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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN:
Editora: Editora Independente/Não Encontrada
Não é razoável discordar da importância do projeto de digitalização de livros e dos acervos de bibliotecas pelo Google, colocando esses textos virtualmente disponíveis em rede. Gostaria, porém, de tecer alguns comentários e fomentar reflexões acerca do tema.
Não sou um frequentador assíduo de bibliotecas, mas desde pequeno, conheço alguns intelectuais amigos de meu pai. As casas destes indivíduos eram verdadeiros templos dedicados aos livros, com as paredes tomadas por estantes.
Falo de pessoas como Lúcio Costa, cuja casa era um mar de livros empilhados no chão. Tinha lido tudo aquilo, e muito mais, da mesma forma que muitos outros amigos de meu pai pareciam já ter lido de tudo. Para eles, cada livro tinha uma importância particular, e todos eram objetos únicos, de beleza singular.
Existem bibliotecas oficiais praticamente em cada cidade do mundo. Podemos conhecer muito dessas cidades, sua cultura e seu povo pela localização dessas bibliotecas dentro do plano geográfico urbano. Isso nos diz muito da cultura da cidade e do povo que a construiu, e também da forma como essas pessoas se relacionam com tal patrimônio. As bibliotecas são marcos de referência de uma nação.
A digitalização pelo Google dos acervos de bibliotecas em todo o mundo, para acesso remoto, levanta a questão da continuidade da manutenção e da preservação dos acervos impressos dessas bibliotecas, as quais já oferecem, independentemente do Google, acesso a todas as formas de livros e incentivo a sua leitura. Outra questão, diz respeito ao que deve ou não ser digitalizado. Quem vai decidir o que deve ser digitalizado e o que não deve? Como escolher, já que digitalizar toda a produção da humanidade é impossível? Quem vai decidir o que é bom, o que é relevante?
Além disso, não sabemos como o Google vai cobrar pelo serviço de acesso aos livros digitalizados. Isso lança incertezas sobre o uso futuro desse acervo, uma vez que se trata de uma empresa comercial, e o acesso e a esse acervo já é gratuito nas bibliotecas em todo o mundo.
Se essas questões são sérias no âmbito do que já é de domínio público, imaginem o problema com os livros que tem copyright (autoria, tradução, ilustrações etc.).
Outra questão, é a transposição de conteúdo de um formato para outro. No primeiro século de nossa era, a invenção do livro, tal como o conhecemos, deu-se pela reunião num texto único de diversos textos ancestrais até então apresentados em outros formatos, gerando assim as Sagradas Escrituras. Já no século XV, com a invenção da prensa manual, os livros deixaram de ser copiados manualmente para ser impressos, tudo isso num processo não menos traumático.
Com a digitalização acontece algo singular, pertinente ao universo virtual: o livro é uma edição em que a forma tem relação direta com o conteúdo, onde cada publicação tem um tipo de encadernação, diagramação, tipologia, etc.
Outra questão, é a de que um livro é composto por partes que se organizam numa mesma e única fonte, inter-relacionadas, formando um único corpo: o do próprio livro.
Também uma biblioteca oferece uma catalogação espacial, onde cada livro tem o seu lugar na arquitetura do local, o que interfere na relação do leitor com o livro.
É o contrário do que acontece na rede ou numa universidade, em cujo balcão de copiadora, encontram-se pastas e mais pastas de capítulos ou fragmentos de livros, separados para reprodução.
Uma das principais questões de todo acervo refere-se ao modo como se dá o acesso à informação. Outra questão é a maneira como essa busca é organizada, levando-se em conta o mantra do Google: a informação, qualquer uma, é disponível por meio de uma ferramenta que busca a partir de um banco de dados. Se considerarmos que o Google é uma empresa comercial, até que ponto não estaremos caindo numa cilada, criando futuras barreiras que farão com que essa informação esteja disponível apenas de forma paga ou, então, atrelada à editoria de um anunciante? Nada impede que, por esse caminho mercantilista e monopolista, em breve, essa passe a ser a política da empresa, que poderia proibir, limitar ou subverter o acesso a acervos hoje disponíveis gratuitamente como patrimônio da humanidade.
Outro dado complementar é que, com o advento da internet, cada vez mais circulam na rede, textos falsos de autores verdadeiros e textos verdadeiros de autores falsos. Vale mencionar ainda que na mesma tela do computador são mostrados, nesse mesmo recorte da realidade, uma visita guiada pelo Museu do Louvre, um texto detalhando a manufatura de uma bomba caseira ou uma explicação sobre como organizar um núcleo do partido neonazista.
Outro problema vem da própria reunião de acervos referentes a tão diversos saberes, bibliotecas cheias de opções e coleções especiais. Como selecionar e reunir esses conteúdos tão variados? Como priorizar o que deve ou não ser digitalizado, pois nem tudo indiscriminadamente deve ser digitalizado, a fim de se evitar a criação de um bando de entulho digital. A julgar-se, porém, pela avidez da Google por essa informação generalista, assim como por números e cifras, é bem possível que se priorize o máximo em detrimento da relevância. Como decidir?
É necessário que essa informação seja diversificada, venha democraticamente de várias fontes, e não apenas do Google.
Quanto à questão de quem são os investidores por trás dessa iniciativa tão poderosa e tão lucrativa para seus acionistas, isso é outra história...
O que faria o diretor geral da maior agência governamental de espionagem americana diante da falta de recursos financeiros para fomentar intriga internacional? Investiria na maior ferramenta de controle pessoal existente ou contrataria espiões para se espalharem pelo mundo a bisbilhotar e coletar informação?
A primeira razão é que a televisão, na visão de muitos especialistas, é um comercial interrompido por pedaços de filmes. Como todas as redes de televisão são financiadas pela publicidade, qual delas escapa da definição proposta? A televisão, fórmula consagrada pela publicidade, vende seu público aos anunciantes.
O elemento-chave de um programa é o comercial. Em função da publicidade, serão agendados os programas, visando ao máximo de audiência e evitar a evasão de espectadores para os canais concorrentes. Assim, um programa como o Jornal da Band tenta passar a perna na audiência do Jornal Nacional da TV Globo, etc. Numa disputa onde a grade importa mais do que as imagens veiculadas, é impossível algo inovador, pois o objetivo é conquistar o máximo de audiência com o mínimo de investimento. Mesmo os canais da TV pública – sobretudo, aqueles que dependem de alguma receita adicional de publicidade – têm a mesma tendência de reproduzir os modelos já citados para resistir à concorrência das outras redes.
Outro ponto a ser considerado é que as grandes redes comerciais de televisão estão em vias de duas mãos. Seus novos proprietários são os grandes grupos comerciais da indústria transformados, pela natureza do novo empreendimento, em produtores audiovisuais, onde eles visualizam um novo setor de investimento ou mercado futuro, depois dos investimentos em imobiliários ou na siderurgia, teleguiando mais comumente seus interesses em direção ao poder, uma vez que televisão é cada vez mais um assunto de Estado. Isso pode ser comprovado, por exemplo, nas novas ações dos governos sobre a legislação.
Ao mesmo tempo em que o imagético toma conta de todos os espaços em nossa sociedade, é preciso decifrar e interpretar o que essa overdose de símbolos, códigos, imagens e sons representam, a título de que se se colocam e a qual estatuto funcional obedecem. É preciso também que se atente para o fato de que vivemos o início de uma nova era: somos os homens da idade da pedra lascada cibernética, e tudo que se puder postular como premissa dentro dessa nova compreensão do universo da imagem em movimento não terá, certamente, nenhuma ligação com qualquer das teorias de épocas anteriores.
Somos os desbravadores de novas fronteiras, onde tudo é novo e não mais vinculado ao universo linear de conhecimento: o mundo digital é aleatório e se molda, interage com o mundo real. Recriando o real, ele existe de forma real no mundo virtual.
Para complicar a questão, é preciso incluir na discussão a dura constatação de que nossa era é também a era da globalização de mão-única, que veio para ficar promovendo a falsa sensação de que se pode estar vendo-vivendo ao mesmo tempo em todo o mundo, e no fundo, em lugar nenhum. Outros sintomas são a “desumanização”, a fragmentação das relações interpessoais-sociais, a desterritorialização e a falência das Nações-Estado, bem como a favelização urbana, alguns dos indicadores mais evidentes dessa nova ordem mundial.
Entretanto, as grandes empresas produtoras da tecnologia de geração e produção de imagens, paradoxalmente, não têm o poder de ditar como essas mesmas tecnologias serão utilizadas, e que tipo de imagens serão produzidas nesses processo. Por isso, nos encontramos na época das cavernas cibernéticas, somos os homens da pedra lascada cibernética, da pré-história digital e vivemos na fronteira entre o limiar de um grande salto histórico ou de um retrocesso catastrófico. Podemos criar a salvação ou mergulhar na destruição total.
Desde seu aparecimento até os dias atuais, a televisão, tal como a conhecemos, passou de utensílio doméstico a totem da modernidade. Transformou-se no centro organizador da vida moderna, onde já não é mais possível ao espectador outra ação que não a de pautar seu cotidiano pela programação desse novo meio (por exemplo, temos a “hora da novela”, a “hora do jornal”...).
É necessário, porém, que se repense algumas questões ontológicas relativas à televisão como meio de comunicação e a sua condição de “instrumento” da sociedade, estabelecendo uma reflexão sobre seu papel e sua verdadeira função.
O atual conjunto dos fatos nos mostra que é chegado o momento em que não é mais possível admitir a falta de participação da sociedade civil na gestão dos canais de televisão. Quando essa mesma sociedade se organiza em termos de campanhas de solidariedade, contra a miséria, na luta pela cidadania, pela democratização da informática e contra a exclusão digital, o melhor que a televisão pode é oferecer uma relação sexual sem preservativo na novela das 18 horas ou um filme de violência explícita às 14 horas.
A televisão, tal como a conhecemos, é uma concessão pública, assim como o serviço de radiodifusão. Para que um grupo comercial privado explore um serviço de utilidade pública (no caso, as ondas do ar), essa “exploração privada” de canais é regulamentada por meio de uma concessão pública, isto é, mediante uma autorização do Ministério das Comunicações. É dado o consentimento de exploração do serviço de difusão num canal de radiofrequência (faixa de onda onde esse canal de TV ou de rádio opera). Porém, tratando-se de concessão pública, subentende-se que o concessionário detentor de um canal deva levar em conta os anseios e expectativas do público, em nome do qual, em última instância, ele foi autorizado a operar.
Há um desvirtuamento do conceito de “serviço de utilidade pública”, porque o público só é consultado para definir o destino de personagem de novela ou de participante de reality show.
É uma pena que ela própria e o governo façam o de sempre: tapam o sol com a peneira, ficam mudos sobre o assunto, ou dissimulam, apresentando a questão pelo lado que interessa ao grupo que representam no momento. Assim, perpetuam-se as oligarquias e o estado de coisas. E o pior é que não adianta mudar de canal, pois a programação é “a mesma” em todas as emissoras.
A velocidade do mundo contemporâneo, o cotidiano duro e sua repetição, o excesso de informações e a necessidade de respostas rápidas que a vida exige, acabam criando condicionamentos físicos e psíquicos.
A redescoberta do “olhar inteiro”, do olhar que olha e vê, é desenvolvida pela criação de um estranhamento com as coisas que são vistas, com todas elas. Olhar para tudo como se tudo fosse uma eterna novidade. É preciso olhar para o mundo como se estivéssemos olhando tudo pela primeira vez.
Uma das questões que cercam a “educação do olhar” é a de como fazê-la. Mas, afinal, o que é educar o olhar? Para conseguirmos respostas talvez devêssemos voltar atrás e pensar nas questões que levam a esse embrutecimento do olhar.
O caminho para o descondicionamento do olhar passa pela redescoberta do prazer. Do prazer de estar vivo; de poder olhar o mundo e de perceber que ele se renova à cada momento; do prazer de descobrir que o mundo é sempre muito maior do que imaginamos, que a vida é mais ampla do que o que vemos em torno do nosso umbigo.
A invisibilidade é o principal problema para a transformação de qualquer situação. Quando não vemos uma coisa, não é possível estabelecer reflexão alguma sobre ela. Quando não vemos os problemas, eles não existem.
Ver significa poder transformar, ter uma atitude sobre o que se vê, se este “estar olhando” não é uma atitude passiva, se não existe o preconceito, se esse olhar procura captar a “mensagem” do que se está vendo. Olhar e ver!
A transformação da sociedade passa pela compreensão de quem somos e de onde estamos. Mas se não nos vemos, se não “percebemos” quem somos nem onde estamos, como mudar algo?
A comunicação no Brasil sempre foi tratada como patrimônio feudal; isto é, quem controla a informação controla a nação. A existência de projetos e cursos de vídeo, cinema e televisão nas comunidades de favela e da periferia oferece meios para que grupos populares possam criar sua linguagem e informação, uma vez que, para se fazer vídeo, cinema ou fotografia, é preciso apontar a câmera em alguma direção. E o que essas câmeras enquadram é a própria realidade social dessas comunidades onde os usuários desses equipamentos estão inseridos.
A produção de televisão, assim como de rádio e imprensa pelos grupos populares representa uma possibilidade de expressão onde o povo tem vez e voz.
A existência de projetos culturais que trabalham a “construção” do olhar, fomentando a possibilidade desse descobrir a si mesmo e a comunidade onde se está inserido, representa o início de transformação de toda uma realidade social e audiovisual.
O vídeo é, neste momento, instrumento de conhecimento, de descondicionamento do olhar, justamente, porque ele registra o que está ali e nos mostra situações das quais, muitas vezes, não nos damos conta. Esse “registro” serve como elemento de reflexão e debate, abordando temas inusitados que, de outra forma, nem seriam abordados e talvez passassem despercebidos aos nossos olhos condicionados pelo cotidiano.
Utilizando a imagem e a autoimagem como elementos no processo de conscientização e desenvolvimento sociocultural, os indivíduos veem a si mesmos e enxergam a realidade cotidiana onde estão inseridos, isto é, onde “existem”. Olham para si mesmos de uma forma transformadora. Nesse momento, está dado o primeiro passo para um concreto “descobrimento” comunitário, e da sociedade por extensão.
Acontece que a TV comercial se apropria da linguagem e da temática gestada nesse circuito alternativo de comunicação popular. Usa o “alternativo” e lhe dá um rótulo de “situação”. Assim, lança moda e estabelece uma nova propriedade, transformando o marginal em objeto de mercado e faturando muito em prol da manutenção de seu próprio status quo.
É preciso que a transformação a ser feita na “grande mídia”, seja aquela que incorpora a participação da sociedade na gestão desses meios de comunicação de massa, como forma legítima de cidadania, onde a exibição dessa variada produção popular seja a expressão da pluralidade da sociedade. Também, uma forma de demonstrar que a imagem do país não é apenas a das elites, já que existe vida inteligente fora dessa janela da TV como conhecemos.
Nas favelas e periferias já existe uma produção de imagens comprometida com temas e ações ligadas à construção da cidadania plena para esses grupos populares, provocando debate que esse circuito alternativo de comunicação faz ecoar pelo país.
A imagem eletrônica está em toda a parte. Mas o que acontece hoje tem uma história e um contexto. É preciso refletir sobre a relação entre televisão e vídeo, para explicar porque vídeo não é televisão?
O aparelho de videocassete, um personagem bem conhecido dentro de nossos lares, foi e é responsável por uma grande transformação no aspecto da TV comercial e no modo de fazer e criar televisão, no Brasil e no mundo.
É preciso explicar que quando falamos de televisão (não do aparelho, mas da produção artística exibida), estamos nos referindo a uma produção (em vídeo, cinema, animação, jornalismo etc.) feita por um grupo empresarial ou por produtores comerciais, comprometidas com seus anunciantes e a necessidade de venderem seus produtos.
Nos seus primórdios, a televisão se inspirou no rádio – na época, o grande veículo de transmissão maciça – e não no cinema, para a construção de uma gramática e de um imaginário próprio. Daí o grande número de programas de auditório, shows de calouros e talk shows na programação de grande parte dos canais de TV, mesmo hoje em dia. A confirmação disso, é a quantidade artistas e técnicos do rádio que fundaram programas na televisão.
O vídeo e a produção de vídeo se desenvolveram a partir do aparecimento do videotape (fita de vídeo), das câmeras portáteis e do aparelho de videocassete, instrumentos que possibilitaram a produção de imagens eletrônicas fora do esquema das emissoras.
Esses equipamentos, utilizados como instrumento artístico ou político, transformaram-se em meio de expressão de toda uma geração de artistas e autores que, de forma livre e independente de financiamentos comerciais e anúncios, realizaram trabalhos em vídeo comprometidos com a pesquisa de linguagem audiovisual ou com a mobilização popular, veiculando estéticas e conteúdos diferentes do que a TV comercial apresentava até então.
Com o aparecimento do videotape doméstico (VHS) nos anos 1960 nos Estados Unidos e nos anos 1970 no Brasil, vimos surgir uma nova onda de produções audiovisuais. Pela primeira vez, simples mortais podiam fazer televisão fora das redes de TV. O videotape serviu aos artistas plásticos como espaço de criação numa época onde imperava a contracultura, o pop, a performance, o trash, a retomada do cinema experimental, criando uma produção denominada de videoarte. Por sua vez, essa vertente utilizou o videotape como instrumento para criação de comunicação alternativa, ligada a grupos específicos, a minorias excluídas e a movimentos populares.
Os anos 1980 viram o boom do vídeo no Brasil, onde novos autores surgiram e consolidaram suas carreiras nessa área, por meio do sucesso em festivais e nos parcos espaços que as redes de TV ofereciam para esse gênero de produção.
Depois de 50 anos de vida, com o advento do videotape e a imensa vaga de produções videográficas já realizadas, a TV brasileira tem buscado nessa produção sua fonte de renovação criativa. Programas como TV Pirata, Casseta e Planeta, Comédia da Vida Privada, na TV Globo, Expedições e Conexão Roberto D’Avilla, na TV Brasil, são alguns exemplos de televisão criativa com participação de produtores independentes.
Porém, existe toda uma produção de vídeo que se desenvolve à margem da televisão comercial e que, tampouco, encontra espaço nas TVs educativas. Essa produção só é exibida em circuitos alternativos e populares e, talvez, justamente por isso, não encontre apoio para desenvolver-se, seja pelo fim dos financiamentos de fundos das agências de desenvolvimento, seja pelo desinteresse da TV comercial. É o caso do vídeo militante (ou vídeo popular), que teve um desenvolvimento muito grande até o final dos anos 1980, mas que no final da década de 90, estava em franca crise financeira, de identidade e de perspectivas.
Com a Constituição Federal de 1988, os grupos populares viveram a ilusão das promessas de uma democratização dos meios de comunicação, que em consequência, democratizaria o acesso à verba para se fazer televisão. Organizaram-se em torno de comitês, porém, mesmo com as novas ofertas de canais a cabo, o que se vê é a multiplicação de um mesmo gênero de TV comercial e para os mesmos donos.
Videoarte, vídeo de autor ou videocriação são as vertentes mais conhecidas e celebradas da produção nacional de vídeos, da qual o vídeo popular também faz parte.
Nos anos 90, a própria noção de independente também entrou em crise. Se em seus primórdios, o vídeo era realizado contra a televisão, numa espécie de guerrilha eletrônica dos videoartistas contra a massificação da linguagem comercial da TV, agora, os produtores trabalham visando quase exclusivamente a TV, e muitas das produções desse espaço.
Os videoartistas tiveram mais evidência por seu questionamento estético, além de ocuparem galerias de arte e centros culturais. O vídeo militante (feito em sindicatos, associações, periferias e favelas) procura estabelecer uma comunicação voltada para sua realidade socioeconômica, mas esse tipo de vídeo não é assunto para as páginas culturais.
Porém, tanto videoartistas quanto produtores populares não podem mais sobreviver sem um veículo de televisão que lhes garanta a viabilidade econômica em troca da difusão das produções.
Intelectuais, jornalistas, pesquisadores e demais formadores de opinião devem discutir o papel das mídias e das artes-mídias, pois é preciso refletir sobre essa produção, valorizando artistas nacionais antenados com a vanguarda mundial, que são a grande força de renovação da TV e do audiovisual no país. Assim, o grande público poderá entender que vídeo não é televisão, mas um gênero artístico inovador que, como outras práticas artísticas, precisa ser incentivado, discutido e promovido. Até porque, com o advento do digital e a integração entre as tecnologias da internet, do vídeo, do cinema da televisão de alta definição, em breve, não estaremos mais falando de nenhum desses formatos.
Em meados dos anos 1980, a favela começou a produzir suas próprias imagens com o surgimento das TVs comunitárias. Há cerca de 20 anos, a favela vem criando sua própria imagem, muito distante da imagem que se faz dela. Esses videomakers locais tocam projetos de produção, informação e capacitação audiovisual que não somente vêm contribuindo para a formação cultural na favela, mas também para a valorização da sua própria identidade e dos talentos locais, num sistema de comunicação onde o destinatário é também sujeito na produção dessa informação. No entanto, apesar de sua existência, essa produção, em sua maioria, só é conhecida dentro desse circuito comunitário e “popular”.
Até quando vamos continuar delegando às empresas privadas a construção de uma identidade nacional? A participação da sociedade na gestão dos meios de comunicação é tão importante quanto o orçamento participativo. O caminho da democracia é único, mas uma democracia social, onde a sociedade possa decidir seu próprio destino, e a pluralidade seja expressão da diversidade da sociedade brasileira, é essencial.
A TV está em todas as casas e nos mais variados lugares. Apesar disso, poucos conhecem sua história, as leis que regulamentam sua atividade e como utilizar esse meio de comunicação para pensar sobre o mundo que nos cerca, sem ficar passivamente assistindo a sua programação. A televisão determina comportamentos; do contrário, não existiria propaganda na TV. A televisão comercial tem como uma de suas premissas formar consumidores, e não cidadãos. Cidadãos verdadeiros reivindicam seus direitos, têm opiniões, trocam de canal; consumidores compram... e se mantêm fiéis à grade de programação.
A educação para a mídia é uma forma de contribuir para essa diversificação de imagens audiovisuais, transformando espectadores em protagonistas de seu próprio discurso midiático. Essas questões devem ser inseridas em sala de aula, na escola, uma vez que crianças, jovens e adolescentes passam a maior parte do seu tempo diante de canais de TV e páginas da internet.
Portanto, não podemos perder de vista a pergunta: para que serve a televisão? Ou, melhor dizendo: a quem ela serve?
O livro aborda principalmente as origens do vídeo nos anos 1960 e também as possibilidades de uma nova linguagem audiovisual surgidas a partir de então. Trata ainda da transformação ocorrida na TV comercial com o uso do videotape, do surgimento da videoarte e, em consequência, de uma nova linguagem artística. Também aborda o chamado vídeo militante. O vídeo militante é utilizado por quem pretende tratar de temas ignorados pela televisão comercial, mas que dizem respeito diretamente ao cotidiano da população que assiste à TV comercial. A TV comercial no entanto está mais preocupada em vender, atendendo aos interesses dos seus anunciantes. O autor defende que jornalistas, pesquisadores e formadores de opinião em geral discutam essa questão, visando propor alternativas a essa situação de concentração da informação em poucas mãos. Já te passou pela cabeça produzir um vídeo, seja jornalístico ou artístico propondo algo novo, diferente de tudo que você já viu? Por que não?...
Os que se interessam pelo tema, mas não conhecem nada a respeito, poderiam começar por tentar ver os programas de TV mencionados, dando uma pesquisada na internet. Uma checagem no Youtube pode ser um ponto de partida. Pesquisar nomes como o Eduardo Coutinho, Eduardo Kac, Sandra Kogut ou Arthur Omar é fundamental para se inteirar do trabalho de profissionais do audiovisual. Pode ser uma espécie de viagem por um mundo novo, com informações novas, maneiras pouco comuns de tratar de temas diversos... Imagens bastante diferentes daquelas a que estamos acostumados, seja pela televisão, seja pela própria internet e os incontáveis vídeos e clipes que a indústria cultural despeja no mercado...
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Vicente Duque Estrada Paim é o autor do presente livro, um videomaker e artista plástico que é imenso conhecedor do mundo da internet, e que por estar no mundo da direçã... (Leia mais)
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