Luiza Helena - Resenha crítica - Pedro Bial
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Luiza Helena - resenha crítica

Luiza Helena Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Biografias & Memórias

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Luiza Helena – Mulher do Brasil

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-65-5544-183-3

Editora: Gente

Resenha crítica

Por que não a chamam de Heloisa Helena?

Luiza Helena Trajano nasceu em Franca, cidade do interior do estado de São Paulo. 

O DNA de sua família carrega trabalho. Se hoje ela é conhecida por administrar uma das maiores varejistas do país, é porque em 1957 a Magazine Luiza surgiu pelas mãos do casal Pelegrino Donato e Luiza Trajano Donato, sua “Tia Luiza”. A famosa rede de lojas começou pequenininha, em sua cidade natal, e passou a se expandir na década seguinte, passo a passo, até virar o que é hoje.

Luiza Helena Trajano nasceu em 1948, em uma casa humilde, conjugada a um empório de secos e molhados, onde moravam Jacira e Clarismundo Inácio. E não era para Luiza ser filha única, já que sua mãe teve outras duas gestações de crianças que morreram por complicações no nascimento, fato comum naquela época. 

No dia em que nasceu, havia expediente de trabalho normal no comércio de sua família. Não foi um parto difícil, enquanto seu pai trabalhava, ela vinha ao mundo. A princípio, seu nome seria Sônia. Luiza, tia da empresária e a vendedora da família, sugeriu que a batizassem de Heloisa Helena, mesmo nome de uma de suas clientes mais fiéis. 

Pois Clarismundo deu à filha o nome de Luiza, como a cunhada, que não se conteve de felicidade. A tia exerceu forte influência na vida pessoal e profissional de Luiza Helena. Não é à toa que, ainda hoje, é considerada uma segunda mãe para a empresária. 

Uma mulher feliz é uma freguesa para sempre

Seguindo esse lema, Luiza Trajano Donato, a tia de Luiza Helena, nunca vendeu um liquidificador só. Nos comércios em que trabalhava durante a juventude, seu talento nato para convencer os clientes era evidenciado. 

A Tia Luiza era capaz de comercializar todos os tipos de mercadoria, lidando com os mais variados perfis de público. Era classificada como especialista em seres humanos. Sorria, abria os braços e abraçava fiéis fregueses. Sua retórica era irresistível. Se fosse necessário, criticava a si própria para inflar o ego de quem buscava novidades. 

Para ela, fazer uma mulher feliz indicava que a freguesa voltaria, se não pela qualidade dos produtos, pela forma como era tratada. Por mais que alimentasse dúvidas sobre sua vida profissional, a ascensão era questão de tempo. De vendedora a responsável pelo estoque, dali até ser reconhecida pelos donos de comércios pelos quais passou. 

O passo a passo até a abertura da Magazine Luiza em 1957, junto com seu marido, Pelegrino José Donato, foi mera questão de tempo. A Tia Luiza tinha o dom da venda e isso faria toda a diferença na vida de sua sobrinha, que ainda era criança quando a loja que a incluiu entre as personalidades mais ricas do país foi inaugurada. 

Mas a herança de abrir os ouvidos para escutar o que a freguesia tem a dizer sobre os produtos vendidos passou de tia para sobrinha. 

A matriz

Em um dia típico de trabalho na Magazine Luiza, ainda nos tempos de sua fundadora, era comum vê-la recebendo os funcionários pessoalmente. Dava bom dia a cada um deles e se preocupava com o bem-estar dos colaboradores. Seu tino de vendedora não deixava de influenciá-la, mesmo como gestora, cheia de burocracias a serem resolvidas. 

Além disso, havia a preocupação de fazer a última revisão geral, conferindo se estava tudo em ordem na matriz e se estava tudo bem limpinho antes de abrir as portas. 

Era comum também que ela puxasse assuntos para arrancar revelações, sabendo de antemão onde estavam os problemas e ficando por dentro da “rádio peão”. 

Quando os fregueses caminhavam pelo interior da loja, Luiza não admitia que fossem embora sem comprar nada. Era preciso conversar, trocar ideias, saber de cada um dos clientes por quais motivos acabou saindo dali de mãos abanando. 

Essa cultura se espalhou conforme a rede se expandia para outras localidades. Desde o começo de suas atividades, a fundadora da varejista deixava claro a necessidade de personalizar o atendimento, fazendo com que cada cliente se sentisse especial. Fazendo homens e mulheres felizes, haveria a possibilidade de multiplicar os fregueses, que sempre voltariam. O lema dos tempos de vendedora seguia em frente. 

E considerando o tamanho de seu empreendimento hoje administrado por Luiza Helena, dá para dizer que essa filosofia faz muito sentido, não é mesmo?

A comunicadora

Chegamos à metade deste microbook trazendo uma característica crucial para entender quem é Luiza Helena no dia a dia. Quando fala, seja em entrevistas ou mesmo em negociações, ela apenas organiza em palavras seus pensamentos de um jeito simples, fácil de ser entendido. Sua fala é rápida porque também não tem preguiça de escutar. 

É uma comunicadora hábil, capaz de se antecipar a seus interlocutores, lendo nas entrelinhas, captando o que não foi dito, mas ficou no ar. Ela parece entender e responder perguntas simultaneamente. 

Seus familiares e amigos de infância costumam defini-la como uma pessoa que já sabe o que será dito antes de começar a falar. É intuitivo, uma visão global de tudo que acontece ao redor. Habilidade fundamental para uma administradora de um verdadeiro império. 

É possível notar como seus olhos são inquietos, piscando entre a calma e a pressa. Permanentemente atenta, ela é capaz de mirar fixamente seu interlocutor ou um objeto a ser analisado para destrinchá-lo em detalhes. 

Para Luiza Helena, expor sua avaliação, opinião ou sugestão é importante e elas quase sempre estão prontas muito antes de começar sua fala. Ainda assim, é fundamental esperar o momento certo de expor seus pensamentos. 

Se você prestar atenção em todas as entrevistas dadas pela empresária, pode reparar no quanto essa habilidade de boa comunicadora prende a atenção de todos que estão ao redor. Você pode até discordar da empreendedora, mas ouve o que ela tem a dizer, sempre em voz firme, clara e com excelente dicção. 

É ou não é um verdadeiro talento? 

Uma moça bom partido

Ainda aos 15 anos, Luiza Helena sonhava em estudar Medicina, mesmo que desse pistas vocacionais pela facilidade em se aproximar do outro e ouvi-lo atentamente. Sua sensibilidade também a deixou perto de estudar Psicologia, mas logo aos 17 anos foi trabalhar na loja que carrega seu nome e da tia comerciante. 

Com carteira assinada, salário, horários e obrigações, descobriu ali a missão de vender. Ainda assim, chegou a estudar Direito, mesmo sem vontade alguma de exercer a profissão. Tanto que acumulou essa formação com o curso de Ciências Econômicas e Administrativas, abandonado quando entendeu que o seu talento estava melhor aproveitado na Magazine Luiza. 

Mas foi durante a faculdade que conheceu Erasmo, que desde o começo foi claro em suas intenções quando começaram o relacionamento. Casaram e tiveram três filhos, Ana Luiza, Frederico e Luciana. Erasmo morreu em 2009, vítima de um infarto fulminante.

Mas sempre que se recorda do companheiro de tanto tempo, Luiza Helena faz questão de citar o apoio mútuo, buscando sempre a conciliação da vida pessoal com o lado profissional, que lhes permitiu formar uma família de inspiração para tanta gente que se lança ao desafio de empreender no Brasil. 

Se Luiza Helena chegou tão longe, também é porque teve a oportunidade de ter a seu lado Erasmo, apoiando em cada passo dado na condução da Magazine de sua vida.

Velhice

Luiza Helena se considera vaidosa, mas chama essa característica de autoestima. Nada mais. Seu comportamento é de uma pessoa grata pela natureza e pela vida, sem a necessidade de perder tempo com o próprio ego. 

Sempre que se apresenta para eventos públicos, está bem-vestida, impecável, maquiada e com o cabelo muito bem arrumado. Sua filha Ana Luiza costuma brincar, dizendo que esse é o cuidado herdado por ter sido filha única, que sempre precisou se virar sozinha. 

E o envelhecimento não é uma preocupação da protagonista dessa história. Para ela, o passar do tempo não é um problema, mas um processo natural. Nem positivo, nem negativo. Seu único sofrimento atual é o de quando olha para a tia inspiradora, hoje padecendo de problemas de saúde comuns a uma mulher de quase 98 anos. 

Compreensiva e cuidadosa, Luiza Helena busca estar sempre atualizada do noticiário. Também entende que a sucessão no comando da Magazine Luiza não deve se resumir a uma mera herança. É preciso merecer. 

E os méritos de ser assim, tão humana quanto visionária, trazem resultados que ela colhe dia após dia. 

Notas finais 

Luiza Helena Trajano tem uma vida de conquistas, lutas e muito trabalho. Ao longo dessa biografia, ficou claro o quanto ela valoriza tudo o que foi construído durante as últimas décadas, começando com os trabalhos de sua tia, até que a Magazine Luiza se tornasse uma das redes varejistas mais valiosas do país. É evidente que nada é por acaso. E sempre que essa empresária de fibra for vista dando entrevistas para os grandes veículos de comunicação, lembraremos de que o sucesso não vem de uma hora para outra. Afinal, toda história de sucesso exige um primeiro passo arrojado, de talento e coragem. 

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Quem escreveu o livro?

Jornalista, escritor, cineasta, apresentador de TV. O autor desta biografia frequenta nossas casas pela televisão há muitas décadas, mas também já publicou livros de ficção e poesia... (Leia mais)

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