Don't wait, lead now - resenha crítica

Nascido em uma família de classe média baixa e com dois irmãos mais novos, não demorou muito para que Jim Lord decidisse abandonar o ensino médio para ajudar na renda familiar. Após anos aproveitando qualquer oportunidade que aparecesse como encanador, pedreiro e tantos outros trabalhos de colarinho azul, Jim conseguiu cumprir a promessa que tinha feito a um de seus professores: terminar o ensino médio.

Ele não apenas fez isso como se formou na faculdade, sempre trabalhando para ajudar a família. Com tantos anos de experiência como trabalhador em campos diferentes, por vezes ele duvidava de si mesmo: será que posso oferecer algo no mundo dos negócios no qual agora estou me inserindo?

Jim descobriu que sim, havia muito que ele podia entregar nesta nova fase de sua vida.

Contar histórias

Uma das maiores habilidades que conseguiu transferir entre suas carreiras pode parecer estranha à primeira vista: a capacidade de contar estórias. Claro, Jim não está falando apenas de contar uma anedota engraçada ou ser simpático com seus colegas na copa do trabalho. Na verdade, o autor está nos mostrando a importância de conseguir se conectar com seus colegas, subordinados e, até mesmo seu chefe.

Em uma de suas primeiras oportunidades como gerente, Jim presenciou a festa de despedida de um de seus novos colegas, Bob, que havia passado os últimos quarenta anos de sua vida naquela empresa. Durante este evento, o recém-chegado percebeu algumas coisas que levaria com ele para todo o resto de sua carreira. No primeiro discurso que um colega sênior fez para Bob, todo o salão sentiu as emoções que estavam sendo passadas naquelas estórias. Constrangimento, diversão, orgulho, estava tudo ali. No segundo discurso, o novo chefe de Jim apareceu, subiu ao púlpito e tirou alguns cartões de seu bolso. Durante os próximos minutos, ele leu palavra por palavra do que havia escrito sobre as últimas décadas da sua vida com Bob. O resultado foi torturante para todos os presentes.

Ao ler palavra por palavra, tão preocupado em passar sua mensagem e não esquecer de nenhum detalhe, esse colega esqueceu a parte mais importante: seus sentimentos. Jim percebeu que num discurso, seja ele mais ou menos formal, as emoções são essenciais para a conexão com o público. Apesar de esse último funcionário também possuir décadas de histórias e conexão com Bob, ele não conseguiu repassar isso para os presentes. A segunda coisa que Jim percebeu foi que as pessoas estão sempre prestando atenção. Enquanto você conseguir alcançar o resultado do primeiro discurso, se conectar emocionalmente (mesmo com eventuais erros de dicção), a atenção vai estar toda voltada para essas emoções. Entretanto, caso entregue uma fala engessada como a do segundo funcionário, as pessoas presentes estarão prestando atenção em você, seus maneirismos, nervosismo. Seja genuíno, deixe suas emoções aparecerem.

Lidere com o coração

As emoções e se mostrar vulnerável, humano, é parte crucial dos ensinamentos que Jim nos repassa sobre liderança. Ser emotivo e deixar seus sentimentos e sua intuição guiarem seus passos é importante numa carreira do mundo corporativo, que, às vezes, pode ser tão rígida e fria.

Se você acredita que você ou seu time consegue dar conta de uma tarefa importante para a empresa, não se deixe enganar pela própria insegurança. Fale de forma clara e direta, isso não apenas lhe dará mais autoconfiança como incentivará todos ao seu redor a darem o seu melhor para completarem tal tarefa. Siga seus instintos e o que você se sente, pense em como gostaria de que agissem caso você estivesse na situação em que o outro se encontra: isso se chama empatia. 

Jim nos conta de um momento em sua carreira no qual teve que fazer uma demissão em massa. Arrasado, ele sabia que, infelizmente, não havia opção, já que a empresa estava passando por um momento difícil financeiramente. Ele decidiu que não passaria seu dia inteiro de trabalho guardando para si essa informação que afetaria tanto a vida de seus colegas, e avisou às pessoas que seriam demitidas o mais rápido possível naquela manhã. Aquilo lhes deu tempo de digerirem a informação e passar um último dia apoiando uns aos outros, recebendo apoio também de outros colegas que não sofreram do mesmo destino. Ao mesmo tempo, essa atitude e o modo como Jim passou a mensagem tranquilizou todo o setor, pois eles sabiam que não haveria mais demissões.

Não se desespere: falhar é natural

Baseado no discurso de um fuzileiro naval, Jim tirou importantes lições, que, com seus anos de experiência, acabaram se provando verdade. Entre elas, uma das que considerou uma das mais importantes, é não ter medo de falhar. Tenha a certeza que sim, você vai errar muito em sua vida, mas o que deve prevalecer é a vontade de melhorar. Não tenha medo de se testar!

Os outros ensinamentos que aprendeu durante este evento giram em torno de uma mesma verdade: Se você quiser se destacar no que faz, produzindo mudanças de verdade no mundo, não desista nunca. E lembre-se: ninguém faz nada sozinho. Conte sempre com a ajuda de pessoas em quem confia.

Cuide das pessoas (e as conheça)

Agora que chegamos à metade deste microbook, pense em como, na correria do dia a dia, na busca por resultados o mais rápido possível, às vezes, podemos esquecer que estamos trabalhando e lidando com outros seres humanos, que possuem desejos e necessidades como nós. Não despreze como o cuidado com seus colegas pode refletir em sua equipe e, até mesmo, em seus resultados. Jim nos conta uma história de quando ele percebeu que todos os bônus por produtividade eram muito convencionais, não permitiam nenhum tipo de personalização. 

Como ele não poderia, ao menos naquele momento, interferir tanto na política de bonificação da empresa ou aumentar sua verba, ele fez o que estava a seu alcance: Começou a escrever manualmente cartas de agradecimento para cada pessoa que batesse a meta. 

É extremamente importante conhecer as pessoas, procurar entender como se comportam e agem. Em sua próxima história, Jim nos conta da vez em que tomou uma decisão que poderia parecer arriscada para quem está vendo de fora, mas, na verdade, foi uma de suas escolhas mais bem pensadas. Um dia lhe foi oferecida uma grande promoção, com um bom aumento. Entretanto, o gerente sabia que a pessoa com quem ele trabalharia diretamente tinha uma liderança e uma ética de trabalho muito diferente da dele. Jim sabia que, caso aceitasse, poderia ter problemas no futuro com essa líder, pois estava acostumado com parcerias e conversas sinceras, algo que ele gostaria de manter dentro da cultura da empresa. Ele recusou a oferta e continuou onde estava, o que depois se mostrou a escolha certa.

Inspecione aquilo que você espera

Ainda no tema de "preste atenção nos seus arredores", "inspecione aquilo que você espera" foi um conselho que Jim recebeu de um de seus supervisores. Vinte anos depois, ele repassa o mesmo aviso a seus colaboradores. Como você sabe que seus clientes estão se sentindo dessa forma? Você conversou com eles ou está imaginando a partir do seu ponto de vista? Você pode ter intuições ou esperar que as coisas ocorram de certa maneira, mas não se descuide. Se puder, cheque suas informações e, o mais importante: participe.

Sejam viagens de negócios, reuniões, o que interessa é estar presente e atento. Muitas vezes você acaba aprendendo ou mesmo descobrindo maneiras de ajustar problemas que não havia sido imaginados.

Isso lhe tornará mais confiante para ser mais vocal a respeito de suas opiniões. Com mais conhecimento acerca dos processos e funcionamentos, é natural que se torne mais seguro na hora de expor o que pensa e, até mesmo, de discordar de seus colegas. Sim, um dos pontos que Jim nos lembra é da importância de ter coragem para destoar de uma ordem ou consenso. Sua opinião é importante, não a guarde para si mesmo. É preciso, em casos de problema, agir rápido em busca de uma solução. Não espere que a doença se espalhe pelo corpo todo: tire aquilo que já está gangrenado.

Notas finais

Às vezes, nos sentimos desmotivados, e começamos a questionar nossas próprias habilidades. Não se deixe abater por dificuldades e desafios. No pior cenário possível, caso você descubra que, de fato, não possui as habilidades para performar nesse cargo, isso não é um demérito seu. Você pode acabar descobrindo talentos e aptidões para outras áreas que nem imaginava antes. Não desista de si mesmo.

Uma das qualidades mais importantes para um verdadeiro líder é: não espere. Não suponha que você sabe de alguma informação, que você entende como seus colegas se sentem. Não espere, pergunte agora.

Dica 12min

Agora que você sabe tanto sobre liderança, que tal ir um pouco além? Experimente nosso microbook "Além da liderança", de Leonardo Peracini e saiba mais sobre a complexidade de ser um bom líder. Já disponível aqui no 12min.