O empreendedor minimalista - resenha crítica

O que é um empreendedor minimalista? 

Antes de começar a pesquisar para a escrita deste livro, Sahil Lavingia não se via dentro de um novo conceito de empreendedorismo. Por isso, ainda se definia como um típico fundador de startup, priorizando o lucro em vez de crescimento e impacto positivo. Não era sua intenção aumentar o tamanho da empresa muito rapidamente, quebrando tudo ao redor. 

Com o passar do tempo, notou que estava determinado a criar valor não só para os clientes, mas também para a comunidade ao redor. Seus estudos o fizeram notar que não era o único com uma nova mentalidade ao empreender. Nos últimos anos, são muitos os empresários que construíram suas corporações mais conectadas ao século 21.

Entre eventos e mensagens trocadas via Twitter, o autor sentiu a necessidade de uma nova terminologia. Um modelo de empreendedorismo que, com o auxílio da tecnologia, faz o possível para democratizar a normalizar a criação de empresas viáveis para todos, sem a necessidade de destruir a concorrência. 

Isso é ser um empreendedor minimalista. Uma visão que cria negócios lucrativos a todo custo, visando à comunidade, fazendo apenas o necessário, automatizando ou terceirizando atividades que não são sua prioridade. 

Esse novo empresário não perde tempo convencendo pessoas a adquirirem seus produtos ou serviços, mas busca educá-las sobre como suprir necessidades. Eles também compartilham suas próprias histórias, das vulneráveis às de sucesso. 

Empreendedores minimalistas são donos dos próprios negócios, sem se sentirem dominados por suas corporações. E para seguir crescendo, contratam profissionais iguais na forma de pensar e agir diariamente. 

Comece com a comunidade

Sem comunidade, não há sociedade. Dos grupos de amigos que se encontram no bar, passando pelas turmas que se exercitam conjuntamente nas academias, sempre há locais onde podemos nos conectar, aprender e buscar diversão. 

E os empreendedores minimalistas entendem as comunidades como ponto de partida para o sucesso de qualquer empresa. Mas isso não significa que se deva procurar se encontrar em determinado grupo apenas para começar um novo negócio. 

Na verdade, esse conceito indica que há muitos empreendimentos quebrando porque são feitos para agradar apenas um grupo específico de pessoas. Fundadores de novas corporações precisam focar em uma comunidade que conhecem bem, sem pressa, construindo uma relação autêntica e natural. 

Se antes elas eram limitadas pela geografia, o mundo digital possibilita conectar-se com pessoas de todos os cantos do mundo com um mesmo interesse. Seus membros podem ser diferentes, mas compartilham interesses, valores e habilidades. 

Esse grupo dificilmente passaria muito tempo junto em outros contextos, mas é capaz de superar todas as divergências entre si. É aí que o empreendedor minimalista encontra uma forma de se destacar, resolver problemas e oferecer soluções. Isso vai muito além de apenas buscar o lucro ou o crescimento sem limites. 

Quando se pensa em comunidades, fica mais fácil humanizar o seu empreendimento, deixando claro que ele é feito de gente de verdade. 

Comece com o processo

Grandes ideias começaram pequenas. Na construção de um novo negócio, não é diferente. Nos primeiros passos, é preciso ajudar pessoa a pessoa, pouco a pouco, sem preocupações relacionadas a um futuro distante. 

Seus primeiros clientes precisam de atenção plena, com a demonstração de que você criou uma empresa para atender pessoas reais, solucionando problemas de verdade. Assim, é possível construir uma relação de confiança, ajudando seu público de forma sistemática e evoluindo com melhorias e interação contínua. 

Trata-se de um processo. Da mesma forma que não se pode dar passos maiores do que as próprias pernas, não é recomendável criar um empreendimento pensando no resultado final sem se atentar em cada etapa. Afinal, suas atividades diárias são como tijolos que vão se juntando para a construção final.  

Boa parte das empresas que ficam pelo caminho se preocupam mais com um distante futuro de prosperidade e com os números se multiplicando, sem se atentar ao básico do cotidiano. Respeitar o processo é focar no presente, sem deixar de lado o planejamento a médio e longo prazo. 

Deixe seu ego de lado e trabalhe continuamente no dia a dia. Isso é ser um empreendedor minimalista, é focar no que importa agora. Em tempos tão corridos e ansiosos, essa tarefa exige esforço, sacrifício e atenção plena. 

Faça marketing sendo você 

Já passamos da metade deste microbook e vamos partir do princípio de que você já deu os primeiros passos com seu negócio. Também entendeu a necessidade de trabalhar em prol de uma comunidade. Para ir além, é preciso construir uma audiência, voltando suas atenções ao marketing. E qual a melhor forma de se vender? 

Parece existir segredos desconhecidos, mas a melhor maneira de se destacar diante da concorrência é sendo você mesmo. Se hoje tanto se fala em empatia, não é à toa. O empreendedor minimalista entende a necessidade de transmitir humanidade em cada comunicação visando conquistar novos clientes e parceiros. 

Pouco importa se você vai trabalhar na busca por mais seguidores nas redes sociais de seu negócio, mais assinantes para uma newsletter ou mesmo produzir conteúdo direcionado a um público interessado nas mensagens de seu negócio. 

Se não houver naturalidade, se você se dirige ao público de forma robótica, automatizada e como se fosse mera obrigação para encher o bolso, os prejuízos serão grandes. 

Diga tudo de forma simples. Explique de forma didática por que seu negócio é importante e como ele resolve os problemas que afligem os membros da comunidade. 

Sem floreios, sem se sentir pressionado a aparecer. Cultive clientes para que eles virem fãs. Só depois disso é importante ganhar manchetes como uma marca que se destaca. Nunca se esqueça: humanos empreendem, se destacam e atingem os corações e mentes de outros humanos. 

Faça você e sua empresa crescerem de forma consciente

Parece simples entender a fórmula mais importante para o sucesso no mundo dos negócios. Lucro representa receita menos custos. Você precisa ganhar mais do que gasta para a saúde financeira de sua empresa. Quantas vezes já ouviu esse conselho dos gurus do empreendedorismo? 

Mas não se pode perder de vista a necessidade de trabalhar a rentabilidade. Não basta concentrar esforços no desenvolvimento de produtos, crescimento e contratação. Uma hora, o dinheiro acaba. 

Se você está começando sua empresa, precisa saber o próprio balanço para não precisar de ajuda externa. Um grande equívoco de novos empreendedores é não se preocuparem com custos fixos e variáveis, gastando como se não houvesse amanhã. Mas o dia seguinte sempre chega e com ele a conta pela irresponsabilidade nas despesas. 

Para fazer o seu empreendimento crescer, esse trabalho deve ser feito de forma consciente, com metas claras e possíveis de serem atingidas. Se já falamos sobre importância de pensar no processo, é porque sem trabalhar passo a passo, um dia de cada vez, você pode colocar tudo a perder ao mirar alto demais muito antes do que é possível. 

Consciência é tudo para um empreendedor minimalista. Saber por onde anda e para onde vai também envolve a forma como seu dinheiro está sendo utilizado. Quando não se atenta a um cenário mais amplo que receitas e despesas, o tombo costuma vir antes do que se imagina. 

Deixe ir

Pode ser que um dia você sinta a necessidade de trabalhar menos. Ou mesmo queira mudar completamente de área, deixando para trás seu empreendimento e recomeçando tudo do zero. Se isso acontecer, planeje-se para seguir novos rumos. 

Deixar ir é desapegar quando as coisas não fazem mais sentido. No meio do caminho, você perderá clientes, seja por falhas em sua operação ou mesmo pelo desinteresse. Não force a barra, valorize a liberdade de quem confiou em sua empresa, mesmo que por pouco tempo. 

Da mesma forma, é preciso entender que seus colaboradores podem ter outras ambições e em algum momento desejem mudar de ares. Não é nada pessoal, por vezes nosso rumo profissional é outro e o distanciamento faz parte do processo. 

Se for necessário deixar seu próprio empreendimento, valorize a história construída com a consciência de que só se anda para frente. 

O verdadeiro empreendedor minimalista sabe quando é hora de entrar, mas compreende a existência dos momentos de sair. O importante é a constante busca por um propósito que faça sentido para você. 

Notas finais 

Sucesso nem sempre significa ser gigantesco em sua área de atuação. Em muitos casos, o impacto apenas em seu entorno pode ser o suficiente para um empreendedor se sentir realizado, vendo a atividade profissional melhorando não só a própria vida, mas também a de tantas pessoas que contam com seus produtos ou serviços oferecidos. Quando se toma consciência disso, passamos por uma verdadeira libertação. E quem se arrisca se sustentando de forma criativa não pode perder esse fato de vista, por mais óbvio que possa parecer. 

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