Capitão da minha alma, senhor do meu destino - resenha crítica

Imaginação sintética e imaginação criativa

Há dois tipos de imaginação: a sintética e a criativa. No primeiro tipo, combinamos ideias e fatos conhecidos em um novo arranjo. O axioma “nada de novo sob o sol” surgiu porque a maior parte do que vemos não é nada além do rearranjo de ideias que já existiam. É como criar um novo poema a partir da observação dos antigos.

Já na imaginação criativa, uma ideia nova não é só fruto de uma antiga. Em vez disso, ela é fruto da mente subconsciente, por meio da qual somos capazes de perceber e observar as coisas a partir de um poder ainda não reconhecido pela ciência. É a oficina da alma e, por isso, uma habilidade mais rara.

O inventor Thomas Edison, criador da lâmpada, usou os dois tipos de imaginação. Ele precisou da sintética para combinar dez mil combinações diferentes de ideias velhas, até achar a que funcionou. A imaginação criativa surgiu quando ele precisou encontrar a inédita forma de controlar o influxo de oxigênio para manipular o calor.

A criatividade de Thomas Edison

Para Napoleon Hill, a imaginação criativa que permitiu Thomas Edison criar a lâmpada não é bem esclarecida pela ciência, porque é fruto da misteriosa mente subconsciente. Essa é a parte de nós que nos torna capazes de encontrar a solução para os problemas.

O inventor também contou com a persistência, ao não se deixar abalar pelos seus dez mil fracassos. Ele começou a jornada com a definição de objetivos, um dos princípios mais poderosos da realização individual. Thomas conhecia bem o problema que queria resolver e estava determinado a achar a solução.

Por isso, ele uniu o objetivo ao desejo obsessivo de realizá-lo. Esse é um estado mental poderoso, no qual tiramos da frente o medo, a dúvida e as limitações, deixando a mente preparada para a fé aplicada. Os ingredientes finais foram a imaginação criativa e a sintética.

Como Henry Ford criou sua obra

O magnata do mercado automotivo Henry Ford também é um caso ilustrativo dos dois tipos de imaginação. Sua ideia de carro surgiu a partir da imaginação sintética, graças a observação de ideias já existentes, como o trator movido a vapor. A parte criativa veio quando ele criou o motor de combustão interna, uma ideia original.

Henry também segue alguns princípios de sucesso, como: 

• criar um objetivo definido; 
• estimular seu objetivo até que se torne uma obsessão; 
• transformar os objetivos em planos concretos, a partir do esforço individual, pondo os planos em ação com persistência; 
• fazer uso do “mastermind”, ou seja, ter ajuda das outras pessoas;
• usar a fé aplicada, fruto do desejo intenso de realização. 

Henry agiu com persistência. No começo, enfrentou uma série de derrotas. Ele tinha falta de capital para continuar com a pesquisa e, depois, lidou com outros contratempos, como discórdias com os colegas e outros problemas similares. Sua persistência e fé o mantiveram em pé diante dos fracassos.

A obsessão de Alexander Graham Bell

Alexander Graham Bell, o criador do telefone moderno, é outro exemplo do uso da imaginação criativa. Sua mente subconsciente evocou a ideia, enquanto o inventor pesquisava um aparelho auditivo para sua esposa, cuja audição era deficiente. Ele foi inspirado por um objetivo obsessivo.

Sua obsessão foi alimentada pela compaixão pela esposa. Como em todos os grandes inventores, Alexander tinha um bom motivo por trás do seu desejo. Esse foi o começo de tudo. Depois de um longo período de pesquisa, o subconsciente de Alexander estava alimentado o suficiente para apresentar uma ideia boa.

O desejo por um aparelho auditivo, reforçado por um persistente estudo para esse aparelho, levou a descoberta do conceito que ele precisava. O subconsciente usa todos os meios práticos possíveis para mostrar o conhecimento àqueles que o buscam com desejo obsessivo.

A origem do desejo obsessivo

Também podemos ser como Alexander. Basta termos um desejo obsessivo, que costuma surgir a partir de alguns motivos básicos, como: 

• emoção do amor; 
• emoção do sexo; 
• busca por saúde; 
• busca por autopreservação; 
• busca por liberdade de corpo e mente; 
• busca por expressão pessoal e fama; 
• busca por perpetuação da vida; 
• busca por vingança; 
• emoção do medo.

Esse medo se divide em sete: 

• da pobreza; 
• da crítica; 
• da doença; 
• da perda do amor; 
• da velhice; 
• da perda da liberdade; 
• da morte. 

Eles se concretizam a partir dos princípios da realização pessoal: 

• criação de propósito; 
• aliança de mastermind, a ideia de se reunir com pessoas que estejam buscando os mesmos objetivos;
• personalidade atraente; 
• fé aplicada; 
• esforço extra; 
• esforço organizado; 
• regra de ouro, a ideia de fazer aos outros o que gostaria que fizessem a você; 
• sentimento inspirado; 
• autodisciplina; 
• pensamento organizado; 
• atenção controlada; 
• trabalho em equipe; 
• pensamento livre; 
• aprendizado com as derrotas; 
• visão criativa; 
• manutenção da saúde; 
• orçamento de tempo e dinheiro.

Realização de metas e Inteligência Infinita

Para realizar suas metas, comece: 

• definindo um objetivo principal, de acordo com uma combinação de nove motivos básicos; 
• criando um plano de realização; 
• escolhendo bem seus aliados de mastermind. 

Essa é uma forma de despertar o poder da mente subconsciente, o elo entre a consciência e a “Inteligência Infinita”.

Napoleon chama de “Inteligência Infinita” a fonte de todo poder de pensamento, que fica disponível só pela mente subconsciente. É dela que saem as grandes ideias. Todas as realizações da humanidade são fruto do pensamento organizado na forma de planos, objetivos e metas que se transformaram em ação.

A seção consciente da mente está sob nosso controle, enquanto o subconsciente se comporta de acordo com a Inteligência Infinita. Temos a inspiração dessa segunda seção da mente quando nosso sexto sentido e a intuição agem. Nossa mente também é muito suscetível aos hábitos que formamos.

Fatos importantes e fatos sem importância

Já passamos da metade do microbook e o autor conta como a maior parte dos pensamentos não é precisa. Eles se baseiam em excitação emocional, dando à faculdade da razão pouca chance para modificá-lo. Por isso, parte do trabalho para pensar precisamente é separar os fatos de indicações ou boatos.

Uma vez que tenhamos os fatos em mente, o passo seguinte é separá-los em duas classes: os importantes e os sem importância. Os primeiros ajudam as pessoas a alcançarem seus principais objetivos. Todos os outros fazem parte da segunda categoria. 

Parte da razão por trás dos fracassos das pessoas é a dificuldade em distinguir as duas coisas. As fontes para os pensamentos são: 

• os cinco sentidos; 
• a memória; 
• as emoções; 
• a faculdade da força de vontade; 
• a mente subconsciente. 

A maior parte das grandes criações da humanidade são fruto dessa última fonte.

O sucesso requer fé

Além de conhecer as boas fontes de pensamento, o sucesso também depende de: 

• acreditar na Inteligência Infinita; 
• acreditar em si mesmo; 
• acreditar nas pessoas que estão com você; 
• acreditar que o certo prevalecerá sobre o errado; 
• acreditar nas leis da ciência; 
• acreditar no poder da mente para se conectar com a Inteligência Infinita.

A capacidade de acreditar em alguma coisa é o maior poder disponível na humanidade. Sua natureza e origem não podem ser entendidas. Ele levou a humanidade a vencer guerras e deu origem a grandes realizações. É uma lei em si mesma. Thomas Edison precisou acreditar antes de criar a lâmpada.

Os irmãos Wright precisaram acreditar que poderiam criar uma máquina capaz de transportar uma pessoa com segurança pelo ar e cultivaram a crença com persistência, mesmo diante de vários fracassos desanimadores. No fim, provaram que a crença humana é capaz de triunfar até sobre a lei da gravidade.

Capitão da minha alma, senhor do meu destino

O mundo é dos que acreditam. Ao organizar sua mente, inclua um programa definido de crença no que quer tornar real. Ninguém pode superar a mediocridade se não acreditar na capacidade de ser autodeterminante. Esse é o caminho para se livrar do medo e da dúvida. Uma mente sem organização não pode ser livre.

O autor cita os versos de um poema do poeta William Ernest Henley, que dizem: “sou o senhor do meu destino / sou o capitão da minha alma”. Podemos ser os capitães da própria alma quando nos apoderamos da nossa própria mente, expressando isso na forma de um esforço organizado para chegar a um objetivo.

As pessoas podem perder todos os bens, inclusive a boa saúde. Podem ser difamadas, caluniadas, enganadas ou jogadas na prisão. A única coisa que podem controlar é aquilo que a maioria não tenta — o poder do próprio pensamento. Nossa mente triunfa sobre as barreiras do mundo.

A atenção controlada

A atenção controlada é a capacidade de manter o foco da mente em um objetivo definido, eliminando todas as distrações. Quando fazemos isso, atraímos as forças de uma atitude mental positiva, criando harmonia na mente. Esse é o método para inserir os objetivos, propósitos e desejos na mente subconsciente.

Você pode intensificar a atenção controlada com o mastermind, cercando-se de pessoas que tenham experiência, educação e habilidade para ajudar. A aliança tem um efeito de psicologia de massa. Todos seguem na direção do objetivo principal com autossuficiência, iniciativa, imaginação e vontade de vencer.

A atenção controlada é fruto dos princípios da realização pessoal. Ela pode ser desenvolvida por qualquer pessoa. Com ela, você será senhor do seu destino e capitão da sua alma. Ela requer um bom nível de fé aplicada, intensificando ainda mais o seu poder de concentração.

O pensamento segue as leis do mundo físico

A atenção controlada leva a um estado permanentemente positivo. Por isso, é a base de várias religiões e seitas. É também uma arma poderosa para líderes militares e nem sempre é usada de forma construtiva, No entanto, é um recurso valioso para vencer as limitações autoimpostas e assumir o comando da mente.

O universo se compõe de energia e matéria. Pensamento também é energia e se rege pelas mesmas leis do mundo físico. Assim como a matéria pode ser alterada por elementos de outra matéria, o pensamento pode ser alterado pela aliança entre duas ou mais mentes. Isso independe do tipo de aliança.

Há certos tipos de mente que, em contato por qualquer interação, tornam-se antagônicas entre si. Nem todas as formas de pensar são compatíveis. A química da matéria e a do cérebro são as mesmas: da mesma forma que os elementos químicos reagem bem ou mal, as pessoas, ao trabalharem juntas, também são assim.

A química da mente

Certos tipos de energia de pensamento “brigam” quando entram em contato. Isso não acontece só no relacionamento entre duas pessoas; também é algo visível no funcionamento da mente individual, porque há ideias que se repelem. O medo e a fé, por exemplo, são hostis entre si.

Ou o medo ou a fé triunfará. Não dá para ter os dois ao mesmo tempo. O método para definir qual emoção ocupará sua mente por mais tempo é a atenção controlada. Assim como há pensamentos que se repelem, há também os que se atraem. O autor chama isso de “lei da atração harmoniosa”.

Por meio dela, as coisas que se adequam umas às outras terão a tendência natural de união. É como quando os elementos químicos do solo se reúnem com o ar para produzir a vegetação que crescerá. Há um movimento natural parecido, só que com as ideias em nossa mente.

Notas finais

“Capitão da minha alma, senhor do meu destino” é uma compilação de livretos da série “mental dynamite”, publicados na forma de livro pela Fundação Napoleon Hill. Traz um apanhado das ideias do autor a partir de três conceitos — imaginação, pensamento organizado e atenção controlada.

Dica do 12min

O grande sucesso de Napoleon Hill foi “Quem pensa enriquece”. O livro tem mais de 120 milhões de cópias vendidas e é um best-seller até hoje. Veja o microbook dele aqui no 12 min!