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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-65-5921-083-1
Editora: Companhia das Letras
Vamos começar pelo básico. Você não precisa ser uma autoridade para participar da política. Essa palavra indica a forma de organização enquanto sociedade. O termo grego pólis se referia à principal cidade-estado da Grécia Antiga, onde ficavam as instituições administrativas e o grupo de cidadãos que ali morava.
Política indica tanto a parte institucionalizada, envolvendo parlamentos, partidos e ministérios, quanto questões cotidianas. Nos primórdios, essa ideia estava ligada às habilidades de tomar decisões e administrar um território. Também indicava a capacidade de discutir e negociar as melhores formas de interferir na sociedade.
Com isso, fica claro que a política vai além de questões partidárias, está presente em cada atitude tomada por nós no dia a dia, do ambiente familiar ao trato com colegas no mundo corporativo.
A ideia de Estado também é antiga. Sua formação começa a ser estudada pouco antes do século 15 na Europa, quando regimes absolutistas, comandados por figuras monárquicas, passaram a tomar o lugar de senhores locais.
De lá para cá, fatos históricos, como a Revolução Francesa, pavimentaram a ideia de Estado como um país soberano, de estrutura e organização próprias para administrar uma nação. Ao longo do tempo, direitos como o voto, igualdade, justiça e outros aspectos foram modernizando a ideia geral sobre seu real significado.
Entender a política além dos partidos e o Estado como responsável pela garantia de direitos básicos para todos é o primeiro passo para compreender problemas comuns a toda a sociedade.
Essa é uma pergunta clássica entre aqueles que querem entender o significado do nome de nosso país por extenso: República Federativa do Brasil. O território nacional é dividido em 26 estados e um distrito federal, onde fica a capital Brasília.
Quando se divide um território em unidades federativas, cada uma delas funciona como um arranjo de autoridade, cuja existência busca manter a ordem social e cumprir as leis. Em conjunto, todos trabalham pela soberania diante de outras nações.
Alguns países funcionam com diferentes formas de organizar sua estrutura, definida depois de processos políticos, legais, econômicos e institucionais para a verificação de como será exercida a autoridade local.
No Brasil, cada unidade é chamada de estado ou federação. Não fosse assim, o país seria chamado de Estado Unitário. Em alguns países, elas surgem da união de estados que existiam anteriormente. Em outros, as federações têm origens anteriores à independência das províncias e foram reincorporadas à nação independente tempos depois, como é o caso do Brasil.
Em resumo, a República Federativa é a forma de governo na qual o povo é soberano, com o Estado governado por meio de representantes investidos em suas funções em poderes distintos, divididos em diversos territórios que formam uma só nação.
Nos últimos anos, um dos assuntos mais recorrentes no noticiário político é o retrocesso democrático em diversas regiões do mundo. Desde a crise econômica mundial em 2008, diversos protestos pediram mais direitos e foram contra a política tradicional.
Entre processos conturbados de impeachment e a popularização maciça do acesso às redes sociais, líderes populistas com retórica autoritária ascenderam ao poder por meio do voto, tais como Donald Trump, nos Estados Unidos; Jair Bolsonaro, no Brasil e Viktor Orbán, na Hungria.
Mas para entender o movimento de retrocesso democrático por todo o mundo, precisamos nos atentar a alguns conceitos.
O primeiro é o da própria democracia. Para vivê-la em plenitude, precisamos de elementos institucionais e legais, como uma Constituição, eleições, presença de representantes do povo e divisão de poderes. A forma como tudo isso se organiza de forma prática, estabelecendo voz a todos os cidadãos, varia conforme o tempo em que se vive e pode mudar conceitualmente com o passar dos anos.
No livro “A república”, do filósofo Platão, são cinco os tipos de regimes definidos de forma simples e prática. A democracia é resumida como o governo de muitos.
Já a oligarquia é a forma de governar de poucos, para as elites. A timocracia é voltada a poucos indivíduos despreparados. A tirania tem a ver com um governo de um só indivíduo em seu benefício próprio. Já a aristocracia é vista como a administração pelos melhores da sociedade, ainda que isso possa ser manipulado de diversas formas.
Fato é que sem cidadania plena, com direitos civis, políticos, e sociais, não há democracia real. E a busca por eliminar opositores é o desejo maior dos governos autoritários, mesmo que estejam exercendo o poder por vias democráticas, chegando lá por meio do voto.
Agora que passamos da metade desse microbook, precisamos esclarecer como os poderes se dividem. No Brasil, adotamos o princípio da simetria, com União, estados e municípios possuindo uma divisão própria, muito semelhante em termos estruturais.
O Poder Executivo acumula prerrogativas e responsabilidades que vão além de colocar a lei em prática. Presidente da república, governadores e prefeitos são os representantes dessa esfera.
Já o Poder Legislativo cria e fiscaliza leis, por meio de debates, aprovações e votações nos parlamentos. São os vereadores, deputados estaduais e deputados federais os representantes eleitos pelo voto popular que exercem tais funções.
Por fim, o Poder Judiciário trabalha na mediação de conflitos, tomando decisões a respeito de casos na justiça para que a lei seja cumprida para todos os cidadãos de maneira equânime. Juízes e promotores das esferas municipal, estadual e federal, divididos nas mais variadas instâncias, são seus maiores representantes.
Teoricamente, essa divisão funciona em um sistema de pesos e contrapesos, sem que um poder seja considerado superior ao outro, atuando com fiscalização mútua e sem interferência direta entre si.
Nas democracias modernas, representação política é a expressão dada à forma de administração público-partidária. Diferentemente da democracia direta ateniense, a chamada democracia representativa faz com que os eleitores escolham aqueles que irão representá-los nas decisões que atingem toda a sociedade.
Então, quando se diz que nossos governantes representam a vontade do povo, não é mentira. As autoridades políticas falam em nome dos cidadãos do território que ajudaram a elegê-los. No mundo ideal, deveriam compartilhar ideias, princípios, valores ou interesses da população que deu seu voto de confiança para eles chegarem até o poder.
E como é impossível que candidatos apresentem e discutam detalhadamente todas as questões relevantes da sociedade na época da eleição, os partidos são criados para que eleitores possam escolher, de acordo com a legenda, os nomes que estejam mais alinhados a suas convicções políticas e ideológicas.
Evidentemente, nem toda prática é igual à teoria e existem muitos partidos que funcionam como mero mecanismo para negociação de poder por parte dos fundadores, sem apresentar posições e propostas claras.
E não se engane: o fortalecimento dos partidos políticos é benéfico à democracia. Afinal, por meio deles podemos entender um pouco mais sobre o histórico de seus membros, sendo a melhor forma de cobrá-los por promessas não cumpridas e tudo de mais errado que possa ocorrer.
Partidos políticos são a resposta das sociedades democráticas modernas para as controvérsias e contradições de nossos representantes.
Se é verdade que o poder emana do povo, por mais que ele seja distorcido com desinformação e despolitização, também é fato que a democracia nunca está completamente pronta e finalizada.
Todos os dias, precisamos trabalhar constantemente para o fortalecimento das instituições e da consciência política de nossos compatriotas. Isso não significa, necessariamente, concordar em todos os posicionamentos. Na verdade, indica a possibilidade de saber o que e por que escolhemos este ou aquele caminho.
O mundo, a economia, a tecnologia e as relações se transformam continuamente. O mesmo acontece com as leis e os direitos, que precisam se aperfeiçoar com frequência para não soarem retrógrados.
A política acontece em todos os lugares, de muitas formas. Não está resumida aos gabinetes, partidos e cargos. Fazer política é democratizar o acesso ao conhecimento sobre tudo aquilo que ela interfere. Você, eu e todos nós somos agentes políticos. Até ignorar os fatos políticos é uma escolha política.
E fora dela, não há solução real para o bem-estar da sociedade. Nosso dever de cidadãos é ficar por dentro desse assunto, mesmo quando não é época de eleições.
Quem nunca ouviu alguém reclamar quando se discutia sobre política? Para algumas pessoas, esse é um tema chato, pesado, desnecessário em nossas vidas, que precisa ser evitado a todo custo. Mas quanto mais nos distanciamos da política, mais nossas vidas são influenciadas diretamente por quem vive desse segmento e nem sempre se preocupa com a coletividade. O livro de Gabriela Prioli é um verdadeiro serviço de utilidade pública em prol da conscientização de quem tem pouco acesso a um conhecimento sobre questões básicas da política. De pouco em pouco, podemos transformar a sociedade com mais informações e esclarecimentos desse tipo.
Quer aprender mais sobre o assunto? Também está disponível no 12 min o microbook Política: para não ser idiota, onde os filósofos Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro explicam a necessidade de se aprofundar no tema.
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Advogada e mestre em direito penal pela USP, a paulistana ganhou notoriedade e influência ao comentar política e outros temas do cotidiano na CNN Brasil e também e... (Leia mais)
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