A Revolução dos Bichos - Resenha crítica - George Orwell
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A Revolução dos Bichos - resenha crítica

A Revolução dos Bichos Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Sociedade & Política

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Animal Farm

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-8086-192-1

Editora: Intrínseca

Resenha crítica

Granja do Solar

A história narrada por Orwell ocorre na chamada “Granja do Solar”. Trata-se de uma fazenda, localizada na Inglaterra, cujo proprietário era um homem chamado senhor Jones. Vacas, ovelhas, burros, cabras, cavalos, cachorros, porcos, pombas e galinhas são os principais personagens dessa narrativa.

Nessa ficção do autor inglês, os animais são dotados de características humanas, realizando densos questionamentos de cunho identitário, político e filosófico. Eles se organizam na tentativa de criarem uma sociedade utópica, depois de fazerem duras críticas aos seres humanos, representados, nesse caso, pela figura de Jones.

Desde o ponto de vista dos animais, os humanos são as únicas criaturas que consomem sem produzir. Afinal, eles não botam ovos, não dão leite, são demasiadamente fracos para puxar arados, não correm rápido o suficiente para alcançar lebres etc. Apesar disso, eles são senhores de todos os outros animais da Terra.

Dessa forma, colocam os animais para trabalhar, retribuindo-lhes com o mínimo necessário para impedir a sua inanição, ficando com todo o restante. Os animais consideram que suas atividades amainam os solos, seus estrumes os fertilizam e, contudo, nenhum deles possui mais que a sua própria pele.

As vacas, por exemplo, produzem leite em alta quantidade que lhes é retirado pelos homens, quando deveria ser aproveitado para alimentar seus próprios bezerrinhos. Na prática, o leite desce, todos os dias, pelas gargantas dos “inimigos”.

Com as galinhas, sucede algo similar, elas botam diversos ovos por ano e, porém, poucos se transformam em pintinhos. Os ovos restantes vão para o mercado, a fim de fazer dinheiro e enriquecer tanto Jones quanto os demais homens.

O velho Major

Essa era a visão de mundo de Major, um velho porco, possuidor de um senso profundo de justiça. Ele tinha como seu maior ideal converter os animais da Granja Solar em seres livres e ricos. De acordo com ele, todo homem deveria ser considerado um inimigo, ao passo que todo animal seria um camarada e um “igual”.

Assim, Major incitou um movimento que pretendia articular os animais, a fim de desencadear uma rebelião. Contudo, ele morreu três dias após dar o pontapé inicial em direção à sociedade igualitária de seus sonhos.

Os porcos Napoleão, Garganta e Bola de Neve assumiram o comando após sua morte. O trio organizou os ensinamentos de Major, formando um sistema filosófico-político chamado de “Animalismo”.

O Animalismo

Os princípios básicos do Animalismo poderiam ser resumidos em uma frase simples: “4 pernas é bom, 2 pernas é ruim”. No novo regime, a bandeira da Granja fora substituída por uma nova, consistindo em um fundo verde, em referência aos campos, com 2 estampas: um casco e um chifre, elementos alusivos ao mundo animal.

Um hino foi composto para animar os novos tempos, intitulado “Bichos da Inglaterra”. Em seus versos, o desejo de liberdade e igualdade para todos era fortemente sublinhado. Assim, foram instituídos 7 mandamentos que deveriam nortear a vida comunitária:

  • Quaisquer coisas que andem sobre 2 pernas são nossas inimigas;
  • Nenhum animal deverá dormir em camas;
  • Nenhum animal deverá beber álcool;
  • Nenhum animal deverá usar roupas;
  • Nenhum animal deverá matar outro animal;
  • Quaisquer coisas que tenham asas, ou andem sobre 4 patas, são nossas amigas;
  • Todos os animais são iguais.

A Granja dos Bichos

Os animais passaram a ser tratados, uns com os outros, pelo termo “camarada”. Todos os temas de interesse coletivo passaram a ser levados para votação em uma Assembleia. Nas primeiras reuniões, por exemplo, foi discutido se os ratos deveriam, ou não, ser considerados amigos dos animais.

Votaram em conjunto, também, a idade mínima para a aposentadoria de cada tipo de animal, além de instituir aulas voltadas à alfabetização de todos. Durante um desses encontros, os animais planejaram uma grande rebelião. Certo dia, o senhor Jones bebeu além da conta e esqueceu de alimentar os animais.

Isso foi o estopim da rebeldia e o início de uma nova era. Os animais, perante a injustiça e a fome, se juntaram para empreender uma grande revolução, visando expulsar os seres humanos da fazenda.

Essas mudanças foram substanciais e rápidas: a residência do senhor Jones foi convertida em um museu. Até mesmo o nome da propriedade foi trocado. A partir de agora, deveria ser chamada de “Granja dos Bichos”.

Os pequenos privilégios

A vida corria bem na propriedade rural após o levante revolucionário. Embora todos trabalhassem, o gato e Mimosa se esquivavam de seus respectivos afazeres, reaparecendo somente no momento das refeições. Além disso, os porcos não executavam trabalhos, propriamente ditos, apenas supervisionavam e dirigiam o trabalho alheio.

Eles sustentavam que, como possuidores de mais conhecimentos e precursores da revolução, deveriam naturalmente assumir a liderança. Napoleão, Garganta e Bola de Neve foram, gradualmente, adquirindo novos privilégios na comunidade.

Dessa forma, o leite começou a desaparecer, sendo encontrado, posteriormente, em meio à comida dos porcos. Maçãs eram sorrateiramente recolhidas e levadas para o depósito de ferramentas, a fim de serem consumidas apenas pelos porcos. Ou seja, pequenos privilégios passaram a ser praticados justamente pelos que se autodeclaravam “trabalhadores intelectuais”.

O expurgo

Certo dia, o senhor Jones regressou à fazenda armado e acompanhado por meia dúzia de companheiros, entrando na Granja com uma espingarda em suas mãos. Os animais, contudo, conseguiram se reunir e expulsar o antigo proprietário.

Para otimizar o fornecimento e a produção de energia elétrica, Bola de Neve sugeriu que um moinho fosse construído. O projeto avança, mas, também, gera muitos desentendimentos na cúpula dos dirigentes. Por fim, em uma reunião no celeiro, o porco Bola de Neve é expulso por Napoleão.

A República

Os porcos se mudaram para a residência onde morava o senhor Jones. O ambicioso Napoleão, decidiu realizar negócios com granjas vizinhas, obrigando, dessa forma, que os animais elevassem consideravelmente o ritmo e a quantidade da produção.

Aos poucos, o poder foi subindo-lhe à cabeça, de modo que a situação piorou significativamente: os outros animais tinham cada vez mais afazeres e menos comida. O líder chegou ao extremo de proibir-lhes que entoassem a canção de que tanto gostavam, alegando que a música teria servido somente para os tempos revolucionários.

Uma vez que Napoleão decidiu negociar os produtos com os homens, acabou sendo enganado por um deles, chamado Frederick. A desavença se transformou em um conflito real, incluindo a invasão da granja e a morte de diversos bichos durante a briga.

Com o passar do tempo, a granja cresceu, à medida que os animais procriavam. Os bichos converteram a granja em uma República. Napoleão, como candidato único ao cargo, foi eleito presidente. 

A simbiose

Devido a seus relacionamentos comerciais com os humanos, estreitaram-se os laços com os seres que os bichos da granja tanto odiavam. Desse contato, eles aprenderam como colocar em prática certos métodos para facilitar a produção, os turnos de trabalho e o controle dos gastos com as rações.

O porco passou a ganhar características humanas e se tornando corrupto como o antigo proprietário. O final dessa história traduz a simbiose entre ele e os seres que tanto desprezava: os homens.

Agora, não havia dúvidas quanto ao que ocorrera à sua fisionomia e a dos demais porcos. A tal ponto que os bichos já não podiam mais distinguir entre eles e os seres humanos.

Notas finais

Na alegoria de “A revolução dos bichos” vemos como, por meio do porco Napoleão, o poder pode corromper e como os cargos de lideranças podem fazer com que supostos representantes do povo utilizem seu poder para extrair benefícios pessoais. Por meio da literatura, o genial autor inglês nos lembra dos perigos iminentes à censura e ao culto da personalidade.

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