O Poder da China - Resenha crítica - Ricardo Geromel
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O Poder da China - resenha crítica

O Poder da China Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Economia

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 

Editora: Gente

Resenha crítica

As ferramentas básicas para decodificar a China

O governo chinês não apenas investe diretamente, mas também proporciona diversos benefícios visando direcionar os rumos da nova economia. Foram introduzidas, por exemplo, vantagens fiscais para as empresas classificadas como detentoras de “capital de risco”.

A renda tributável dessas organizações é deduzida mediante um equivalente de 70% dos seus investimentos nas startups tecnológicas em estágio inicial – o chamado “investimento semente”.

Desde o ponto de vista do empresariado local, as diretrizes governamentais devem ser seguidas. Portanto, quem deseja fazer bons negócios por lá deve estudar com afinco os planos quinquenais e os planejamentos específicos do setor em que atuará.

De fato, muitas mulheres e homens de negócios investem altos recursos, contatos e tempo para entender como os seus respectivos segmentos serão impactados pelas decisões governamentais, algo nem sempre óbvio.

A matéria-prima essencial dessa nova economia digital é o profissional bem qualificado. Pequim lançou o célebre “Plano de 1.000 talentos” no ano de 2008, recrutando mais de sete mil cientistas e pesquisadores chineses e estrangeiros que foram incentivados a viverem no país asiático.

Um visto especial é destinado a quem é aceito. Esses profissionais recebem, ainda, bônus superiores a R$ 500 mil, salários acima da média de mercado, a chance de se candidatarem para receberem fundos milionários visando financiar pesquisas e a honraria de ser nomeado “especialista nacional distinto”.

Na China, o espírito empreendedor transcende o mundo dos negócios. Tanto que o empreendedorismo mudou o país e, consequentemente, o partido que o governa. Para Geromel, esse espírito não compreende apenas o governo, mas também as decisões e os anseios dos cidadãos comuns.

Ao passo que, no mundo ocidental, as pessoas tendem a recear que inovações e máquinas possam ameaçar os seus empregos estabelecidos, a norma chinesa consiste em tentar utilizar as inovações para extrair rendas extras.

Li Kegiang, premier chinês, e um dos mais poderosos políticos do país, enfatizou o poder do que chama de “inovação e empreendedorismo em massa”, deixando claro que esses dois aspectos são as pedras de toque da estratégia atual da economia chinesa.

Durante um discurso proferido no Congresso Nacional, o premier mencionou o termo “inovação” em 59 oportunidades e a palavra “empreendedorismo” em 22 ocasiões. Outras frases populares, tais como “internet das coisas”, “big data”, “economia de compartilhamento” e “internet plus” apareceram, também, por diversas vezes.

O plano quinquenal mais recente destaca a produtividade e a inovação como os motores principais para o crescimento do país. O governo decidiu que, de agora em diante, a China será uma superpotência inovadora.

Superpotência inovadora

O autor define o atual momento econômico chinês, no setor de tecnologia, como um “duopólio”. Há muitas tecnologias formidáveis a serem desenvolvidas na Índia, na Finlândia, e muitos outros lugares.

Contudo, os dois maiores líderes em aplicação e desenvolvimento são, inegavelmente, os Estados Unidos e a China. Essa constatação não é subjetiva, mas um consenso mundial.

A revista The Economist publicou recentemente uma matéria de capa cujo título era “A batalha pela supremacia digital”. Por seu turno, o periódico estadunidense Wired fez, também, alusão ao fato na reportagem “Como a China se tornou a superpotência dominante em tecnologia”.

O país asiático se tornou o líder global em quantidade de “unicórnios” (organizações que atingiram US$ 1 bilhão em capital fechado). São 202 empresas nesse patamar. Obviamente, esse número é tendencioso, uma vez que são negócios privados.

Ao considerarmos um determinado ativo, seu valor correto deve ser determinado, segundo Geromel, por “quanto alguém está disposto a pagar”. Também é relevante o que as marcas representam.

O próprio termo “unicórnio” foi criado em 2013 pela investidora Aileen Lee para descrever as organizações que, de um modo ou outro, evocam o mítico animal conhecido por todos.

Por definição, as startups falem após poucos anos. Os competidores mais estabelecidos no mercado dificultam a sua prosperidade, abocanhando fatias cada vez maiores do mercado.

Várias empresas promissoras atingiram, nos últimos anos, o status de “unicórnio” na China. Esses negócios crescem vertiginosamente e muitos geram enormes fortunas no início de seu desenvolvimento.

A maior parte está na vanguarda do seu segmento, abrindo o caminho para a implementação de novos modelos e tecnologias. Logo, sua ascensão é considerada um fator de modernização econômica.

Assim, os “unicórnios” são muito importantes. Por mais que os seus respectivos valores de mercado sejam artificialmente inflados, os indicadores evidenciam que a economia está devidamente aberta para novos ciclos de expansão.

Diferentemente dos negócios típicos da “velha economia”, grande parte desses “unicórnios” é competitiva, pois encontram novas formas de extrair valor, em seus negócios, partindo da utilização da tecnologia.

Outro aspecto digno de nota é o fato de não terem mais distribuição, capital ou melhores conexões. A China é, hoje em dia, mais digitalizada do que o mundo ocidental pode imaginar.

Bem capitalizados, os “unicórnios” chineses se movimentam em alta velocidade, sobretudo, quando comparados às empresas da “velha economia”. O país cria um unicórnio, em média, a cada 4 dias, segundo dados de 2018.

A grande diferença entre essas empresas reside no acesso quase exclusivo a um gigantesco mercado, em rápida evolução e ainda não totalmente amadurecido. Não obstante serem visíveis dentro da China, essas empresas não são bem entendidas por analistas de outros países.

Embora muitas delas sejam importantes em âmbito global, nem todas sobreviverão. Mesmo assim, cerca de 70% possuem seus próprios planos de expansão global. Um dos fatores-chave do sucesso, conforme mencionado, é encontrar talentos.

Dessa forma, os unicórnios conseguem manter suas vantagens competitivas. A maioria dos funcionários são jovens que nasceram durante a década de 1990. Para quem vive por lá, como o nosso autor, as diferentes gerações vivem em “mundos paralelos”, tendo imensas dificuldades de comunicação.

Agora, que chegamos à metade da leitura, vamos abordar mais dois itens centrais na descrição do autor, que ajudam a explicar o alcance do poder chinês: o setor educacional e o sucesso de grandes corporações, como a Alibaba.

Educação e estudo

Quanto aos estudos e o sistema educacional, os avanços tecnológicos chineses facilitam e estimulam o empreendedorismo. Na atualidade, com a internet onipresente, é mais rápido e barato lançar novas empresas de tecnologia.

Assim, as startups se disseminam ao redor de todo o mundo. Para que se enquadre na definição exata, o modelo de negócio desse tipo de empresa deve ser repetível, escalável e operar em condições de incerteza extrema.

Caso abra um restaurante tradicional, você não poderá chamá-lo de “startup”. Um bom exemplo disso pode ser encontrado nas “edtechs”, isto é, startups voltadas ao mercado educacional.

Para o mercado de construção, temos as “construtechs”; no mercado de saúde, as “healtechs”; no setor automobilístico, as “autotechs”. Existem, ainda, “agrotechs”, “HRtechs”, “retailtechs”, “mediatechs”, dentre outras.

A china é a líder global em “edtechs”, recebendo mais do que 50% dos capitais investidos por VCs (sigla inglesa para “Venture capital”, modalidade de investimentos fundamentada em capitais de risco).

Alibaba: uma das protagonistas da nova economia chinesa

O autor aponta várias empresas como essenciais para o extraordinário crescimento chinês. No entanto, a Alibaba talvez seja o melhor exemplo dessa alavancada. Na realidade, trata-se da maior empresa asiática de capital aberto.

Jack Ma, seu fundador, é idolatrado pelos chineses e, até mesmo, por Wall Street. Geromel chega a afirmar que, se houvesse eleições no país e ele fosse candidato, ganharia já no primeiro turno. Isso, claro, se Xi não fosse seu rival.

De acordo com a revista Forbes, Ma é o indivíduo mais rico da China, com uma fortuna pessoal de US$ 38 bilhões. Porém, esse número oscila, sobretudo, em conformidade com os preços das ações de sua empresa.

Frequentemente apelidada de “Amazon chinesa”, a Alibaba tem mais aspectos em comum com Google, Mercado Livre ou eBay. Isso significa que a empresa não busca vender diretamente, funcionando como um “bazar online”.

Isto é, ela permite que grandes e pequenos fornecedores vendam os seus produtos para potenciais clientes. A Alibaba obtém a maior parte de sua lucratividade por meio da venda de anúncios vinculados aos resultados de pesquisas por palavras-chave.

Nesse aspecto, ela se assemelha ao Google e, por cobrar uma comissão por cada transação, ao eBay. O modelo de negócios implementado é simples e comprovadamente exitoso.

Essencialmente, a Alibaba tem a vocação de ser um ecossistema ou plataforma que conecta vendedores com compradores. Desde o início, Jack Ma reitera que prefere dirigir um negócio que seja leve em ativos.

Isso é totalmente diferente do modelo preconizado pela Amazon, que optou por ser dona de cada fase dos processos, vendendo os próprios produtos e esmagando a concorrência.

A evolução da Alibaba atingiu tais proporções que, segundo o autor, a complexidade de seus negócios pode ser comparada à de um planeta, com diversos países, cada um com seus diferentes estados e capitais.

Longe de ser um exagero, a metáfora de Geromel se justifica pelo fato de terem sido transacionados, nas diferentes plataformas, nada menos que US$ 768 bilhões em apenas um ano.

Se considerarmos todas as nações, constataremos que somente 17 delas possuem um PIB superior ao montante transacionado em plataformas da Alibaba.

Foram registrados, no primeiro trimestre de 2019, mais de 100 mil funcionários diretos ao redor do mundo. Segundo levantamentos da Universidade Renmin, a empresa gerou cerca de 40 milhões de postos de trabalho indireto no ano anterior.

Quanto aos consumidores, os números também são astronômicos: 552 milhões por ano, gerando um caixa disponível de US$ 16 bilhões. São 10 milhões de comerciantes vendendo incontáveis produtos nas suas plataformas. Em apenas um ano, o faturamento total cresceu 60% e a média de visualizações diárias de vídeos curtos é de 2 bilhões.

Notas finais

Cumpre ressaltar, por fim, que Geromel considera o mercado chinês como a melhor oportunidade existente para os empreendedores brasileiros. Para ficarmos apenas no mencionado setor educacional, as “missões empresariais” frequentemente visitam as maiores empresas do mundo: a New Oriental e a Tal Education.

Ambas estão incluídas nas bolsas de valores estadunidenses. A Tal, por exemplo, supera os US$ 5 bilhões, enquanto a New Oriental vale mais de US$ 14 bilhões. Porém, o mercado apresenta tamanha fragmentação que, juntas, elas não detêm sequer 8% do trilionário mercado educacional chinês.

Logo, se você busca por boas oportunidades, alguns dados são animadores: existem mais estudantes que desejam aprender outros idiomas do que professores para os ensinar.

Com a maior quantidade de estudantes do mundo, a China possuía, antes da pandemia, cerca de 170 milhões de pessoas em atividades pedagógicas digitais e 283 milhões entre pré-escola e ensino superior, somando quase 20% da população.

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Quem escreveu o livro?

Ricardo Geromel é graduado em Administração pela Universidade Fairleigh Dickinson, especializado em empreendedorismo e inovaç... (Leia mais)

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