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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978.85.452.0307.0
Editora: Gente
Saber como identificar precocemente o autismo e trabalhar adequadamente com a criança é a mais importante estratégia para obter os avançados desejados por pais e educadores.
Não obstante, o conceito de “autismo” tem passado por constantes revisões: as teorias que se baseiam em possíveis causas emocionais foram se provando inconsistentes e se enfraquecendo ao longo do tempo.
Como consequência, abriu-se espaço, na comunidade científica, para um maior convencimento de que as causas para o TEA residem em causas neurobiológicas. As atuais investigações e os tratamentos de maior sucesso utilizam justamente essa compreensão para embasar suas conclusões, colhendo excelentes resultados.
Nosso cérebro é formado por uma rede de alta complexidade, com habilidades e funções que concentram células neuronais de diversos tipos, as quais articulam as atividades especializadas em cada uma das tarefas do dia a dia.
No caso dos autistas, a arquitetura cerebral encontra-se desorganizada, apresentando modelagens anormais, impedindo seu pleno funcionamento. As ramificações, as ligações e as pontes encontram-se desviadas, incompletas, ora desligadas ora ativadas, com conexões ora sobrecarregadas ora perdidas.
As funções de cada conjunto neuronal encontram-se desbalanceadas e, até mesmo, com um “hiperfuncionamento”, dependendo dos interesses específicos de cada indivíduo, e disfuncional para tudo aquilo que não lhe interessa.
Assim, o conjunto não pode processar corretamente as informações recebidas, na medida em que tudo fica fora de sincronia, provocando a demora (ou, pelo contrário, uma excessiva agilização) na realização de tarefas e na intervenção nos processos sociais.
O resultado: cérebros atípicos e pouco adaptados às demandas inerentes às relações sociais, independentemente da faixa etária dos indivíduos.
Para identificar corretamente o espectro autista, tenha em mente que todos os sinais devem ser levados em consideração. Portanto, afaste-se das noções de senso comum que afirmam, por exemplo, “criança é assim mesmo” ou que “quando você menos esperar, o seu filho vai melhorar”.
Ao avaliar uma criança segundo o seu perfil de socialização não se deve questionar se ela interage, mas “como” se dá essa interação.
Lembre-se de que preferir objetos é um traço marcante para a maioria dos autistas, pois eles tendem a deixar o humano, a pessoa, o sujeito de lado em uma interação e deslocar toda a sua concentração para os objetos que estão à sua volta.
É por isso que fechar um diagnóstico é tão importante. Se você tem um filho com TEA, fique atento aos indícios, quanto mais cedo você entrar em ação para ajudá-lo, melhor.
A partir de um diagnóstico definitivo, os tratamentos podem ser intensificados e direcionados para reduzir significativamente os primeiros sintomas do autismo. Em seguida, para analisar a melhora da criança, diferentes parâmetros e recursos serão necessários, bem como uma maior preocupação para os detalhes.
É recomendável procurar um bom especialista, pois ele realmente saberá conduzir as conversas e direcionar a criança autista para os tratamentos e exames corretos.
Tal profissional poderá atender a família com sugestões acerca de como melhorar as interações sociais da criança, as melhores formas de lidar com situações que comumente se associam ao TEA (problemas de alimentação, sono, sensibilidade etc.) e a sua escolarização, além de apresentar fontes de informações confiáveis.
Entre as diversas terapias citadas pelos autores, as fonoaudiológicas e as ocupacionais figuram entre as mais importantes. Afinal, o desenvolvimento saudável da linguagem e a consequente intervenção no atraso da criança representam fatores de grande relevância para a sua futura evolução.
Respostas positivas na linguagem e comunicação potencializam as respostas alcançadas pelos demais tratamentos, facilitando a inserção social, principalmente, na escola.
A capacidade comunicativa supera a importância, até mesmo, da capacidade de falar, de modo que intervir intensa e precocemente nos processos comunicativos da criança solidifica o seu entendimento dos meios sociais.
A Fonoaudiologia tem um papel essencial no tratamento do autismo. Sua atuação deve ser direcionada para que as crianças possam adquirir as mais diferentes habilidades de linguagem e de comunicação não verbal, verbal e social, aplicadas ao processo de compreensão de contextos e sentidos a partir dos meios desenvolvidos para essa finalidade.
Procedimentos de intervenções não verbais e verbais podem ser utilizados ao mesmo tempo, uma vez que um não prejudica o outro. Vale mencionar que os primeiros não inibem a fala, podendo, ao contrário, contribuir para um melhor desenvolvimento de autistas não verbais.
Frequentemente, os comportamentos antissociais (de disrupção ou isolamento) e os estereótipos dos diversos tipos de manifestação acabam atrapalhando a aplicação das técnicas, reduzindo a atenção do paciente ante os processos sequenciais.
Logo, é fundamental que o fonoaudiólogo compreenda que, para trabalhar com autistas, deve dominar, além de sua própria especialidade, os chamados “métodos comportamentais” (PRT ou ABA) e “desenvolvimentais” (SCERTS ou modelo Denver), a fim de implementar propostas de modo mais naturalista e eficiente.
A Terapia Ocupacional (TO), por sua vez, vem recebendo espaços cada vez maiores nos processos de intervenção em crianças autistas, trazendo, em suas formações naturais, elementos que vão ao encontro das necessidades desses pacientes e o domínio de métodos de tratamentos de alta eficácia.
Esse profissional se dedica a práticas que englobam a práxia motora (coordenação grossa e fina, noções de tempo e espaço para o cumprimento de etapas motoras e seus meios facilitadores), habilidades necessárias para a vida cotidiana e terapias de integração sensorial.
Alterações de processamento sensorial, de percepção e motoras são muito comuns em crianças autistas, podendo gerar comportamentos explosivos e agressivos, transtorno alimentar, baixo desempenho em diferentes tipos de atividades sociais, evitação social e fobias.
A estabilização de tais alterações tem um papel relevante na preparação da criança para a inserção em diferentes ambientes, permitindo que ela permaneça e continue seu processo de socialização e regulação emocional.
A importância da escola para a criança autista pode ser comparada à importância da família para a saúde mental dos seus filhos.
De fato, a escola oferece ambientes propícios para servirem de observação e meios de intervenção para habilidades sociais de todas as crianças, porém, no TEA, ela faz toda a diferença para o desenvolvimento e para a superação de comportamentos estereotipados e agressivos.
Os autores relatam que orientam os pais no sentido de que a primeira atitude a se tomar consiste em escolarizar os seus filhos. O espaço escolar simula, em distintos aspectos, a sociedade, a partir de suas:
Trata-se, enfim de tudo o que uma criança com autismo necessita, na medida em que frequentar a escola é uma excelente oportunidade para o seu desenvolvimento global. Todos os pais sabem (ou, pelo menos, deveriam saber) que colocar os filhos na escola pode, inicialmente, ser um grande desafio, uma vez que as crianças ainda não estão acostumadas com os colegas e o ambiente, o que pode causar certos incômodos.
Com os pais de crianças com TEA, não é diferente. Contudo, seus desafios tendem a ser consideravelmente maiores, pois seus filhos não respondem bem às mudanças de pessoas e contextos.
Por terem interesses mais rígidos e um nível excessivo de preferências praticamente inatas, um novo ambiente, com novos espaços, rotinas, barulhos, pessoas, formas e cores, pode ser altamente agressivo aos olhos de uma criança autista.
Os pais e responsáveis devem começar a escolarização antes que o ano letivo se inicie, levando a criança diariamente à escola, mostrando qual será a sua sala de aula, as paredes, as escadas, a entrada, os muros, a fim de que, paulatinamente, a criança perceba com tranquilidade tudo o que está à sua volta e se acomode a esses novos elementos.
Mesmo tomando todos esses cuidados, muitas crianças com autismo se recusam a permanecer no ambiente escolar, motivo pelo qual os cuidadores devem permanecer ao seu lado ao longo das primeiras semanas.
Nossos autores fazem uma observação importante: diferentemente do que acontece com as demais crianças, em que os pais são orientados a deixá-las na escola e irem para casa, as atitudes devem ser mais flexíveis, compreensivas e, sobretudo, conciliadoras com as crianças autistas.
Isso significa que os cuidadores devem ficar ao lado delas por algumas horas, ajudando-as na adaptação, propiciando segurança e agindo como mediadores até que a rotina escolar também se acostume com essas crianças e se adapte a elas.
Os pais podem aproveitar essas ocasiões para fazer observações e dar dicas acerca dos espaços onde os seus filhos ficarão, alertando sobre eventuais situações que podem atrapalhar ou ajudar.
Uma boa forma de intervenção dos pais consiste em aproximar seus filhos dos professores, de modo que a criança inicie uma interação harmoniosa com os educadores e passe a identificá-los como alguém próximo, aceitando-os como parte integrante de suas novas rotinas.
De acordo com a Lei 13146/15, também conhecida como “Estatuto da Pessoa com Deficiência”, são considerados como portadores dessa condição todos os indivíduos que apresentam impedimentos duradouros de ordem sensorial, intelectual, mental ou física.
Tais impedimentos, em interação com diferentes barreiras, podem coibir sua efetiva e plena participação na sociedade em condições de igualdade com os demais cidadãos. Portanto, na visão dos direitos e da lei, o autismo é, sim, uma deficiência.
É justamente essa definição que dá suporte aos argumentos que sustentam que, visto ser uma deficiência, as pessoas com autismo podem acessar garantias que as auxiliem, bem como às suas famílias, a buscarem ajuda, não apenas dos serviços de saúde, mas também nas áreas de:
Em nosso país, os direitos e salvaguardas das pessoas com TEA estão incluídos em 4 documentos: o já mencionado EPD (Estatuto da Pessoa com Deficiência), a Lei Berenice Piana, a Lei de Inclusão e o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Nesses documentos, há artigos que visam regulamentar e servir de parâmetro para que as famílias sejam acomodadas e atendidas pelas instituições, a fim de que a referida “igualdade de condições” seja uma realidade em setores como:
A constante busca por conhecimento é uma necessidade absoluta, na medida em que somente dessa forma poderemos compreender o autismo e também formar profissionais devidamente capacitados para o diagnosticar, ter escolas preparadas para a inclusão e famílias bem orientadas para contribuir com o pleno desenvolvimento das crianças com TEA.
Desse modo, todos ganham, sobretudo, as pessoas mais importantes dessa dinâmica: os autistas.
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Autora de "Ment... (Leia mais)
A autora é mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Mackenzie e especializada em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Centro Universitário Filadélfia, em Londrina. Além disso, tem diversas... (Leia mais)
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