Bom demais para ser ignorado - Resenha crítica - Cal Newport
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Bom demais para ser ignorado - resenha crítica

Bom demais para ser ignorado Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Gestão & Liderança

Este microbook é uma resenha crítica da obra: So Good They Can’t Ignore You Summary

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-6555202229

Editora: Alta

Resenha crítica

“Siga sua paixão” é um conselho perigoso

Cal Newport defende a ideia de que a chave para a felicidade não é encontrar a verdadeira vocação. Essa crença, na verdade, pode ser assustadoramente ingênua. Dificilmente se guiar por uma paixão pessoal faz com que a vida se torne algo incrivelmente mágico. 

O caminho para a realização é mais complicado do que encontrar uma resposta satisfatória para a pergunta “o que vou fazer com a minha vida?”. Quando se trata de criar uma carreira que você ama, apenas seguir sua paixão nem sempre é um conselho realmente útil. Para o autor, a dica pode até ser problemática.

Isso acontece porque deixa as coisas piores para vários profissionais, fazendo com que fiquem angustiados e mudem cronicamente de emprego. A realidade está aquém dos sonhos das pessoas. Mas se seguir a paixão não é um bom conselho, vale se perguntar o que é preciso fazer para, de fato, encontrar um trabalho que ame.

Os problemas da hipótese da paixão

O autor acredita que a sociedade encoraja a “hipótese da paixão” na busca por uma carreira feliz. Essa ideia se baseia apenas na busca daquilo que desperta sua paixão. Para o autor, a ordem é contrária. Nos apaixonamos por aquilo que fazemos quando atingimos a excelência. 

É o caso de Steve Jobs, que não era um apaixonado por eletrônica, mas que aprendeu a amar seu trabalho com o tempo. O problema da hipótese da paixão é que ela elimina o teste empírico. Em vez de testar suas habilidades e descobrir em que tem talento, você acaba julgando suas predileções de carreira por uma noção abstrata.

Em um grupo de mais de 500 estudantes, só 4% contavam com uma paixão ligada ao trabalho. Isso acontece porque a paixão, na verdade, leva tempo. É o que mostra uma pesquisa da Universidade de Yale, revelando que as pessoas mais apaixonadas pelo trabalho são as que passaram mais tempo nele.

Não seja ingênuo

O autor conta como a ideia de apenas seguir sua paixão não é só errada, mas problemática. A noção excessivamente ingênua e otimista funciona como uma base falha para lançar uma carreira. Só alimenta as fantasias vazias e idealizadas dos jovens. 

Para Cal, a difundida ideia é a razão pela qual mais da metade da força de trabalho jovem dos Estados Unidos está insatisfeita com o emprego. Às vezes, as pessoas até encontram sucesso na busca pela paixão. É o caso dos atletas. Mas o autor revela que esses casos são a exceção, não a regra.

As histórias de sucesso trazem complexidades que superam a identificação e a perseguição daquilo que gostamos. Para o autor, a motivação é fruto de três estados mentais: competência, autonomia e relacionamento. Esses ingredientes crescem por meio do trabalho e levam os profissionais a se apaixonarem pelo que fazem. Por isso, a paixão é um efeito colateral, não um protagonista.

A mentalidade do artesão

O autor acredita que o caminho para uma carreira bem-sucedida é ser bom demais para ser ignorado. Isso é feito por meio da mentalidade do artesão, na qual a excelência é atingida por meio de muitas horas de esforços repetitivos e concentrados em resultados. 

Essa mentalidade se contrapõe à mentalidade da paixão, na qual você se concentra apenas no que o mundo pode oferecer a você. A mentalidade do artesão segue a lógica inversa e se concentra no que você pode oferecer ao mundo.

Isso parte de um princípio lógico, no qual, se você quer uma carreira rara e valiosa, precisa estar disposto a entregar algo raro e valioso em troca. Para identificar se seu trabalho é bom o suficiente para praticar a mentalidade de artesão, veja se:

  • o trabalho dá oportunidades para desenvolver habilidades raras e valiosas;
  • você acredita na visão, missão e valores da empresa;
  • você precisa trabalhar com quem você não gosta.

Capital de carreira

O capital de carreira é o fruto da mentalidade de artesão. Quando bem desenvolvido, pode fazer com que você prospere até em carreiras altamente competitivas. O autor usa como exemplo a história de Mike Jackson, um investidor de energia limpa que começou a desenvolver seu capital antes mesmo de descobrir o que gostaria de fazer na carreira.

Formado em biologia pela Universidade de Stanford, ajudou um professor a pesquisar gás natural na Índia durante seu mestrado. Isso fez com que desenvolvesse valiosos conhecimentos sobre o mercado internacional de carbono. Nos Estados Unidos, o assunto ainda era desconhecido e pouca gente entendia como o comércio funcionava.

Isso trouxe oportunidade para Mike abrir a Village Green, uma empresa de capital de risco e tecnologia limpa. Em vez de seguir um padrão evidente de carreira, o investidor construiu seu capital de forma cuidadosa e persistente. Embora nunca tenha feito planos para o mercado de carbono, se manteve atento e agarrou as oportunidades.

Prática deliberada

Já passamos da metade deste microbook e o autor conta que o sucesso na mentalidade de artesão passa pela prática deliberada. Embora isso seja comum em certas carreiras de alta competitividade, como no atletismo e na música, a maior parte dos profissionais de profissões convencionais não adota a prática deliberada.

Um conceito por meio do qual é possível se guiar é a regra das dez mil horas, que diz que a maestria em algo é alcançada depois de dez mil horas de prática. Quanto mais focado estiver nas tarefas difíceis nesse tempo, mais vai ser capaz de fazer de suas habilidades traços valiosos.

Malcom Gladwell, o escritor que popularizou a regra das dez mil horas, passou anos aprimorando sua escrita no The Washington Post. Quando foi para o The New Yorker, usou o acúmulo de prática deliberada para escrever livros. Só que o capital de carreira de excelência leva tempo. Por isso, a dica do autor é ser paciente.

Autonomia e controle

Ao tentar entender as razões pelas quais as pessoas amam seus trabalhos, Cal passou a estudar os produtores de orgânicos. Seu objetivo era entender o porquê de pessoas como Ryan Voiland, um fazendeiro especializado nesse tipo de cultivo, seremapaixonadas pelo trabalho. Como o autor esperava, Ryan não seguiu uma paixão preexistente por orgânicos.

Na verdade, tropeçou nessa profissão. A paixão surgiu de forma secundária, ao se especializar na área. A decisão de mudar para a fazenda não foi impulsiva, mas fruto de um capital de carreira conquistado arduamente. O apego ao estilo de vida rural de Ryan não é só fruto de sua mentalidade de artesão e sua busca pela excelência.

Existe outro ingrediente que Cal descobriu que faz parte da equação. É o controle, que o autor passou a chamar de “elixir do emprego dos sonhos”. Pessoas que têm muito controle e autonomia para trabalhar tendem a ser mais felizes e realizadas.

A lei da viabilidade financeira

Outra pessoa estudada por Cal foi Derek Sivers, um músico e empresário bem-sucedido. O músico revelou a importância de um projeto financeiramente sustentável, mesmo quando somos criativos e inconformistas. Sua regra é buscar sempre o que o assusta e não o que o sobrecarrega.

Para Derek, o princípio mais importante é produzir apenas aquilo que as pessoas estão dispostas a pagar. Isso também vale para ramos alternativos, como a arte e a música. Só que prosperar apenas para ficar rico não é o objetivo. Para o músico, o dinheiro é um indicador de valor neutro e transparente.

Ao visar ganhar dinheiro, você está visando em criar mais valor. Essa é a “lei da viabilidade financeira”, que diz que as pessoas precisam estar dispostas a pagar por uma ideia para que ela seja atraente o suficiente para ser perseguida. Hobbies estão livres dessa regra. Derek conta que, se quer aprender a dar um mergulho subaquático, não quer saber quanto as pessoas pagam por isso.

Encontre sua missão

Após entrevistar um professor de biologia de Harvard chamado Pardis Sabeti, Cal descobriu mais uma estratégia para se apaixonar pelo trabalho. O autor notou que o que fazia o acadêmico amar seu trabalho como biólogo era uma missão clara e convincente. Seu emprego tinha um propósito.

Pardis extraía de seu trabalho a energia para abraçar a vida. A missão era nobre: usar a tecnologia para combater doenças. O propósito é uma ferramenta poderosa que pode guiar a carreira. Se você sente que o que você faz é realmente importante, as dificuldades passam a fazer pouca diferença.

As missões de carreira são inovações aguardando para serem descobertas. Embora a carreira em Harvard seja extremamente exigente, a missão de Pardis de salvar vidas o mantinha de pé. Sua carreira prova que a paixão surge apenas depois de anos de trabalho. O professor passou por áreas como Medicina e Matemática, até descobrir seu talento para a pesquisa.

Saia do campo das ideias

Ainda que você tenha um bom capital de carreira, vai precisar sair do campo das ideias e ir para a prática. Esse salto é desafiador. Por isso, nem sempre entrar de cabeça é a melhor ideia. Um dos segredos de inovadores de sucesso, como Steve Jobs, é fazer pequenas apostas metódicas.

Com experimentações ponderadas, é possível descobrir qual é o melhor caminho. Por uma série de pequenos fracassos e vitórias, os inovadores chegam à vitória final. O segredo é dar pequenos saltos da ideia à prática, sendo estratégico nos seus movimentos. Uma das medidas aqui é a “lei da notabilidade”, quando a sua ideia tem uma roupagem que motiva as pessoas a falarem sobre ela.

O autor conta que a usou em seu próprio livro. Se escrevesse sobre “como recém-graduados podem ingressar no mercado de trabalho”, ninguém ligaria. Em vez disso, trocou a roupagem por “como seguir sua paixão é uma proposta fracassada”.

Trabalhar certo é melhor do que encontrar o trabalho certo

O melhor caminho pode ser trocar a busca apaixonada por empregos fantasiosos por uma proposta mais simples: focar nas tarefas atuais e concluí-las bem. Abandonar as comparações esgotantes entre o emprego atual e um mágico trabalho futuro pode ser libertador. Uma boa vida profissional é uma experiência mais sutil do que as fantasias que criamos.

Por isso, o autor defende que trabalhar certo faz mais sentido do que encontrar o trabalho certo. Você talvez não precise achar a profissão ideal para descobrir a felicidade, mas descobrir a melhor abordagem no trabalho que já está disponível.

Essa ideia supera décadas de orientação de carreira popular relacionada ao valor místico do direcionamento pela paixão e coloca em segundo plano a ilusória ideia de que a felicidade no emprego surge do dia para a noite. Em vez disso, passamos a ter um olhar mais sóbrio para o mundo profissional e a nos dedicar para construir as suadas habilidades raras e valiosas.

Bom demais para ser ignorado

Um conselho mais prudente do que “siga sua paixão” é “torne-se excepcional em algo”. Essa é a receita para uma carreira significativa e lucrativa. A ideia de que as pessoas nascem com talentos e paixões naturais que servem como guias confiáveis para a carreira é falsa.

O autor defende que devemos apostar em uma combinação de prática deliberada, projetos desafiadores e networking. Outro ingrediente é a busca de um trabalho alinhado com os próprios valores e objetivos. Dê prioridade para o que tem alguma conexão com você e que traz autonomia para que você possa trabalhar com liberdade e controlar as condições.

Por fim, seja paciente e tenha coragem para perseverar em situações desafiadoras. A garra é um bom preditor de sucesso. Tudo isso pode ser resumido em quatro regras para uma carreira bem-sucedida.

  1. Não siga sua paixão.
  2. Seja bom demais para ser ignorado.
  3. Recuse uma promoção (ou escolha um trabalho no qual você pode controlar as condições).
  4. Pense pequeno, aja grande.

Notas finais

Cal Newport trouxe uma profunda e contraintuitiva abordagem para a realização profissional. Em vez de simplesmente seguirmos a sabedoria convencional e nos guiarmos pelas paixões para alcançarmos o sucesso e a felicidade, podemos apostar no desenvolvimento de habilidades valiosas e na busca pela maestria.

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Quem escreveu o livro?

Cal Newport é professor associado de ciência da computação na Universidade de Georgetown, especialista na teoria dos algoritmos distribuídos. Ele já obteve seu Ph.D. do MIT em 2009 e formou-se no Colégio Dartmouth em 2004. Além de estudar os fundamentos teóricos da nossa era digital como professor, Newport também escreve sobre o impacto dessas tecnologias no mundo do trabalho. Seu livro mais recente, Deep Work (Grand Central, 2016), argumenta que o foco é o novo I.Q. na economia do conhecimento, e que os indivíduos que cultivam sua capacidade de concentração sem distração prosperarão. Na publicação, o Deep Work tornou-se um bestseller instantâneo do Wall Street Journal e recebeu elogios na New York Times Book Review, The Wall St... (Leia mais)

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