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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Superfandom: how our obsessions are changing what we buy and who we are
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-0393249958
Editora: Anfiteatro
A tradução literal de fandom é "reino dos fãs", uma contração do inglês fan kingdom. Fandom não é um mero substantivo. É um verbo porque gera ações capazes de trazer impactos econômicos, positivos ou não, a produtos, empresas e figuras públicas. Você já deve ter visto reportagens e relatos sobre convenções nacionais destinadas a fã-clubes de personagens da ficção, por exemplo.
E se não acessa muitas redes sociais, é bom saber que os fandoms se mobilizam contra qualquer pessoa crítica a quem eles dedicam tanto fanatismo. Nos eventos nacionais em que se encontram, membros de fã-clubes diversos se tratam como velhos conhecidos. Lotam hotéis, movimentam a economia. Fandoms no século 21 são um ramo comercial.
Fotos com filmes instantâneos são experiências íntimas, enquanto as velhas polaroides compartilham um momento e o resultado saía ali, na hora. Não tanto quanto as selfies das redes sociais, é claro. Mas a Polaroid foi símbolo de uma época.
Quando saiu o anúncio de que essa câmera não seria mais fabricada, em 2007, fandoms vieram a público para realizar compras em massa, indicando que a velha Polaroid não poderia morrer, mesmo que estivesse obsoleta no fim da década passada.
Não deu outra. Na Austrália, essa bolha chegou a fazer com que o preço da Polaroid mais que triplicasse. Um movimento artificial, é verdade, mas simbólico. A prova do quanto os fandoms poderiam causar impactos comerciais a partir da mobilização coordenada.
E ainda não estávamos na época atual, em que eles se reúnem em grupos de Facebook ou via Twitter, levantando hashtags com as mais variadas intenções.
Se periodicamente os acadêmicos reavaliam as interpretações de fenômenos sociais, os fandoms são motivo de estudo desde os anos 1950, quando foram registradas as primeiras reuniões de fã-clubes.
Nas primeiras tentativas de entender melhor os comportamentos dos fãs, os fandoms como utopia mostravam a tendência de atribuir certo idealismo aos membros de grupos de fãs. Eles são capazes de vivenciar um amor e amizade, mesmo morando longe uns dos outros. Dentro dos grupos de fãs, eles se sentem seguros e se tratam bem, como, aparentemente, não são vistos pelo restante da sociedade.
Por isso, toda união de fandoms é tão forte, virulenta. Em casos mais extremos, beira a crueldade o extremismo.
Algumas pessoas chegam a ter medo de membros de fandoms. Em alguns deles, todos possuem características em comum. Pode ser uma barba grande, tatuagens com frases de personagens, roupas típicas e traços em comum.
Para eles, o fã-clube é o lugar mais feliz do mundo. Possuem diretoria, regras bem claras que, quando descumpridas, rendem até expulsão. Há um sentimento de associação, identificação entre os membros.
Figuras públicas apreciam ser reconhecidas nas ruas por quem admira seu trabalho. Por outro lado, se incomodam com a idolatria excessiva, que tenta comandar seus passos.
Fandoms monitoram todos os passos dos ídolos, xingam supostos inimigos, atuando como se fossem os próprios advogados das figuras públicas que não podem ser criticadas, contestadas, questionadas.
Em tempos de redes sociais, é comum ver a inundação de hashtags pedindo aprovação a atitudes, boicotes a marcas ou mesmo o “cancelamento” de figuras públicas, conforme o decorrer dos dias.
Em última análise, fãs chegam a perder a própria autenticidade e identidade. Usam a mesma roupa do ídolo, cortam o cabelo da mesma forma, com a intenção até de serem confundidos com o motivo do fandom.
Em tempos líquidos, os limites ficam cada vez menos claros.
Revoltas dos fãs são sempre lamentáveis. Os sentimentos do fandom são profundamente ligados à identidade pessoal de cada fã. Um proprietário de uma marca não pode ignorar esse tipo de revolta como algo trivial, pois se trata do fundo do coração do fã.
Nos casos em que as armas do fandom se voltam contra uma marca ou uma figura, não dá para evitar ou desarmar esse arsenal. Por isso, é comum ver equipes de gerenciamento de crises completamente perdidas, sem saber o que fazer. Monitorar e ter cuidado é fundamental.
Que o fanatismo e a idolatria são irracionais, todos sabemos. Mas, até onde vai o engajamento dos fã-clubes? Longe, como mostram Zoe Fraade-Blanar e Aaron M. Glazer. Os autores provam que esse processo de mobilização digital, que move de boicotes a assassinatos de reputações, não é de hoje. Quem não entende que um fã-clube é uma espécie de gueto, em que todos se identificam, sempre estará surpreso a cada nova campanha dos grupos de fãs.
Depois de entender um pouco mais sobre o funcionamento dos fandoms, que tal dar boas risadas com um microbook escrito por um personagem fictício? Você não merece ser feliz: como conseguir assim mesmo é a pedida. Na obra do Craque Daniel, apresentador do Falha de Cobertura, você aprende um jeito bem torto de lidar com o mundo.
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Aaron M. Glazer é um estudioso de fã-clubes, cada vez maiores, em seus aspectos históricos, sociológicos... (Leia mais)
Zoe Fraade-Blanar é um estudioso de fã-clubes, cada vez maiores, em seus aspectos históricos, sociológicos... (Leia mais)
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