Design Thinking & Thinking Design - Resenha crítica - Adriana Melo
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Design Thinking & Thinking Design - resenha crítica

Design Thinking & Thinking Design Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Tecnologia e Inovação e Ciência

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-7522-570-7

Editora: Novatec Editora

Resenha crítica

O fundamento: pensamento intuitivo e analítico

Os autores pretendem, além de detalhar o processo, facilitar o entendimento, por parte dos leitores, dos pilares e fundamentos por trás o Design Thinking. Nesse sentido, problematizam a afirmação, geralmente aceita, de que essa metodologia é capaz de propiciar inovações com baixos riscos.

Como isso é possível? Para começar, imagine um engenheiro e um artista trabalhando juntos. Teríamos, estereotipando a situação, um profissional atuando a partir da emoção e outro, apoiando-se na razão; um, de forma racional, e o outro, intuitiva.

Se eles pudessem entrar em um acordo, o projeto resultante certamente seria coroado de êxito. Afinal, teríamos encontrado o equilíbrio entre “pensar e agir fora da caixinha” com o “agir e pensar com ambos os pés firmemente apoiados no chão”.

Haveria, portanto, redução de riscos e, também, criatividade. Esse é, exatamente, o fundamento do Design Thinking. Equilibrar o pensamento intuitivo com o pensamento analítico.

As metodologias do DT estimulam a criação de conceitos e ideias de todos os lados, sem julgamentos prévios, enquanto enxerga a necessidade de verificar o tempo todo, de experimentar, de testar se as ideias darão certo ou não.

Pilares: empatia, colaboração e experimentação

Além dos pensamentos intuitivo e analítico, o DT é suportado por 3 pilares: experimentação, colaboração e empatia.

Empatia > imersão

Trata-se da capacidade ou habilidade de se colocar no lugar do outro, produzindo respostas afetivas apropriadas às situações de outras pessoas e não somente às suas próprias situações.

Na neurociência e na psicologia contemporâneas, a empatia é considerada uma forma de inteligência emocional, sendo dividida em 2 tipos principais: afetiva, relacionada à capacidade de experienciar reações emocionais mediante a observação da vivência alheia; e cognitiva, relacionada à habilidade de entender os pontos de vista psicológicos de outros indivíduos.

Um bom exemplo pode ser encontrado quando um bebê, ao ouvir outra criança chorar, passa a chorar também. Esse é um claro indício de nossa capacidade de dar respostas empáticas desde o início de nossas vidas.

Com o passar do tempo, tal prática é substituída por respostas mais maduras, como quando tentamos confortar alguma vítima.

Colaboração > cocriação

A colaboração, enquanto forte pilar do Design Thinking, origina-se da inteligência coletiva, manifestada no aforisma segundo o qual “duas cabeças pensam melhor que uma”. Segundo os autores, a academia tem provado que certos ditados populares possuem embasamentos científicos.

Essa afirmação demonstra que, desde os primórdios de nossa espécie, os seres humanos não nasceram para viverem sozinhos e, tampouco, para tomarem decisões sem recorrerem a segundas opiniões.

De acordo com estudos efetuados pelo Instituto de Neurociência Cognitiva da Universidade College London, as melhores conclusões resultam sempre de discussões maduras entre duas ou mais pessoas.

É necessário levar em consideração, também, que quando as pessoas envolvidas em um determinado diálogo contam com uma similaridade de bagagens, a conversa tende a se tornar monótona e a produzir decisões mais previsíveis.

Sendo assim, a colaboração no Design Thinking não deve se limitar à equipe de designers ou se restringir a uma determinada agência, mas acontecer de forma mais ampla, abrangendo leigos, usuários extremos, usuários comuns, designers e demais interessados.

Dito de outra forma, os resultados serão mais ricos quanto mais multidisciplinar for a composição do grupo.

Experimentação > prototipação

O objetivo central da experimentação é a redução de riscos. Embora utilizemos grandes quantidades de informações para garantir que os serviços que prestamos em nossos negócios sejam perfeitamente desenhados, isso não significa que estamos livres de falhas e erros.

Experimentar para verificar a adesão do público aos nossos serviços e/ou produtos é algo absolutamente indispensável. Os protótipos e testes devem acompanhar os processos desde o primeiro momento, ou seja, tão cedo quanto possível. A proposta, aqui, é experimentar e criar repetidamente.

Com efeito, os primeiros erros poderão ser eliminados logo início. Portanto, menos recursos serão empregados em soluções errôneas ou francamente equivocadas. Os protótipos (que devem ser, antes de mais nada, simples) podem ser produzidos com cartazes, bonecos de brinquedo, diagramas, papel ou, até mesmo, massinhas de modelar.

O mais importante é que eles sirvam para entender como as soluções imaginadas poderão se materializar e quais jornadas almejamos criar para esses novos serviços ou produtos.

Processo: imersão, cocriação e prototipação

Os autores estudam o DT utilizando 3 mecanismos: prototipação, cocriação (ou ideação), imersão. Todavia, cumpre ressaltar que eles não são necessariamente lineares.

É possível sentir a necessidade de prototipar/experimentar algo já na fase de cocriação ou, então, fazer uma nova imersão após o recebimento de um feedback do protótipo, à medida que cada projeto tende a possuir necessidades específicas.

Primeira etapa: Imersão

A etapa de imersão objetiva compreender a fundo as necessidades dos clientes. A melhor forma de entender situações que não estão diretamente ligadas a nós consiste em praticar a empatia.

Essa habilidade, literalmente, nos auxilia na compreensão das reações ou sentimentos dos outros, levando-nos a vivenciar situações similares, conforme mencionado no choro dos bebês. Para que a empatia seja adquirida, é necessário mergulhar, engajar e observar;

Segunda etapa: Cocriação

A fase de ideação ou cocriação objetiva levantar a maior quantidade possível de ideias a partir de fontes multidisciplinares.

Terceira etapa: Prototipação

A etapa de prototipação objetiva testar as diversas ideias nas mais variadas formas, a fim de extrair as mais acionáveis, confirmando aquelas que são mais impactantes e identificando oportunidades para futuros desenvolvimentos.

Design como ferramenta de inovação

O termo “inovação” é, curiosamente, bastante antigo. No século XIII, o vocábulo “novação” era utilizado em renovações de contratos, não tendo nenhuma relação com a criatividade, mas com a ideia de novidade, de algo recente. Ao longo dos séculos XVI e XVII, a palavra adquiriu um viés de contradição religiosa.

Sob o contexto da Reforma Protestante em curso na Europa (movimento que questionava princípios e práticas da tradicional Igreja Católica Apostólica Romana), eram trocadas acusações de “inovador”, em um sentido pejorativo próximo ao de “herege”.

Inovar nas doutrinas era visto, assim, como uma espécie de maldição. O maldito inovador era supliciado, recebendo duros castigos, como o decepamento de suas orelhas.

A transformação desse significado ocorreria apenas no século XX, quando a palavra adquiriria conotações positivas. Tal inversão de compreensão e valor foi possível graças às invenções tecnológicas. Em meados do século XX, inovação já significava progresso social ou econômico, alavancado e maximizado pela intervenção das novas tecnologias.

Durante muito tempo, o conceito de inovação permaneceu ligado às evoluções tecnológicas. Com a chegada do novo século, porém, constatou-se que muitas pesquisas haviam sido feitas a partir das inovações tecnológicas, de modo que políticas governamentais foram destinadas a esse fim e as próprias empresas privadas começaram a mostrar preocupação em mensurar progressos e encontrar novos espaços para inovar.

Iniciativas como o chamado “Manual de Oslo” (cuja finalidade era definir diretrizes para a interpretação e a coleta de dados a respeito da inovação) foram originadas dessa nova consciência.

A despeito do fato de que o Manual de Oslo tenha sido uma iniciativa essencialmente europeia (com a participação de dezenas de países do Velho Continente), os materiais produzidos converteram-se em importantes referenciais para as atividades inovadoras de nossa indústria nacional.

Diferente do termo ”invenção”, a palavra “inovação” é considerada como algo inventado ou criado para gerar valor e resultado. Uma nova invenção pode gerar patentes sem, no entanto, se concretizar em inovação. O que geralmente acontece quando ela não é desenvolvida adequadamente.

Sem embargo, as inovações são caracterizadas como tais ainda que apliquem ideias que não sejam completamente inéditas, desde que sua aplicação seja uma novidade em determinado contexto. Lembre-se que Steve Jobs não foi o inventor do acelerômetro ou do touch screen.

O que Jobs fez foi, entre outras coisas, combiná-los em um produto novo, que induzia novidades sociais e comportamentais, bem como novos modelos de negócios, com consideráveis impactos econômicos em diferentes indústrias, chegando às cadeias de fornecedores e ao ecossistema empresarial.

O achatamento de nosso mundo e os novos valores que eclodiram nessas primeiras décadas do século XXI criaram uma sociedade mais ansiosa e, sobretudo, impaciente. A globalização, por sua vez, tornou o planeta mais interligando, requerendo mudanças profundas e rápidas nas esferas sociais e econômicas.

Na atualidade, já não faz mais sentido a velha dicotomia entre desenvolvidos e subdesenvolvidos. Os próprios limites geográficos passaram a perder relevância. Esse contexto alterou a governança das empresas em algo esporádico ou temporário. Tudo o que traz propósito e satisfação para as pessoas tende a durar muito pouco.

Nos Estados Unidos, garotos em garagens demoliram grandes corporações e se tornaram bilionários do dia para a noite. A febre das startups (que pululavam ainda mais do que hoje) lançou por terra as teorias tradicionais de negócios e administração.

A previsibilidade, cujo modelo pressupõe baixos riscos, deixou de ser um claro sinônimo de sucesso. As inovações apareceram como uma luz no fim do túnel, trazendo resultados revolucionários.

Essa ansiedade, essa impaciência ocidental, talvez possa explicar as recentes ondas desse modismo. Uma vez que o entendimento sobre o DT e inovação é falha, acumulam-se negócios com iniciativas que se frustraram perante a necessidade de se tornarem “inovadoras”.

O pior de tudo é que esses profissionais não demonstraram o cuidado necessário para transformar seus modelos de negócios, processos e operações em algo sistemático.

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Quem escreveu o livro?

Uma das autoras deste livro, Adriana Melo, é especialista na arte do design e da engenharia. Unindo seus conhecimentos tanto acadêmicos quanto práticos, ela consegue trazer esse prátic... (Leia mais)

Um dos autores deste livro, Ricardo Abelheira, é especialista na arte do design e da engenharia. Unindo seus conhecimentos tanto acadêmicos quanto práticos, ele consegue trazer esse prát... (Leia mais)

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