Help! me eduque - Resenha crítica - Rossandro Klinjey
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Help! me eduque - resenha crítica

Help! me eduque Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Parentalidade

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Help! me eduque

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-63808-89-9

Editora: Letramais Editora

Resenha crítica

A crise do modelo familiar contemporâneo

O modelo familiar contemporâneo está em crise. Pais e mães procuram ajuda de todos os lados. Eles estão desesperados. A falência das famílias nasce da dificuldade de educar seus filhos. Isso tem levado a consequências. As futuras gerações vêm se tornando mais egoístas. Para entender o problema, precisamos voltar à década de 60 e 70.

Vivíamos em famílias clássicas, diferentes das de hoje. Tínhamos a figura do “pai orientador”, que trazia autoridade, ainda que na ausência. Uma frase popular era: “quando seu pai chegar…”. Só isso era o suficiente para que a ordem se reestabelecesse. 

Era um modelo com qualidades e defeitos. Só que os tempos mudaram. Os filhos de hoje são insubmissos. Isso deixa os pais perdidos. As crianças ganharam poder. Passaram a fazer exigências. Os pais agora criam filhos imaturos, cedem a todos os seus pedidos e não sabem como estabelecer autoridade. Viram reféns dos filhos. 

O respeito vem antes do amor

O amor é o sentimento mais sofisticado que existe. Para que exista, precisa ser antecedido por vários outros. São pré-requisitos. Só o alcançamos na maturidade. Não nascemos prontos. A maior parte do nosso repertório surge durante a vida. A forma de amar faz parte dele.

Para amar, é preciso respeitar e admirar. Crianças e adolescentes devem nutrir respeito e admiração para que possam aprender a nutrir amor. Os pais do passado estavam mais preocupados em serem respeitados do que amados. Os de hoje inverteram esses valores. Eles são inseguros. 

Querem o amor dos filhos a qualquer custo. Mas se não se fazem respeitar, não serão amados e, tampouco, respeitados. Eles incorrem em preguiça, falta de limites, bajulação e culpa. Negligenciam o cuidado com os filhos. Deixam-os em um smartphone qualquer para que possam ficar “em paz”. As crianças passam a achar que o mundo é automatizado e touch screen.

Mantenha sua privacidade e intimidade

Na falta de habilidade para pôr limites, os pais começam a bajular os filhos. Compram seu afeto. Isso cria uma distorção na capacidade de os filhos lidarem com seus desejos. Eles passam a acreditar que os adultos existem para servi-los.

Os pais acabam nocauteados. Chegam do trabalho cansados e sem energia para atender aos filhos. Cedem aos chiliques, com medo de os berros da criança chamarem a atenção dos vizinhos. Perdem a privacidade porque não sabem dizer um “não” e sustentá-lo. A Peppa Pig invade a programação da TV permanentemente. A cama do casal é tomada pelos filhos. 

Dormir na cama dos pais pode ser uma experiência maravilhosa e acolhedora para os filhos. Mas não todos os dias. Crie noites especiais para isso. Faça com que seja uma experiência lúdica. Mas, no resto do tempo, preserve sua intimidade. Deixe claro que a cama dos pais é só deles. 

O reinado infantil

Se você perdeu a cama, só assiste o que os filhos querem e só come o que as crianças desejam, alguma coisa está errada. Se chegou a esse ponto, é porque não soube ensinar a seu filho que o mundo já existia antes dele. A realidade já tinha suas regras.

Ele que precisa se adaptar, não o contrário. Não há reinado infantil. Existe o outro e, para se relacionar, é preciso respeito e acordos. Não faça com que a criança acredite que os outros vieram ao mundo com a função de servi-la. Não seja mordomo do próprio filho. 

Quem tem os desejos sempre atendidos fica com a ansiedade exacerbada e perde a capacidade de suportar frustrações. As crianças param de respeitar etapas e processos necessários para tudo na vida. Perdem a capacidade de esperar. A consequência disso vem na aprendizagem. Só conhecemos por repetição, fazendo e refazendo a mesma tarefa e tolerando a frustração das notas baixas.

A disciplina serve para estruturar, não para oprimir

Não há receita de bolo para a educação dos filhos. No entanto, a função de educar é sempre a mesma. Quando os filhos agem em desobediência irrestrita, ficam vulneráveis e incapazes de viver em um mundo desafiador. Para que eles respeitem as regras, precisam primeiro de disciplina.

Muitos pais confundem isso com autoritarismo. A disciplina não serve para oprimir ou podar, mas para estruturar. Ela faz com que o filho se encaixe no mundo como ele é, em vez de tentar moldá-lo ao seu ego infantil. Disciplinar é uma responsabilidade importante e difícil. Não há atalhos.

A tarefa exige repetição, tempo e disposição. O ritmo apressado do mundo criou um obstáculo para essa tarefa. A disciplina é a base da autodisciplina do futuro adulto. Esse é o recurso que faz com que as pessoas sejam capazes de adiar o prazer, criar empatia e desenvolver atenção às necessidades dos outros.

Seja o exemplo

A autodisciplina é a base que as crianças e adolescentes terão para lidar com derrotas, suportar perdas e lidar com críticas sem se abalar. É o que traz autocontrole. Mas, para disciplinar, os pais devem se fazer respeitar. O fundamento da educação é o respeito. 

O obstáculo para a conquista do respeito é a inconsistência ou vacilação diante das regras. Isso confunde qualquer filho. Isso também faz com que a educação se torne permissiva. Mas, aqui, vale a regra do “nem tanto 8 nem tanto 80”. Uma educação extremamente severa e agressiva humilha a criança, criando traumas incuráveis.

Para evitar os extremos, paute a educação em valores morais. Ensine a diferença entre certo e errado. Isso não se dá pelo discurso, mas pelo exemplo. Se você quer filhos exemplares, seja exemplar. Demonstre honestidade. Valores não são ensinados nas escolas. Crie uma relação com base no respeito mútuo e na confiança.

Pais superprotetores criam filhos frágeis

Já passamos da metade do microbook e o autor conta como a superproteção está destruindo o futuro das crianças. Precisamos de decepções, frustrações e ouvir alguns nãos para criar força emocional. Só que essa construção depende da ajuda dos adultos. Não devemos interferir na vida dos filhos sempre que algo difícil acontece.

Pais superprotetores criam filhos frágeis. Os adultos que os mimam e atendem a todos os seus pedidos inflam seu narcisismo. Eles criam uma geração de adolescentes e jovens adultos que têm uma visão irreal de si próprios. Pais e professores bombardeiam as crianças com estímulos positivos e bajulação. Isso criou um excesso de autoestima.

Os filhos se tornaram incapazes de lidar com as frustrações da vida. Essa visão inflada de si trouxe à tona uma epidemia de narcisismo. Há uma geração que acha que tem direitos, mas não deveres. Os jovens são excessivamente confiantes e cultivam uma ideia fantasiosa sobre os próprios direitos. 

O problema da autoestima elevada

Há cada vez mais psicólogos questionando o papel da alta autoestima exagerada. O senso inflado de si próprio não traz resultados positivos na vida escolar. É comum ver jovens populares e com alta autoestima que fracassam na vida profissional e no caminho para se tornar um adulto equilibrado.

Ao mesmo tempo, é igualmente comum ver crianças tímidas, com autoestima baixa, tornarem-se profissionais bem-sucedidos e adultos realizados. O senso grande de si próprio pode criar pessoas narcisistas, presunçosas e amorais. Isso não significa que os filhos devam ter autoestima baixa. Para o autor, a diferença entre o veneno e o antídoto está na dose.

Quando elogiamos as pessoas gratuitamente, tiramos o incentivo para que trabalhem duro. Se você diz para seu filho que ele foi bem na escola porque é especial, cria a ilusão de que é um gênio. Isso, inconscientemente, tira o estímulo para que se esforce.

O altruísmo é a melhor coisa que você pode fazer por si próprio

Se, em vez de você dizer que seu filho foi bem na escola porque ele é especial, disser que ele tirou boas notas porque diminuiu o tempo na TV e se esforçou, faz com que ele entenda que o sucesso é fruto de trabalho árduo e não cai do céu. Essas são coisas que uma pessoa narcisista não entende.

Essa falta de empatia cria um contingente de pessoas que querem ser amadas, mas não sabem amar e que querem ser ouvidas, mas não sabem ouvir. Por isso, quando são contrariadas, pegam logo o smartphone e se embrenham nas relações digitais. Para o autor, o altruísmo é a melhor coisa que você pode fazer por si próprio.

Quando criamos um filho para o bem, preparamos ele para a decepção, a infelicidade e a frustração. Isso acontece ainda que o objetivo original não seja esse. A maior parte dos pais quer acertar na educação dos filhos. No entanto, alguns fracassam.

Não nivele por baixo

Muitos adultos não ocupam seu lugar na ordem familiar. Alguns têm como ideal ter uma relação mais amistosa com os filhos do que a que tiveram com seus próprios pais. Isso faz com que se tornem amigos dos filhos. Isso não é necessariamente ruim. 

O problema acontece quando os pais deixam de pôr limites por isso. Para se aproximar e ter intimidade, você não precisa necessariamente perder a autoridade. Uma relação de cumplicidade é uma conquista da família, que precisa ser preservada. Só que precisamos de equilíbrio. Pais permissivos pagam um preço alto pela perda de autoridade.

Eles criam um vácuo de poder, assumido pelas próprias crianças. Para isso, os pais precisam pautar a relação no respeito, não na baixaria. Os pais que abrem mão da autoridade nivelam a discussão perigosamente com os filhos. Nesse caso, ganha quem grita mais. No fim, todos saem perdendo.

O que vem sem luta não tem valor

O resultado de nivelar por baixo é a geração narcisista. Adolescentes onipotentes e arrogantes, cheios de direitos e que acham que seus pais têm a obrigação de satisfazer a seus caprichos. Os adultos, por omissão, viram serviçais dos filhos. Quando não atendem aos desejos, são vítimas da agressão verbal.

Esses jovens não foram ensinados sobre responsabilidade. Precisamos recuperá-los. A geração atual é realmente mais insubmissa. É importante ter isso em mente. Eles conhecem mais tecnologia, são mais antenados e mais críticos. No entanto, precisam de comando, ordem e orientação. Podem ser tecnológicos, mas ainda são filhos.

Muitos pais dão aquilo que nunca pensamos em ter. Facilitam muito a vida. Os filhos deixam de passar por qualquer tipo de privação. O problema é que as dificuldades foram justamente o que fizeram com que os adultos vencessem na vida. O que vem sem luta não tem valor.

Equilibre rigidez e permissividade

Seria bom se todos os adultos fossem equilibrados e soubessem dosar disciplina e liberdade. Só que isso não acontece em todos os casos. No entanto, se for para errar, erre pela intromissão. Ela gera muito menos problemas do que a omissão. O excesso de liberdade traz mais danos do que a disciplina rígida.

Poucos conseguem achar o equilíbrio. Alguns são muito restritivos, enquanto outros exageram na permissividade. Ainda assim, a procura dos pais é sempre por dar o melhor às crianças e adolescentes, ainda que errem na dose. Apesar dos erros, sempre se sacrificam para que os filhos tenham uma vida melhor do que a que tiveram.

Adaptações são sempre necessárias. A educação infantil evolui. Os pais devem entender o contexto em que usam a disciplina, assim como sua intensidade. Cada criança se desenvolve de forma diferente. Ela faz as coisas no seu ritmo. Não é sobre rigidez ou permissividade, mas sobre como agir em cada situação.

Notas finais

“Help! me eduque” resgata noções importantes sobre a criação dos filhos. O livro fala sobre a importância do respeito, da autoridade, da privacidade e da dignidade dos pais na educação das crianças e dos adolescentes.

Dica do 12min

Rossandro Klinjey fala bastante sobre o papel da autoridade e do respeito. Em “A raiva não educa. A calma educa.”, Maya Eigenmann complementa o assunto com um outro ponto de vista. Ela conta a importância de naturalizar o infantil e criar um espaço para a expressão genuína de sentimentos. Confira no 12 min!

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Quem escreveu o livro?

Rossandro Klinjey é psicólogo, professor e palestrante. Fundou a Educa, uma marca focada em educação socioemoci... (Leia mais)

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