O Papai é Pop - Resenha crítica - Marcos Piangers
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O Papai é Pop - resenha crítica

O Papai é Pop Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
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Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 8581742467, 978-8581742441

Editora: Principis

Resenha crítica

Então você vai ser pai

Você e sua mulher descobrem que estão grávidos. Automaticamente, alguns pensamentos começam a rodar a sua cabeça, como: “preciso de uma casa maior” e “um carro mais seguro”. O autor, Marcos Piangers, como pai de primeira viagem, caiu nesta história e fez tudo aquilo que se dizia necessário. Depois percebeu que precisava trabalhar mais, para arcar com as parcelas das novas dívidas. De brinquedos caros, o armário da filha dele estava cheio, assim como de culpa por passar tanto tempo trabalhando.

Sabe todos estes bens materiais? Não fazem diferença nenhuma para a criança. Para ela, não importa se o apartamento é grande, já que o ela gosta mesmo é dormir amontoada com os pais. Carro mais seguro? Não importa, o legal é andar de bicicleta! A melhor creche não faz sentido se você é o último a buscar seu filho. Assim como todos os brinquedos mais caros da loja não substituem as brincadeiras favoritas dos pequenos: se equilibrar no meio fio e ser jogado para cima.

Colecionador de histórias e gastos

Todo pai é um colecionador de histórias. Apesar da rotina cansativa, a paternidade é uma sucessão de surpresas, algumas registráveis. O primeiro sorriso, o primeiro passo, a primeira fase completa. Em cada um destes momentos, você pode encontrar um pai tentando tirar uma foto. É verdade que muitas delas saem tremidas e com baixa resolução. Mas para os pais, pouco importa. O que vale é tentar registrar esses marcos preciosos e únicos.

É caro ser pai. Gastos com rematrícula, uniforme, material escolar, nova mochila e lanches são só alguns dos custos que vêm junto com a chegada da criança. De acordo com os cálculos de Marcos Piangers, um pai deve gastar mais de 2 milhões de reais com a criação do filho. Contudo, para ele esta é uma pechincha. Porque cada sorriso, abraço, “eu te amo”, apresentação na escola ou desenho feito pelas filhas, vale a pena. No fim das contas, ser pai é uma promoção maravilhosa.

Período de adaptação

Toda creche tem algo chamado “período de adaptação”. Para o autor, era um tormento ter que abandonar a filha recém-nascida nos braços de outra pessoa. Muitas angústias rondavam a sua cabeça: “e se ela se engasgar e ninguém reparar?”, “se trocarem as crianças?” ou “se todas chorarem ao mesmo tempo, como a professora vai fazer?”. Com o tempo, Piangers percebeu que o período de adaptação não era para as crianças se ambientarem na escola e sim para os pais.

Depois de uma extensa temporada de ajustamento, o autor achou que já estava preparado para levar a filha na escola. Mal ele sabia que a sua pequena de dois anos já estava na segunda fase. Aquela em que a criança já começa a entender que está sendo deixada na creche e começa a chorar. E não há nada que corte mais o coração de um pai do que deixar a sua filha chorando para outra pessoa cuidar. O humorista decide voltar para casa com a criança e deixar com que a mulher faça este trabalho. Ela é muito melhor nisso. Ele ainda está em seu período de adaptação.

Os melhores pais do mundo

Somos uma geração de pais com culpa. Não sabemos se estamos educando nossos filhos direito. Se eles estão tendo uma alimentação adequada. Se a repressão é no tom certo. Se estamos mimando demais com beijos e abraços. Parece que tudo que fazemos é errado. A escola não é a certa, a comida é muito industrializada e por aí vai. Algo está sempre fora do lugar e a culpa é sempre nossa. Dos piores pais do mundo.

Para o autor, nós somos a geração dos melhores pais do mundo. Nós somos o grupo que vai à feiras orgânicas, que sabe o valor da quinoa e semente de girassol, que é pró-educação construtiva, a que mais disse “eu te amo” para os seus filhos. Com certeza, somos os melhores pais da história.

Pensando em ter filhos?

A paternidade, em longo prazo, é extremamente gratificante. Ela permite que você se sinta eterno e desperta um orgulho em saber que você está criando alguém que pode fazer diferença no mundo. Contudo, a pequeno prazo, pequenas coisas colocam esse plano maior à prova, podendo até dar vontade de desistir. Uma pequena ida ao shopping é um exemplo.

A filha mais velha vai passar o caminho inteiro falando sobre aquilo que quer comprar. Algumas das coisas vão ter nomes esquisitos, como niddles ou poppies. A mais nova vai estar chorando por estar presa à uma cadeirinha com cinto de segurança. Você finalmente consegue estacionar. A mais velha começa a chorar porque descobre que não vai ganhar o seu niddles, enquanto a menor está chutando o encosto do banco da frente. Você consegue tirar a segunda, mas a primeira se recusa a sair do carro. Muita conversa depois, a primogênita aceita a sair, mas a caçula volta a chorar. Para acalmá-la você aceita subir e descer a escada rolante diversas vezes, até finalmente conseguir entrar no shopping.

Agora começa a fase dois: dentro do shopping. Se prepare para paradas nas lojas de doces, balões, sorvetes, celulares e a clássica de brinquedos. Em cada uma das lojas haverá uma compra ou então uma longa conversa sobre porque você não pode comprar um chiclete de dezesseis reais. Nestas paradas você também vai perder uma das filhas, porque enquanto uma para, a outra continua andando tranquilamente pela multidão.

Sabe o produto que você foi comprar no shopping? Ele acabou. Então chegou a hora de pagar o estacionamento. No carro, em contato com o ar puro, sol e canto dos passarinhos, você abre o vidro e deixa a brisa entrar. No rádio, enquanto um jazz gostoso toca, você olha pelo retrovisor e vê duas lindas meninas sorrindo e curtindo a passagem. Ali, naquele momento, você se sente a pessoa mais feliz do mundo.

Doce presente

O autor conta que tem tentado ensinar a sua filha, Aurora, de 2 anos, o conceito de ontem, hoje e amanhã. Ela percebe, mais ou menos, o ontem já que entende que fazer xixi no chão, não deixa o papai feliz. Contudo, ela não tem ideia do que é o amanhã. Quando ela escuta que a vovó vem visitar amanhã, já corre para a porta. Se alguém diz que “mês que vem vamos para a praia”, ela corre pegar o maiô no armário. A pequena não sabe o que é futuro, assim como não considera muito o passado. A Aurora vive somente o agora.

Já nós, adultos, costumamos viver tudo, menos o agora. Entendemos bem o que é o passado, inclusive passamos muito tempo nos comparando com o que éramos antes. E quando nossa cabeça não está no ontem, está no amanhã. Vivemos pensando no futuro. Em como vai ser o tempo, o que iremos jantar ou quando iremos nos aposentar.

Bom, o humorista continuou tentando ensinar a pequena o conceito do futuro. Ele entregou para ela um doce e explicou que ela só poderia comê-lo depois do almoço. Na mesma hora, ela colocou a sobremesa na boca. Então, ele explicou novamente que doce era só depois do almoço.

  • Entendeu Aurora?
  • Tedi (que é “entendi” em aurorês)

Como prova de que tudo foi entendido, o autor comprou um outro doce e repetiu “só depois do papá”, reforçando a mensagem com mímica. Não adiantou muito. Assim que Aurora colocou as mãos no doce, ele foi direto para a sua boca. Ela nega a nostalgia do passado e ansiedade em pensar o futuro. Ela vive o doce presente.

Enquanto isso, nós adultos guardamos os doces para muita vezes, nem comê-los.

Culpa como excesso de bagagem

Como já deu para perceber, o autor utiliza muito de suas experiências pessoais para passar uma mensagem ao leitor. Esta é outra delas.

Marcos Piangers e sua mulher foram passar 20 dias sozinhos na Europa. Eles deixaram as duas meninas com a avó e levaram na bagagem muitos casacos e culpa por abandonar as filhas por quase 3 semanas.

Muitas dúvidas passaram pela cabeça dos pais: a mais velha vai estar malcriada? a mais nova vai nos reconhecer? elas vão continuar nos amando? estarão todas bebadas e cheias de tatuagem?

Os dois desembarcaram no aeroporto correndo, chegando a furar a fila de imigração. Ansiosos para encontrar as filhas que atualmente estão os odiando, cheias de tatuagem e correndo perigo.

Quando chegaram na casa da sogra, ela os esperava sorridente. As meninas correram para os abraçar. Sem nenhum cheiro de bebida ou nicotina. A pequena de dois anos deixou a fralda neste período. Fazia todas as suas necessidades no penico, pedindo educadamente sempre que precisava ir ao banheiro. A mais velha estava interessada por jazz e poesia. As duas estavam dormindo cedo, de banho tomado e com as tarefas prontas.

Então, o autor teve uma epifania. Ele e a mulher não eram irresponsáveis por deixar as filhas com a avó por 20 dias. E sim, porque não faziam isso mais vezes.

E aí, tá de babá?

Se você já pesquisou o humorista na internet, sabe que ele tem uma barbona e um cabelo “moderno”. Por conta de sua aparência, muitas pessoas o procuravam achando que ele era um garoto da farra. Era difícil para ele explicar que sua noite ideal envolve o mínimo de barulho, fumaça e agito.

Como teve filho cedo, muita gente achava estranho ele estar com uma criança no colo. Para ele, a pequena era uma excelente companhia, já que ele amava a ideia de ser pai.

Ser pai jovem está na moda. Afinal, as fotos ficam lindas nas redes sociais. Contudo, quando você está em um evento com a criança, rodeado de mochilas, fraldas e chupetas, as pessoas costumam olhar com pena. Quase como se não soubessem que esta é uma parte do negócio. Sendo chato ou divertido, isto é ser pai. Estar com os seus filhos. Em muitos eventos, o autor se depara com o seguinte diálogo:

  • Poxa vida, cara. Hoje tu tá de babá?

E ele adora responder:

  • Não. Tô de pai.

Os terríveis dois anos

O autor tem uma menina de 2 anos, a Aurora, e uma de 8, a Anita. Existe um termo mundialmente famoso para se referir às crianças de 2 anos: terrible two (os terríveis dois). Elas são chamadas de terríveis, talvez, porque adoram riscar paredes ou fazer xixi no chão da sala ou então por berrar e chorar toda vez que escuta um “não”.

Quando você não tem filho, é fácil subestimar os terrible two. Você julga a mãe ou o pai, achando que eles não dão educação suficiente para aquela criança que está se jogando no chão, enquanto chora, no meio do shopping. Você pensa que os pais são irresponsáveis por colocar “Galinha Pintadinha” no Ipad enquanto estão no restaurante. Você realmente acredita que com um pouco de carinho e diálogo, os pequenos vão crescer sem birra. Bom, você está errado.

Marcos Piangers compara viver com uma criança de 2 anos com o pior tipo de inquilino possível. Aquele que não guarda nada no lugar. Que quer ficar assistindo televisão até 3 horas da manhã. Que quer sempre dormir na sua cama, separando você e sua mulher. Que acorda você no sábado de manhã com tapas na cara. Que não paga aluguel.

Para não soar injusto, o humorista preparou uma lista de coisas que o terrible two são ótimos, como:

  1. Testar produtos que você acabou de comprar, descobrindo formas de destruir mesmo aqueles a prova dos pelos testes do INMETRO (que não tem nenhum terrible two no seu quadro de funcionários, uma falha grave);
  2. Rasgar/desenhar em livros favoritos, incentivando a migração digital de sua biblioteca;
  3. Convencer aquele amigo que está pensando em ter filho a abandonar a ideia completamente ao ficar com seu filho por quinze minutos no shopping.

A boa notícia? A experiência com o terrible two dura apenas um ano. Má notícia? Existe outro termo mundialmente famoso: o terrible three.

Visão do mundo das crianças

As crianças têm um olhar único sobre o mundo. E quando elas resolvem compartilhar com a gente, não há nada a se fazer a não ser ficar bem quieto e aproveitar.

Além da Aurora de 2 anos, o autor também é pai de Anita com 8 anos. Em um dia, a família toda estava no carro. A caçula dormindo, o pai dirigindo e a mãe no banco de carona, quando a mais velha começa a falar:

  • O que eu não entendo é que uma mulher pode se vestir com calça jeans e até com camisas masculinas. Isso é aceito pela sociedade. E um homem não pode se vestir com roupas de mulheres que todo mundo fala mal. Não que eu tenha alguma coisa contra travestis.

O pai explode em risos. Sempre que a Anita fala sobre alguma minoria, ela sempre diz que não tem nada contra eles. Ela está sempre preocupada em não parecer racista, elitista, sexista, machista ou preconceituosa. Este é um reflexo do mundo, cada vez mais, politicamente correto que vivemos. Apesar do humorista achar que isto é uma coisa boa, ele ressalta que sua maior preocupação quando criança era comer o máximo de doces entre a hora de acordar e dormir.

Quando eu for velho

Quando pegou um resfriado violento, quem cuidou do Marcos Piangers foi a filha caçula, Aurora. Ela levava o xarope com todo o cuidado que possuía, derrubando algumas gotinhas durante o caminho. A pequena também penteava o cabelo. É verdade que a cada escovada, ela lambia a mão e passava a mão na cabeça do pai. Ela também tentou escovar os dentes dele, assim como ela dá o almoço do pai na boca. Ela cuida dele, mesmo quando ele não precisa ser cuidado.

Em frente ao corredor de fraldas no supermercado, o autor começou a sentir saudades. Sentiu saudades desta fase em que tudo é prestatividade e amor. Sentiu saudades de ter que comprar fralda para a Aurora. Porque agora, com dois anos, ela não consegue falar direito, se limpar direito, andar direito e precisa de ajuda para quase tudo. Mais ou menos como o seu pai, daqui há 50 anos.

Outras histórias

Lembra que falamos que todo pai é colecionador de histórias? O autor resumiu alguns contos de outras pessoas que convivem com crianças. Vamos conhecer algumas?

Gabriela, de 5 anos, é sobrinha de Alf. Um dia, viu a imagem de uma santa no painel do carro da avó e perguntou.

  • Vó, para que serve aquele santinho?

A avó respondeu:

  • Para nos proteger. Se a vó bater o carro a santinha evita que a gente se machuque.

Gabriela pensou um pouco e ponderou:

  • Ah, o carro do papai também tem um desse. Só que no carro dele é um balão que sai do painel.

Letícia, de 7 anos, estava começando a aprender a ler. Num domingo, com o carro cheio e parado no semáforo, a pequena solta “VA-CHI-LES-KI PN-EUS”. Todos a olharam, aquela era a primeira frase completa lida pela garota. Estacionaram o carro ali mesmo, na frente da oficina, e saíram pulando. Extremamente felizes com a conquista da menina.

Helena é filha de Marcos. Mas não se deixe enganar pelos olhos enormes da menina, ela não é fácil de fazer dormir. Na hora de deitar, a pequena sempre questiona se todas as outras pessoas estão dormindo também. Quer dizer, todas as pessoas que a Helena sabe que existe. Ela passa pelos avós, tios, primos, amiguinhos, professora, personagens de desenhos… Algumas vezes, o Marcos dorme antes da filha.

Guilherme, de 2 anos, começou de uma hora para outra falar um nome feio: “caiaio” e a mãe ficou apavorada. Ela ligou para escola perguntando quem ensinou o filho dela a falar palavrão. Enquanto isso, o pequeno soltava “caiaio” nas situações mais constrangedoras. Um dia, passeando no parque, o garoto começou a gritar e apontar “CAIAIO”. A mãe corada de vergonha, olhou para onde o Guilherme apontava. Era um cavalo.

Sofia, de sete anos, foi passar um mês de férias na casa do amiguinho Arthur, no Rio de Janeiro. Entre a praia e os passeios de bicicleta, a menina notou que o amigo nunca assistia televisão. O pai dela explicou:

  • Eles nem têm televisão em casa. Os pais dele não querem que ele fique vendo desenho o dia todo.

Um dia, Arthur perguntou para a garota qual o castigo ela levava quando desobedecia. Prontamente, ela respondeu:

  • Ficou uma semana sem ver televisão.

Com lágrimas nos olhos, o menino virou para os pais e questionou:

  • Então eu tô sempre de castigo?

Dicionário infantil

A caçula do autor está começando a falar. Ela já entende tudo o que os outros falam, mas ainda não formava frases completas. Isso até um dia que ela soltou “Que legal” ao ver o pai fazendo um vídeo em câmera lenta no Iphone.

Desde então ela começou a juntar as palavras. Frases, como “papai, vem toma cacaco comigo”, que significa “papai, vem tomar um suco comigo”. Contudo, a sentença seria a mesma para água, piscina ou banho. Criança é assim mesmo. Para a Aurora, todos os animais de quatro patas são “au au” e os que voam são “cocó”. Os únicos que têm palavras exclusivas, são “papai”, “mamãe” e “popó”. A última é a Galinha Pintadinha.

Nesta fase, qualquer grunhido emociona os pais. Isso até descobrir que a filha do vizinho já fala “eu te amo, papai”.

Guerra dentro de casa 

Marcos Piangers conta que está acontecendo uma guerra dentro da sua casa e ele não irá medir esforços para ganhar.

Ele investiu e colocou no quarto das meninas uma televisão, móveis novos e ar-condicionado. Se engana quem pensa que ele fez isso por elas. A verdade por trás de toda esta atitude é uma: fazer com que as filhas não durmam mais em sua cama.

O pai acredita que esta é uma revolta combinada entre as irmãs. Por cada vez que ele as obriga comer brócolis ou tomar banho. Perto da meia noite, elas entram no quarto e a vingança começa.

Enquanto a mais nova dorme atravessada com um dos travesseiros embaixo dela. A mais velha gosta de dormir abraçada. Ou seja, enquanto uma imobiliza, a outra dá chutes na cara. Sem dúvida, um trabalho em equipe muito bem feito.

A primeira estratégia do autor foi comprar uma cama maior. De nada adiantou. No meio da madrugada, uma já estava com o pé na sua cara e a outra com o cotovelo em seu estômago.

A outra estratégia aplicada foi a de dormir na cama delas, para que elas pensem que é a cama do pai e passem dormir lá. Não funcionou. A trincheira de travesseiros também foi usada, mas elas rompiam a barreira.

Nada dá certo. O humorista está considerando levantar a bandeira branca e liberar as crianças do banho e brocólis.

A religião

A Anita, a primogênita do autor, não acredita em Deus. Bom, em suas palavras ela “Como é que Deus existe se nunca ninguém viu ele?”. Como o pai sempre complica as coisas, o humorista resolveu estender o papo. Dentro do carro em um dia de chuva, o diálogo começou.

  • Olha, Anita, tem gente que acredita que Ele existe sim. E, em teoria, judeus e cristãos acreditam que Moisés viu Deus no Monte Sinai.

O que levou à próxima pergunta. Afinal, toda resposta para uma criança é um convite a uma próxima pergunta.

  • E como é Deus então?
  • Na Bíblia, diz que ele era uma planta que pegava fogo.
  • Então Deus é um foguinho?
  • Não, ele, teoricamente, é uma planta que pega fogo eternamente e fala com as pessoas que ele escolhe, no caso Moisés, que libertou o povo judeu.
  • Que que é judeu?
  • Judeus são os caras que acreditam em tudo que está na Bíblia, menos na parte de Jesus. Pra eles o bam-bam-bam, filho de Deus, ainda não voltou pra Terra pra falar com as pessoas. Eles acreditam em Deus, mas não em Jesus. Quem acredita em Jesus é cristão.
  • E daí as pessoas têm essas duas religiões?
  • Vixi, as pessoas têm mil religiões. Tem gente que acredita que Deus na verdade se chama Alá, tem gente que acredita que tem um menininho que nasceu na Ásia que é o representante de Deus na Terra, tem gente que acredita que Deus na verdade não é um, mas vários deuses; tem até uns caras da cientologia que acreditam que na verdade vieram alienígenas de outros planetas que povoaram a Terra há muito tempo e a gente é filho desses alienígenas…

Mal o pai terminou de falar, e a menina definiu “eu quero ser cientologista”. Simples assim, como quem define seu time de futebol. Piangers confessa, se pudesse voltar atrás teria respondido a pergunta “Como é que Deus existe se nunca ninguém viu ele?” da seguinte forma:

  • Talvez ele seja meio tímido.

A vida com as crianças

Existem algumas coisas que só acontecem com quem vive com as crianças. Vamos conhecer mais algumas histórias do humorista que escreveu este livro?

De acordo com o autor, a família Piangers é muquirana. Muito muquirana. Nenhum gasto acima de R$30 é justificável. O carro é feito para durar 10 anos. Um chuveiro só precisa ser trocado se sair fumaça e por aí vai.

A Anita ganhou R$100 por um trabalho de modelo. Juntou com R$100 que ganhou da avó e mais R$100 da venda de revistinhas. E pronto, já tinha dinheiro suficiente para comprar um Furby. Ela foi até o shopping, olhou o Furby, o testou. Pensou. Depois foi ver uma tamagochi. Fez todo o processo novamente. Assim como com o lego, roupa e outros brinquedos. A primogênita ficou incomodada e questionou os pais do por que os brinquedos são tão legais na loja, mas em casa eles ficam chatos. O pai explicou que as pessoas são assim, desejam aquilo que não tem.

A menina resolveu guardar o dinheiro. Então a mãe falou:

  • Anita, o dinheiro é teu. Tens que gastar com alguma coisa que tu gostes. Não vai virar uma “Piangers”.

Eis que a pequena responde:

  • Tarde demais, mãe.

O autor resolveu apresentar para a filha mais velha, todos os filmes clássicos de sua infância. A Anita não gostou tanto de Goonies, mas amou o E.T. Achou o roteiro de Karatê Kid previsível e virou fã do Macaulay Culkin depois do Esqueceram de Mim.

A nova febre da casa é o Star Wars. Quando uma das cenas mais clássicas do cinema começou, Anita estava abraçada com o travesseiro. Na hora que Darth Vader revela ao Luke Skywalker que é seu pai, a menina está de boca aberta e pergunta para o seu pai se é realmente verdade. Corta para duas semanas depois, pai e filha no shopping conversando sobre o dia dos pais:

  • Só existe um pai que não merece ganhar presente no dia dos pais, pai.

O mais velho pergunta qual e a mais nova responde:

  • O Darth Vader, pai.

As risadas altas da Aurora estão cada vez mais caras. Não importa o esforço do pai, ele ganhava no máximo um sorrisinho amarelo. Então, o mais velho descobriu que a pequena adora correr pelada depois do banho. Ela dá gargalhadas altíssimas quando o pai grita “vou pegar”.

Só que o preço da risada foi subindo e o tempo correndo sem fralda pela casa teve que aumentar e a Aurora começou a fazer xixi no meio da sala. O pai briga, coloca fralda e começa o choro. Porém, os dois chegaram a um momento em que o mais velho sabe que ela vai fazer xixi no meio da sala, assim como ela, mas eles fingem um para o outro que isso não vai acontecer. É o preço que se paga para se ter risadas de criança dentro de casa.

Meninos e meninas

O autor acha incrível que com tanta tecnologia, ainda não possamos escolher o sexo dos nossos filhos. O sexo só é descoberto por volta do 4º mês de gestação em uma imagem de ecografia.

Marcos Piangers é pai de duas meninas e disse que se pudesse escolher mil vezes, escolheria mil meninas. Porém, ele acredita que se o sexo fosse uma escolha, a maioria iria optar por menino. Afinal, o mundo é melhor para os homens. Eles são tratados com mais liberdade, sofrem menos preconceito e recebem salários melhores para atuar na mesma função que uma mulher.

Por fim, o humorista concluiu: seria uma evolução tecnológica incrível poder escolher o sexo do seu futuro filho. Mas uma outra evolução precisa acontecer antes disso.

Que nunca acabe

É domingo e o pai e a filha mais velha foram andar de bicicleta. Então a menina começa a falar que tem medo de crescer. Medo de ver o pai e a mãe envelhecerem. Medo de virar adulta. Medo de arranjar emprego. Medo das contas para pagar. Ela queria congelar o tempo. O que a Anita não sabe, é que o pai também se sentia assim.

Notas Finais

Ser pai é colecionar histórias para contar e viver em um eterno aprendizado. Com contos sobre o seu dia a dia, o autor Marcos Piangers apresenta pequenas lições para futuros, novos e experientes pais. A maior delas, com certeza, é a que está no começo do livro: as crianças precisam da nossa presença e não de bens materiais. E você, o que aprendeu com o texto de hoje?

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Quem escreveu o livro?

Marcos Piangers é um dos maiores conferencistas do TEDx, palestrante, antigo comediante, e sendo considerado um profissional do mundo da inovação e da criatividade, Marcos é o au... (Leia mais)

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