Briga de Cachorro Grande. - Resenha crítica - Fred Vogelstein
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Briga de Cachorro Grande. - resenha crítica

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Startups & Empreendedorismo

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Dogfight: how Apple and Google went to war and started a revolution

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 9788580575217

Editora: Intrínseca

Resenha crítica

Missão à Lua

O iPhone nem sempre foi “o próximo grande lançamento da Apple”. Jobs teve de ser convencido a desenvolver um telefone. O gadget fora, de fato, tema de conversas em seu círculo mais íntimo desde o momento em que a Apple lançou o iPod, em 2001.

Mas sempre que Jobs e seus executivos examinavam a ideia mais de perto, parecia-lhes uma missão suicida. Para viabilizar a ideia, a Apple chegou a pensar em adquirir a Motorola em 2003, mas os executivos logo concluíram que seria uma aquisição grande demais para a empresa, na época.

Muitos executivos e engenheiros, empolgados com o sucesso do iPod, partiram do pressuposto de que seria como desenvolver um Macintosh em miniatura. No entanto, durante dois anos, a Apple projetou e não desenvolveu simplesmente um iPhone, mas três aparelhos totalmente diferentes.

Foram seis protótipos aproveitáveis só do aparelho que acabou sendo vendido — cada qual com hardware, software e design próprios. Muitos membros da equipe estavam tão exaustos que saíram da empresa logo depois de o primeiro telefone chegar às prateleiras das lojas.

“Era como se fosse a primeira missão espacial à Lua”, declarou Fadell, um dos principais executivos do projeto, que saiu da Apple para fundar a empresa Nest, em 2010. “Estou acostumado a certo grau de incerteza em um trabalho, mas havia tantas coisas novas ali que era simplesmente desanimador. ”

Tudo isso tornou o projeto do iPhone tão complexo que frequentemente ele ameaçava desviar os esforços da empresa inteira para si. Nem mesmo a experiência da Apple no design de telas para iPods a ajudou a projetar a tela do iPhone.

Jobs entrou em contato com Wendell Weeks, CEO da Corning, fabricante de vidros do norte do estado de Nova York e lhe disse que precisava do vidro mais resistente que existisse para a tela do iPhone. A seguir, alocou os melhores cientistas e engenheiros para fazer o projeto dar certo.

Para a surpresa de todos os envolvidos, a demonstração do iPhone feita em 9 de janeiro de 2007 foi impecável. Jobs começou dizendo: “esperei dois anos e meio por esse dia.” Em seguida, presenteou o público com uma série de casos que ilustravam por que os consumidores odiavam seus celulares.

Em seguida, resolveu definitivamente todos os seus problemas. Quase todos ali já esperavam que Jobs anunciasse um telefone, mas, mesmo assim, ficaram impressionados. Ele usou o iPhone para tocar música e assistir a um videoclipe a fim de exibir a tela incrível do aparelho.

Descobriu um Starbucks no Google Maps, e dali mesmo, do palco, ligou para lá, para provar que era impossível perder-se quando se tinha um iPhone na mão!

O iPhone é bom...

O Google, que começou em um quarto de dormitório da Universidade de Stanford em 1998, em quinze anos transformou-se em uma das empresas mais importantes e poderosas do mundo.

Seu sucesso baseia-se na qualidade dos engenheiros contratados, vindos das universidades mais consagradas.

Para desenvolver um telefone próprio, em janeiro de 2007, seus engenheiros haviam trabalhado num esquema de 68 horas por semana ao longo de quinze meses, escrevendo e testando códigos, negociando licenças de software e viajando pelo mundo todo para encontrar as peças, os fornecedores e os fabricantes certos.

Eles vinham trabalhando com protótipos havia seis meses e tinham planejado um lançamento até o fim do ano... até que Jobs subiu ao palco para anunciar o iPhone.

... mas o Android será melhor

Em questão de semanas, a equipe do Android teve que redefinir totalmente seus objetivos, pois o lançamento do iPhone estabeleceu um novo padrão, e, independentemente do que o Google decidisse lançar, o objetivo, com certeza, era superar esse padrão.

Em muitos aspectos, o projeto do Android é o reflexo perfeito da cultura simplória e caótica do Google. A maioria das empresas desencoraja ideias bizarras em favor das que sejam factíveis. No Google, principalmente naquela época, vigorava justamente o contrário.

A maneira mais fácil de conhecer o lado ruim de Larry Page, cofundador da empresa e seu atual CEO, era não pensar grande o suficiente e atravancar uma conversa perguntando quanto dinheiro uma ideia renderia.

Poucas são as pessoas que simplesmente enviam um e-mail a Larry Page e conseguem agendar uma reunião, mas naquele tempo Andy Rubin era uma delas.

Uma reunião entre os dois foi marcada e quando Page, atrasado como sempre, chegou, Rubin correu para o quadro branco e começou seu discurso: o futuro da tecnologia estava em telefones com recursos de computador, não em laptops ou desktops.

As empresas de telecomunicações temiam que o Google em breve anunciasse que se tornaria uma operadora móvel. Ainda no primeiro semestre de 2007, quando o Google anunciou a aquisição da DoubleClick, tais preocupações haviam se instalado entre os altos executivos do mundo inteiro.

Vinte e quatro semanas, três dias e três horas para o lançamento

Havia meses alguns engenheiros da Apple estavam preocupados com o desenvolvimento do Android; eles sabiam que o Google tinha muita inveja do iPhone. Jobs, porém, acreditava na parceria Apple-Google e em seu relacionamento com Schmidt e os fundadores do Google, Brin e Page.

Mais importante: o Android parecia ser o menor dos problemas da Apple no início de 2007. O iPhone começaria a ser comercializado dali a seis meses e, até lá, cada minuto seria precioso. O fato de a apresentação feita por Jobs ter sido praticamente impecável foi um alívio enorme.

Além de se tornar um ícone cultural, o aparelho passou a gerar mais receita do que a gerada pela Microsoft inteira. A Apple tornou-se a empresa mais valiosa do mundo por causa do trabalho deles.

Quando por fim começou a ser vendido, na última sexta-feira do mês, o evento teve uma cobertura na mídia global semelhante à que teriam Elvis Presley e John Lennon caso se levantassem do túmulo.

Achei que fôssemos amigos

Na época, o Google era totalmente hipócrita em relação ao iPhone e ao Android, e tinha bons motivos para isso: a empresa precisava desesperadamente colocar a ferramenta de busca Google e seus outros aplicativos nos celulares.

Vinha tentando fazê-lo havia anos, sem sucesso. Além disso, embora fossem promissores, o iPhone e o Android eram muito novos, fazendo com que a escolha de um em detrimento do outro parecesse tolice.

Assim, embora estivessem pressionando a equipe do Android, Brin, Page e Schmidt estavam, ao mesmo tempo, reforçando a equipe do iPhone no Google.

O Google tentou “roubar” alguns engenheiros importantes da Apple para trabalhar no novo navegador de internet da empresa, o Chrome. A Apple estava particularmente desconfiada dos novos dados de mapas que o Google queria do iPhone.

Um executivo da Apple afirmou que a gota d’água para Jobs foi a segunda versão do Android, lançada mais ou menos naquela época. Ou seja, quando o Android começou a oferecer a funcionalidade de zoom de imagens por meio do toque na tela e o duplo toque.

As consequências da traição

Como acontece em qualquer divórcio, os funcionários do Google e os da Apple talvez nunca cheguem a um acordo sobre como a briga começou, em que ponto a Apple passou a cortar laços comerciais com o Google e porque ela hoje processa os membros da comunidade Android pelo mundo.

Será que Jobs foi de fato traído por seus aliados, que copiaram descaradamente seu trabalho, como a Apple continua alegando anos depois de sua morte? Será que o Google foi levado a travar uma batalha com Jobs quando tudo o que realmente queria era encontrar uma maneira de se entenderem?

O que está claro é que, depois que Jobs forçou o Google a se render a ele em meados de 2008, o Google também começou a deixar de lado qualquer pretensão de amizade e, com ferocidade resoluta, concentrou suas energias na concorrência com a Apple.

O Android em toda parte

Em 2010, o Android e o iPhone travavam uma guerra de plataformas, e nessas guerras a tendência é que o vencedor fique com tudo. Quem ganha acaba com mais de 75% de participação e dos lucros do mercado, e o perdedor tem que se virar para permanecer nele.

No conflito entre a Microsoft e a Apple, a Microsoft ganhou distribuindo mais amplamente seu software, o que criou uma variedade maior de aplicativos, o que, por sua vez, atraiu mais clientes.

Sempre houve boas razões para acreditar que a disputa entre a Apple e o Google poderia não se desenrolar da mesma forma que aquela entre a Apple e a Microsoft. Para os respectivos executivos se, de alguma forma, suas plataformas móveis puderem coexistir em harmonia, será uma aberração histórica.

Mudando o mundo: uma tela de cada vez.

Não se trata apenas das duas maiores e mais influentes empresas de seus ramos travarem uma batalha de vida ou morte. A questão é a revolução móvel criada por elas ter disponibilizado, de uma hora para outra, quase 250 bilhões de dólares em receitas de algumas poucas indústrias.

Para quem estava no lado errado dessas mudanças, os últimos anos foram desagradáveis. A indústria televisiva está preocupada, pois, empresas de tecnologia como a Netflix e o YouTube estão competindo pelo mesmo público com conteúdo próprio e pressionando as taxas de assinatura mensal.

Muitos acreditam que seja apenas questão de tempo até que a Apple faça algo grandioso relacionado à TV, seja com outro aparelho inovador, seja utilizando sua enorme reserva financeira para transformar o iTunes na fonte mais atualizada e significativa de conteúdo em qualquer meio.

Uma coisa é certa: no fascinante mundo da tecnologia sempre haverá novidades instigantes e grandiosas batalhas pela inovação: é só esperar para ver!

Notas finais

Comparar qualquer um a Steve Jobs é injusto. Tim Cook, o novo CEO da Apple, tem se esforçado para ressaltar que o próprio Jobs deixou claro que não queria que ele administrasse a Apple da maneira como achava que Jobs queria, mas sim como ele acreditava que deveria.

Foi bom Jobs ter tirado o peso das costas de Cook dessa forma. O que não se sabe é o quão significativo foi esse gesto. Jobs já se foi, e os clientes, fornecedores, investidores, funcionários e fãs querem que Cook seja como ele mesmo que não o admitam.

Não o deixarão em paz com relação a isso até Cook mostrar ao mundo seu próprio novo produto revolucionário.

Dica do 12min

E aí, gostou do nosso microbook? Então, aproveite para assistir, no YouTube, empresa do Google, o momento histórico quando, em 2007, pela primeira vez Steve Jobs apresentou ao mundo o dispositivo, da Apple, que mudaria o mundo e marcaria toda uma geração: o iPhone!

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Quem escreveu o livro?

Fred Vogelstein, o nosso autor, é colaborador da revista Wired, na qual cobre a indústria de tecnologia e de mídia. Ele escreve também para o Wall Street Journal, a Fortune, além de ter artigos publicados na New York Times Magazine, no Los Angeles T... (Leia mais)

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