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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-85-520-0016-7
Editora: Editora Contexto
Nós, humanos, idealizamos nossa espécie. A violência é o eixo definidor das nossas relações. Ela foge ao controle e encontra novas formas de se manifestar com a mesma engenhosidade com que buscamos limites à destruição. A violência e o mal podem ser descritos como derivados da queda do homem e da ação malévola do demônio.
Apesar de os textos sagrados conterem, tradicionalmente, páginas violentas e até incitação ao ódio, o esforço de muitas religiões é na direção de controlar a natureza “degenerada” da nossa espécie.
Mas, numa lógica de pensarmos o mundo a contrapelo, como dizia Walter Benjamin, se precisamos conter a violência é porque, sem a mordaça, a tendência da boca é gritar e morder.
Ao analisar o que dizia um famoso oficial hitlerista em seu julgamento por crimes de guerra, nos anos 1960, Hannah Arendt refletiu que o mal não era algo excepcional que atacaria seres sádicos e malévolos. O mal não seria um salto ou uma quebra de humanidade. O mal era... banal.
Adolf Eichmann, alvo do estudo da filósofa, era bom pai de família e exemplar na convivência diária. Esse homem, dominantemente calmo e organizado, ordinário em muitos aspectos, foi responsável pela morte de centenas de milhares de seres humanos. A ação era monstruosa, o indivíduo era comum.
Camus fala desse estranhamento diante de um mundo indiferente, povoado de seres sem paixões e que abandonaram as grandes explicações românticas e de redenção. Mersault perdeu a mãe física e perdeu o pai simbólico: a pátria. Porém, ele não é um misantropo de fato, pois a misantropia é uma forma de paixão por si ou pelo isolamento.
Mersault é aquele que é obrigado a dizer coisas depois de Hamlet, ou seja, depois que o resto se torna silêncio. O franco-argelino vive além do horizonte sobre o qual o príncipe dinamarquês se calou. A indiferença não é mais uma opção. O outro não está mais no litoral da Argélia, ele entra na sua pequena paróquia normanda e corta seu pescoço.
Talvez por isso, todo fanático fale muito alto e grite muito. A voz alta deve tentar calar todas as vozes e, acima de tudo, o imenso grito do contraditório. O mundo lida mal com a diferença. Formamos guetos há séculos. Criamos ônibus com lugares para brancos e negros nos EUA.
Trump promete erguer mais muros na fronteira com o México, como se os latinos já não fossem parte expressiva da população dos EUA e ainda fosse possível negar a diferença. Trump encarna esse medo ancestral da diferença. Os militantes fundamentalistas exaltam como virtude tudo o que é rejeitado como um defeito grave pelos mais sensatos.
Excerto é sinônimo de trecho ou fragmento, parte de um texto maior. É uma seleção do todo, algo que recortamos com determinado objetivo. O excerto facilita, mas é tijolo de um muro. Sempre cultivamos o excerto. Para fins didáticos e de compreensão, o extrato funciona muito bem.
Na Grécia antiga, os coletadores de ideias eram chamados logógrafos. No século XII da Cristandade, Pedro Lombardo compilou quatro livros de sentenças, um manual de citações bíblicas e de teólogos. A obra alcançou imenso sucesso nas nascentes universidades ocidentais.
Pedro Lombardo elabora um sistema teológico só com frases alheias. A unidade, porém, é dada pelo coletador. Quem cita, seleciona. Se alguém contesta a validade do trecho, o polímata pode afirmar: é a Bíblia! É argumento de autoridade, infalível. O excerto oculta o vulto de um autor que não está enunciado.
É fundamental que a criança e o adolescente dominem coisas como linguagem escrita/oral e habilidades matemáticas. Serão úteis por toda vida. Porém, há dois campos que fogem à aplicação imediata. O primeiro é a educação das artes plásticas. Alfabetizamos para a leitura de textos e raramente educamos para a leitura de imagens.
Vivemos imersos num mundo visual e não nos adaptamos a isso. O desafio do olhar é intenso e o jovem quase nunca tem habilidade e repertório para julgar esse mundo de fotos e desenhos que flui pela rede. Somos, quase todos, analfabetos visuais. Levar uma criança/adolescente a um museu é algo muito importante.
Deve-se preparar a experiência mostrando algumas obras que serão vistas. Devemos dar informações lúdicas e práticas. Deixe seu filho perceber a cor ou a espacialidade. Ele deve ser livre para se expressar e não devemos julgar o parecer de imediato.
“A história me absolverá”, falou Fidel Castro ao final do seu julgamento pelo ataque ao quartel de Moncada, em Cuba. Trata-se de um argumento tradicional, empregado em momentos de derrota. Também serve para diminuir a culpa dos pais ao punirem seus filhos: “Um dia, quando você tiver filhos, irá me entender”.
Mas a história não é um tribunal, muito menos um juiz a indicar certo e errado em meio a opiniões.
O relógio no meu escritório está impávido atrás de mim e, na minha frente, na tela do computador, vejo vídeos de alunos atrasados do Enem. Fico sempre estarrecido. Como alguém que tem um compromisso decisivo na sua biografia pode se atrasar? Sim, ônibus quebram, trânsito engarrafa, chuvas acontecem.
Primeiro elemento a considerar: sou obsessivo com horários. Minha ansiedade faz com que eu chegue com antecedência a todos os locais. Sempre fui o primeiro em restaurantes, cinemas, salas de aula e aeroportos.
Segundo ponto: faço um recorte da vida a partir da racionalidade, ou seja, da capacidade estratégica de gerir perdas e ganhos e decidir a partir da razão. Penso e falo que somos senhores do nosso destino e que escolhemos como desejamos nos esculpir. Seria isso válido para todos?
Ser medalhão não é tão fácil. Há práticas a seguir: ler sobre retórica e jogar dominó, por exemplo. Há que fazer passeios pelas ruas, sempre acompanhado, evitando a solidão, oficina de ideias. Na fala, o jovem deve usar figuras como a hidra de Lerna e as asas de Ícaro, conhecidas de todos.
O jargão deve ser repetido, desde que pareça sábio: “Antes das leis, reformemos os costumes!”, frase de consenso universal e que nada expressa. O filho deve ser um membro da política para não provocar nada na política. Eis a síntese dos conselhos: “Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade”.
Datas marcantes costumam trazer consciência do local e do momento. São dias especiais, trágicos ou alegres, que condicionam tudo o que virá depois. São turning points, pontos que marcam uma virada. A história oficial também elabora seus marcos. Eles revelam muito de quem os escolheu.
Vejam a data que assinala o fim da Idade Média e início da Moderna: 1453.. A queda da cidade e a derrubada do último governante do Império Romano do Oriente foram consideradas o alvorecer da nova era.
A data é uma escolha muito ruim. Quem dormiu em Florença em maio de 1453 e acordou em junho do mesmo ano não sentiu no ar nenhuma diferença.
O Natal é processo de humanização de Jesus e de Maria. O presépio foi criado no século XIII, provavelmente por Francisco de Assis. A transformação foi aumentando. Os portais das catedrais ainda ressaltavam o Juízo Final, a terrível passagem de Mateus 25 sobre o fim dos tempos e o julgamento de todos.
Porém, dentro das igrejas, uma sorridente Nossa Senhora exibia seu filho, orgulhosa e afetiva. As crianças foram adquirindo uma representação específica. Compare uma Madona de Cimabue, uma de Giotto e uma de Rafael. Num prazo de dois séculos, surgiu, de fato, a criança como a identificamos hoje.
As crianças dominam nosso imaginário. Como cantávamos nos ônibus em excursões escolares: “Criança feliz, feliz a cantar, alegre a embalar, seu sonho infantil...”. Alguém ainda conhece essa melodia?
Um dia, Karnal foi apresentado à ideia da eternidade divina. Deus sempre existiu e sempre existirá. Era católico de formação e com uma intuição de que ninguém perde a fé lendo autores anticlericais ou ateus, mas que questionamentos pessoais levam a autores que reforcem nossa posição.
O ateísmo intelectual é buscado porque existe um sentimento de afastamento e construção de identidade distinta dos nossos pais e do nosso meio. A rebeldia filosófica e histórica pode chegar depois de uma rebeldia freudiana.
E mesmo assim, é importante que não se caiam nas armadilhas da inteligência e da fé: ninguém é melhor ou pior que outrem por ser mais inteligente ou ter mais fé em Deus.
O que se passava na cabeça de Jesus na quarta-feira da Semana Santa? Havia experimentado a maior glória da sua vida no domingo anterior. Ele fora saudado com hosanas ao filho de Davi! A cidade o recebera como a um herói. A sagrada e tumultuada Jerusalém abrira suas portas de par em par.
Jesus amava a Cidade Santa. Em Lucas 19, 41, lemos que ele chorou ao ver a cidade e antecipar sua destruição. Era uma paixão de verdade: sua maior crise de fúria tinha sido expulsar vendilhões do espaço sagrado. O gesto indicava seu zelo afetivo pelo lugar.
Ninguém reconheceria o dócil pregador do “Sermão da montanha” virando mesas e gritando. Talvez os íntimos conseguissem vislumbrar além: a cena impactante nascia do amor do Filho pela casa do Pai.
Como supomos que ele tinha capacidade de saber o que estava à frente, deveria existir um pouco de melancolia em relembrar que alguns dos que o saudaram do Domingo de Ramos estariam entre os que gritariam Barrabás na mesma semana.
Conhece a seus discípulos e, curiosamente, ama-os do mesmo jeito. Amar conhecendo é um dom único e uma generosidade épica.
Como funciona a cabeça de alguém que sabe o futuro? Eu me casaria tendo presente todos os desentendimentos futuros? Conversaria com alguém que me causaria decepção anos mais tarde? Talvez por isso seja vedado aos homens o conhecimento do futuro. Não aguentaríamos a dor da verdade pela frente.
O que falar depois de uma enxurrada de tanto conhecimento sobre diversos temas com uma fluidez e clareza tão grandes como as do fenômeno pop Leandro Karnal? Indo de diversos assuntos, da amizade à política, o autor demonstra que não é necessário ser um especialista em tudo para ter bom senso e opinião formada sobre diversos assuntos.
Ainda assim, demonstra a importância de ter como base as boas leituras de clássicos e contemporâneos para embasar nossos pensamentos. Karnal é fundamental!
Assista a 'O Que Estou Fazendo de Mim', de Leandro Karnal! ;)
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Leandro Karnal é um historiador brasileiro, atualmente professor da Universidade Estadual de Campinas na área de História da América. Foi também curador de diversas exposições, como A Escrita da Memória, em São Paulo, tendo colaborado ainda na elaboração curatorial de museus, como o Museu da Língu... (Leia mais)
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