O Confronto entre o Progresso e a Tradição
Em 'A Cidade e as Serras', Eça de Queirós destaca o embate entre a vida urbana, simbolizada pelo avanço tecnológico e as inovações do final do século XIX, e a serenidade da vida no campo. A narrativa demonstra que, apesar das promessas de progresso das cidades, o protagonista Jacinto acaba por encontrar a verdadeira felicidade e realização nas serras. Esta dicotomia reflete uma crítica à crença cega no progresso tecnológico como a solução para todos os problemas da sociedade, sugerindo que a simplicidade e os valores tradicionais têm seu próprio valor e importância.
A Crítica ao Materialismo e à Superficialidade
O romance critica a superficialidade e o materialismo da sociedade urbana daquela época, representada pela elite que busca incessantemente o luxo e a ostentação. Através do personagem Jacinto, que possui tudo o que o dinheiro pode comprar, Eça de Queirós ilustra como a abundância de bens materiais não se traduz necessariamente em satisfação pessoal ou felicidade. O autor sugere que a verdadeira riqueza está nas experiências autênticas e nas relações humanas significativas, contrapondo-se ao vazio que o materialismo exacerbado pode causar.
As Relações de Classe e a Opulência das Elites
O livro oferece uma visão crítica sobre as relações de classe no final do século XIX, evidenciando a disparidade entre a vida dos ricos e dos pobres. A opulência das elites é retratada como isolada e desconectada das realidades enfrentadas pelas classes trabalhadoras. Ao longo da narrativa, Eça de Queirós expõe como essa desigualdade social é insustentável e prenuncia mudanças sociais significativas. O autor usa a sátira para destacar a miopia das elites que, obcecadas pelo progresso material, ignoram as verdadeiras necessidades e aspirações das outras camadas da sociedade.
