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Este microbook é uma resenha crítica da obra: O perigo de uma história única
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-8535932539
Editora: Companhia das Letras
Quando reduzimos a um único aspecto toda a complexidade de uma pessoa em determinado contexto, repetimos o que Chimamanda classifica como perigo de uma história única. E ela sabe bem o que isso significa. Nigeriana, estudou em uma universidade dos Estados Unidos. Os colegas viam a África de maneira simplista, como um continente resumido a guerras e fome.
A escritora chegou a ser perguntada sobre como conseguia falar inglês tão bem, mesmo sendo africana. Também questionaram sobre o tipo de música tribal que escutava e se era capaz de operar um fogão. Para muita gente, Chimamanda não era igual aos outros estudantes. Muitos ficaram surpresos quando souberam que a menina nigeriana ouvia Mariah Carey. E no país distante dali, as pessoas tinham vidas comuns, além da história já conhecida de um jeito folclórico.
Chimamanda é contadora de histórias por vocação. E por isso se preocupa tanto com o perigo de uma história única. Ela se tornou leitora ainda muito cedo, já que a infância foi toda dentro de um campus universitário no leste da Nigéria.
Por ler muitos livros norte-americanos e britânicos, repetia nos escritos precoces o mesmo tipo de narrativa a que tinha acesso. Eram personagens brancos de olhos azuis, brincando na neve, comendo maçãs e falando sobre o tempo frio. Chimamanda nunca tinha saído do próprio país, mas nos textos apareciam preocupações muito distantes da realidade vivida.
Somos impressionáveis e vulneráveis diante de uma história. E esse sentimento é ainda maior na infância. No caso de Chimamanda, ela se sentia convencida de que os livros precisavam retratar histórias de lugares distantes.
Quando descobriu os livros africanos, isso mudou. Não eram muitos, mas transformaram a percepção do mundo ao redor. Foi ali que percebeu o quanto pessoas como ela poderiam existir na literatura.
Ao passar da metade desse microbook, é importante lembrar que Chimamanda vem de uma família convencional, de classe média. O pai era professor universitário, a mãe, administradora. Tinham empregados domésticos que moravam com eles, vindos de vilarejos rurais próximos. Quando a escritora completou oito anos, o menino Fide, uma criança de uma aldeia próxima à cidade de Chimamanda, foi trabalhar na casa da família.
Ela só sabia que o novo funcionário tinha origem muito pobre. Quando Chimamanda desperdiçava comida, sua mãe tratava de lhe chamar atenção. Até que um dia toda a família foi visitar a aldeia de Fide. A surpresa foi grande quando viu um bonito cesto de palha, enfeitado com belos desenhos, feito pelo irmão do garoto. Eles eram muito mais que uma família de origem muito pobre.
Foi morando Estados Unidos que Chimamanda se reconheceu como africana. Quando o continente era mencionado, as pessoas ao redor olhavam para ela. Pouco importava se o assunto da vez era a Namíbia ou outro país a milhares de quilômetros da Nigéria. Para os estadunidenses, a África remetia a Chimamanda.
Ali fez sentido o comportamento ruim que teve com Fide. Quantas vezes não pensamos nas pessoas e as reduzimos a um único aspecto, como se ele as definisse por completo?
A história única está plenamente ligada às relações de poder. Uma coisa não consegue ser dissociada da outra. Quando nos sentimos superiores, repetimos uma mesma história, sem analisar complexidades e nuances.
É um processo automático, não intencional. As relações de poder são capazes de moldar a forma de ver o mundo, simplificando tudo em estereótipos preconceituosos. Criar novas histórias, em diferentes formatos e com protagonistas originais é um desafio frequente para todos, especialmente para a profissão de Chimamanda.
Faz algum tempo que Chimamanda descobriu que, repetindo o clichê da história única, espera-se que escritores tenham sofrido durante a infância para serem bem-sucedidos.
E no exercício da criação ficcional, ela se preocupa cada vez mais em não repetir esse mesmo padrão que desumaniza povos distantes e pessoas mais pobres, como ela fez, como ela sofreu ao chegar em terras estadunidenses.
O cuidado dos escritores é redobrado, eles precisam se atentar ao perigo constante da repetição de um único jeito de contar uma história. E essa atenção também precisa ser reforçada por todos nós. O mundo ao redor é múltiplo.
Muitas vezes, repetimos velhos preconceitos. Nem percebemos, é automático. É por isso que Chimamanda Ngozi Adichie se preocupa em mostrar como o olhar viciado sobre os menos afortunados nos deixa repetitivos. Ela não é uma das maiores vozes da literatura mundial por acaso. Tanto na escrita quanto no ativismo por causas como o feminismo e em prol de outras minorias, Chimamanda se destaca como voz dissonante em um mundo que está longe de ser igual para todos.
Viu como as histórias até se repetem, mas não existem de um único jeito? Conhecer novas tramas, de diferentes formas, é fundamental para afastar os preconceitos. Ouça o microbook Eu sou Malala e entenda mais uma delas. A vida de quem desafiou um poder totalitário em prol da educação, sofreu um atentado e hoje fala pelo mundo sobre a esperança de dias melhores merece ser conhecida.
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Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana. Ela é reconhecida como uma das mais importantes jovens autoras anglófonas que está tendo sucesso em atrair uma nova geração de leitores de literatura africana. Chimamanda nasceu na Nigéria, no estado de Anambra, mas cresceu na cidade universitária de Nsukka, no sudeste da Nigéria, onde se situa a Universidade da Nigéria. Seu pai era professor de Estatística na universidade, e sua mãe trabalhava como administradora no mesmo local. Quando completou dezenove anos, deixou a Nigéria e se mudou para os Estados Unidos da América. Depois de estudar na Universidade Drexel, na Filadélfia, Chimamanda se transferiu para a U... (Leia mais)
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