Rita Lee: outra autobiografia - Resenha crítica - Rita Lee
×

Novo ano, Novo você, Novos objetivos. 🥂🍾 Comece 2024 com 70% de desconto no 12min Premium!

QUERO APROVEITAR 🤙
63% OFF

Operação Resgate de Metas: 63% OFF no 12Min Premium!

Novo ano, Novo você, Novos objetivos. 🥂🍾 Comece 2024 com 70% de desconto no 12min Premium!

989 leituras ·  0 avaliação média ·  0 avaliações

Rita Lee: outra autobiografia - resenha crítica

Rita Lee: outra autobiografia Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Biografias & Memórias

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 

Editora: Globo Livros

Resenha crítica

Linda Blair conversa com a Sininho

Quando recebeu a vacina contra a Covid-19, Rita Lee sentiu como se tivesse um elefante no peito. Ao consultar a sua otorrinolaringologista, descobriu que não era uma reação ao imunizante. Na verdade, a cantora foi diagnosticada com câncer de pulmão. Por isso, precisou ser internada para exames. Ela teve um ataque de pânico e foi sedada.

Rita conta que se sentiu a Linda Blair, de O Exorcista, ao precisar ser vigiada pelos médicos. Para lidar com o desespero, “chapou” com a tarja preta que carregava secretamente na bolsa. Entre o entorpecimento e a consciência, a cantora entretia os enfermeiros esbravejando contra o governo da época.

Quando estava consciente, tinha a companhia de uma pequena e delicada auxiliar de enfermagem. Rita a apelidou de Sininho. Só que a cantora não sabia dizer se a profissional existia de fato ou se era só uma alucinação. Logo, os médicos descobriram os medicamentos de tarja preta e os confiscaram.

Trocando a pele de cobra

No começo, Rita descartou os tratamentos. Achava que o câncer era incurável e quis morrer logo, sem sofrimento. Era uma adepta da eutanasia. Mas com o apoio de Roberto “Rob” de Carvalho, seu marido, e João “Juca” Lee, seu filho, topou a imunoterapia e a radioterapia. A cantora conta que envelhecer é trocar a pele de cobra. 

É um processo no qual não rejuvenescemos por fora, mas renascemos por dentro. Ficar mais próximo da morte é levantar questões e buscar informações que só agora fazem sentido. Para Rita, traz um sentimento de missão cumprida. Ela tinha pouco medo do desconhecido e sabia que tudo terminaria algum dia.

A cantora conta que participou de um grupo de estudos há algum tempo. Nele, aprendia sobre budismo, espiritismo, ocultismo e vários outros assuntos. Rita colocou esses ensinamentos em prática pela primeira vez no hospital. Ela conta ter feito uma espécie de viagem astral após a medicação, tendo visões transcendentais que classificou como indescritíveis.

O corpo cobrou o preço do cigarro

Fumar foi um hábito difícil de largar. Rita usava o tabaco como ferramenta de trabalho, para meditar sobre as músicas que compunha. Achava que o cigarro dava o glamour de Marlon Brando, Beatles e Hendrix. O ar proibido tornava o hábito mais sedutor. Em situações de crise, procurava automaticamente um maço.

O nervosismo da pandemia fez Rita fumar feito louca. Ela conta que o corpo, maltratado durante esses anos, cobrou o preço. A cantora não se tornaria uma militante antitabagismo, mas também não recomendaria o cigarro para ninguém. Depois de alguns dias de sofrimento, recebeu alta. Rob recebeu a esposa em casa, com flores.

As pessoas de sua família se revezavam para fazer o máximo de comida nutritiva que a artista pudesse ingerir. Ela precisava engordar para aguentar o tranco, já que o tratamento não seria fácil. Para ter cuidados mais próximos, Rob contratou duas enfermeiras particulares. Elas precisaram se adaptar às crises de pânico de Rita.

Sci-fi radioterapêutico

A preparação para a radioterapia parecia uma cena de algum sci-fi, com equipamentos metalizados de proteção contra a radiação. Os procedimentos eram difíceis. Até engolir saliva era dolorido. Mas tudo ficou tolerável, com o apoio e as brincadeiras de Juca e Rob. Logo, descobriria que a imunoterapia não funcionou e que precisaria de quimioterapia.

Rita era resistente ao procedimento. Ela cultivava o trauma da mãe, que também teve câncer e definhou com o procedimento. Aos poucos, a cantora trocou o medo da quimioterapia por um desejo de vingança, estilo máfia siciliana, contra a doença. Com ajuda de um psiquiatra, conseguiu substituir o pânico pela calmaria.

A cantora se admirou com a fofura da equipe de radioterapia, que encheu seu quarto do hospital com bexigas. Ainda assim, os dias seguiam carregados de sofrimento. Rita não tinha nenhum prazer em comer e sofria com a abstinência de tabaco. Seu alívio era quando Juca notava sua “larica” de nicotina e oferecia balinhas para compensar.

A bonequinha de luxo

Uma das enfermeiras percebeu que Rita tinha mais um ponto de câncer. Era um caroço perto da costela, que a cantora apelidou de “Jair”, em homenagem ao presidente da época. Depois de alguns exames, descobriu a existência de outros pequenos caroços similares pelo corpo, o que aumentou a urgência da quimioterapia.

As crises de pânico voltaram com a aproximação da quimioterapia. Rita tinha medo dos efeitos colaterais. Não queria ficar careca, com aftas, sangramentos e todas as outras consequências do tratamento. Mas o primeiro ciclo foi surpreendentemente tranquilo. O único efeito que sentiu foi o cansaço. Os funcionários e outros pacientes do hospital a faziam se sentir acolhida.

Ela os apelidou de “oncolegas”. Nesse período, percebeu como era amada pela família. Estava sendo paparicada. Tudo que pedia era atendido. Sentiu-se uma bonequinha de luxo. Mas sua visão de si variava. Quando estava tendo dificuldades de ficar em pé, se sentia uma “caveirinha”.

Ninguém escapa com vida da vida

Quando o cabelo de Rita começou a cair, ela quis evitar o choque de ver cada fio de cabelo caindo pelo ralo. Por isso, passou logo a máquina zero. Sentiu-se uma vampira ao se ver no espelho. Ela conta que achou que teria uma morte mais pomposa.

Por exemplo, com a explosão de um avião ou um tiro dado por algum policial. Não achava o câncer a sua cara. Rita também defendia que temos que ter bom humor ao falar do nosso fim. Não deveríamos sentir medo ao falar da morte. Ela é a única verdade da vida. 

Cada dia a mais é um dia a menos que viveremos. Ninguém escapa com vida da vida. Rita conta que queria ser cremada para ser jogada na sua horta caseira sem agrotóxicos e virar uma bela alface, ou ser abduzida por um OVNI e desaparecer sem maiores explicações.

Lança-perfume com a Aracy

Já passamos da metade deste microbook e Rita conta como sua autoestima mudou. Ela queria gostar do que visse no espelho. O look de careca quimioterapêutica não combinava com sua personalidade. Quis parecer uma espécie de baronesa intelectual. Por isso, inspirou-se na Simone de Beauvoir e adotou o turbante.

A experiência melhorou com o avanço do tratamento. Os tumores estavam diminuindo e ela recuperou a capacidade de se concentrar em um livro. O apetite começou a voltar. Para ela, a batalha contra o câncer exige foco, fé, coragem e bom humor. Em uma das idas ao hospital, fez quimioterapia vestida de fada.

Até os sonos mudaram. Rita chegou a sonhar que estava em uma festa nos anos 1940, com Carmen Miranda, Noel Rosa e Aracy de Almeida. A cantora teria vindo do futuro com a missão de avisar a todos sobre a tragédia de 11 de setembro de 2001. Logo, deixaria a missão de lado e iria cheirar lança-perfume com Araçy.

O recado da natureza

A ficha de Rita caiu. Ela percebeu que o tratamento é crônico e que essa é a vida que levaria até o fim. A esperança de cura não desapareceu, mas ficou a certeza de que precisaria ser acompanhada por médicos para sempre. Ela diz ter percebido pelas plantas que não teria mais tanto tempo de vida.

A natureza manda recados. Rita é animista, acredita que todas as coisas têm alma. A cantora extrai sabedoria da natureza e convive com vários animais, como corujas, saruês, maritacas e tucanos. O convívio com Ana, a enfermeira da família, também lhe fez bem.

Com o aval do médico, Rita saiu de casa sem ser para um hospital depois de muito tempo. A artista foi na exposição em homenagem a ela própria, tocada por dois de seus filhos, Juca e Gui. Seus fãs demonstraram apoio e deixaram mensagens para ela em urna de recados, já que não podiam encontrá-la pessoalmente por causa da Covid-19.

Coroa é só um chapéu que entra água

Todos os movimentos são lentos depois da quimioterapia. Rita ainda se alimentava sem fome, mas engordou um quilo, o que é uma vitória. A cantora conta que, para não precisar comer toda hora, colocou um peso de papel no bolso para aumentar a numeração da balança. O que tornava tudo mais suportável eram as mensagens dos jovens.

As músicas serviram como uma fonte de apoio de quem não se sente aceito pelos pais por ser diferente. Rita continuou a ensinar lições, mesmo com a diferença de gerações. O recado que Rita deixa para os jovens é:

  • que não devem planejar nada a longo prazo; 
  • que os sonhos não caem do céu; 
  • que vale a pena estudar e aprender mais, sempre; 
  • que se adaptar a uma sociedade doente não é o mesmo que ser saudável;
  • que uma coroa é só um chapéu que entra água; 
  • que o mundo se afoga no caos a cada dia.

O Brasil repetiu de ano

Rita acreditava que não era correto se queixar do câncer. Em vez disso, ela agradeceu pelas lições que a vida ensinou nesse período e se contentou com a tarefa de tentar entender os porquês. A cantora também passou a frequentar o fisioterapeuta, preocupada com seu equilíbrio.

Nas sessões, trabalhava as pernas, que dizia terem virado “dois abacaxis”, como na música das Frenéticas. Ela também fazia exercícios para os pulmões e precisava lidar com dores na coluna que a faziam sonhar com morfina. A única coisa que não cogitava era sair do Brasil e tentar se tratar no exterior.

Jamais abandonaria o país que amava e lutaria por ele da forma que conseguisse. Rita conta que, se vivesse até os 107 anos, tricotaria em uma cadeira de balanço uma camiseta para algum neto usar em uma passeata, escrita “o Brasil repetiu de ano”. Nesse clima, Rita entrou em 2023.

A briga pelo coelho

Os animais não conseguem denunciar um humano que os maltrata. A sociedade relativiza a vida que vem deles. As pessoas matam bezerrinhos por sua carne, desfrutam peru por tradição, caçam elefantes para postar fotos e usam pele de raposa para vestimentas. Os animais são humilhados nos circos, rodeios e vaquejadas.

Os zoológicos os deixam eternamente presos, em exposição. Para Rita, os humanos tratam os animais como objetos, esquecendo que sentem dor e que são retirados das suas famílias. A cantora ora para São Francisco pela proteção de todos os animais. Ela conta como se revoltou com uma loja pet que visitou depois da exposição.

Rita viu um coelho, sem água ou comida, à venda. Ela é contra o comércio de animais, porque eles não foram feitos para viver em gaiolas. A cantora cobrou os atendentes da loja, para que prestassem mais atenção no bicho. Mas seu desejo real era levá-lo dali.

A força da mulher

Rita sentia falta de Gal Costa. O que trazia um quentinho para seu coração era o fato de as pessoas a reverenciarem como ela já o fez com a garota com voz de veludo. Já durante o tratamento, recebeu homenagens de artistas como Manu Gavassi, Luísa Sonza, Liniker, Ana Caetano e Vitória Falcão.

Para as mulheres que aspiram a carreira musical, Rita aconselha que componham, assim como ela compôs. Cante no banheiro, que tem um bom reverb. Não deixe o ego interferir. Ponha para fora o que vem do seu coração.

Os poderosos no meio musical são homens. Por isso, é preciso ser forte. Mesmo com o nariz torcido dos executivos da música, Rita fez sucesso com Fruto Proibido. A contragosto, eles tiveram que engolir seu sucesso. Não deixe de acreditar na sua força.

Notas finais

A rainha do rock foi uma das mais bem-sucedidas artistas do pop, defendeu todas as liberdades e apresentou ao mundo uma voz que extrapola estilos e gerações. Em Rita Lee: outra autobiografia, a autora apresentou uma narrativa bem-humorada do melancólico fenômeno que tirou sua vida.

Dica do 12min

É impossível prever quando um sucesso como Rita Lee aparecerá no restrito mercado artístico. No entanto, o psicólogo Erick Bittencourt usa a ciência para mostrar como é o processo criativo por trás das composições. Confira em “A mente por trás da música”. Disponível como microbook no 12min.

Leia e ouça grátis!

Ao se cadastrar, você ganhará um passe livre de 7 dias grátis para aproveitar tudo que o 12min tem a oferecer.

Quem escreveu o livro?

Rita Lee Jones de Carvalho foi uma cantora, compositora, multi-instrumenti... (Leia mais)

Aprenda mais com o 12min

6 Milhões

De usuários já transformaram sua forma de se desenvolver

4,8 Estrelas

Média de avaliações na AppStore e no Google Play

91%

Dos usuários do 12min melhoraram seu hábito de leitura

Um pequeno investimento para uma oportunidade incrível

Cresca exponencialmente com o acesso a ideias poderosas de mais de 2.500 microbooks de não ficção.

Hoje

Comece a aproveitar toda a biblioteca que o 12min tem a oferecer.

Dia 5

Não se preocupe, enviaremos um lembrete avisando que sua trial está finalizando.

Dia 7

O período de testes acaba aqui.

Aproveite o acesso ilimitado por 7 dias. Use nosso app e continue investindo em você mesmo por menos de R$14,92 por mês, ou apenas cancele antes do fim dos 7 dias e você não será cobrado.

Inicie seu teste gratuito

Mais de 70.000 avaliações 5 estrelas

Inicie seu teste gratuito

O que a mídia diz sobre nós?