Malala, a menina que queria ir para a escola - Resenha crítica - Adriana Carranca
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Malala, a menina que queria ir para a escola - resenha crítica

Malala, a menina que queria ir para a escola Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Biografias & Memórias

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Malala, a menina que queria ir para a escola

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978.85.740.6670-7

Editora: Companhia das Letrinhas

Resenha crítica

A estrutura narrativa

Malala converteu-se em um ícone global das lutas pelo direito à educação. Para entender melhor a origem da coragem e força de vontade da menina, Carranca retorna ao ano de 328 a.C.

Nesse período, Alexandre Magno enfrentou o povo pashtun, da etnia de Malala. É interessante notar a abordagem escolhida pela autora nesta obra destinada originalmente ao público infantil, mas, que pode ser lida por pessoas de qualquer idade.

Com efeito, Carranca mescla narrativas em terceira pessoa, com seu relato pessoal. O objetivo é contar a história da menina que começou a escrever em um blog após o grupo terrorista Talibã proibir que as mulheres estudassem. Por outro lado, a autora muda a abordagem quando deseja compartilhar os detalhes da apuração de sua reportagem.

Um bom exemplo disso pode ser encontrado na visita de Carranca ao príncipe Aurangzeb. Nessa ocasião, ela deseja saber mais acerca do passado, no qual às meninas era permitido mostrar seus cabelos e estudar normalmente no Swat – a região do Paquistão dominada pelos fundamentalistas.

O dia a dia no Swat

A autora está habituada a viajar até locais de conflito, como Uganda, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Afeganistão. Nações muçulmanas também têm sido incluídas em seu itinerário de trabalho, incluindo Indonésia, Egito e Irã.

Ela regressou ao Paquistão 15 dias depois de Malala ter sido baleada na cabeça dentro do ônibus escolar que utilizava. Não era possível prever que a jovem se tornaria a referência que é hoje.

Para Carranca, essa foi uma de suas mais tensas viagens. Afinal, ela já estava dentro das fronteiras paquistanesas quando o Talibã comunicou que os jornalistas estavam proibidos de visitar o vale do Swat.

Nossa autora descreve, em primeira pessoa, o trajeto percorrido à Mingora, cidade natal de Malala. Um dos elementos de maior complexidade eram os problemas de locomoção na área.

O patriarca da família que a recebeu contava histórias muito interessantes. Os banhos matinais, tomados com água aquecida no fogareiro depois de tirada diretamente de um poço instalado no quintal, também marcaram a memória da jornalista. O público infantil encontra referências em histórias clássicas.

Em uma delas, a popular narrativa de “João e Maria”, é utilizada com rara maestria. Afinal, ela também se sentia frágil, como a personagem do conto, ao percorrer labirintos escuros que a levavam à residência dessa família. Talvez, reflete, teria sido melhor marcar o caminho com migalhas, como no exemplo do clássico infantil.

A situação das mulheres na região de Malala

As mulheres do Swat vivem cobertas e confinadas. Até atingirem uma certa idade, as crianças do sexo feminino podem sair de suas casas, desde que acompanhadas por um guardião ou, preferencialmente, seu pai.

Esse guardião pode ser tanto um irmão quanto um tio. Para andar pelas ruas, Carranca precisava de um guia e, também, de utilizar o tradicional traje chamado de “shalwar kameez”.

O restante de seu corpo era coberto por um longo véu. A vestimenta permitia somente que os olhos ficassem à mostra. Ao se perguntar o porquê de as pessoas ainda a olharem, notou que seus pulsos ainda apareciam.

Esse pequeno “deslize” já é considerado algo muito avançado naquela sociedade. O pai de Malala sempre estava ao lado da filha. Por ser uma pessoa de muito prestígio na região, ele era o representante oficial de sua tribo e presidia a associação das escolas particulares locais.

A infância de Malala

Durante a infância da menina, a figura paterna foi crucial. Tanto que ela recebeu o seu sobrenome, qual seja, Yousafzai, iniciativa incomum no Paquistão. Malala o acompanhava nos protestos e eventos públicos, como na fundação do Conselho de Paz, que visa manter a estabilidade política, econômica e militar do Swat.

Proprietário de uma escola, o senhor Yousafzai orgulhava-se de dizer que concedia à sua filha os mesmos direitos de que gozavam os filhos. Antes de aprender a escrever e ler, Malala se infiltrava entre as estudantes mais velhas.

As colegas de Malala a descrevem como sorridente, falante, valente e capaz de discursar como “gente grande”. Com efeito, a menina era uma aluna excelente, tirando notas máximas em todos os estudos e provas, sendo especialmente interessada por poesia.

Ao escrever, compunha rimas em inglês, pashto e urdu. Nessa época, ela já falava e lia em árabe. A menina nasceu e cresceu dentro de uma escola. Ali, era o local em que ela se realizava.

Direito à educação

Quando ocorreu o atentado, em 2012, Malala tinha apenas 15 anos de idade. Na ocasião, ela defendeu, de modo pacífico, o direito de todas as meninas frequentarem a escola.

Aos 11 anos, ela se manifestou publicamente pela primeira vez. Entre os trechos mais emocionantes de sua fala, destacam-se:

  • “como o Talibã se atreve a tirar meu direito à educação?”;
  • “minha força não está na espada, está na caneta”.

Essas e outras frases de Malala foram amplamente disseminadas por todo o mundo. A saga da jovem pode ser considerada um verdadeiro conto dos tempos atuais, à medida que só poderia ocorrer nessa época.

Tal impressão pode ser confirmada quando lembramos que se trata de uma menina rural transformada por meio da relação com a escola, com seu pai e com a tecnologia.

Devido à repercussão internacional obtida pelo blog da jovem, inicialmente escrito de forma anônima, o combate ao Talibã se tornou uma obrigação para o Paquistão. Aliás, a fama de Malala foi o que a salvou.

Ao ser baleada, a menina foi tratada em um hospital do Swat que não tinha condições mínimas de atendimento médico. Assim, o governo paquistanês utilizou um helicóptero para viabilizar o seu resgate.

Notas finais

Cumpre ressaltar, por fim, que 5 meses após o tiro, Malala regressava às salas de aula, em uma instituição chamada Edgbaston, na Inglaterra. Sua família se mudou para a Europa e a jovem sonhadora realizou o seu maior desejo.

Agora, ela pode aprender sobre as leis, direitos sociais, política e tudo o que quiser. No entanto, Malala continua interessada em descobrir como pode contribui para continuar mudando o mundo.

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Quem escreveu o livro?

Adriana Carranca é escritora e jornalista. É repórter especial e colunista dos jornais “O Globo” e... (Leia mais)

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