A Perspectiva do Além
Em 'Memórias Póstumas de Brás Cubas', Machado de Assis inova ao narrar a história a partir do ponto de vista de um narrador defunto. Essa escolha narrativa não apenas confere um tom irônico à obra, mas também permite que Brás Cubas, livre das amarras da vida e das convenções sociais, ofereça uma crítica contundente à sociedade brasileira do século XIX. A perspectiva do além permite uma reflexão mais profunda sobre a vida, a morte e o legado que se deixa, questionando a importância das realizações materiais e sociais quando confrontadas com a inevitabilidade da morte.
Crítica à Sociedade e à Hipocrisia
O livro é uma crítica afiada à hipocrisia e às desigualdades sociais da época. Através de sua narrativa satírica, Machado de Assis expõe a futilidade da busca por status e poder, destacando os defeitos das classes dominantes brasileiras. Brás Cubas, como um membro da elite, é retratado como um personagem que, apesar de seus privilégios, não alcança grandes feitos, refletindo a inércia moral e a superficialidade das elites. Essa crítica social é um dos elementos que consolidam a obra como um clássico do realismo.
Ironia e Humor como Ferramentas Literárias
A ironia e o humor são marcas registradas de Machado de Assis, e em 'Memórias Póstumas de Brás Cubas', esses elementos são utilizados magistralmente para explorar temas complexos. Através de uma linguagem mordaz e de situações absurdas, o autor consegue tratar de questões sérias de maneira leve, tornando a crítica social mais acessível e impactante. O humor serve como uma forma de desafiar as normas sociais e desmascarar a hipocrisia, convidando o leitor a refletir sobre a condição humana de forma crítica e perspicaz.
