Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-8535932874
Também disponível em audiobook
O livro é escrito pela mestra em Filosofia e ativista Djamila Ribeiro. Autora de outras obras fundamentais para o pensamento contemporâneo, como Quem tem medo do feminismo negro? e O que é lugar de fala?, Djamila atuou como colunista em veículos de imprensa como a revista Carta Capital e o jornal Folha de São Paulo. É uma das vozes mais importantes a colocar questões sobre a negritude em debate no Brasil contemporâneo.
Este microbook vai lhe apresentar 11 breves lições que remetem às origens do racismo e às melhores formas de combater a discriminação vigente na sociedade. Nos próximos 12 minutos, anote cada ensinamento de quem tem muito a transmitir sobre o que é ser negro no Brasil e como se posicionar contra o racismo estrutural.
A primeira lição é buscar o máximo de conhecimento sobre o racismo. Você já está fazendo o dever de casa ao ouvir este microbook.
O sistema racista se atualiza constantemente e por isso é necessário entender como ele funciona. Ainda que o Brasil não tenha um histórico de leis abertamente racistas como as que vigoraram em países como Estados Unidos e África do Sul, é errado pensar que não somos racistas.
Identificar os mitos que fundaram esse sistema de opressão é fundamental. Não tenha medo de usar as palavras branco, negro, racismo e racista. Expor atitudes racistas é combater o bom combate.
Pessoas negras são levadas a refletir sobre sua condição social desde os primeiros anos de vida. Para muitos, é na escola a primeira percepção do quanto os brancos são privilegiados na sociedade.
Desde lá as culturas europeias são apresentadas como superiores, um ideal a ser seguido. Essa é uma divisão social que existe há séculos. Uma violência naturalizada e que perpetua a discriminação racial.
Mesmo uma pessoa branca com muito atributos morais positivos é beneficiada pela estrutura racista da sociedade e acaba compactuando, involuntariamente, com a violência racial que nos cerca. E elas raramente se identificam com o seu grupo. O debate racial costuma ser focado na negritude.
Pessoas brancas não param para pensar na baixa presença de negros em espaços de poder. É necessário questionar os motivos da população negra ser de 56% no Brasil e ainda assim os espaços em diretorias, gerências e outros de muita exposição serem tão brancos.
A maioria dos brasileiros admite existir racismo no país. Por outro lado, ninguém se assume racista. Dizem ter amigos negros, parentes negros e pessoas amadas negras como forma de contraponto às acusações de racismo.
Admitir que há um racismo internalizado em cada um de nós é crucial para mudar de atitude. Porque é impossível não ser racista ao ser criado dentro de uma sociedade racista. E esse lado interno de discriminação precisa ser combatido todos os dias.
O racismo estrutural reduz as condições de acesso à educação de qualidade para a população negra. O debate aqui não é sobre capacidade, mas oportunidades. Defensores da meritocracia são incapazes de enxergar.
Um garoto que mora numa comunidade e vende pastel em uma barraca na praia não parte do mesmo ponto de outro que passa a tarde estudando um segundo ou terceiro idioma.
Daí a importância de medidas como as cotas e outras formas de incluir a população negra numa educação de qualidade.
Passamos da metade das lições sobre como ser antirracista. Existem métodos de manutenção dos privilégios da branquitude em ambientes de trabalho. Cobre a empresa e o colega de trabalho quando piadas e comentários maldosos sobre negros estiverem naturalizados.
Uma atitude comum no meio corporativo é a do negro único, estratégia clássica do racismo estrutural. Ela se baseia em falas como “veja como não somos racistas, o Fulano é negro e trabalha com a gente”. Por mais que Fulano possa ser competente, ele não representa todos os negros e os negros não são todos iguais.
Qual o último livro de autor negro que você leu? Puxe na memória, pense, não lembra?
Mesmo um estudante negro chegando à pós-graduação precisa enfrentar o epistemicídio, que é o apagamento sistemático de produções e saberes produzidos por grupos oprimidos, como a população negra.
A baixa quantidade de autores negros lidos é uma forma de racismo epistemicida.
Questionar a cultura consumida não se resume ao debate reduzido das redes sociais sobre o uso de turbantes como apropriação cultural. Pertinente é discutir sobre o quanto culturas negras e indígenas foram expropriadas e apropriadas historicamente.
Na colonização, a visão de cultura do colonizador é imposta à colônia. Bens culturais são saqueados e isso muda a vida das gerações seguintes.
Muita gente consome cultura negra sem se preocupar com as mazelas da população negra no país. Questione sempre!
Desde o período escravocrata e colonial, as mulheres negras são ultrassexualizadas. A imagem delas como naturalmente sensuais, fáceis e lascivas permeia o imaginário coletivo brasileiro desde que os portugueses atracaram em terras brasileiras.
Essa ideia acaba justificando abusos. Não é à toa que mulheres negras são as maiores vítimas de violência sexual no Brasil.
Não se trata de sensualidade desta ou daquela mulher, mas da importância de refutar a visão colonial. Corpos não devem ser violáveis.
Ouça uma afirmação de Gilberto Freyre no clássico Casa-grande & senzala: “O que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com a sua docilidade de escrava; abrindo as pernas ao primeiro desejo do sinhô-moço”.
Uma péssima contribuição para a fetichizar e olhar mulheres negras escravizadas como mercadorias.
Entre os anos de 2007 e 2018, 553 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. Mais que a Síria, país em permanente guerra civil.
E o alvo preferido da violência tem pele negra. Negros são quase 56% da população brasileira e 72% do total de assassinados. Entre 2006 e 2016, o número de homicídios de não negros caiu 6,8%, enquanto o da população negra subiu 23%.
A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Passou da hora de combater o genocídio negro. Passou da hora de combater a discriminação racial ainda existente no Brasil. Passou de hora de combater o racismo estrutural dentro de cada um de nós.
O racismo nosso de cada dia pode ser visto no baixo número de negros em posições de poder, nas expressões depreciativas que muitos acham graça e na repetição de hábitos que remontam ao Brasil colônia. As rápidas lições de Djamila Ribeiro precisam ser seguidas agora, sem adiamentos. O racismo é uma ferida aberta. A cicatrização demora, mas o tratamento é emergencial.
A questão racial está presente na sociedade não é de hoje. Ouça o microbook Campeões da raça: os heróis negros na Copa de 1958 e aprenda sobre o quanto até no futebol a discriminação influenciou escolhas e a trajetória da seleção mais vitoriosa da história desse esporte.
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Djamila Ribeiro, além de uma grande e forte militante no cenário brasileiro, é uma filósofa, escritora e acadêmica brasileira. Pesquisadora e mestra em Filosofia Política, ganhou muita atenção pelo seu ativismo online. Hoje, além de ser uma ciberfemini... (Leia mais)
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