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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Falter: Has the human game begun to play itself out?
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-1-4722-664-84
Editora: Wildfire
Ao longo de nossa curta jornada como espécie, a humanidade cresceu e decaiu, avançou e parou, estagnou e floresceu. Só agora, porém, alcançamos o desenvolvimento necessário para dar fim a tudo o que existe, seja por descuido ou por destino.
Assim como foi recentemente apontado por uma equipe de cientistas (que publicaram suas pesquisas na célebre revista “Nature”), as mudanças físicas pelas quais passamos atualmente, a partir do aquecimento global, se estenderão por mais tempo do que toda a história da civilização humana até aqui.
Para o historiador israelense Yuval Harari, uma vez que a tecnologia nos permita “reprogramar” mentes humanas, o Homo sapiens desaparecerá e um processo completamente novo começará.
Ou seja, o “jogo” no qual a humanidade está engajada pode não terminar com um estrondo ou um gemido, mas com o borbulhar dos oceanos fervendo e o bip suave de algum futuro digital nascendo.
O descomunal avanço científico e tecnológico é um fator tão crucial porque, pela primeira vez, começamos a bloquear as nossas próprias “rotas de fuga”. Quando Roma caiu, por exemplo, uma nova estrutura de poder começou a se formar para preencher aquele enorme vazio.
Dispúnhamos, então, de uma “bala de prata”, isto é, de outra chance. Porém, as mudanças atuais são tão grandes que estão começando a prejudicar, de forma séria e irreversível, todo o nosso planeta azul.
Devido à radical desigualdade que predomina em nossas sociedades, as principais decisões sempre foram e serão tomadas por um conjunto restrito de pessoas, como executivos de empresas petrolíferas de Houston ou magnatas da tecnologia do Vale do Silício, ou Xangai.
Indivíduos que representam somente interesses particulares, em lugares específicos, em um determinado momento, seguindo uma tendência filosófica própria: esse é o resultado de nosso desenvolvimento como espécie.
Além disso, a capacidade que esses poucos indivíduos têm de distorcer as políticas públicas com suas riquezas representa um poder de influência que, também, deve ser levado em consideração.
Esse “jogo humano”, embora não seja perfeito (pois ninguém sai dele vivo e todos passam por variadas situações de tristeza e perda), para a grande maioria, a vida é muito mais trágica do que precisaria ser.
Na verdade, as regras são manipuladas para favorecer uns poucos em detrimento da maioria. Se você estiver entre os sortudos, o jogo pode parecer mais atraente.
Dado que adquirimos consciência da real situação da humanidade, só nos resta, segundo McKibben, o caminho das lutas. Ainda é possível vislumbrarmos algumas saídas, mesmo que as chances de sucesso não sejam grandes.
O termo “mudança climática” já se tornou tão familiar que tendemos a ignorá-lo, a exemplo dos temas de superpopulação urbana ou taxas de homicídio. Dessa forma, o autor ressalta a importância de relembrar o que temos feito nessa seara.
O consumo de combustível fóssil, nos últimos 200 anos, demandou imensas quantidades de carvão, gás e petróleo que foram queimados em motores de automóveis, fornos industriais, siderúrgicas, usinas de energia, dentre outras.
Quando esses materiais são queimados, os átomos de carbono se combinam com os de oxigênio, produzindo dióxido de carbono. A estrutura molecular desse composto químico retém o calor que, de outro modo, se irradiaria.
Em outras palavras, mudamos o equilíbrio da energia solar de nosso planeta, alterando a quantidade de calor do sol que retorna ao espaço. Isso transformou profundamente o modo como o mundo funciona.
A escala dessas mudanças, segundo McKibben, é o verdadeiro problema. Temporalmente, isso levou ao aumento na concentração de dióxido de carbono na atmosfera nos últimos 200 anos: de 275 partes por milhão para 400.
Mantendo a trajetória atual, excederemos, em breve, a marca de 700 partes por milhão. Como ninguém sabe ao certo o que essa medida significa, é necessário colocar a questão em outra perspectiva.
O calor adicional que prendemos perto do planeta devido ao dióxido de carbono expelido é o equivalente ao calor de 400 mil bombas de Hiroshima. Diariamente. São 4 a cada segundo.
Essa extraordinária quantidade de calor causa alterações enormes. Mas, por enquanto, não se preocupe com os efeitos. Apenas se maravilhe com a magnitude: o carbono liberado até agora, se pudesse ser acumulado em um só lugar, formaria uma coluna sólida de grafite, com 25 metros de diâmetro, que se estenderia até a lua.
Há, talvez, outros episódios na história de 4,5 bilhões de anos da Terra em que o dióxido de carbono foi lançado à atmosfera em grandes volumes, mas nunca em velocidades maiores. Lançamos cerca de 40 bilhões de toneladas para a atmosfera anualmente.
Mesmo durante os dramáticos momentos do final do período Permiano (o último da era Paleozoica), quando a maior parte da vida foi extinta, o conteúdo de dióxido de carbono na atmosfera cresceu a meros um décimo do atual ritmo.
Os últimos 30 anos concentraram os 20 mais quentes já registrados. Até o momento, aquecemos a Terra em cerca de 2 graus Fahrenheit. Esta é a maior conquista da humanidade e, de fato, o feito mais notável que uma espécie já realizou.
Agora que chegamos na metade da leitura, vamos nos aprofundar nas reflexões de Bill McKibben acerca das tecnologias da maturidade, o fim da política e a inteligência artificial.
As últimas centenas de anos de progresso tecnológico podem ser comparadas a um homem que, passando uma noite em um cassino, obteve ganhos notáveis, com a sorte se repetindo a cada rodada.
Nessa comparação, McKibben continua, imagine que é natural haver certas perdas ao longo do caminho. Mas o jogador sempre dobra suas apostas e consegue voltar.
Entretanto, agora, as apostas estão ficando cada vez maiores e sua sorte parece estar diminuindo: se ele dobrar novamente, pode perder tudo. Ele se senta e reflete por um momento: talvez decida levar suas fichas embora, saindo com ganhos que possam garantir o resto de sua vida.
A energia solar e a não-violência são meios de “reparo”, não de expansão. Esses princípios indicam que crescemos suficientemente poderosos e que a tarefa de nossa espécie é assegurar que essa força seja devidamente compartilhada e controlada.
Para descrever essas formas de expressão do potencial humano, o nosso autor elaborou o conceito de “tecnologias da maturidade”. Elas configuram uma sociedade mais interessada na preservação ambiental e justiça social, em detrimento da expansão territorial e da dominação predatória.
Em termos culturais, consideramos a ideia de maturação menos empolgante do que a de domínio porque, em nossas próprias vidas, o amadurecimento é agridoce.
Quando jovens, podíamos escolher e fazer qualquer coisa, nenhuma alternativa parecia inatingível. Por outro lado, crescer implica em fazer escolhas: comprometer-se com uma pessoa, uma carreira, uma comunidade.
Em tempos e lugares passados, essa maturidade foi honrada – basta lembrar o respeito que os mais velhos recebiam nas sociedades tradicionais, uma reverência destinada, sobretudo, aos jovens em nossa atual cultura do consumo de massa.
O nosso autor observa, porém, que até mesmo alguns eleitores do ex-presidente estadunidense Donald Trump, no fundo de seus corações, têm alta consideração por aqueles amigos que amadureceram completamente, limitando seus próprios comportamentos em prol do bem comum.
Nesse ponto, McKibben se refere às pessoas que se realizam trabalhando para outros, sendo voluntários, mentores, transmissores de conhecimentos. Se admirarmos os indivíduos por essas características, passaremos a almejar a construção de uma sociedade fundamentada nesses mesmos valores.
Na prática, algumas coletividades já aprenderam a aceitar certos limites. Por exemplo, o autor reside às margens de uma área selvagem na Floresta Nacional de Green Mountain, Estados Unidos.
Durante anos, essas terras foram preservadas: as pessoas podem entrar, mas apenas como visitantes. Elas vagam pelas poucas trilhas, contudo, a maioria das dezenas de milhares de acres da floresta não recebe nenhum ser humano.
O impulso “antipolítico” disseminou-se pelo mundo. Esse sentimento é expresso por todos os grandes burocratas, bilionários e monopolistas. São pessoas que, em algum nível, odeiam a noção de “sociedade”, que organizam campanhas contra o transporte público, tentam desmantelar escolas públicas e parques nacionais.
De acordo com o autor, o provável é que essa cultura, cedo ou tarde, caia por terra. Não obstante, esses indivíduos possuem, atualmente, uma vantagem significativa e poder suficiente para encerrar o jogo humano.
Certamente, estão se esforçando diuturnamente para isso. O empenho inesgotável para suprimir votações, instilar ódios raciais, estimular o cinismo político, confundir o público sobre questões como as mudanças climáticas – tudo serve para enfraquecer o organismo social.
As pesquisas citadas por McKibben demonstram que os pobres são os maiores defensores da democracia. Os ricos, por sua vez, são os seus maiores céticos. Outra forma de dizer isso: uma das razões pelas quais alguns poderosos gostam de robôs é precisamente porque as máquinas são desprovidas de solidariedade e empatia.
Com efeito, os robôs são impecavelmente controláveis, dado que não precisaram de nenhuma socialização para se formarem. Andy Putzer, o primeiro candidato de Trump a assumir o cargo de secretário do trabalho, dedica “muito de seu tempo livre” à leitura de Ayn Rand, filósofa estadunidense criadora do Objetivismo.
Profissionalmente, Putzer administrava os restaurantes de fast food das marcas Hardee’s e Carl’s Jr. Nessa função, ele se opunha veementemente à elevação do salário-mínimo.
Ansiando por um futuro de maior automação, delineava a primazia dos robôs que, em comparação aos trabalhadores humanos, “são sempre educados, nunca tiram férias ou chegam tarde".
É interessante notar que uma campanha contra a violência não exerceria nenhum efeito sobre os autômatos. Por exemplo, eles veriam o boicote aos ônibus de Montgomery como um exercício ilógico.
Essa ação, efetuada em meados da década de 1950, consolida-se como um grande marco da luta contra a discriminação racial. Uma inteligência artificial poderia vencer, até mesmo, Garry Kasparov – o maior jogador de xadrez de todos os tempos.
O apelo à solidariedade humana, aos sentimentos de companheirismo, empatia, amor e amizade, atinge seus limites nas fronteiras da consciência. Portanto, é altamente recomendável começar a exercê-los o quanto antes.
Cumpre ressaltar, por fim que, segundo o autor, somos criaturas confusas, frequentemente egoístas, propensas à “cegueira ambiental” e suscetíveis à ganância.
No atual cenário político, com o ressurgimento do racismo e do nacionalismo, muitos poderiam argumentar que o desaparecimento da espécie humana não representaria uma grande perda.
No entanto, a maioria das pessoas é maravilhosa, divertida e gentil. Há indivíduos que trabalham incessantemente para alimentar os famintos e abrigar os desamparados.
Esse amor é o que reúne pessoas desconhecidas em defesa das tartarugas marinhas, do meio ambiente e de tudo o que há de bom ao nosso redor.
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McKibben é fundador da 350.org – uma importante organização ambientalista de alcance mundial. Além disso, é um dos pioneiros na divulg... (Leia mais)
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