Felicidade - Resenha crítica - Mario Sergio Cortella
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Felicidade - resenha crítica

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Desenvolvimento Pessoal

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 

Editora: Planeta

Resenha crítica

Cortella, Karnal e Pondé estão entre os pensadores mais populares da atualidade, com milhares de livros vendidos e frequentando a lista de best-sellers com bastante frequência.

Neste microbook, você aprenderá como é possível ser feliz, embora não todo o tempo. Não perca! Ouça agora em 12 minutos.

A importância da reflexão filosófica sobre a felicidade

A felicidade é um tema de tamanha importância que não pode, de modo algum, ser banalizado ou tratado superficialmente. Afinal, a felicidade é, em última instância, aquilo que, de modo geral, nós sempre almejamos, mantendo-a continuamente em nosso horizonte.

Alexander Pope, nascido em 1688, um dos mais importantes poetas da história, tendo sido responsável pela tradução mais famosa da Odisseia e da Ilíada, permitiu que fossemos capazes de atingir níveis mais densos de felicidade. Além de ter produzido poemas estupendos, Pope trouxe ao mundo moderno os sonhos dos antigos gregos, em toda a sua história e tradição.

Este autor era satírico ao extremo, o que se relaciona diretamente com a reflexão que os nossos filósofos propõem neste microbook. Quando o assunto é a felicidade, sempre haverá algo a refletir. Com efeito, Pope afirmava que alguns nunca saberão tudo, pois entendem todas as coisas muito depressa.

Isso nos remete ao brilhante Guimarães Rosa ao dizer que “não convém fazer escândalo de começo, só aos poucos é que o escuro fica claro”. Esse é um imenso sinal da inteligência de uma pessoa que conseguiu, efetivamente, observar a vida, investigando, aos poucos, o significado da existência.

Misericórdia

Existem algumas características ou qualidades que podem nos levar a ter uma vida feliz. Um dos primeiros entendimentos apresentados pelos nossos autores em relação à felicidade refere-se à misericórdia. A imagem escolhida para essa associação provém de uma história judaica chamada “A criação”.

Nessa história é contado que, no dia em que Deus criou nosso mundo e ia criar homens e mulheres, havia um parlamento convocado por Ele. Nesse instante deus pergunta: “devo criar o homem e a mulher, não é mesmo?”.

A Justiça pede a palavra e se manifesta: “Não crie, pois o homem e a mulher nos darão muitas dores de cabeça, eles romperão com você e não lhe obedecerão, além de fazerem muita besteira. Portanto, recomendo ao Senhor que não os crie.”

Após ouvir a Justiça, Deus convoca outro membro do parlamento, a Misericórdia, a fim de fazer-lhe a mesma pergunta. A Misericórdia, então, responde: “Sim, o Senhor deve criá-los. Embora eles realmente criarão muitos problemas, haverá certos momentos em que eles lhe deixarão com tanta felicidade, que o esforço terá valido a pena”.

A seguir, Deus toma a Misericórdia pelas mãos e profere: “Farei como você diz”. Entretanto, Deus joga a Misericórdia no chão e a estilhaça em milhões de pedaços, jogando-os sobre a criação.

Logo após, diz: “Vou criar homem e mulher. Porém, farei com que eles passem toda a vida procurando cada fragmento da misericórdia sobre a face da Terra”. Essa história traz à tona uma noção complexa de felicidade. Em primeiro lugar, pelo que é dito pela Misericórdia e, em segundo, pelo que ela é.

De fato, é muito difícil ser feliz quando não experimentamos a misericórdia, ou seja, se não experimentarmos a possibilidade do perdão. A implicação mais direta dessa construção filosófica consiste no fato de que você não alcançará a felicidade se não tiver consciência de suas responsabilidades e erros.

Autenticidade

Ser uma pessoa totalmente autêntica exige um caminho que transcenda a mera aparência. Nesse contexto, as redes sociais se tornaram uma espécie de simbologia obrigatória, uma vez que todos os usuários do Facebook aparentam estar sempre felizes. Nunca vemos ninguém tropeçar ou fracassar,  medida que todas as pessoas são muito felizes, se sentem obrigadas, inclusive, a postar imagens e fotos de sua própria família exuberante, maravilhosa, cercada permanentemente de felicidade.

Esse devir – ou vir a ser – como projeção utópica no interior da distopia pela visão da família como um espaço de felicidade obrigatória, é um projeto que se tornou, por obra das redes sociais, quase uma nova gramática. O problema é que isso encobre a percepção das dores e das oscilações inerentes à vida de qualquer um.

Assim, ficamos com a sensação de que, nos dias atuais, a felicidade é tão obrigatória que mais ninguém pensa em realmente ser feliz, mas somente em aparentar essa condição. Com efeito, essa é uma interpretação perspicaz, curiosa e muito fina de nossos autores sobre o mundo.

Morte

É imprescindível compreendermos que a dor é algo inevitável. Independentemente do que você possa fazer, alguma pessoa próxima e querida vai morrer. Por mais que se cuide, você também vai morrer. As pessoas que deixam de lado os vícios morrem como cadáveres virtuosos.

Quem, por outro lado, carrega seus vícios até o fim, acaba sendo enterrado como cadáver viciado. Quem malha todos os dias pode ficar lindo em um caixão, com seus abdominais bem definidos.

Tendo consciência disso, como manter a esperança de ser feliz? Segundo os autores, a metáfora mais evidente que pode ser utilizada é aquilo que tantas pessoas fazem diariamente: passar um creme no corpo ou no rosto. Trata-se de um anseio destinado ao fracasso.

Não importa a quantidade de hidratantes utilizados, você morrerá. Contudo, entre uma morte inevitável e o seu momento atual, é possível cometer alguns deslizes de esperança, seja fazer dietas ou passar cremes.

A consciência do fim, em vez de nos deixar desesperançados, deve aumentar nossa confiança de que é possível ser feliz, pois a ética não é algo acessível para os anjos, mas uma ciência do possível. E, sendo possível, continuamos preocupados.

Erro

Uma das primeiras noções de Filosofia presente, sobretudo, na obra “Apologia de Sócrates”, e também no conceito de iluminação de Immanuel Kant, pode ser descrita da seguinte forma: “pense livremente, sem barreiras e com alegria. Transforme-se a partir dos seus pensamentos, não aceitando nada menos do que essa libertação e rompendo com qualquer tipo de servidão voluntária”.

O nosso grande direito é o de cometer erros por nós mesmos. Ninguém necessita de ajuda para errar e, assim, utilizar o material resultante desses enganos para poder pensar. Tal direito é absolutamente inerente a cada ser humano.

John Locke, um dos grandes filósofos políticos da modernidade, não identificou esse direito como algo constitutivo do homem, porém, os nossos autores acreditam firmemente nisso.

Nós precisamos ser deixados livres para errar sozinhos. Dito de outra forma, devemos pegar tudo o que é dito pelos outros, pois não há nada pior do que ser usado como parte do sonho de terceiros, como um meio para que alguma finalidade alheia seja atendida. A vida é curta demais para isso.

Notas finais

A felicidade é, antes de mais nada, um exercício, e nunca um objetivo. Trata-se de uma decisão, de uma prática. Isso faz com que existam pessoas infelizes e felizes, embora não haja diferenças imediatas na sua vida e/ou e suas condições de vida. Essa é, uma questão de grande importância para que todos pensemos a respeito.

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Quem escreveu o livro?

Mario é filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário. É muito conhecido por divulgar pensadores com outros intelectuais como Clóvis de Barros Filho, Leandro Karnal e Renato Janine Ribeiro e analisar questões sociais ligadas à filosofia na sociedade contemporânea. É professor titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião e de pós-graduação em Educação da PUC-SP, na qual está de 1977 a 2012, além de professor-convidado da Fundação Dom Cabral, desde 1997, e foi no GVPec da Fundação Getúlio Vargas, entre 1... (Leia mais)

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