A psicologia financeira - Resenha crítica - Morgan Housel
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A psicologia financeira - resenha crítica

A psicologia financeira Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Investimentos & Finanças

Este microbook é uma resenha crítica da obra: The psychology of money

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-508-0508-5

Editora: HarperCollins

Resenha crítica

Não confunda a teoria com a realidade

Um dos maiores desafios para quem deseja obter o sucesso financeiro pode ser encontrado no fato de que nenhum acúmulo de saberes pode superar, genuinamente, o poder do medo e da incerteza.

Sempre, ao longo desta obra, o autor enfatiza que “não somos planilhas”. Por mais que a leitura nos informe sobre o que aconteceu no passado (como flutuações na bolsa de valores ou no mercado de ações), aprender sobre algo em um livro é muito diferente de vivenciá-lo.

Por isso, tenha cuidado: você pode pensar que conseguirá manter as suas ações lucrativas durante uma retração de, por exemplo, 30% do seu mercado de atuação caso siga a estratégia correta. No entanto, somente quando experimentar esse tipo de risco aprenderá o que fazer em seguida.

Sorte e risco

É fácil se convencer de que os resultados financeiros são inteiramente definidos pela qualidade de suas decisões e ações. Porém, isso nem sempre é verdadeiro. Afinal, podemos fazer boas escolhas e, mesmo assim, enfrentar consequências negativas. 

Similarmente, você pode tomar más decisões e, no final de um determinado processo, obter ganhos relevantes. Por que isso ocorre? Para Housel, trata-se do poder exercido pela sorte.

Nesse sentido, para mitigar o excesso de importância que, geralmente, é conferida aos esforços individuais na determinação dos resultados, o autor aconselha os leitores a:

Serem cautelosos com as pessoas que você admira: aqueles que estão no topo podem ter sido beneficiados pela sorte, enquanto os que experimentam perdas podem ser vítimas do azar;

Concentrarem-se nos padrões macroeconômicos em detrimento das posturas individuais: é difícil replicar os resultados das pessoas e empresas bem-sucedidas, mas, é possível guiar-se pelas tendências de mercado.

É altamente recomendável, nesse contexto, reconhecer o papel da sorte para o sucesso financeiro. Consequentemente, entender o potencial destrutivo de uma “maré de azar” implica em nos perdoar, deixando espaço para a tolerância perante eventuais fracassos. Isto é, seja gentil consigo mesmo ao cometer erros ou tomar decisões equivocadas. Lembre-se de que o mundo financeiro é dinâmico e incerto.

Ganhar ou poupar?

Ganhar dinheiro demanda correr riscos, ser otimista e se expor aos ambientes hostis. Por outro lado, poupar requer o exato oposto. Ou seja, para ser um bom “poupador”, você terá que preservar uma postura de humildade e temor.

Os bons poupadores sempre pensam que os montantes obtidos poderão ser perdidos com a mesma rapidez. Sobretudo, esses indivíduos precisam ser moderados e aceitar que a composição de seus recursos financeiros depende, em grande medida, da “sorte”.

Ao refletir dentro desse esquema lógico, depreende-se que o sucesso passado não pode se repetir indefinidamente. Sobretudo, ganhar e poupar representam duas habilidades distintas.

Enquanto ganhar dinheiro exige correr riscos, tomar decisões difíceis e adotar uma disposição otimista; poupar significa, para Housel, reduzir os riscos, a ganância e as perspectivas futuras. A escolha é sua.

O dinheiro não é o inimigo

Um planejamento, para ser considerado útil, deve sobreviver à prova dos fatos. Isso significa que as suas metas financeiras devem ser factíveis, mesmo que o futuro esteja repleto de incógnitas.

Se você ainda é jovem e ganha mais do que gasta, a melhor forma de otimizar os seus retornos de investimento de longo prazo consiste em concentrar suas atividades em portfolios diversificados e, principalmente, de baixo custo.

Preservar mais do que alguns pontos percentuais de seu patrimônio líquido em dinheiro não é indicado pelo nosso autor, uma vez que esse montante será corroído pela inflação.

O seu dinheiro pode ser alocado em ativos como ações que, historicamente, se acumulem em taxas de 6% a 7%. Embora seja interessante investir em soluções que potencializem os seus retornos, essas teorias, geralmente, não levam em conta os aspectos psicológicos dos investidores.

A depender de como as variações no mercado afetam o seu lado emocional, obter retornos menores sobre os investimentos realizados poderá tornar-lhe mais propenso a entrar em pânico e vender algumas de suas ações durante as desacelerações.

Agora que chegamos na metade da leitura, vamos nos concentrar nos conceitos fundamentais expostos por Housel, tais como o de riqueza, portfolio, planejamento de longo prazo, dentre outros.

A forma mais elevada de riqueza

A possibilidade de fazer o que você quiser não tem preço. Esse é o maior dividendo que o dinheiro, em si, não pode pagar. Sobretudo, ter mais flexibilidade e controle sobre o seu tempo é muito mais valioso do que obter, por exemplo, 2% em lucros trabalhando a noite toda ou fazendo apostas especulativas que afetam o seu sono.

Então, as pessoas compram mansões e carros de luxo porque almejam o respeito e a admiração de seus pares. Antes de mais nada, o que não percebem é que a sociedade não valoriza a posse desses bens, mas os próprios itens.

Em outras palavras, comprar objetos impressionantes para conquistar o respeito alheio é, para o nosso autor, uma busca de tolos, pois os sentimentos nunca poderão ser comprados.

Nesse ponto, Housel faz uma clara distinção entre riqueza e prosperidade: se você é rico, significa que tem valores significativos em sua conta bancária. Mas, ser próspero, é qualitativamente diferente, pois trata-se de conquistar uma espécie de “riqueza invisível”.

Finalmente, a prosperidade é conceituada como a possibilidade de escolher entre comprar os itens que deseja agora ou planejar o seu futuro. Ou seja, ser rico oferece oportunidades de curto prazo. Por sua vez, a prosperidade viabiliza o usufruto do tempo e da liberdade.

Qual é o portfolio ideal?

O portfolio ideal é aquele que lhe permite dormir tranquilo. Isto é, ele deve possibilitar a geração de retornos justos, ao mesmo tempo que maximiza a sua qualidade de vida. Para tanto, ele deve ser capaz de resistir às recessões e outros problemas que surgirem pelo caminho.

As análises acadêmicas raramente levam em consideração os fatores psicológicos que entram em cena e ocasionam desvios nas estratégias dos investidores. Para que as suas táticas funcionem a longo prazo, você deve deixar espaço para erros.

Isso lhe dará a resiliência necessária para resistir a resultados desfavoráveis, mantendo-se no jogo por tempo o bastante para que a sorte lhe beneficie. O nosso autor enfatiza que há uma grande lacuna no entendimento da necessidade de deixar espaço para erros.

Para não ser vítima desse erro de compreensão, tenha em mente que há uma diferença entre a resistência técnica e a resiliência emocional. Por exemplo, talvez você tenha recursos suficientes para suportar dois anos de perdas consecutivas.

Nesse cenário, muitas pessoas abandonam seus empregos regulares, a fim de terem o tempo necessário para perseguirem os seus sonhos (supondo que sempre poderá conseguir uma nova colocação profissional quando os lucros chegarem perto de zero).

Tecnicamente, você pode tomar decisões desse tipo e nunca ficar endividado. Porém, desde uma perspectiva emocional, poderá ficar nervoso após ter consumido cerca de 30% de suas economias e, repentinamente, sofrer um grave abalo psicológico.

Planejamento financeiro de longo prazo

Como seres humanos, tendemos a subestimar o quanto nossas personalidades e objetivos mudam ao longo do tempo. Isso dificulta o planejamento financeiro de longo prazo.

O autor oferece o exemplo de pessoas que nunca planejaram ser pais ou comprar uma casa grande e, dadas as circunstâncias da vida, encontram-se, repentinamente, com a necessidade de adaptar os seus planos.

Portanto, ao elaborar as suas estratégias de investimentos, leve em consideração a possibilidade de ocorrerem imprevistos. Assim como tudo o que vale a pena, o sucesso financeiro exige esforço e dedicação.

Engana-se, contudo, quem pensa que tal sucesso pode ser mensurado em dólares. Antes, os conceitos determinantes são a volatilidade, o medo, a dúvida, a incerteza e o arrependimento. Curiosamente, todos são facilmente ignorados e, em consequência, não previstos.

Se optar por investir com o objetivo de aumentar a sua riqueza, terá um “preço” a pagar: os altos e baixos do “senhor Mercado”. Dessa forma, medos e incertezas surgirão, de tempos em tempos, em sua mente, acompanhando as mudanças tanto nas condições do mercado quanto nas suas circunstâncias pessoais.

Housel sustenta a importância de se manter disposto a pagar esse preço, principalmente, se você aplicar uma estratégia ousada de investimentos. Desde uma perspectiva psicológica, o melhor a fazer é aceitar essa volatilidade e aprender a lidar com fatores imprevisíveis (reativamente, se necessário).

Entendendo o “jogo”

Um dos elementos fundamentais para o sucesso financeiro pode ser encontrado na definição dos seus planos de longo prazo. Quando estabelecer metas temporais, você ficará menos suscetível a ser influenciado pelos comportamentos e ações de pessoas que “estão em outro jogo”.

Para entender a mensagem do autor, nesse ponto, considere o seguinte exemplo: suponha que você tenha um amigo que está ganhando muito dinheiro negociando opções de curto prazo. Desejando lucrar também, você decide “entrar no jogo”. 

Todavia, é indispensável fazer uma “parada técnica” para avaliar se essa iniciativa se alinhará com os seus objetivos. Ou seja, caso o seu planejamento tenha um horizonte de 20 anos (perfil conservador), entrar no “jogo” do seu amigo representaria um erro grave.

Provavelmente, você seria capaz de lucrar, mas a que custo? É altamente recomendável conhecer o seu próprio jogo e, a partir desse ponto, saber mais sobre o que outros investidores estão fazendo, investigando as táticas mais recentes.

Independentemente do jogo, o pessimismo é um aspecto tão poderoso na mentalidade dos investidores que não pode, de forma alguma, ser negligenciado. Afinal, se um investimento não está indo bem, é razoável pensar que ele não progredirá.

Certamente, isso soa bastante plausível. Mas, o que essa linha de pensamento ignora é que os problemas, geralmente, criam demandas constantes por mudanças de rumos e por soluções inovadoras.

Notas finais

Segundo o autor, o conhecimento abstrato não implica, necessariamente, em mais rentabilidades nos seus investimentos. Em termos práticos, o que realmente conta é o comportamento dos indivíduos.

Em outras palavras, para poupar e investir a sua propensão de controlar o medo e a ganância é algo determinante, assim como a capacidade de vislumbrar o futuro desejado.

Quando começam a aprender a respeito de investimento e finanças, muitas pessoas se concentram em fórmulas. A mensagem central de Housel, contudo, é a de que os aspectos comportamentais devem ser priorizados ao longo de sua vida financeira.

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Quem escreveu o livro?

Morgan Housel é sócio do The Collaborative Fund e ex-colunista na The Motley Fool Stock Advisor e do The Wall Street Journal. Ele é vencedor de dois Best Business... (Leia mais)

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