Amar e Ser Livre - Resenha crítica - Sri Prem Baba
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Amar e Ser Livre - resenha crítica

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Sexo & Relacionamentos

Este microbook é uma resenha crítica da obra: 

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 852203169X, 978-8522031696

Editora: HarperCollins

Resenha crítica

Por que existe tanta repressão em relação à sexualidade

Geralmente, as religiões, que possuem grande influência no imaginário de boa parte da sociedade, não concebem harmonia entre sexo e espiritualidade de acordo com o autor.

O problema é que esse fato não faz sentido algum, porque espiritualidade é sinônimo de integração.

A sexualidade vai muito além da união dos órgãos sexuais: ela é a movimentação da energia vital no seu corpo.

Ela permeia e influencia toda a sua existência, pois é a expressão mais básica da própria vida.

Sendo assim, se você quer saber onde está a sua vida, olhe para a sua sexualidade.

Se a sua sexualidade está imersa no mundo da fantasia, sua vida está nesse mesmo lugar.

Se está reprimida, sua vida está reprimida.

Por todas essas implicações, é esperado que se negarmos o sexo, automaticamente estamos negando uma parte de nós mesmos.

Então, porque existe uma separação tão extrema entre espiritualidade e sexualidade?

Por medo.

Nós temos medo do poder da sexualidade e de perdermos o controle ao entrar em contato com ele.

Muito desse medo é explicado historicamente.

Durante uma fase da evolução da consciência humana, a sexualidade começou a ser reprimida, porque sua expressão era um canal para manifestação de brutalidade, crueldade e animalidade entre as pessoas.

Valores como respeito e gentileza quase não existiam nesse período.

Então, por conta da incapacidade do ser humano de lidar com suas sombras, o sexo, enquanto expressão natural da vida foi deturpada por muito tempo.

Como consequência direta disso, a energia vital foi distorcida, gerando um elo entre a dor e o prazer, mais conhecido como sadomasoquismo.

Por que há tanto sofrimento nos relacionamentos

No velho modelo, ao buscar um relacionamento, queremos alguém que possa, na maior parte das vezes, reafirmar o nosso ego.

O outro funciona como um espelho que reflete a sua realidade.

A todo momento estamos na frente desse espelho perguntando "espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu?”

E a resposta que esperamos é: “não, você é a pessoa mais bela desse mundo".

No entanto, quando o espelho responde: “sim. Branca de neve é mais bela”, deixamos o romantismo de lado e nos transformamos em feras.

Basta receber um “não” que o ódio ressurge das profundezas e queremos crucificar o outro.

Nesse modelo, o outro é também um canal de expurgo do nosso ódio.

Estamos carregados de ódio e vingança e precisamos de alguém em quem descarregar essa energia.

Caso contrário, implodimos.

A outra pessoa é um canal de alívio e de tortura, o que, muitas vezes, é disfarçado de amor.

Dizemos “eu te amo”, mas tiramos todo o poder do outro fazendo ele se sentir inseguro.

Fazemos com que ele não acredite no seu próprio poder.

Somos infelizes e queremos alguém para botar a culpa.

Então, o casamento se transforma em um campo de batalha, por meio do qual podemos, no máximo, reeditar nossas feridas infantis.

É por isso que, no modelo antigo de casamento, não há espaço para uma união autêntica, já que ficamos a maior parte do tempo buscando a alegria passageira que nasce da satisfação do ego.

Porém, é impossível sustentar essa mentira por muito tempo.

As máscaras começam a cair.

Elas estão buscando algo, mas não sabem realmente o quê.

Na verdade, elas estão procurando uma parte de si mesmas no outro e se iludem com a ideia de que essa pessoa é a fonte da felicidade.

Essa ideia é a grande fonte de sofrimento nas relações.

Para que os relacionamentos realmente servem

Se a vida como um todo é uma escola, os relacionamentos são a fase da universidade dentro disso.

Por meio deles temos a chance de amadurecer os valores humanos que possibilitam a nossa evolução.

O outro, independentemente de quem seja, sempre funciona como um espelho que reflete partes de nós mesmos que não estamos enxergando.

Às vezes, o outro reflete aspectos luminosos da nossa personalidade, e às vezes, os aspectos sombrios.

Geralmente, evitamos entrar em contato com a nossa natureza inferior que ainda não aceitamos.

Então, o outro reflete essas partes que estamos, de alguma maneira, negando em nós mesmos.

Apesar disso, para que essas partes renegadas possam ser integradas, elas precisam ser identificadas.

Por isso, as relações, representam um aspecto fundamental para a evolução da consciência humana.

Mecanismos de Sabotagem nos Relacionamentos

Existem diversas formas como nós mesmos prejudicamos nossos relacionamentos na visão do mestre espiritual.

Algumas vezes são premissas equivocadas, outras, comportamentos desalinhados com aquele propósito primordial dos relacionamentos.

Vamos comentar sobre alguns deles a seguir.

Síndrome de "Walt Disney"

Apesar do apelido da síndrome ser uma brincadeira, ela é algo muito sério.

Existem muitos buscadores espirituais comprometidos em encontrar uma companhia e ter filhos, acreditando que por meio desse combo encontrarão felicidade duradoura - daí o nome do criador do Mickey Mouse.

Entretanto, isso é um equívoco segundo o Prem Baba.

Na verdade, isso é muito mais um condicionamento social que vem acontecendo há vários séculos passando de geração a geração.

Infelizmente, muitos entram em conflito quando não correspondem às expectativas da família ou da sociedade.

Quando correspondem, daí o problema passa a ser a frustração por não estar realizando seus próprios sonhos.

Se todos pudessem, de fato, seguir o caminho do coração, provavelmente, o número de crianças encarnadas iria diminuir muito.

Você deve concordar que é injusto trazer um ser para este planeta somente porque quer alguém para cuidar de você ou por qualquer outro motivo que nasça de alguma carência ou condicionamento imposto, não é verdade?

Nesse modelo, você está jogando contra si mesmo e dificultando a própria libertação.

Sadomasoquismo

A principal característica desse jogo é o seguinte: ora somos o sádico, ora somos o masoquista.

Estando no papel do sádico, agredimos o outro com o nosso falso poder e humilhamos o outro para dominá-lo.

O agressivo age com posturas pseudo-independente do tipo "eu não preciso de você", "tô nem aí", "o meu jeito é sempre o melhor" e variações.

Com essa atitude, ele quer tacitamente criar uma dependência no outro.

Já no papel de masoquistas, usamos a própria humilhação para ganhar poder.

A estratégia é se vitimizar para evidenciar o quanto o outro é cruel e culpado pela nossa infelicidade.

Nesse teatro, fingimos ser mais frágeis do que somos, nos afastando da responsabilidade de buscar a própria felicidade.

Independentemente da estratégia ser a ativa ou a passiva, ambas visam a dominação.

No fundo, o objetivo é ter nossas expectativas atendidas pelo outro, o que é um beco sem saída.

Fantasias sexuais

Tome consciência das suas fantasias e tendências sexuais.

Elas dão pistas muito claras de como ocorreu o bloqueio da energia vital, afirma o Baba.

Como citado anteriormente, boa parte das angústias que vivemos têm base na repressão sexual.

Essa repressão comumente se manifesta na forma das fantasias sexuais.

Embora seja um tema delicado por abarcar muitos tabus e vergonhas, esse estudo é muito importante e tem o intuito de encontrar as soluções para problemas aparentemente não relacionados.

Não importa se o problema é financeiro, profissional ou de saúde, a raiz pode sim estar nessa repressão.

Como exemplo, um homem que o autor atendeu tinha a fantasia de transar com duas mulheres ao mesmo tempo.

Depois de fazerem as devidas investigações psicológicas, o que o rapaz queria no fundo era harmonizar os papéis das duas mulheres que o criaram, a mãe e a tia.

Isso porque, ele era disputado frequentemente por ambas e guardava certa culpa por essa confusão.

As fantasias sexuais sempre revelam aspectos da consciência que ainda não foram devidamente integrados.

Tendências Sexuais

A compulsão por variedade, esfriamento do fogo erótico, isolamento e envolvimento imediato com alguém por atração inconsciente são mecanismos de sabotagem dos relacionamentos também.

Vamos examinar cada um deles.

Compulsão por Variedade

Por conta da repressão sexual, muitas vezes não é possível se comprometer em um relacionamento monogâmico.

Ocorre que a pessoa que foi muito reprimida tem curiosidade de conhecer aquilo que foi proibida de fazer.

Com isso, a variedade sexual acaba sendo um alívio para ela.

Então, se você se encontra nesse estágio, o melhor é não se comprometer até que esse ímpeto se dissolva.

Se já estiver comprometido numa relação, a variedade pode aparecer pela sua vontade ou do seu parceiro de conhecer outras pessoas.

Talvez, vocês tenham curiosidade de ver se "a grama do vizinho" é mais verde mesmo.

Quando isso acontece, o impulso de controlar o outro geralmente surge na expectativa de evitar um sofrimento maior.

Acreditamos que não daremos conta de deixar a pessoa ir embora e somos tomados pelo medo da solidão.

Então, começamos a usar todo o nosso repertório para "forçar" o outro a nos amar, desejar e a querer estar conosco.

Porém, isso é uma sabotagem, uma ilusão.

Não podemos prender nenhuma pessoa.

Se assim tentarmos, ela ficará com raiva de nós e, provavelmente, tentará se vingar pelo fato de não estar fazendo o que quer fazer.

Assim, estaremos criando no mínimo mais um sofrimento desnecessário para nós mesmos e para a pessoa envolvida.

Deixe o outro realmente livre.

Talvez ele faça a experiência que precisa fazer e volte.

Se há amor, ele vai voltar.

Obviamente, estaremos correndo um risco e isso faz parte da vida.

É possível que ele esteja ainda muito distante de ter qualquer insight a respeito do amor e a vida o leve para longe e não volte.

Assim, a vida segue.

O mais importante do processo é ver as belezas e as misérias do outro, sem fechar o coração.

Isso não deve ser razão para deixar de amá-lo.

No mais profundo, você está acolhendo partes em você que antes também não amava.

Esfriamento do Fogo Erótico

Paradoxalmente, outro obstáculo para a prosperidade dos relacionamentos é o casamento.

Mais especificamente, o ideal criado ao redor do casamento e da família.

Em vez de promover a união, o casamento tem sido um grande inimigo do amor, porque a força erótica e a curiosidade que nasce quando os amantes se encontram geralmente morre quando eles se casam.

Isso acontece porque, realizamos a nossa fantasia de ser "o único e eterno proprietário do outro".

Em outras palavras, a brincadeira perde a graça.

Eros é a paixão, ela vive do mistério, do desvendamento constante da alma.

A obrigação, a rotina da convivência diária e a acomodação acabam justamente com ela.

Nesse contexto, passamos a acreditar que não há mais nada a ser desvendado.

Assim, perdemos o interesse e, consequentemente, a motivação de nos descobrirmos por meio do parceiro.

Normalmente, isso acontece porque a relação esbarra em algum ponto que ativa a vergonha, a mágoa ou ressentimento.

Em mais detalhes, quando se chega em um ponto que pede a revelação de algum aspecto sombrio da nossa personalidade que não queremos mostrar a ninguém, nem a nós mesmos.

Assim, o canal da revelação se fecha.

Portanto, se não estamos dispostos a lidar com a sombra, eros vai se recolher.

Lidar com a sombra significa não ter medo de se revelar, de nos mostrarmos para o outro.

A principal desculpa usada para não realizar a integração da sombra, geralmente, é a mágoa e o ressentimento.

Tomados por esses sentimentos, nos fechamos e perdemos a admiração pelo outro.

Assim, aos poucos, Eros morre de fome e nós acabamos indo procurar outra pessoa ou ficamos com a mesma esperando a morte chegar.

Pessoas Celibatárias "Espiritualizadas"

Outra barreira para a vivência plena dos relacionamentos é a máscara da "espiritualização".

O pseudo sereno, que veste essa máscara, se comporta como se estivesse acima dos outros e das coisas mundanas.

Os relacionamentos surgem também nesse contexto para testar onde estamos na jornada.

Isso acontece porque alguns aspectos da nossa personalidade que precisam ser integrados serão somente ativados por meio deles.

Muitas vezes queremos nos dedicar mais às práticas espirituais e austeridades, mas a vida nos traz uma paixão ao invés disso.

Está tudo bem.

Ainda assim, essa experiência pode ser sentida como uma queda, porque tomamos consciência das nossas limitações de consciência, apesar de termos um vislumbre de abertura do coração.

O Prem inclusive cita um caso em que um buscador espiritual ficava inconformado de ter que "voltar para o mundo" depois de estar acessando algumas experiências de consciência mais expandida.

Diante disso, o mestre espiritual recomendou que o rapaz fosse namorar.

Mesmo contrariado, ele aceitou a sugestão e colocou em prática.

Dentro do relacionamento ele se deu conta de uma profunda raiva que estava enterrada no seu subconsciente.

Ele justamente fugia de relacionamentos, porque tinha o ímpeto de matar as pessoas por quem se apaixonava.

Em suma, várias sombras podem estar disfarçadas pela máscara da mais profunda bondade e da mais elevada iluminação.

O fato é que ninguém está livre da escola dos relacionamentos, porque todos se relacionam.

Se você tenta matar aula ou fugir da escola, é porque, provavelmente, está cansado de tirar nota vermelha.

Alguns chegam ao ponto de precisar trancar a matrícula e tirar férias.

Porém, enquanto carregar imagens e projeções, você está preso, não importa onde esteja.

Só quando puder dar a volta ao mundo e não se apegar a nada, aí sim você estará livre.

Você também não precisa necessariamente se envolver ao sentir atração

A atração bate à porta quando menos esperamos, mas devemos estar atentos para não nos enganar.

Diante disso, não precisamos nos envolver com toda pessoa por quem nos sentimos atraídos.

Ao contrário, essa atração deve primariamente servir como material de estudo de autoconhecimento.

Façamos uso da auto-observação para identificar o que em nós está sendo polarizado dessa pessoa.

O que estamos buscando nela que não estamos encontrando em nós mesmos neste momento?

Pode ser necessidade da alma, mas também um vício ou uma carência que só você mesmo pode reparar.

Por que você tem que pegar a beleza física do outro para você? Será que isso não indica um trabalho de auto-estima que precisa ser feito internamente?

A propósito, esse caso de atração é bem comum.

Ao nos deixarmos simplesmente sermos levados pelo impulso da atração, sem avaliarmos sua natureza, podemos mais uma vez nos sabotar nos relacionamentos.

Há vezes em que sentimos atração, porque nossa alma precisa viver uma experiência diferente para poder expandir.

Para distinguir uma situação da outra é uma questão de autoconhecimento.

Somente o tempo traz a maturidade para discernirmos entre o vício ou a necessidade real da alma.

Em qualquer dos casos, quando a vontade surgir, faça uma auto avaliação honesta para identificar o que sua alma precisa para expandir nesse momento.

É se aprofundar numa relação, variar ou ficar sozinha?

As três possibilidades são válidas.

O importante é não se enganar, ou seja, não ficar sozinho para fugir de relacionamento ou buscar variedade para fugir do aprofundamento.

Se você precisa da variedade, mas sente culpa por conta da moral e da própria repressão, relaxe.

Essa não é a sua hora.

Tentar se aprofundar num relacionamento sem autenticamente querer isso no coração pode trazer apenas mais dor.

Você não tem condições nesse momento.

Aceite que esse é o lugar onde você está.

Não queira estar onde não pode estar, porque isso é uma das coisas que mais dificulta a expansão da consciência.

Como se Libertar das Feridas Emocionais

A libertação das nossas mágoas é fundamental para a saúde dos relacionamentos, de acordo com o psicólogo.

Essa cura ocorre por meio do perdão e da gratidão.

Isso somente é possível quando compreendemos aquilo que ainda não aceitamos em nossas relações familiares, em especial com nossa mãe e com nosso pai.

A mãe, portanto, é o primeiro portal de estruturação da consciência.

O segundo portal é o pai, pois ele é reconhecido mais tarde.

O terceiro portal é Deus, que, geralmente, é uma projeção dos pais, uma representação mental.

Esses são os três portais que estruturam a consciência, por meio dos quais podemos descobrir nossa verdadeira identidade.

Estamos falando do negativo, do positivo e do neutro que são expressões da natureza.

Quando nos harmonizamos com essas três forças, a purificação se completa e podemos nos tornar um canal puro da expressão da consciência divina.

Portanto, todo o trabalho de cura se inicia com uma investigação sobre como está a relação com a sua mãe, pois ela é o portal número um, afinal ela te trouxe para essa a existência.

A relação com a mãe é um instrumento de aferição tão preciso quanto a sexualidade.

Depois do portal da mãe, o portal do pai vai sendo acordado aos poucos, de acordo com o desenvolvimento do ego.

Porém se você sente ou deduz, pelos sintomas na sua vida, que o portal mais desarmonizado é o do pai, é possível iniciar esse trabalho de cura por ele, pois um portal conduz ao outro e vice-versa.

Independentemente de qual portal você esteja precisando trabalhar, o remédio continua o mesmo, isto é, perdão e gratidão.

Para isso, é preciso compreender exaustivamente a sua relação com essas figuras que fizeram parte da sua formação e liberar os sentimentos negados que sustentam a identificação com a criança que acredita não ter sido amada na infância.

Exercícios para a Cura

A prática consiste em observar se o amor está fluindo livremente na direção do sagrado feminino, que é a sua mãe.

Simples e poderosa, esta prática costuma gerar resistência, porque leva a espaços internos carregados de memórias antigas.

Na prática, é importante se recolher durante o processo.

Programe-se para evitar distrações e conversas desnecessárias pelas próximas 24 horas, para não desperdiçar a energia que pode ser usada em sua cura.

De olhos fechados, respire profundamente e deixe a imagem da sua mãe vir à sua mente e sinta:

  • Seu coração está aberto para ela?
  • Você sente que pode fazer uma reverência em agradecimento por ela ter te trazido ao mundo?
  • Você consegue relacionar no seu corpo essa vibração de gratidão ou é apenas algo no plano racional? Avalie se é apenas uma expressão da máscara do bom menino ou boa menina.

Pergunte-se e responda com sinceridade:

  • Tenho alguma vergonha, mágoa ou raiva dela?
  • Gostaria que ela fosse diferente em algum aspecto?
  • Como ela me tratou quando criança? Ela esteve sempre presente? Ela me acolheu, protegeu, deu carinho e amor?

Durante essas 24h de recolhimento e reflexão, repita o nome como chamava sua mãe na sua infância, seja mãe, mamãe, mainha e etc.

Repita-o como forma de intensificar o processo de reflexão e acessar arquivos que estão mais profundas no consciente e subconsciente.

Geralmente, não sentir nada pode ser sinal de amortecimento, ou seja, uma proteção para não entrarmos em contato com os verdadeiros sentimentos.

Permita-se quebrar essa “normose”, essa manifestação passiva da raiva que nos dá a sensação de que está tudo “normal”, como uma anestesia.

Diante disso, é preciso ter coragem para encarar as partes desagradáveis na nossa história e aceitá-las com tranquilidade.

Nesse processo, passamos a aceitar quando podemos encarar e compreender.

Parte dessa dinâmica, muita vezes envolve liberar sentimentos estancados.

Se emergirem conteúdos internos, escreva uma carta simbólica para sua mãe.

A escrita ajuda muito na liberação emocional, pois também é uma forma de catarse.

Escreva tudo do jeito que vier, sem filtros, mesmo que seja como um “vômito”.

Nela, você poderá expressar tudo o que nunca teve coragem de falar, colocando para fora aquilo que está realmente engasgado.

Porém, não envie a carta.

Na maioria das vezes, você está se comunicando com uma imagem, não com pessoas reais.

Se você entregar a carta, ela pode não entender muito bem seus sentimentos e isso só aumentaria a separação entre vocês.

Ao invés disso, queime a carta depois de um tempo, quando sentir que já liberou os sentimentos ali expressos.

Lembre-se, expressar tudo por escrito é essencial para elaborar seus conteúdos e ventilar uma parte do seu ser pouco acessada.

O diálogo com a pessoa em questão, se houver maturidade de ambas as partes, também é um poderoso instrumento.

Muitas vezes, conversando com a pessoa, você descobre o que é verdade, mentira ou só imaginação.

Mas quando isso não é possível, o melhor instrumento é a carta.

Por último, repita o processo com foco no seu pai no dia seguinte.

Se acontecer de você focar no portal da mãe inicialmente e acabar abrindo o portal do pai ou vice-versa, está tudo bem.

Se assim for, apenas troque o mantra para “pai” e siga os mesmos passos.

Esse processo de amadurecimento da criança ferida não ocorre de uma hora para outra, mas de forma orgânica e natural.

Repita o processo sempre que identificar pontos de conflito no relacionamento com seu parceiro e avalie se tem a ver com seus pais.

Como viver o novo modelo de Relacionamento

Em primeiro lugar, é preciso nutrir admiração pela outra pessoa e abrir o jogo sobre suas mágoas e vergonhas.

Conforme já explicado anteriormente, Eros é alimentado pela intimidade e curiosidade pelo outro.

Para o casal ter sucesso nesse processo é importante se comprometerem a reservar pelo menos um horário da semana para um encontro lúdico.

Esse é um momento especial para o casal sair da rotina e usar a criatividade para vivenciar uma experiência diferente, cultivando o namoro e a amizade.

Esse ritual é uma forma sair da mesmice, que é a principal barreira para a paixão.

Nesse dia ou horário, é bom que o casal se resguarde de qualquer interferência externa, obrigações ou tensões.

Para o encontro não acabar virando uma rotina, ele deve sempre possuir alguma novidade.

Acima de brigas, ciúmes ou qualquer conflito que possa estar ocorrendo na relação, o casal então deve aproveitar o momento para fazer o seguinte exercício.

Exercício de Reconciliação

Num clima de serenidade, o casal se senta um de frente para o outro.

Em seguida, olham-se nos olhos e começam a respirar juntos.

Então, trazem à consciência e refletem sobre aquilo possuem medo de compartilhar para o outro por alguma razão.

Logo depois, o casal avalia se querem compartilhar esse conteúdos.

Tudo isso sem julgar, sem condenar, criticar ou cair nas próprias mazelas da insegurança, controle, medo, etc.

Muito pelo contrário, com honestidade, gentileza, amor e consideração pelo outro.

Na medida em que se sentir mais seguro, abra-se um pouco mais e compartilhe.

Esse é um precioso exercício para os parceiros que aspiram ao Novo Casamento.

A vantagem é que ele pode ser realizado a qualquer momento que surgir uma desafio e ser incorporado aos códigos especiais que os casais costumam criar no relacionamento.

Sempre que se perceber fechado ou magoado, chame a outra pessoa, sente-se diante dela, olhe nos seus olhos, cheque se está aberto no momento e fale do que te incomoda.

Para dar certo é preciso bastante maturidade. Vai dar trabalho limpar o coração, derramar lágrimas não derramadas, colocar para fora protestos não enunciados e arrumar a casa inteira.

No início pode parecer mais difícil do que é, mas é perfeitamente possível acordar Eros de novo se houver disposição de ambos.

Porém, se alguém do casal já estiver se apaixonado por outra pessoa fora do relacionamento, então é tarde demais.

Alguns casais, depois de um tempo de separação, acabam voltando a ficar juntos, mas, nesse caso, é como se fosse uma nova relação.

Eles já tiveram tempo para elaborar, compreender e perdoar.

Já tiveram a oportunidade de viver o que precisavam viver.

A Solidão é essencial

Um dos pontos principais a ser compreendido para vivenciar o novo modelo de relacionamento é que você não pode ficar com o outro se não puder ficar consigo mesmo.

Se você quer realmente transitar do velho para o Novo Casamento, é preciso aprender a se observar, a meditar e a contemplar.

Isso porque a solidão é uma condição para a autorrealização.

Essa é uma questão que precisa ser profundamente compreendida, para que não haja erro de interpretação.

A solidão ou a renúncia da família, do casamento, dos filhos ou do mundo é um dos aspectos da entrega espiritual.

Em algum momento da jornada, isso acontece naturalmente.

Na Índia, isso é muito comum.

Em determinado estágio da vida, a pessoa abandona a família, o trabalho e os filhos e se retira do mundo.

Trata-se de uma prática muito antiga, baseada nas escrituras védicas, que já é parte da cultura.

Porém não podemos simplesmente copiar esse modelo, pois a estrutura mental de um ocidental é completamente diferente da estrutura de um oriental.

O autor costuma dar o exemplo da criança que brincou o suficiente com o brinquedo e já não quer mais brincar.

Ela não deseja brincar, mas também não rejeita o brinquedo.

Isso é uma transcendência.

Por outro lado, se você ainda tem vontade de brincar e não brinca ou se opõe por alguma razão, isso é uma repressão.

Da mesma forma, ao condenar o sexo, você fica preso a ele.

Ao compreender sua sacralidade e o seu papel no jogo evolutivo, você se liberta dele, ou seja, você deixa de precisar dele.

Não por oposição, mas porque você transcendeu a identificação com o corpo.

Nos dois casos, o resultado visível é o mesmo, o de não brincar, muito embora as disposições internas sejam opostas.

Com isso em mente, fica claro que renunciar não é fugir.

Afinal, não é possível transcender o mundo fugindo da vida, mas sim vivendo a da forma mais plena possível.

Portanto, valorize a solidão.

O Sexo não precisa acabar em orgasmo

Aqui entra outro conhecimento chave, que é a renúncia das expectativas.

É preciso aprender a navegar na sabedoria da incerteza.

Isso significa não imaginar ou se prender a um desfecho determinado para as situações.

Quando não espera que as coisas aconteçam de uma certa maneira, você se abre para o campo das infinitas possibilidades.

Essa chave é muito importante, porque nos liberta da necessidade de ter que chegar em algum lugar dentro do relacionamento, mais especificamente dentro do ato sexual.

Em relação a ele existe esta crença profundamente arraigada de que é obrigatório chegar ao orgasmo.

Isso, naturalmente, gera uma ansiedade em alcançar o ápice da excitação, até o ponto em que é inevitável voltar atrás.

Em razão disso, muitos pessoas se sentem frustradas por não conseguirem chegar ao orgasmo com facilidade.

Sem nos aprofundarmos muito nesse aspecto, é sugerido ao casal que está buscando viver um novo relacionamento que procure se libertar dessa meta estipulada pela mente coletiva.

Estando presentes, abertos, atentos aos sinais que se manifestam na interação de energia entre os dois e, principalmente, livres da obrigação do orgasmo, é possível perceber que a energia sexual cresce e oscila, sobe e desce.

O fogo aumenta e diminui, até que um outro tipo de êxtase, um outro tipo de orgasmo possa se manifestar, que é sutil, interno, sem ejaculação e não gera perda de energia.

Nesse momento, os parceiros podem se sentar um ao lado do outro para meditar.

A meditação integra e harmoniza a energia, criando uma sintonia luminosa entre os parceiros.

Ela é feita nesse momento específico que o casal escolhe para explorar a sexualidade. O tempo não precisa ser determinado.

Então, no final do ato sexual, ainda nus, procurem fechar os olhos e sincronizar a respiração.

Por fim, observem o vazio entre os pensamentos, até sentirem que é hora de parar.

Liberdade é a palavra

A liberdade é a qualidade máxima dentro do novo casamento.

É preciso estar livre, inclusive, das regras criadas dentro do velho modelo.

Não podemos nos prender a formatos e aos "tem que ser assim".

Opostamente, devemos estar livres para seguir o caminho do coração.

Isso significa estarmos abertos para verdadeiramente conhecer o outro.

Nossa tendência ao encontrar alguém é imediatamente inserir a pessoa dentro do nosso sonho, das nossas expectativas.

Isso só gera frustração e encerra a possibilidade de sabermos o que o outro tem a oferecer.

Não queira automaticamente morar junto, casar, ter filhos.

Inclusive, é sugerido que os casais avaliem a real necessidade de morar juntos.

Viver em casas separadas pode ser uma ótima ferramenta para ajudar na transição do velho para o novo casamento, para manter a paixão mais acesa.

A prova final dentro disso é poder deixar o outro livre, inclusive para não nos amar.

Essa é a iniciação final.

Para chegar a esse ponto, é primeiro necessário despertar o amor dentro de nós.

Quando pudermos deixar o outro livre, inclusive para não nos amar, significa que resgatamos a autoconfiança e nos libertamos do principal dreno de energia, a raiz de todas as doenças psicoemocionais do ser humano: a carência afetiva.

Somente o amor permite tamanha liberdade.

Relacionamentos de sucesso terminam

No novo modelo de relacionamento existe um momento natural de fechamento, no sentido de cada alma seguir sua jornada.

Isso ocorre quando se termina um ciclo de aprendizado na relação.

Nesse ponto, você se desliga e seu coração se abre para a uma experiência de pura amizade.

Para se atingir esse estado, antes é preciso liberar as mágoas, ressentimentos e aprender o que tiver de ser aprendido naquele relacionamento em particular.

Enquanto isso não ocorre, mesmo trocando de relacionamento, você permanece preso ao passado por meio de laços do ódio.

Chega um momento em que a alma clama por continuar sua evolução, e para isso, ela precisará finalizar qualquer ponta solta que tenha ficado lá atrás.

Então, quando a alma estiver pronta, essa finalização ocorre espontaneamente.

Notas Finais

A religião e sexualidade tiveram uma convivência desarmônica ao longo da história, o que explica muito da nossa cultura de repressão ao sexo.

Porém, sexualidade é sinônimo de unidade e vida, ou seja, não podemos negá-la uma vez que faz parte da nossa natureza.

Nessa mesma linha, é extremamente importante entender o real propósito dos relacionamentos: autoconhecimento.

A falta dessa noção é justamente a razão de haver tantos relacionamentos infelizes no mundo.

Sem avaliar nossas tendências do prazer na dor, das fantasias sexuais e tendências afetivas estaremos andando em círculos em termos de relacionamentos.

Para reverter essa situação, o caminho mais efetivo é a harmonização com seu pai e sua mãe, na construção de relacionamentos pautados na liberdade, transparência e no autoconhecimento.

Tudo isso é essencial para que as pessoas possam se curar de suas carências afetivas, que é a base de todas as mazelas que conhecemos.

Assim, a consciência se expande, as pessoas se tornam autossuficientes e o amor simplesmente acontece como consequência.

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Quem escreveu o livro?

Sri Prem Baba é um mestre espiritual nascido no Brasil, em São Paulo (SP). Batizado na igreja católica como Janderson Fernandes, filho de uma família de classe média/baixa paulistana. Reconhecido aos 36 anos por seu guru, Ma... (Leia mais)

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