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Este microbook é uma resenha crítica da obra: 1984
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-8535914849
Editora: Penguin
Na trama, o protagonista Winston vive na sociedade controlada por um Estado completamente autoritário. Ali, todos os atos são feitos de forma coletiva, ainda que cada um viva sozinho.
Todos são vigiados pelo Grande Irmão, que nada mais é do que a representação literária de um poder cínico e cruel, capaz de observar a cada um dos personagens por todo o tempo. Esse nome nos remete aos reality shows campeões de audiência, e representa a total vigilância a todos os passos dados dentro de um ambiente confinado. Familiar, não?
O Partido domina e controla Oceânia, lugar no qual Winston habita, e não visa à riqueza, luxo, vida longa ou felicidade. O Partido só quer o poder pelo poder, conforme explicado por O’Brien, um dos dirigentes do Partido, a Winston. Só o poder puro interessa a eles.
A partir de determinado momento, 1984 estará centrado na luta de Winston contra este autoritarismo disfarçado de proteção aos seus habitantes.
Dentre algumas ideias da obra que a tornaram um sucesso de público, podemos destacar ingredientes como o sexo de maneira libertadora, horrores letais e a facilidade com que podem ser feitas analogias a governos com viés autoritário.
Também podemos ressaltar o idioma usado: a Novafala é uma imposição do Partido para renomear as coisas e manipular instituições, história, a população e a realidade em geral.
Os ministérios também são contraditórios: o ministério da defesa é dedicado à guerra e o ministério do amor é o lugar no qual Winston é submetido a angustiantes torturas por seu amigo O’Brien ao ser descoberto como um conspirador contra o Partido.
1984 é uma crítica ácida, angustiante e alarmante contra toda forma de autoritarismo.
Inicialmente, o título escolhido por Orwell para sua obra distópica era The Last Man in Europe, em português: O Último Homem da Europa.
Há cartas em sua biografia que indicam que a hesitação do autor por este nome ou pelo 1984 foi sanada por seu editor Frederic Warburg, por entender que o nome adotado era mais vendável, colocando já na capa a impressão de ter ali uma obra visualizando um futuro possível.
Orwell ainda cogitou intitular o livro como 1980 e 1982, mas por uma diatribe do destino, acabou intitulando com o número inverso do que foi publicado, já que o livro saiu em 1948.
Mas, há quem acredite que tal escolha foi proposital, para indicar o quanto tais fatos poderiam não estar muito distantes de acontecer.
George Orwell foi um homem notadamente de esquerda e muito se fala sobre uma possível referência em seu 1984 com a decepção que teve com o socialismo soviético.
Na verdade, o próprio autor já relatou o quanto sua distopia clássica é uma crítica ácida a toda forma de autoritarismo, seja ela de esquerda ou de direita.
Na época do lançamento do livro, tal equívoco quanto a uma única referência se deu ao contexto geopolítico de pós-Segunda Guerra Mundial, primeiros anos da Guerra Fria, que polarizou União Soviética e Estados Unidos.
Ainda que o stalinismo se encaixe nitidamente neste 1984 e também no Revolução dos Bichos, ele não é o único regime criticado nas obras orwellianas.
Os principais personagens de 1984 se alternam entre cidadão comuns, massacrados por um sistema autoritário, mas que diz cuidar deles, e agentes do governo que se beneficiam desse mesmo sistema, perseguindo todos aqueles que se opõem à ordem vigente.
Cada um dos ministérios é encarregado de manter a harmonia e a ideologia do Partido em determinada área. São suas principais representações e tomam conta da sociedade como um todo. Seus nomes indicam o inverso de sua conduta, em mais uma característica sombria da distopia orwelliana.
A Novafala é o novo idioma imposto pelo partido, que reduz os termos, como antônimos e sinônimos. Tal linguagem suprime pensamentos tidos como errados pelo Partido e é eficiente como ferramenta de controle da população.
Dois dos principais termos usados pela Novafala são:
Em geral, o vocabulário da Novafala são compostos por prefixos que mudam o sentido de uma palavra, tornando-a contraditória, alterando seu sentido, gerando maior confusão mental e manipulação pelo Partido na população do romance.
Podemos dividir as classes sociais de 1984 em três, segundo essa estrutura:
No romance, há apenas três grandes potências, que dividem o mundo conforme abaixo:
Os três grandes impérios estão em permanente estado de guerra, alternando-se por todo o tempo, conforme dito anteriormente.
“Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão. Ignorância é Força”
“Se você quer formar uma imagem do futuro, imagine uma bota pisoteando um rosto humano — para sempre.”
“Se há esperança, ela pertence aos proletas.”
“Liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro. Se isso for admitido, tudo o mais é decorrência.”
“Quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado.”
“Nós somos os mortos. Nossa única vida genuína repousa no futuro.”
“Porque se lazer e segurança fossem desfrutados por todos igualmente, a grande massa de seres humanos que costuma ser embrutecida pela pobreza se alfabetizaria e aprenderia a pensar por si; e depois que isso acontecesse, mais cedo ou mais tarde essa massa se daria conta de que a minoria privilegiada não tinha função nenhuma e acabaria com ela.”
“Em geral, quanto maior a compreensão, maior o engodo; quanto maior a inteligência, menor a saúde mental.”
“O fato de ser uma minoria, mesmo uma minoria de um, não significava que você fosse louco. Havia verdade e havia inverdade, e se você se agarrasse à verdade, mesmo que o mundo inteiro o contradissesse, não estaria louco.”
“Poder é infligir dor e humilhação. Poder é estraçalhar a mente humana e depois juntar outra vez os pedaços, dando-lhes a forma que você quiser.”
“Os melhores livros são aqueles que lhe dizem o que você já sabe.”
“O Grande Irmão está de olho em você.”
A incômoda sensação de estarmos sendo vigiados por todo o tempo é rotina em uma sociedade cada vez mais dependente de tecnologias como smartphones, câmeras de vigilância e sistemas biométricos nos identificando em diversos lugares, sejam eles públicos ou privados.
Ao terminar a leitura de 1984, temos a impressão de que George Orwell foi um visionário, que há mais de 70 anos profetizou uma sociedade em que não é possível dar um passo sem ser vigiado por diversas autoridades, fazendo com que caminhemos em uma linha tênue para o caso de governantes autoritários que resolvam nos perseguir.
Se pararmos para pensar, é possível que em sua época fosse estranho convencer alguém que, nas décadas seguintes, pessoas se confinariam em casas filmadas para todo um país a fim de ganhar um prêmio milionário em dinheiro.
Também seria esquisito dizer a Orwell que em nosso tempo podemos monitorar onde outras pessoas estão, por sistemas eletrônicos em pequenos equipamentos que levamos para todos os cantos.
1984 é um retrato de um futuro possível, de um presente plausível, evidenciando exageros dos quais devemos nos cuidar, já que o autoritarismo sempre está à espreita e à espera do uso do que houver de mais tecnológicos para se perpetuar no poder.
Distopias como esta nos jogam na cara o quanto o terror pode virar a esquina e nos pegar a qualquer momento. Ler e compreender a história do mundo é fundamental para evitá-lo!
Outra distopia que diz muito sobre os dias presentes e o controle da população por meio de poderes autoritários é Admirável Mundo Novo, escrita por Aldous Huxley. Vale a pena ler este microbook também!
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