Budismo na Mesa do Bar - Resenha crítica - Lodro Rinzler
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Budismo na Mesa do Bar - resenha crítica

Budismo na Mesa do Bar Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Espiritualidade & Mindfulness

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 9788579303470

Editora: Universo dos Livros Editora Ltda.

Resenha crítica

Primeiro, aja em conjunto

Gastamos muita energia tentando constantemente acompanhar o correio de voz, o e-mail, o spam, as contas, as pessoas. Ao fim do dia, estamos exaustos.

A palavra budista para o ciclo de sofrimento em que nos encontramos é samsara. Refere-se a tudo aquilo que é desconfortável, desde uma unha encravada à perda de um amigo querido ou de um membro da família. É esperarmos por algo que não temos, o que nos torna infelizes.

É quando você consegue aquilo que desejava, mas já está pensando em algo novo que possa entretê-lo.

Ria do filme em sua mente

É necessário aprender a trabalhar com a nossa mente. A técnica de meditação apresentada aqui é comumente chamada de shamatha. Trata-se de uma palavra do sânscrito, que pode ser traduzida como “calma permanente”. Apenas o fato de reservar um tempo para você em sua rotina agitada já produz um efeito calmante.

Os seus desejos, medos e suas maiores fantasias sexuais surgem em sequência na sua mente. Depois de meditar com essa sequência por um tempo, você passa a considerá-la chata e repetitiva. Mas a questão é que ela sempre esteve lá. Você que nunca parou para observá-la diretamente.

Treinando a mente com a shamatha

A shamatha capacita a mente a retornar para o que está acontecendo no momento presente. Quando você está assistindo àquela sequência na sua mente e muda para uma cena em que está no Caribe tomando uma tequila na praia e afundando os pés na areia, poderá refletir que aquilo está longe de sua realidade.

E este pensamento é bom. Perceber que você está perdido no pensamento é o primeiro passo para retornar ao momento presente com regularidade.

Aprender a meditação shamatha é como empunhar uma espada: você é capaz de cortar essa sequência que está rodando em sua mente como se estivesse cortando papel.

Voltando continuamente à respiração, você aprende que não precisa se apegar ao mais novo drama do dia. Pelo contrário, você pode entrar em contato com o elemento pacífico por trás de toda essa loucura: a sua sabedoria inata. Podemos também olhar para a tela do filme em nossa mente e vê-la como algo ilusório.

Recomendações para a meditação

Seguem algumas recomendações sobre como começar a deixar de lado a nossa velha colher da agitação e entrar em contato com a nossa bondade fundamental.

Localização

Você precisa escolher um espaço em sua casa para meditar. É importante encontrar um local regular, confortável, calmo e limpo. Se você não conseguir um lugar com essas quatro características, tente encontrar um que contemple pelo menos algumas delas.

O corpo

Sente-se sobre a cadeira ou almofada. Se você estiver sobre uma almofada, sente com as pernas cruzadas e bem espaçadas. Mas, se estiver sentado em uma cadeira, mantenha os dois pés firmes no chão. Você precisa sentir equilíbrio e firmeza na posição de meditação.

A partir dessa base firme, você pode arrumar a sua postura. Algo que ajuda bastante é imaginar uma corda no topo da cabeça, puxando-o para cima, alongando a coluna. Não force o seu corpo, apenas atente-se à sua curvatura natural. Relaxe os braços e os ombros.

A respiração

O objeto da prática de meditação é a respiração. Não é preciso forçá-la; a respiração flui naturalmente, então é muito fácil colocá-la em sintonia. Além disso, manter a estabilidade da respiração tem um efeito calmante para a mente.

A mente

Inevitavelmente, você não mais se concentrará em sua respiração. Alguma situação urgente virá à sua mente e você vai sentir vontade de pular da almofada para resolvê-la ou ficará pensando nessa situação.

Não se preocupe: todos que já meditaram desde o início da história da prática da meditação tiveram essas mesmas sensações.

O tempo

O fator mais importante é manter a sua sessão de meditação curta e regular. Defina por quanto tempo você irá meditar antes de iniciar. Mesmo que você tenha apenas dez minutos por dia, pratique e mantenha esse hábito.

Manifeste as qualidades do tigre

No budismo tradicional tibetano, há quatro animais míticos e não míticos que representam diferentes aspectos do nosso treinamento de sabedoria e compaixão. Individualmente, são o tigre, o leão da neve, o garuda, que é meio pássaro, meio homem e o dragão.

Juntos, são conhecidos como as quatro dignidades da Shambhala. Quando reunidas, elas possuem grande poder. Em vez de clamar por essas dignidades com um grito ou usando anéis mágicos, nós podemos treinar para incorporar as qualidades desses animais.

O tigre e o caminho hinayana

O tigre é o primeiro desses quatro animais. Muitas de suas qualidades são tradicionalmente conhecidas como o caminho Hinayana. É um caminho de concentração na sua própria jornada para a luz que, no entanto, não o impede de beneficiar os outros também.

Discernindo a sua própria mandala

Shantideva utiliza a palavra “sábio” para se referir a um termo comum no budismo: bodhisattva. Essa palavra também pode ser traduzida do sânscrito como “guerreiro bondoso” ou “guerreiro de mente aberta”.

O guerreiro, neste caso, não é alguém que procura por batalhas, mas alguém que deseja e está disposto a confrontar a sua maneira habitual de se relacionar com o mundo.

Enquanto o bandido é motivado pelo dinheiro e pelo sucesso, o bodhisattva é motivado pelo trabalho em sua própria mente, que tem por objetivo beneficiar os outros.

Manifeste as qualidades do leão da neve

Quando começamos a seguir o caminho da Mahayana, podemos observar a segunda das quatro dignidades: o leão da neve.

Você já deve ter visto o leão da neve na bandeira do Tibet, ou mesmo em estátuas do lado de fora de alguma biblioteca. Muito brincalhão e cheio de energia, o leão é branco, musculoso e tem a juba na cor turquesa. É conhecido por saltar de montanha em montanha.

A tradição conta que, à medida que o leão da neve salta, sua juba é arejada pelo frescor das árvores. Para encontrar a felicidade verdadeira, precisamos observar o leão da neve. Ele se sente feliz porque não é dominado por emoções negativas.

As ferramentas do leão da neve

Há algumas ferramentas que o leão da neve utiliza a fim de não cair na armadilha da dúvida e a fim de se manter disposto o suficiente para saltar de montanha em montanha: generosidade, disciplina, paciência, alegria, meditação e prajna, o conhecimento superior.

Esses seis elementos são citados nos textos budistas como as seis paramitas ou perfeições. Não precisamos ser perfeitos para aplicar nenhum deles, mas todos são extremamente úteis para criarmos a conduta perfeita em um mundo imperfeito.

Na tentativa de fazer o bem aos outros e estar a serviço do mundo, podemos olhar para cada uma dessas qualidades e examinar qual delas é a mais adequada a cada tipo de situação.

O garuda extravagante

Metade homem, metade pássaro, o garuda voa pelo céu berrando a realidade da nossa existência. É considerado extravagante porque voa acima de interesses mesquinhos, rivalidades e kleshas. De fato, o garuda não se amarra ao “eu” sob hipótese alguma.

À medida que avaliamos o conceito do “eu” e o mundo à nossa volta, entramos no caminho da Mahayana absoluta e passamos a ver como o apego, a raiva e a ignorância nos levam a crenças e concepções extremas, aspectos da nossa vida que nos distanciam da realidade.

Precisamos ponderar as nossas opiniões sobre nós mesmos, sobre como o mundo deveria ser e sobre como deveríamos ser tratados.

Parte desta avaliação consiste em observar a fluidez e a impermanência das nossas vidas. Assim como o garuda, podemos nos alegrar com a simples realidade e, a partir disso, vivenciar a equanimidade. É possível nos livrar dessa tendência de nos prender ao “eu” e passar a enxergar o mundo como um lugar rico e belo, como de fato ele é.

Há algumas verdades básicas que o garuda reconhece como parte do caminho para trabalhar a superação do medo e relaxar no espaço da sua sabedoria: impermanência, ausência de terra firme e equanimidade.

A verdade simples da morte

Visto que a impermanência é inerente a tudo, a morte é a forma de mudança que mais nos amedronta. Muitas vezes, a transição da vida de um garoto inocente para um indivíduo mais sério aconteceu durante algum período de perdas.

Você não deve pensar na morte o tempo todo, mas deve trabalhar com um nível de contemplação diferente: “A morte chega sem avisar; este corpo vai se tornar um cadáver”. Sugiro que você trabalhe essa ideia em sua mente se realmente deseja explorar esse importante aspecto da vida.

Podemos imaginar como o nosso corpo vai ficar após a nossa morte ou pensar como as pessoas decidiriam organizar o nosso funeral para nos homenagear.

Nesse momento, a realidade de que a morte pode chegar sem aviso é uma experiência incomparável. Se conseguirmos trazer esse senso de realidade e proximidade à nossa prática de meditação, é sinal de que estamos fazendo um bom trabalho.

Contemplação nos cinco skandhas

Do ponto de vista tradicionalmente budista, o “eu” é um conglomerado de cinco skandhas, ou grupo de atributos que, juntos, nos trazem a ideia de que somos um ser sólido e completo. Os cinco skandhas são: forma física, sensação, percepção, formações mentais e consciência.

Traga uma mente espaçosa às atitudes gentis

O mundo está em constante mudança e nos parece um lugar caótico. Durante a sua vida, você recebe inúmeros alertas de mudança, como a velhice e a morte. Até mesmo os melhores planos desmoronam o tempo todo. Além disso, você mesmo não é sólido; não é a entidade fixa que acreditou ser.

Ao reconhecer todos esses fatores, você pode se desprender das suas opiniões fixas a respeito de como as coisas deveriam ser e passar a vê-las como elas realmente são. Você pode seguir o caminho do garuda, relaxar a sua mente e ampliá-la para o mundo, apreciando a vida e toda a sua complexidade.

Os quatro karmas

As quatro maneiras de lidar com as situações são pacificidade, engrandecimento, atração ou destruição. Tais maneiras são conhecidas com os quatro karmas. Esses karmas não significam “o que vai, volta”.

A tradução mais simples para a palavra é “ação”. Os quatro karmas são os quatro tipos de atitude que podemos ter, e cada uma produzirá um resultado específico.

Una o coração e a mente

Todos nós podemos nos inspirar em bons exemplos de despreocupação. Mesmo quando o texugo tem um rato pendurado na boca, ele se sente confortável com quem ele é.

Da mesma maneira, com esse nível de confiança em sua própria natureza, um mestre guerreiro pode se empenhar em qualquer atividade, seja um trabalho de difícil realização ou o primeiro encontro amoroso.

Notas finais

O grande mérito de Budismo na mesa do bar, além de introduzir o leigo a conceitos básicos da meditação e do budismo, é mostrar que não é necessário ser um puritano ou mudar radicalmente de vida para aderir a essa doutrina.

Por meio de passos simples e com uma maior visão para dentro de nós mesmos, é possível ter uma visão mais calma da vida em nosso cotidiano tão corrido nas cidades modernas. Um livro para quem quer enxergar o mundo além dos prazos e das metas do serviço, mas que também não abre mão de uma vida social e sexual ativa.

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Quem escreveu o livro?

Lodro Rinzler é um autor e professor de meditação, com sede em Nova York. Ele é um estudante de Sakyong Mipham Rinpoche na tradição budista Shambhala. Escreveu vários livros sobre a meditação budista, bem como uma coluna semanal do Huffington Post sobre as aplicações da meditação ao cotidiano. Depois de se formar na Universidade Wesleyan, Rinzler assumiu o cargo de Diretor Executivo do Boston Shambhala Center. Durante este período, ele também co... (Leia mais)

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