Mulheres Que Correm Com os Lobos - Resenha crítica - Clarissa Pinkola Estés
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Mulheres Que Correm Com os Lobos - resenha crítica

Mulheres Que Correm Com os Lobos Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Ficção

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 

Editora: Rocco

Resenha crítica

O fascínio por lobos

A nossa autora que, além de psicanalista, tem ascendência mexicana, sempre nutriu um especial fascínio pelos lobos. Como guardiã dos costumes ancestrais, ela relata que muitos elementos presentes nas suas histórias se basearam em crenças familiares.

Com efeito, este livro foi inspirado fortemente em seu estudo sobreos animais selvagens, principalmente, os lobos Canis rufus e Canis lupus. Como excelente contadora de histórias, cada um dos capítulos desta obra traz narrativas seguidas por uma análise psíquica a respeito do que elas tentaram mostrar para as mulheres selvagens, dentro de seu próprio contexto.

O uivo: a ressurreição da mulher selvagem

A mulher lobo deve ser compreendida como o espírito subjacente à grande mãe Natureza, que recolhe os restos mortais dos animais falecidos nos desertos da região de sua ascendência e que, conforme a tradição local, os protege.

A tocaia ao intruso

A seguir, Estés aborda o barba azul, fazendo uma reflexão profunda sobre as irmãs mais novas que, de modo geral, tendem a ser protegidas pelas pessoas mais velhas, uma vez que são consideradas muito ingênuas para lidar com situações e desafios do mundo.

A autora provoca, nessa parte, uma reflexão a respeito das formas pelas quais as mulheres são tratadas como frágeis e inocentes, quando o mais correto é que todas sejam tratadas como iguais.

Farejando os fatos

Neste capítulo, Estés traz aos leitores a história de uma boneca chamada “Vasalisa, a sabida”. Além de tratar de 9 interessantes pontos relacionados à narrativa, ela conta uma história parecida à da mundialmente conhecida “Gata Borralheira”.

No conto, após a morte de sua mãe, seu pai contrai matrimônio com uma mulher que já tem 2 filhas. Estas, como era de se esperar, tratam a menina muito mal, deixando-a encarregada de todos os afazeres do lar.

O modo como Vasalisa é descrita promove uma clara relação com o oitavo capítulo da obra,, esclarecendo aos leitores como se deu a perda brutal nos atuais contos de fadas.

O parceiro e a união com o outro

O arquétipo do menino é apresentado por meio da figura de Manawee, o homem selvagem. Trata-se de uma conhecida história oriunda da Polinésia acerca do “Sagrado Masculino”, e necessidade da busca, de certo modo, espiritual pela “Mulher Selvagem”.

Agora que chegamos à metade da leitura, está na hora de adentrarmos, um pouco mais, nas concepções da autora acerca do arquétipo feminino, por meio de conceitos e histórias como a caçada, a sensação de pertencimento, a ideia de “self” e tantos outros.

A caçada: quando o coração é um lobo solitário

Aqui, a autora apresenta a história triste da chamada “Mulher Esqueleto” que era uma jovem desobediente às ordens paternas, tendo um dia se apaixonado e decidido se casar com uma pessoa que o pai desaprovava. 

A despeito de várias reviravoltas, ela termina sendo atirada ao fundo do mar, permanecendo lá com os seus cabelos esvoaçantes. Porém, um certo dia um pescador bastante solitário traz esse esqueleto à tona após lançar uma de suas redes.

O pescador se compadece ao saber que o esqueleto pertencia a uma mulher e o leva para casa. Uma vez em sua residência, um acontecimento mágico o envolveu, pois, a mulher readquiriria sua condição humana e passou a viver com ele.

A procura da nossa turma: a sensação da integração

A história apresentada no sexto capítulo é bastante similar à do patinho feio. A autora oferece uma interpretação de grande interesse, sobretudo, às mulheres que sentem que não se encaixam ou pertencem a lugar algum, parecendo sempre desconfortáveis e deslocadas.

Os paralelos continuam até chegar aos diferentes tipos de mães, focando em confortar todas as pessoas que, por um motivo ou outro, se sentem perdidas em suas vidas. O tom de Estés consiste em proporcionar um pouco de calma e a convicção de que, no fim das contas, tudo dará certo.

O corpo jubiloso

Nesse tema, a autora concentra-se no corpo das mulheres anciãs. Para tal, ela conta a história de uma personagem chamada de “Mulher Mariposa”. Essa história mexicana serve para demonstrar o poder feminino existente naqueles que chegaram a idades mais avançadas, tratando de tudo o que ocorreu até elas chegarem a essa fase da vida.

Preservação do self: a identificação das armadilhas

O conceito de preservação do self, isto é, “de si mesma” como detentora de direitos e significados próprios que prescindem de qualificações ou atributos externos, é trazido aos leitores por meio da “Mulher Braba”. Esta é sempre descrita como uma mulher teimosa, que não escuta e insiste em ações que lhe provocam sofrimento.

Estés fala das mulheres que erram, sofrem e, ainda assim, não aprendem com os próprios insucessos. O conto selecionado para ilustrar essa noção discorre a respeito de uma jovem órfã aficionada por sapatinhos. Embora tivesse sido proibida de usá-los, ela insiste na ação e sofre, em consequência, um terrível acidente.

A volta ao lar: o retorno ao próprio self

O conceito de “retorno ao self” é ilustrado com um conto a respeito das “Mulheres Focas”. Segundo a autora, são aquelas que saem do mar, em noites de lua cheia, despindo suas peles (obviamente, de focas) e dançando ao luar até que surja um homem solitário atraente para se casar.

Quando um pretende surge, ele rouba e esconde uma das peles – que as mulheres deixavam escondidas para recolocarem ao amanhecer. Desse modo, ele consegue obrigar uma das mulheres a aceitá-lo em casamento e, por fim, terem um filho juntos.

As águas claras: o sustento da vida

Desta vez, Estés brinda os leitores com um conto amplamente conhecido – a história de “A Chorona” – e considerado sobrenatural. O relato é sobre uma mulher perdidamente apaixonada por um homem infiel. Em meio a uma tristeza intensa, ela se afoga, com o filho, em um rio.

A tradição diz que ela dedica toda a sua pós-vida à procura do filho nas profundezas do rio e que seu choro pode, ainda, ser ouvido pelos viajantes.

Nesse mesmo capítulo, a autora conta outra história: sobre uma moça que desperdiça os seus sonhos e a sua rica imaginação com coisas inviáveis para ela, pois, naquele momento de sua vida, ela deveria atender a outras prioridades.

A obra traz alguns contos a mais, todos com o foco em provocar a reflexão das mulheres sobre a necessidade do feminismo e o modo como concebe sua vida particular. Essa leitura é, certamente, muito produtiva, estimulando uma jornada de autoconhecimento por meio de lições valiosas transmitidas em seus contos.

Notas finais

Cumpre ressaltar, por fim, a ênfase dada por Estés ao fato de que todas as mulheres anseiam, decisivamente, por aquilo que é selvagem. Entretanto há, segundo ela, poucos antídotos em nossa cultura para diminuir esse ardente desejo. Afinal, as meninas são ensinadas, desde cedo, a se envergonharem de aspirações desse tipo.

Assim, as mulheres deixam crescer os cabelos e os utilizam para esconder seus sentimentos. Entretanto, o espectro onipresente da Mulher Selvagem espreita noite e dia. Não importa o local, a sombra que as persegue tem, definitivamente, quatro patas.

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Quem escreveu o livro?

Estés é uma psicóloga junguiana, escritora e poeta, espe... (Leia mais)

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