seu poder e aumentar sua inteligência. A substituição do humanismo pode começar a compreender o Homo sapiens como tendo chegado ao limite de sua evolução, necessitando ser aperfeiçoado para um novo modelo sobre-humano: o Homo Deus.
Há 70 mil anos, os Sapiens passaram por uma revolução cognitiva que nos permitiu experimentar, como espécie, a realidade intersubjetiva. Uma segunda revolução cognitiva alcançaria os fins dos humanistas evolucionários por meio da engenharia genética, nanotecnologia e interfaces sofisticadas entre cérebros e computadores.
Não obstante, renovar a mente humana é um processo extremamente complexo e, também, perigoso. Essa atualização pode efetivamente nos embrutecer, aumentando a inteligência humana coletiva às custas de prejudicar a inteligência e a independência individuais.
A tecnologia não tem por objetivo, necessariamente, ouvir nossas vozes interiores, uma vez que basta controlá-la para nos ajustar melhor ao sistema. Nesse cenário, a epifania (no sentido de compreensão filosófica da essência de tudo o que existe) e as experiências humanas, com tudo o que atualmente consideramos “sagrado”, podem ser convertidas em meros produtos de designers.
A “religião dos dados” (ou Dataísmo) sustenta que a humanidade chegou ao seu limite evolutivo e que, agora, é hora de uma nova entidade tomar o nosso lugar. O Dataísmo vê o universo como fluxos de dados e o valor de qualquer fenômeno como sua contribuição para o processamento de suas informações.
Com o foco nos algoritmos, a religião dos dados destrói a barreira entre animais e máquinas, esperando que os algoritmos eletrônicos decifrem e superem os bioquímicos.
Consequentemente, as ideologias concorrentes são, para essa perspectiva, apenas diferentes abordagens para o processamento de dados. A democracia, então, é um processamento econômico de dados distribuídos, como a ditadura é centralizada.
A política é cada vez mais incapaz de acompanhar o fluxo de tomada de decisões. Não é por outro motivo que a maioria dos governos atuais se baseia mais nos conceitos administrativos do que nas prerrogativas da liderança. E, portanto, o melhor a se fazer é deixar a inovação a cargo dos mercados competitivos.
Do ponto de vista dataísta, toda a espécie humana é um único sistema de processamento de dados, com indivíduos agindo como seus chips. Aumentamos o desempenho do sistema potencializando a quantidade e a variedade de processadores, bem como o número de conexões entre processadores e seus fluxos ininterruptos de dados.
A elevação da quantidade de processadores ocorreu com a primeira Revolução Cognitiva, à medida que os humanos se coordenavam crescentemente por meio de inúmeros tipos de conexões.
A Revolução Agrícola e os novos tipos de comercialização, possibilitados pela invenção da escrita e do dinheiro, foram as condições necessárias para o surgimento da Revolução Científica.
Seguindo essa trilha lógica pela História, o autor conclui que os fluxos de conexões aumentaram com a eclosão de um sistema global de processamento de dados e dos sistemas comunicacionais que os precederam.
Enquanto todas essas mudanças ocorrem em um ritmo acelerado, um novo sistema emergirá: a “Internet de Todas as Coisas”, tornando o Homo sapiens obsoleto. Como o capitalismo, o Dataísmo está se transformando em uma verdadeira religião.
Nesta visão, não devemos deixar nenhuma parte do mundo desconectada da Internet de Todas as Coisas. A liberdade de informação, embora central para a religião dos dados, não se refere ao direito de acesso humano à informação, mas ao seu próprio direito de circular livremente.
Tal como os crentes do livre mercado confiam na “mão invisível do mercado”, os dataístas creem na mão invisível do fluxo de dados. Como parte desse fluxo, somos algo maior do que apenas nós mesmos.
Enquanto os humanistas acreditam que as experiências ocorrem dentro de nós e dão nossa fonte de significados, os adeptos da religião dos dados, por seu turno, acreditam que nossas experiências não significam nada – a menos que sejam compartilhadas no grande fluxo de dados.
Nos primórdios do humanismo, as pessoas continuavam acreditando em Deus, argumentando que compartilhamos uma origem sagrada, por termos sido criados à Sua imagem e semelhança. Eventualmente, o foco mudou para os humanos.
De agora em diante, porém, com o Dataísmo, primeiro argumentaremos pela sacralidade da Internet de Todas as Coisas, porque ela atende às necessidades humanas. Mas, eventualmente, o foco mudará para a santidade dos dados.
No humanismo, aprendemos a ouvir os nossos sentimentos, mas, hoje, estamos aprendendo que nossos algoritmos podem nos conhecer ainda melhor e, paulatinamente, passaremos a confiar mais neles do que em nós mesmos.
Devemos nos perguntar, a partir das reflexões propostas pelo autor, o que pode ser perdido com a substituição de nossa inteligência consciente pela atuação de algoritmos inconscientes superiores. Entretanto, mesmo que o Dataísmo esteja errado e os organismos não possam ser reduzidos a simples algoritmos, não há garantias de que a religião dos dados seja impedida de assumir o controle.
Ela, provavelmente, começará (ou já começou) servindo à busca humana de saúde, felicidade e poder, mas, uma vez que a autoridade passe dos seres humanos para os algoritmos, os valores que sustentaram o humanismo até aqui poderão perder a sua relevância.
O Dataísmo, portanto, ameaça fazer ao Homo sapiens o mesmo que fizemos com outros animais, conectando-nos a uma rede global e nos avaliando, apenas, com base em nossas contribuições para o valor dessa rede, isto é, nossa utilidade.
Isso significa que, se permitirmos a perda paulatina de nosso valor relativo em relação à rede, correremos o risco de nos converter em apenas mais uma onda passageira de um incomensurável fluxo de dados.
Gostou do microbook? Então, leia também “Sapiens” e entenda mais sobre a evolução da humanidade!
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Yuval Noah Harari é um professor de História israelense e autor do best-seller internacional Sapiens: Uma breve história da humanidade. Harari ganhou duas vezes o Prêmio Polonsky por Criatividade e Originalidade, em 2009 e 2012. Em 2011 ele ganhou o prêmio Moncado de História militar para a sociedade pelos artigos de destaque na História militar. Em 2012 ele foi eleito para academia Jovem... (Leia mais)
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