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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-65-5616-028-3
Editora: Matrix
O relato do autor começa no apartamento 537 da Academia de Tênis de Brasília. Por ali, a jornalista Eliane Cantanhêde estava alerta. Havia sido escalada pelo jornal O Estado de S. Paulo para cobrir o desfecho das negociações para a candidatura do apresentador Silvio Santos à presidência da República.
Faltavam apenas 15 dias para o primeiro processo eleitoral desde o fim da ditadura militar, quatro anos antes. Cantanhêde estava bem informada da reunião que acontecia naquela manhã. O encontro, iniciado por volta da meia-noite, durou toda a madrugada.
Em cima da hora, os envolvidos conseguiram uma legenda para a disputa das eleições, pensando estar livres de riscos. O Partido Municipalista Brasileiro, PMB, se dispôs a substituir o nome do candidato Armando Corrêa pelo de Silvio Santos. A agremiação fez poucas exigências além da absorção do plano educacional da campanha já em andamento.
Também pediram para examinar com maiores detalhes o projeto de implantação do imposto único, uma das propostas da campanha recém-nascida.
No ambiente fechado, Silvio e Armando deram as mãos sob aplausos, que foram seguidos por um silêncio. Queriam evitar a repercussão na imprensa. Mal sabiam que ainda haveria um longo caminho a percorrer para viabilizar a empreitada.
A decisão de lançar Silvio Santos naquela eleição se deu depois de uma conversa entre o autor e Edison Lobão, nos corredores do Senado, em outubro de 1989. Faltava pouco mais de um mês para a primeira votação do período pós-ditadura.
O convite a Marcondes Gadelha se deu no famoso chá da tarde promovido no gabinete de Lobão. Por lá, a infusão de erva-cidreira e alguns biscoitos reforçaram a imagem de muquirana que o político tinha entre seus pares. Mas Gadelha estranhou ao ver diversas iguarias em uma mesinha muito bem arrumada. Eram doces, compotas, geleias de todos os tipos, bolos, patês, frutas cristalizadas, pães, croissants, tortas e outros mimos da pastelaria do Congresso.
Por lá, também estava o então presidente do PFL, Hugo Napoleão. A imprensa já noticiava que 80% de seu partido havia aderido à campanha de Fernando Collor, fosse aberta ou veladamente.
Aureliano Chaves tinha vencido Marco Maciel nas primárias da agremiação, em uma tentativa de imitar o sistema americano para definição dos postulantes aos cargos do Executivo. Sem organização e fiscalização, mas cheia de vícios e contravenções, a definição do então candidato não satisfez boa parte do partido e sua campanha não engrenava.
Foi ali que os insatisfeitos com uma campanha derrotada de véspera tiveram a ideia de trazer um novo nome, conhecido de milhões de brasileiros por seus programas de televisão tão populares. Os caciques abandonaram de vez Aureliano Chaves em prol do apresentador filiado a um partido nanico.
Com a definição da mudança na candidatura, havia um problema de ordem prática a ser resolvido: o partido precisava fazer com que o povo soubesse como votar em Silvio Santos.
Isso porque em 1989, o voto era em uma cédula de papel, elaborada pelo Tribunal Superior Eleitoral, o TSE. Nela, uma lista apresentava os candidatos, ao lado de seus respectivos números.
Para assinalar o voto, os eleitores deveriam marcar um X em um quadradinho ao lado de sua opção. Quando a chapa com Silvio Santos e Marcondes Gadelha foi definida, as cédulas já estavam prontas, confeccionadas e impressas, sem o nome do apresentador na lista de votação. Ali estava apenas o nome de Armando Corrêa ao lado do número 26.
O desafio era mostrar a uma parcela grande da população que era possível votar em Silvio Santos. Para isso, o plano foi usar o horário eleitoral gratuito do TSE, começando no dia 6 de novembro, a uma semana das eleições. Eram apenas duas inserções de dois minutos cada uma em que precisava deixar claro ele substituiu Armando Corrêa.
Silvio Santos, então, pensou em uma música de auditório, dessas famosas em seus programas, para falar a linguagem que o povo entendia. À sua maneira, explicaria como seu nome estava associado ao número 26. Era uma tarefa praticamente impossível de ser realizada com sucesso e ainda havia mais desafios pela frente.
Passamos da metade deste microbook com uma pergunta frequentemente feita sobre a candidatura de Silvio Santos: por que ele se sentiu atraído pela política? Por que não ficou apenas se dedicando a sua carreira bem-sucedida de comunicador, com dinheiro, fama e prestígio? Qual o sentido em assumir um desafio tão grandioso?
Pouca gente sabe, mas esta não foi a primeira incursão do apresentador na política. Um ano antes, em 1988, ele quase saiu candidato à prefeitura de São Paulo, pelo PFL. Na primeira pesquisa de intenção de votos feita pelo instituto Datafolha, Silvio foi o primeiro colocado entre 13 candidatos. Para se ter uma ideia, ele conseguia um número quatro vezes maior que a candidata Luiza Erundina, que acabou eleita.
Mas a candidatura não foi levada adiante. Primeiro, houve um desentendimento com a cúpula paulista do partido, já que Silvio Santos não queria gastar um centavo durante a campanha e queria tornar essa atitude de conhecimento público. Depois, ele teve um grave problema de saúde, causando um comprometimento em suas cordas vocais e se afastou da campanha em definitivo.
Parecia haver algo sobrenatural atraindo Silvio Santos para a vida pública, para depois enterrar suas possíveis candidaturas.
Como vimos, o registro eleitoral de Silvio Santos tinha suas fragilidades, o que era previsível para uma inscrição feita a 15 dias do primeiro turno. E a Justiça Eleitoral tratou de contestar a validade dessa candidatura.
Muita gente estranhou o jeito carismático do apresentador nos poucos programas do horário eleitoral que foram ao ar, em que ensinava didaticamente os eleitores a escolherem o número 26, do PMB, dizendo: "para votar no Silvio Santos, devem marcar no meio da cédula Corrêa".
Nas pesquisas, Silvio chegou a se mostrar competitivo e a aparecer em segundo lugar, atrás de Fernando Collor. Mas foram encontradas irregularidades em sua candidatura feita às pressas e o Tribunal Superior Eleitoral decretou a impugnação devido ao partido ter feito convenções partidárias em apenas 5 estados, em vez de 9.
O PMB sofreu a punição mais grave possível e teve seu registro cancelado pelo TSE. Em tom conspiratório, Marcondes Gadelha atribuiu a destituição do sonho de chegar à presidência a uma armação. No meio de todo o tumulto, chegou-se a cogitar a substituição de Aureliano Chaves por Silvio Santos na candidatura do PFL, partido ao qual o apresentador se filiou pouco tempo depois, interessado em eleições futuras.
Mas os corredores da política e as intrigas desse meio fizeram o empresário desistir e se dedicar apenas aos negócios e à carreira na televisão. O sonho de virar presidente durou pouco tempo, mas gerou muitas especulações, projeções, medo e boatos sobre armações nos bastidores contra seu possível governo.
Como seria o governo de Silvio Santos? Ele teria o mesmo traquejo usado em seus programas de auditório para negociar com o Congresso e suas lideranças? Nunca saberemos a resposta.
No Natal de 1989, Silvio deu de presente ao autor deste livro um relógio de parede, com as engrenagens expostas. Marcondes Gadelha percebeu, então, como aquele era um gesto afetivo, uma manifestação de querer bem-vinda de um dos maiores nomes da história da televisão brasileira, brindando a amizade criada em um episódio que não saiu como era o esperado.
Para Gadelha, o relógio é uma boa metáfora do funcionamento das instituições brasileiras. Afinal, ao ativar as pequenas engrenagens, rodas dentadas e delicadas cremalheiras, é possível notar como são viciosas e sujeitas a manipulação. Se forem afetadas por ferrugem ou defeitos simples, os problemas são tão grandes quanto os maus costumes políticos.
Volta e meia, ele ainda se pergunta de que maneira um eventual governo Silvio Santos se tornaria singular. Para Marcondes Gadelha, o veto do TSE representou um hiato deplorável para as expectativas nacionais, seguido de um governo que sequer chegou ao fim do mandato.
O resto é a história de um país onde quem topa tudo por dinheiro não é o apresentador carismático e imitado por milhões de brasileiros, mas aqueles que deveriam zelar pelo bem comum.
A história do Brasil é cheia de surpresas e reviravoltas. E quando nos aprofundamos em questões políticas, há episódios desconhecidos por muitas pessoas, mas que merecem muita atenção por demonstrar em detalhes para onde o país caminha. É o caso deste Sonho sequestrado, em que uma ideia concebida de uma hora para outra quase foi adiante.
Será que Silvio Santos teria fôlego para chegar a um segundo turno na primeira eleição desde a redemocratização? Essa pergunta nunca será respondida com precisão. Ficam as especulações e palpites sobre uma história interrompida.
Gostou de saber melhor sobre a candidatura de Silvio Santos? Outro livro que permite um aprofundamento maior na história e política do Brasil é A máquina do ódio. Aproveite os próximos 12 minutos para continuar aprendendo!
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Marcondes Iran Benevides Gadelha (Sousa, 23 de julho de 1943) é um médico e político brasileiro. É vice-presidente nacional do Partido Social Cristão (PSC). M... (Leia mais)
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