O Sol é Para Todos - Resenha crítica - Harper Lee
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O Sol é Para Todos - resenha crítica

O Sol é Para Todos Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Ficção e Sociedade & Política

Este microbook é uma resenha crítica da obra: To kill a mockingbird

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-03-01264-5

Editora: José Olympio

Resenha crítica

A vizinhança da família Finch

A história ocorre no estado do Alabama, durante a chamada “Grande Depressão” desencadeada pela crise de 1929. A personagem principal e narradora é uma garotinha chamada Jean Louise “Scout” Finch. Seu pai, Atticus Finch, é um advogado com altos padrões morais.

Scout, seu irmão Jem e seu amigo Dill ficam intrigados com os rumores locais sobre um homem chamado Boo Radley, que mora no bairro, mas nunca sai de casa. Diz a lenda que uma vez ele atingiu a perna de seu próprio pai com uma tesoura, motivo pelo qual é tratado como uma espécie de “monstro” pela vizinhança.

Dill é natural do Mississippi, mas passa o verão na cidade (fictícia) de Maycomb, em uma residência próxima ao lar da família Finch.

A curiosidade infantil

As crianças ficam muito curiosas para saber mais sobre Boo e, durante um verão, criam um minidrama que encenam diariamente, com os acontecimentos que conhecem de sua vida. Aos poucos, as crianças começam a se aproximar da casa dos Radley, que é tida por assombrada.

Elas tentam deixar recados para Boo no parapeito de sua janela com uma vara de pescar, mas são pegas em flagrante por Atticus, que as repreende firmemente por zombarem da triste vida de um homem. Em seguida, as crianças tentam se esgueirar para a casa, durante a noite, a fim de olhar pelas janelas.

O irmão de Boo, Nathan Radley, que mora na casa, pensa se tratar de algum ladrão e dispara sua arma. Assustadas, as crianças fogem, mas Jem fica com a calça presa ao muro. Quando ele volta no meio da noite para recuperá-la, nota que ela fora cuidadosamente dobrada e os furos causados pela cerca, cuidadosamente costurados.

O incêndio

Outras coisas misteriosas acontecem às crianças Finch. Em uma árvore perto da casa dos Radley há um buraco no qual, frequentemente, são deixados pequenos presentes, como moedas, chicletes e figuras talhadas representando um menino e uma menina impressionantemente semelhantes a Scout e Jem.

As crianças não sabem de onde vêm esses presentes e, quando decidem deixar um bilhete para o doador misterioso, descobrem que o irmão de Boo tapou o buraco com cimento. O inverno seguinte traz frio e neve em uma intensidade inesperada, e a casa da senhorita Maudie pega fogo.

Enquanto Jem e Scout, tremendo, observam o incêndio perto da casa dos Radley, alguém coloca um cobertor em torno de Scout sem que ela perceba.

Apenas quando ela volta para sua casa e Atticus pergunta de onde veio aquele cobertor, ela percebe que Boo Radley deve tê-lo colocado nela enquanto estava fascinada assistindo a casa da senhorita Maudie, sua vizinha favorita, ser consumida pelas chamas.

O “caso Tom Robinson”

Atticus decide assumir um caso envolvendo um homem negro chamado Tom Robinson, que foi acusado de estuprar uma garota branca muito pobre, chamada Mayella Ewell. Essa menina integra uma família bastante conhecida na cidade, cujas pessoas chamam abertamente de “lixo”.

A família Finch enfrenta duras críticas da sociedade fortemente racista de Maycomb, devido à decisão de Atticus em defender Tom. Todavia, o advogado insiste em continuar no caso, pois, sua consciência não o permite agir de outro modo.

Ele sabe que Tom é inocente e, também, que ele praticamente não tem chance de ser absolvido, sobretudo, em um júri composto por pessoas brancas que nunca acreditariam em sua versão dos fatos.

Apesar disso, Atticus quer revelar a verdade a seus concidadãos, expor o fanatismo que os envolve e incentivá-los a imaginar a possibilidade de construírem, juntos, uma sociedade com igualdade racial.

A senhora Dubose

Devido ao fato de Atticus defender judicialmente um homem negro, Scout e Jem são alvos de comentários desabonadores e insultos, tendo grande dificuldade em manterem a calma.

Em uma reunião familiar, por ocasião dos festejos de Natal, Scout briga com seu primo Francis, após ele ter acusado seu pai de arruinar o nome da família por ser um “defensor de pretos”.

Jem destrói as flores do jardim de uma vizinha, que havia zombado de Atticus e, como castigo, ela tem que ler em voz alta para a senhora Dubose todos os dias. Depois de um tempo, a vizinha falece e, só então, a menina descobre que seu pai a estava ajudando a se livrar do vício em morfina.

Ao revelar isso a Jem e Scout, Atticus utiliza a história da senhora Dubose como um verdadeiro exemplo de coragem: a vontade de continuar lutando mesmo quando você sabe que não pode vencer.

A cadeia de Maycomb

O julgamento se aproxima e a irmã de Atticus, Alexandra, vem para ficar com a família. Ela é antiquada, de modo que tenta influenciar Scout a aderir ao modelo do ideal feminino do sul dos Estados Unidos, gerando um grande ressentimento na moça.

Dill foge de casa, onde sua mãe e seu novo pai não parecem lhe dar muita atenção, decidindo ficar em Maycomb durante o verão no qual haverá o julgamento de Tom. Na véspera do julgamento, Tom é transferido para a cadeia de Maycomb, e Atticus, temendo um possível linchamento, fica de guarda na porta da penitenciária a noite toda.

Jem se preocupa com o pai, então, os 3 filhos entram sorrateiramente na cidade para encontrá-lo. Um grupo de homens chega, pronto para agredir Tom e, também, ameaçar Atticus.

A princípio, Jem, Scout e Dill se afastam, mas, ao sentir o verdadeiro perigo, Scout sai correndo e começa a falar com um dos homens, pai de um de seus colegas de classe na escola. Sua candura quebram o ânimo da multidão que, assim, começa a se dispersar.

O julgamento

O julgamento contrapõe as evidências da família de Ewell contra as provas da inocência de Tom. De acordo com os Ewell, Mayella pediu a Tom que executasse algum trabalho enquanto seu pai estava fora. Então, Tom teria entrado na casa à força, espancado e estuprado Mayella até que seu pai apareceu e surpreendeu o agressor.

Por outro lado, a versão de Tom é que Mayella o convidara a entrar e, então, o teria abraçado e começado a beijá-lo. Tom tentou afastá-la. Quando Bob Ewell, o pai de Mayella, chegou, ele ficou furioso com a cena e espancou a garota, enquanto Tom fugia assustado.

Segundo o testemunho do xerife, as contusões de Mayella estavam concentradas no lado direito de seu rosto, o que significa que ela, provavelmente, teria sido socada por um punho esquerdo. Ora, o braço esquerdo de Tom Robinson estava inutilizado devido a um antigo acidente, enquanto o senhor Ewell era canhoto.

Dadas as evidências de uma dúvida razoável, Tom deveria se liberto, mas, após horas de deliberação, o júri o declara culpado. Scout, Jem e Dill entram furtivamente no tribunal para assistir ao julgamento, sentando-se junto aos espectadores negros. Todos ficam muito surpresos com o veredito, pois, para eles, as evidências apontam claramente para a inocência de Tom.

Bondade e racionalidade

Embora o veredito seja francamente lamentável, Atticus encontra alguma satisfação no fato de o júri ter demorado tanto para se decidir. Normalmente, a decisão seria tomada em questão de minutos, pois, a palavra de um homem negro não era tida como confiável.

Atticus espera por uma oportunidade de apelar da sentença, mas, infelizmente, Tom tenta escapar da prisão e é morto a tiros. Jem passa a ter dificuldades em lidar com os resultados do julgamento, sentindo que sua confiança na inerente bondade e racionalidade da humanidade foi traída. 

Notas finais

Mais de meio século após a publicação original de O sol é para todos, a discriminação racial é, ainda, um tema sempre recorrente e, como tal, deve ser debatido e encarado de frente por todos nós.

A despeito dos avanços democráticos que foram conquistados tão arduamente ao longo do tempo, continuamos a nos deparar com notícias e fatos diários que demonstram que ainda não aprendemos, como sociedade, a respeitar e entender o outro, bem como demonstrar tolerância diante de todas as diferenças.

Na prática, a diversidade humana deveria ampliar nossos horizontes e perspectivas, em vez de motivar injustiças e violências. Esse, talvez, seja precisamente o motivo pelo qual esta obra permanece sendo um sucesso mundial.

Outras razões para o êxito da autora podem ser encontradas na identificação sentida pelos leitores perante o olhar de decepção e impotência que as crianças, na condição de protagonistas do romance, experimentam ao constatar as profundas injustiças que ocorrem ao seu redor.

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