A Ascensão do Dinheiro - Resenha crítica - Niall Ferguson
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A Ascensão do Dinheiro - resenha crítica

A Ascensão do Dinheiro Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Investimentos & Finanças

Este microbook é uma resenha crítica da obra: The Ascent of Money: A Financial History of the World

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 8576654458, 978-8576654452

Editora: Crítica

Resenha crítica

Por que o dinheiro tem valor

O dinheiro nem sempre existiu, mas mudou o ser humano, que de caçador passou a ser participante financeiro. Nem todo mundo gosta do nosso sistema baseado em dinheiroe aqueles com ideias socialistas pensam que existem outros sistemas melhores. Entretanto, o que a história tem provado é que o dinheiro é uma das maneiras mais eficientes de conduzir negócios diários. Alguns usaram conchas, tecidos, argilas e metais para representar o dinheiro, mas não importa do que ele é feito, a ideia é sempre a mesma: ovalor real que o dinheiro tem é representado pelo bem ou serviço que uma pessoa está disposta a trocar por ele.

A maior parte do dinheiro usado na antiguidade era feito de metais preciosos como ouro, prata e bronze. Como esses metais eram raros, possuíam valor para as pessoas, que estavamdispostas a serem pagas com eles por coisas que faziam e produziam. Nessa época, para enriquecer, você precisava procurar por esses materiais e guardá-los em abundância. Porém, quando Diego Gualpa descobriu uma montanha de prata no Peru e levou sua riqueza para a Espanha, causou a inflação na Europa.

Antigamente, podíamos pedir aos bancos pelo ouro que nosso dinheiro representava, mas isso não acontece mais. Dinheiro agora se tornou intangível. Isso não significa que não vale nada, mas revela a verdadeira natureza do dinheiro:ele só tem valor porque algumas pessoas acreditam nisso. Confiamos que estamos sendo pagos por alguém que tem a habilidade de pagar por algo que tem valor.

Nos dias de hoje, a maioria das nossas transações é realizada sem usar dinheiro em espécie. Lemos números em uma tela que nos dizem quanto dinheiro temos e, quando passamos o cartão para comprar alguma coisa, os números diminuem. Nosso banco lida com o dinheiro real e todos confiamos no sistema e em como ele funciona. Por isso, podemos ver mais claramente a verdade: o dinheiro não é uma substância, mas uma ideia criada e acreditada pela raça humana.

Garanta sua proteção financeira

Logo depois que a ideia do dinheiro surgiu, as pessoas pensaram em maneiras para protegê-lo. Uma das inovações mais importantes que resultaram desse desejo de proteger o dinheiro foi o seguro. Originalmente, ele foi criado para proteger os interesses de negócios dos comerciantes, mas agora ele é uma proteção essencial para muitos aspectos de nossas vidas.

Todos precisamos lidar com um seguro se dirigimos um veículo, temos uma casa ou viajamos de férias. Ele é uma ferramenta para gerenciar o risco, na qual alguém é pago para assumir a responsabilidade por algum desastre. Existem vários riscos que precisam ser gerenciados: o risco de perder sua casa ou seus bens, o risco de perder seu rendimento por alguma doença e até mesmo o risco de morte.

Obviamente, você não vai querer pagar a uma companhia de seguro a quantidade total para cobrir os custos desses eventos. O objetivo de pagar por um seguro é ter certeza de que você não vai precisar pagar uma quantia absurda quando coisas ruins acontecerem. Em vez disso, você paga uma pequena porcentagem. Se algum desastre acontece, sua seguradora paga pelo dano em seu lugar. Companhias de seguro possuem inúmeros métodos para calcular o risco de que as coisas aconteçam. Se o risco é alto, você paga um valor maior.

Quando as seguradoras te aceitam como cliente, elas estão apostando contra seu desastre. Se as coisas ruins não acontecem, elas ainda serão pagas pela cobertura. Como o negócio delas é prever a probabilidade de que coisas ruins aconteçam, elas normalmente acertam. Quando você pensa nisso, parece um negócio ruim para o segurado, mas,se ele não fosse necessário, não seria vendido até hoje. Inevitavelmente, coisas ruins acontecem a algumas pessoas e ter um seguro é uma escolha prudente. Quando você compra um seguro, está apostando que alguma coisa vai acontecer. Assim como colocar dinheiro em uma poupança, o seguro é um investimento para nos proteger contra um futuro imprevisível.

Você pode olhar também para a seguridade social e a previdência do governo como um tipo de seguro financeiro. Pagamos uma parte dos nossos salários para o governo com a ideia de que teremos uma renda estável quando nos aposentarmos.No entanto, com a inflação, o custo de vida e a população aumentando, é importante também que você invista em sua própria aposentadoria. Confiar inteiramente no governo para sua proteção financeira pode não ser a melhor opção e a história nos ensina que a proteção financeira é essencial.

O mercado de ações e as bolhas financeiras

Uma inovação financeira importante foi a invenção das ações das companhias. Esse conceito permitiu que os negócios se protegessem financeiramente, espalhando o risco fiscal para um grande número de pessoas.

Uma companhia é dividida em ações iguais, que podem ser compradas em diversos volumes, permitindo que os acionistas tenham uma porção dos lucros da companhia. No entanto, os acionistas são também responsáveis pelas dívidas da companhia, mas a responsabilidade deles só se estende ao valor de suas ações. Então, se alguma coisa dá errado, os acionistas só são responsáveis pelo valor das ações que possuem.

A compra e venda de ações acontece no mercado de ações, um ambiente volátil e rápido, que tem o poder de construir ou de quebrar uma economia. O preço das ações de uma empresa no mercado de ações é determinado pelos lucros que os compradores imaginam que ela fará no futuro. Tudo relacionado com os trabalhos internos da empresa e seus produtos é julgado pelo mercado de ações de hora em hora, para determinar seu valor. Algumas vezes, isso resulta em bolhas financeiras, em que os preços das ações estão muito altos e caem rapidamente, causando um dramático trauma econômico.

As “bolhas” seguem o seguinte padrão:em primeiro lugar, acontece o deslocamento, em que as circunstâncias econômicas mudam e as oportunidades de lucro aparecem. Então surge a euforia e as pessoas começam a trocar as ações em excessoe o preço começa a subir. Isso é rapidamente seguido pela mania, que é a bolha. Investidores inexperientes ficam empolgados e são enganados. Depois disso, a aflição toma conta dos acionistas mais experientes, que descobrem que os lucros esperados não serão alcançados. Eles começam a vender suas ações para salvar o dinheiro investido. Finalmente, a repulsa atinge a todos, que tentam desesperadamente vender suas ações a qualquer preço que podem conseguir para escapar enquanto ainda podem, explodindo a bolha.

Houve alguns grandes eventos como este ao longo dos anos, mas o pior crash aconteceu em 1929. O estouro daquela bolha foi tão terrível, que os Estados Unidos foram tomados pela Grande Depressão, que durou uma década inteira. As pessoas foram arruinadas, o desemprego era crescente,e quase a metade dos bancos americanos faliu. Embora a causa exata desse enorme crashsejadesconhecida, fica claro que foi influenciadopela imprevisibilidade das pessoas.

O mercado de ações pode ser confuso para nós, porque nem sempre entendemos o que o move. Mesmo assim, em 400 anos de existência, as ações têm seguido os mesmos cinco passos de padrão de bolhas. A única constante real compartilhada por todos os mercados de ações pelos anos são as pessoas e as coisas que elas podem fazer para proteger o dinheiro.

O mercado imobiliário não é mais um bom investimento

Estamos sempre procurando por lugares seguros para deixar nosso dinheiro. Os imóveis costumavam ser considerados um dos investimentos mais seguros que uma pessoa poderia fazer, mas hoje em dia isso pode não ser verdade.

Isso acontece, em parte, por causa das hipotecas subprime. Uma hipoteca desse tipo se dá quando uma instituição financeira empresta dinheiro com uma taxa de juros ajustável para alguém com crédito ruim, o que permite que essa pessoa compre uma casa. A instituição reutiliza a hipoteca e a vende para uma terceira pessoa que não sabe o risco que está assumindo. Depois do período inicial de taxas de juros baixas e pagamentos baixos, os juros aumentam e o dono da casa com crédito pobre não consegue mais pagar. Quando a pessoa falha em pagar sua hipoteca, ela é despejada e a casa é vendida. Em teoria, a terceira pessoa que é agora dona da hipoteca pode recuperar seu dinheiro da venda da propriedade.

Se isso acontecesse em apenas alguns casos, o problema não seria tão grande. No entanto, nos últimos anos, milhares de hipotecas subprime foram liberadas, o que resultou em um mercado inundado de casas hipotecadas sem pagamento. Isso desvalorizou o preço das propriedades e fez com que muitas pessoas perdessem dinheiro com suas casas perdendo valor.

Em muitos casos, o fato de que a hipoteca valia mais do que o valor da propriedade forçou as pessoas a não pagarem suas hipotecas e a perderem suas casas. Mas se os bancos que são donos das hipotecas não estão recebendo pagamentos e não podem sequer recuperar o valor da hipoteca vendendo a propriedade desvalorizada, então eles também enfrentam grandes perdas financeiras.

Você pode notar que isso parece seguir um padrão similar à bolha do mercado de ações. Em 2009, a explosão da bolha imobiliária foi sentida pelas instituições financeiras que eram donas de hipotecas completamente sem valor. Grandes organizações foram forçadas a liquidar seus ativos, incluindo instituições tradicionais sustentadas pelo governo. O governo americano precisou intervir para estabilizar a situação que havia danificado significativamente o sistema financeiro do país como um todo.

O que são os títulos do governo?

O conceito dedinheiro se tornou extremamente poderoso. Agora ele é uma parte fundamental de tudo - de nossas vidas pessoais e do nosso país. Todo mundo precisa de dinheiroe a invenção do crédito significa que agora é possível pegar emprestado grandes quantidades de um indivíduo ou de uma instituição como um banco. As companhias e os países pegam emprestado grandes quantidades de dinheiro para apoiarem seus programas. Como você pode imaginar, os bancos não conseguem suportar os fundos gigantescos que um governo precisa para gerir um país inteiro. E é por isso que os títulos foram criados.

Um título de governo é uma promessa do governo emissor de pagar o dinheiro que a pessoa está guardando. Eles são emitidos por um certo tempo com uma taxa de juros fixada que determina o que o proprietário deve receber. Então, um título com uma taxa de juros de 1.5% ao ano prescreve que o proprietário receberá 1.5% do valor do título a cada ano, pela duração do título, que é normalmente de 5 a 10 anos. No final da duração do título, o valor será pago ao proprietário. Esses títulos podem ser vendidos pelo dono para qualquer um que queira comprar, por qualquer valor no mercado de títulos. A negociação de títulos acontece em uma escala internacional.

Os títulos existem há muito tempo e ajudaram os governos a levantar dinheiro para guerras e outras coisas. Mas se um governo não pode pagar suas dívidas, o efeito no mercado de títulos pode ter um impacto drástico na economia do país.

O título não valerá muito no mercado se o governo que o emitiu não tem credibilidade, então ele será vendido por um valor menor do que realmente vale. Quando o valor de um título cai, os juros aumentam. Quando as taxas de juros dos títulos aumentam, as taxas de juros de empréstimos do país também aumentam.

Um governo que pega muito dinheiro emprestado terá dificuldade em pagar o que deve e perderá credibilidade. Atualmente, os Estados Unidos têm uma dívida que totaliza $9 trilhões e está projetada para $12 trilhões em 2017. Muito desse débito é devido à China, o que significa que esse paístem algum controle sobre o valor da moeda americana, assim como sobre as taxas de juros. Despesas excessivas sem nenhuma condição de pagamento enfraqueceram os Estados Unidos como uma superpotência financeira aos olhos do mundo.

China: o novo líder econômico do mundo?

Por mais de um século, os Estados Unidos têm liderado como uma potência financeira mundial e as pessoas tinham poucos motivos para pensar que isso mudaria. Entretanto, nós podemos testemunhar essa mudança antes do esperado, graças aos problemas de crédito no país e à dívida monstruosa. Como uma nação, o país gasta muito mais dinheiro do que pode e isso está gerando algumas repercussões. Problemas econômicos antigos para os Estados Unidos tiveram repercussões globais, porque o país liderava o mundo em termos de economia. Atualmente, porém, a China tem conseguido evitar as complicaçõese consegue impedir que o resto do mundo caia com a América. O mundo está presenciando de uma mudança de poder.

Algumas pessoas estimam que a China pode se tornar o líder econômico do mundo até 2027. O fato é que ela tem guardado dinheiro por anos e anos para evitar problemas econômicos já vividos no passado. A maioria das famílias na China possuem reservas de dinheiro e, consequentemente, o país também possui. Então, quando os Estados Unidos precisavam de dinheiro, para quem pediram? Para a China, é claro, que só estava disposta a comprar títulos do governo americano e a estender créditos.

Ter bilhões, talvez trilhões de dólares americanos em títulos, fez com que a China pudesse manter o valor do seu dinheiro baixo. Isso significa que os bens são baratos e os consumidores americanos continuarão a gastar. De certa maneira, os Estados Unidos têm estado em um relacionamento com a China, enquanto a China guarda todo seu dinheiro e a América gasta. Porém, agora os EUA estão enfrentando um grande problema financeiroe podem precisar sair desse relacionamento.

Originalmente, os EUA aproveitaram seu relacionamento com a China e todas as vantagens que eram oferecidas, mas agora essa relação parece ser a raiz do problema. Será uma grande inversão de papéis para os Estados Unidos saírem de líder financeiro mundial para uma nação que luta e precisa de assistência externa. Antigamente, os EUA ajudavam os outros países. Pode ser difícil entender o dinheiro, e ainda mais difícil controlá-lo, e parece que os EUA estão perdendo esse controle. Os Estados Unidos gastaram ao invés de guardarem, e não protegeram suas finanças.

Notas Finais

O dinheiro foi um divisor de águas para a humanidade, assim como diversos outros grandes desenvolvimentos. De alguma maneira, ele é a forma como medimos nossos fracassos e realizações de vida. Quando olhamos para o passado, observamos quão longe chegamos e percebemos que o dinheiro sempre empurrou as coisas. Mas também percebemos o que o dinheiro realmente é: uma ideia.

Ideias são dependentes de pessoas e as pessoas não são sempre criaturas racionais e sensatas. Então, o dinheiro pode ser problemático e imprevisível, como nos mercados de ações e de títulos. Isso significa que o dinheiro pode ser perigoso, especialmente se nós não o protegemos e o usamos com responsabilidade. E é por isso que criamos os seguros e as poupanças, para nos proteger financeiramente.

Até a balança global de poder muda, de acordo com quem tem dinheiro e com quem não tem. O dinheiro se tornou uma ideia muito complexa, que pode te meter em encrencas sem que você perceba isso. É exatamente por isso que precisamos observar os padrões de nosso passado financeiro e nos proteger para o futuro.

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Quem escreveu o livro?

Niall Ferguson é um historiador escocês, professor de História na Universidade de Harvard. Ele também é pesquisador sênior da universidade Jesus College, Universidade de Oxford e membro da Hoover Institution, Universidade de Stanford e professor convidado na New College of Humanities. Ele escreve e palestra sobre história internacion... (Leia mais)

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