A Ambiguidade da Narrativa
Uma das características mais marcantes de 'Dom Casmurro' é a ambiguidade presente ao longo do romance. Machado de Assis utiliza um narrador pouco confiável, Bentinho, que conta a história de sua vida e seu relacionamento com Capitu de maneira subjetiva e possivelmente enviesada. Essa escolha narrativa gera dúvidas no leitor sobre a veracidade dos acontecimentos, especialmente em relação ao suposto adultério de Capitu. A ambiguidade serve para envolver o leitor em um jogo de interpretações, destacando a complexidade das relações humanas e a dificuldade em alcançar uma verdade absoluta.
Crítica à Sociedade Carioca do Século XIX
Machado de Assis faz uma crítica sutil, mas poderosa, à sociedade carioca do século XIX através das interações e expectativas dos personagens em 'Dom Casmurro'. A obra explora temas como o casamento, a classe social e a hipocrisia, revelando as pressões sociais e as normas rígidas que moldavam as vidas dos indivíduos na época. O autor utiliza a história de Bentinho e Capitu para expor a superficialidade e o moralismo da sociedade, questionando valores e comportamentos que muitas vezes eram aceitos sem questionamento.
O Poder da Memória e da Imaginação
Em 'Dom Casmurro', a memória e a imaginação desempenham papéis cruciais na construção da narrativa. Bentinho, como narrador, revisita seu passado e tenta reconstruir sua história com Capitu, mas suas lembranças são influenciadas por suas emoções e percepções pessoais. Machado de Assis nos mostra como a memória é falha e facilmente manipulável, e como a imaginação pode preencher lacunas e criar realidades alternativas. Essa reflexão sobre memória e imaginação provoca no leitor uma análise sobre como percebemos e interpretamos nossos próprios passados.
