A Vida no Cortiço como Microcosmo Social
Em 'O Cortiço', Aluísio de Azevedo apresenta o cortiço como um microcosmo da sociedade brasileira do século XIX. Os moradores do cortiço de São Romão representam uma diversidade de origens, raças e classes sociais, refletindo as tensões e desigualdades do país. A convivência forçada e a luta por recursos escassos evidenciam a fragilidade das relações humanas em um ambiente marcado pela pobreza e pela exclusão social. Azevedo utiliza este cenário para explorar temas como o determinismo social e a influência do meio no comportamento humano, características marcantes do naturalismo.
O Impacto do Determinismo no Comportamento Humano
O naturalismo em 'O Cortiço' é fortemente influenciado pela ideia de determinismo, onde o ambiente e a hereditariedade moldam o destino dos personagens. Azevedo retrata como os moradores do cortiço são frequentemente produtos de suas circunstâncias, incapazes de transcender as limitações impostas pela pobreza e pela falta de oportunidades. Personagens como João Romão e Bertoleza revelam como ambições e desejos são constantemente frustrados por essa realidade opressora, destacando a crítica do autor à sociedade e à estrutura social que perpetua a desigualdade.
A Crítica à Formação das Elites Brasileiras
Aluísio de Azevedo utiliza 'O Cortiço' para criticar a formação e os valores das elites brasileiras. Por meio dos contrastes entre o cortiço e as classes mais abastadas, o autor expõe a hipocrisia e o oportunismo das elites que prosperam às custas da exploração dos menos favorecidos. João Romão, que começa como um imigrante pobre e se transforma em um influente proprietário, simboliza a ascensão social baseada não no mérito, mas na exploração e no acúmulo de riqueza. Azevedo sugere que a elite brasileira se forma mais pela esperteza e pela exploração do que pela contribuição positiva à sociedade, revelando uma visão crítica e pessimista sobre as estruturas sociais da época.
