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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Venture Deals: Be Smarter Than Your Lawyer and Venture Capitalist
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 0470929820, 978-0470929827
Editora: Wiley
Para entendermos melhor o ecossistema de Venture Capital (VC), é importante entender quem são os principais envolvidos neste mercado. Muita gente acredita que, em venture capital, o empreendedor e o investidor VC são os únicos dois players importantes. Porém, isso não é verdade, já que existem alguns outros players que exercem papéis importantes nos negócios de VC e que vamos listá-los a seguir:
Em geral, os VCs se importam com duas coisas: economia e controle. Economia, aqui, representa o retorno financeiro que os investidores vão receber em um evento de liquidez, ou seja, na venda da empresa ou de uma abertura de capital em bolsa, o chamado IPO. Já o controle refere-se aos mecanismos que garantemque os investidores tenham poder na gestão do negócio.
Quando uma startup é criada, os fundadores recebem ações ordinárias da empresa. No entanto, quando VCs investem em negócios, eles compram participação e normalmente recebem as chamadas ações preferenciais. As ações preferenciais, costuma ter direitos diferentes das ações ordinárias, muitas vezes dando mais controle ao investidor do que se ele tivesse uma ação ordinária.
Para se preparar para captar um round de investimentos, é preciso seguir alguns passos. Seu objetivo nesse momento é conseguir muitos term sheets, que são os documentos que explicam a oferta de investimentos para a empresa. É importante saber que não há um padrão a se seguir aqui, cada VC é diferente. O que impressiona um, pode não impressionar o outro.
Em primeiro lugar, determine quanto dinheiro você quer levantar. Defina um período de tempo no qual você deseja investir estes recursos no negócio e saiba com clareza até onde esse capital levará a empresa. Não exceda a sua necessidade de capital.
Em alguns casos, um VC estará interessado, mas não vai querer investir todo o valor que você precisa. E se você não for capaz de provar que é capaz de conseguir o restante do valor, eles provavelmente não vão prosseguir com o investimento. Por isso, é muito importante que você converse com múltiplos investidores
Ao falar com um VC o quanto está captando, dê um número específico e não intervalos de valores. Nunca diga algo como “estamos captando de 5 a 7 milhões”. Isso te faz parecer imaturo na frente do VC. Determine o quanto que você precisa e seja direto. É claro que você sempre poderá acabar conseguindo captar mais.
Outro ponto importante é que a quantia buscada vai determinar com quem você deve conversar nesse processo. Por exemplo, se você precisa de uma quantia menor - digamos, de R$500,000 para uma rodada seed, você vai conversar com investidores anjos, VCs do estágio seed, micro VCs e investidores de estágios iniciais. Se você precisar de uma quantia maior - digamos R$10 milhões, deve começar a procurar VCs maiores, já que precisa de algum investidor que invista pelo menos R$5 milhões e atue em estágios de Série A e Série B.
O período de captação do investimento também pode variar muito dependendo do seu negócio.
Além disso, antes de começar a captar os recursos, você precisa criar alguns materiais básicos:
Depois disso, você vai começar a procurar pelos VCs adequados. A melhor maneira de fazer isso é perguntando a amigos e a outros empreendedores quem eles conhecem que poderiam se interessar. Essas pessoas podem te passar informações sobre os VCs que conhecem e que ajudaram a construir seus negócios. Além disso, se apresentar a um VC com a ajuda de um empreendedor é bem melhor do que enviar um e-mail para a empresa sem conhecer ninguém.
Mas se você não tem uma boa rede de contatos ainda, procure pelos sites, blogs, contas em redes sociais e listas de e-mail dos VCs que pretende abordar. Você pode descobrir muita informação sobre potenciais investidores utilizando a internet. Faça sua parte e descubra quais VCs serão mais úteis para que você alcance o sucesso, descubra quais possuem estilos e temperamentos parecidos com o seu!
Se você tem mais de um investidor em potencial, pode categorizá-los em um dos três grupos: líderes em potencial, seguidores e outros. Você precisa saber como interagir com cada um desses grupos para não desperdiçar seu tempo e falhar na hora de levantar o dinheiro.
O ideal é que você encontre um VC com perfil de líder. O investidor líder é aquele que faz o maior cheque naquela rodada e geralmente assume um papel de liderança na condução da captação da rodada.
Ao se encontrar com VCs em potencial, você vai deparar-se com quatro possíveis sentimentos:
O primeiro é o VC que está claramente interessado e quer liderar;
O segundo não está interessado e passa a oportunidade;
O terceiro se enquadra na categoria “talvez”, pois parece interessado mas não avança com o relacionamento;
O quarto é o perfil de “não lento”, ele nunca diz não e só responde esporadicamente. No caso da terceira categoria, mantenha um relacionamento com eles. Quando você encontrar um VC líder, ele poderá te ajudar a aumentar seu mix de potenciais investidores seguidores. No caso da quarta categoria, não perca seu tempo com eles.
Alguns VCs só investem em empreendedores que eles já conhecem de experiências anteriores. Outros preferem ser apresentados a empreendedores por outros VCs. Alguns deles não gostam de trabalhar com iniciantes, enquanto outros não se importam com a idade e experiência e tentam responder a qualquer empreendedor que entra em contato. Independente do caso, você precisa descobrir o perfil de interesse de cada investidor e se você está utilizando os canais de comunicação adequados.
Você também precisa entender qual o papel do seu principal contato dentro do VC. Suas primeiras interações com a empresa vão variar muito dependendo do estilo e do seu contato inicial com ela. Com o tempo, eles vão deixar claro o interesse em investir em você e vão começar o processo de diligência prévia. Durante essa fase, o VC vai te pedir muitas informações e documentos, e isso é normal. Mas antes de passar as informações exigidas, garanta que alguém de um nível mais sênior esteja envolvido (um diretor ou um sócio do fundo). E enquanto você passa pelo processo de diligência, você pode pedir que seja apresentado a outros empreendedores que já foram investidos por aquele VC. Não tenha medo de perguntar a outros empreendedores sobre o VC, eles vão revelar boas coisas e te mostrar como é trabalhar com ele!
Você pode checar as referências do VC fazendo algumas perguntas chaves:
Para conseguir essas informações, converse com outros empreendedores apoiados pelo VC, junte informações, converse com pessoas de diferentes níveis hierárquicos que trabalham no fundo e insista em manter um relacionamento com algum diretor ou sócio.
Para fechar uma rodada de investimentos, a assinatura do term sheet é o primeiro passo. O term sheet determina a estrutura final do acordo e representa como será o seu relacionamento futuro com o investidor.
Existem dois pontos muito importantes no term sheet que precisam ser observados: o lado econômico, ou seja, o que o VC ganha em caso de liquidez; e o controle, ou seja, como o VC exerce controle sobre o negócio ou veta certas decisões que a empresa toma. Qualquer pessoa que não se preocupa com esses dois pontos, não vai fazer um bom negócio.
Alguns pontos muito importantes do term sheet precisam de atenção especial:
Embora os VCs busquem normalmente ter menos de 50% do controle das empresas, eles normalmente utilizam diversos termos de controle para que exerçam autoridade sobre as atividades da empresa. Alguns deles são:
Os VCs se organizam em empresas que captam recursos para investir em startups, montando um fundo.
Existem três entidades básicas que compõem o fundo. A primeira é a empresa gestora do fundo e ela emprega todos os funcionários com os quais você interage, como os sócios, associados e o pessoal administrativo daquele fundo. Essa empresa é, em essência, a marca da firma. A segunda entidade é composta pelos Limited Partners (LPs), ou seja, as pessoas e empresas que investem no fundo.
O acordo entre os VCs e seus investidores (LPs) é regido por um contrato longo e complicado, chamado de Limited Partners Agreement. Os negócios de VC normalmente precisam consultar os sócios limitados (LP) toda vez que precisam de mais dinheiro para um investimento. Essa ação é chamada de ‘capital call’ ou "chamada de capital", e os LPs são obrigados a responder ao capital call em duas semanas, enviando os recursos.
As chamadas de capital podem falhar ou resultar em valores mais baixos do que o esperado. E porque investidores se recusariam a financiar um capital call? Existem muitos motivos, um deles por acreditarem que o VC não está tomando boas decisões.
Os VC possuem uma hierarquia bem definida composta por:
Os salários dos VCs são pagos através das taxas administrativas. Essas taxas são cobradas como uma porcentagem da quantidade total de dinheiro no fundo, normalmente estão entre 1.5 a 2.5% do valor gerido pelo fundo, por ano.
Na maioria dos fundos, a taxa de gestão média em um período de 10 anos é de 15% do fundo. É claro que os investidores do fundo esperam que os VCs gerem ganhos de capital com seus investimentos para assim custearem estas taxas. No negócio de VC, os sócios normalmente veem seus salários aumentarem a cada fundo adicional que eles levantam. E, como as taxas são garantidas por 10 anos em cada fundo, pode levar uma década para que um fundo seja liquidado. Fundos adicionais e rodadas adicionais podem ser arrecadadas enquanto o desempenho dos primeiros fundos ainda não está muito claro.
Embora as taxas administrativas sejam consideráveis, em casos de sucesso a maior parte do dinheiro que os VCs ganham vem do desempenho do fundo , também chamado de carry. O carry é o lucro que o VC recebe depois que devolve o dinheiro para os investidores (os LPs). A maioria dos VCs recebe 20% dos lucros depois de devolver o capital investido, embora alguns fundos bem-sucedidos possam chegar a um carry de 30%.
Normalmente, os fundos não alocam a distribuição dos recursos da carry entre os sócios de maneira igualitária. Na indústria de VC, o tempo de casa é importante. Um sócio mais novo, por exemplo, pode não receber carry. Os LPs normalmente querem que os VCs invistam uma parte do dinheiro deles no fundo também – isso significa que 99% do dinheiro vem dos LPs e 1% dos executivos do fundo.
Os acordos dos fundos de VC possuem dois conceitos para investirem com o tempo. O conceito do período de compromisso e o conceito do período de desinvestimento. O período do compromisso, que é normalmente de cinco anos, é o período do tempo que um VC tem para identificar e investir em novas empresas no fundo. Depois que esse período de tempo acaba, o fundo não pode mais investir em novas empresas, mas pode investir mais dinheiro nos negócios que já compõem o portfólio. E é por isso que, normalmente, as empresas de VC levantam novos fundos a cada três ou cinco anos. O termo de desinvestimento é o período de tempo em que o fundo pode continuar ativo até liquidar suas empresas e retornar o capital dos LPs. Um fundo de VC típico tem a duração de 10 anos.
É importante entender isso, especialmente se você está tentando levantar dinheiro com um fundo que está perto de finalizar seu período de compromisso. Ao final do ciclo de um fundo, existe muito mais pressão para que você faça uma saída e venda a empresa. Algumas vezes, fundos que já passaram do seu período de compromisso se encontram com novos bons empreendedores para investir, mas acabam não investindo. Para não correr este risco, pergunte a quanto tempo o último investimento daquele fundo aconteceu. Quando o fundo chega ao fim, os VCs podem também redistribuir o portfólio de empresas para seus LPs, ou mesmo estender a duração do fundo.
A seguir, são apresentados alguns conceitos importantes que você como empreendedor deve saber e observar ao buscar investimentos com VCs.
Três coisas são muito importantes ao negociar uma rodada de investimentos: alcançar um resultado bom e justo, não acabar com seus relacionamentos pessoais para isso, e entender muito bem o acordo que você está fazendo. Ambas as partes precisam se sentir satisfeitas com o acordo e devem acreditar que os resultados foram justos. Converse com o investidor sobre quais as suas principais preocupações e quais as principais preocupações deles, pois todos estes detalhes devem ser resolvidos e discutidos antecipadamente.
O maior erro cometido durante qualquer negociação, é a falta de preparo.
Cada estágio de financiamento possui diferentes tipos de problemas. É preciso conhecê-los para evitá-los:
A carta de intenção ou Letter of Intent (LOI) também é muito importante para o empreendedor. O primeiro passo formal de que um fundo está interessado em seu negócio, é a criação de uma carta de intenção. Na primeira página do LOI, está definido o preço provável de compra das ações. Este valor normalmente não é o preço real, e sim o melhor cenário para o preço. Além disso, o valor de garantia em reservas (escrow) também é exibido no LOI. Esse escrow corresponde normalmente de 10 a 20% do preço de compra. Ele é utilizado para solucionar qualquer problema que surja depois do investimento e que não tenha sido revelado no acordo de compra.
Enquanto o valuation da empresa, ou o valor no qual o fundo está avaliando a mesma naquele momento é o principal problema na mente de qualquer empreendedor, o segundo ponto mais importante são os termos do acordo. Os termos têm grande impacto na empresa, afinal, um alto valuation com termos que dão muito controle aos VCs nem sempre é uma boa ideia. Antes de captar, é preciso se perguntar o que mais importa para você: um alto valuation ou manter o maior controle possível sobre sua empresa?
Embora os membros do conselho da empresas tenham obrigações fiduciárias com os funcionários e acionistas do negócio, muitas vezes esses negócios não estão tão envolvidos na empresa quanto seus colaboradores. Todo mundo já escutou alguma história, sobre aquisições de empresas, em que os membros do conselho se preocupam com seus próprios interesses às custas dos interesses dos seus acionistas. Por isso, é importante que as empresas tenham planos de distribuições de ações para seus funcionários chave. Quanto mais funcionários acionistas da empresa, menor o risco fiduciário da empresa. É importante ter o chamado "stock pool" ou ações em tesouraria, que são uma alocação de ações para serem distribuídas para os funcionários da empresa.
Muitas startups oferecem a seus funcionários a opção de comprar ações da empresa, o que é uma ótima oportunidade para os colaboradores de ter maiores ganhos no futuro e também pode ser utilizado como uma ferramenta de retenção de profissionais chave.
Alguns problemas legais são comuns aos empreendedores e podem levar à grandes dores de cabeça e inúmeras implicações financeiras. Por isso, é importante prestar atenção a esses problemas ao invés de assumir que seu advogado vai cuidar de tudo sozinho:
A indústria de venture capital começou em meados de 1950 nos Estados Unidos e segue crescendo. Os desafios ainda são muitos, e, se você, como empreendedor, quer aproveitar desse mercado em ascensão, as dicas neste livro são essenciais.
Não esqueça de contratar um bom advogado; levantar dinheiro de investidores credenciados, e conferir todos os termos dos documentos mais importantes. Tenha um bom pitch e boa sorte!
Dica do 12’: Se você gostou desse título, achamos que você pode gostar também de conhecer o Dealbook. Este site agrega todos os investidores e investimentos do mercado Brasileiro e pode ser uma mão na roda na hora de se preparar para levantar recursos!
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Brad Feld é um empreendedor americano, autor, blogueiro e capitalista de risco no Foundry Group em Boulder, Colorado, uma empresa que começou com os parceiros Seth Levine, Ryan McIntyre e Jason Mendelson. Antes de co-fundar Grupo Foundry, ele co-fundou a Mobius Venture Capital. Brad também é co-fundador da Techstars. Além de seus esforços de investimento, Brad está ativo com várias organizações sem fins lucrativos. Ele atualmente é presidente do Centro Nacional para Mulheres e Tecnologia da Informação e nos conselhos de Caminho Adiante, os Fellows Kauffman, e Defy Ventures. Brad é escritor e palestrante sobre os temas de investimento de capital de risco e empreendedorismo. Ele escreveu uma série de livros como parte d... (Leia mais)
"Venture Capitalist", músico, ex-advogado e autor do livro 'Venture Deals', Jason leciona na Faculdade de Direito da Universidade do Colorado - onde ensina sobre capital de risco. Foi co-fundador e diretor do Mobius... (Leia mais)
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