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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Veleiro rumo à Palestina: Greta Thunberg, Thiago Ávila e o Que Aconteceu
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ISBN:
Editora: 12min
Já imaginou romper um bloqueio a bordo de um veleiro com Greta Thunberg e ser detido por um país soberano?
A cena aconteceu em 8 de junho de 2025, quando o veleiro Madleen, com 12 ativistas — entre eles a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila — foi interceptado pelas forças israelenses em águas internacionais do Oriente Médio. A missão era clara: tentar furar simbolicamente o bloqueio à Faixa de Gaza e entregar ajuda humanitária. Mas o gesto, mais do que prático, carregava um peso político. Em meio a uma das maiores crises humanitárias do século, essa travessia se transformou em um ato de denúncia pública, resistência pacífica e embate direto com a política externa de Israel. Uma narrativa que mistura tensão geopolítica, idealismo e destino incerto — e que reacende perguntas difíceis sobre soberania, solidariedade internacional e o papel dos ativistas em zonas de conflito.
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 israelenses e levou ao sequestro de dezenas de civis, Israel declarou guerra total ao grupo palestino. A resposta foi imediata e brutal: bombardeios em larga escala, invasões por terra e, principalmente, o endurecimento do bloqueio à Faixa de Gaza. O que antes era um controle severo de fronteiras se transformou em um cerco completo — sem entrada de alimentos, energia, combustível, medicamentos ou água potável. Mais de dois milhões de palestinos ficaram confinados em um dos territórios mais densamente povoados do mundo, com recursos cada vez mais escassos e estruturas básicas entrando em colapso.
Nesse cenário, a flotilha não aparece como um gesto isolado, mas como uma resposta política e humanitária à catástrofe em curso. De acordo com juristas da ONU, o bloqueio pode configurar uma forma de punição coletiva — prática vedada pelo direito internacional humanitário. Para os ativistas, furar o bloqueio é menos sobre descarregar mantimentos e mais sobre escancarar, aos olhos do mundo, o que consideram uma crise fabricada e perpetuada com a conivência de grandes potências ocidentais.
O simbolismo da ação se intensifica ao ocorrer dias após o Tribunal Penal Internacional pedir a prisão de Benjamin Netanyahu e de líderes do Hamas por crimes de guerra. Ao partir nesse exato momento, a flotilha assume o risco como parte da estratégia: provocar debate, atrair cobertura internacional e forçar a comunidade global a olhar para Gaza — não como um campo de batalha, mas como uma urgência humanitária.
A ideia de enfrentar o bloqueio naval a Gaza com barcos civis não é nova. Ela ganhou destaque mundial em 2010 com a missão do navio Mavi Marmara, organizada por uma coalizão internacional de ativistas e ONGs turcas. Na ocasião, a embarcação foi abordada por comandos israelenses em águas internacionais. O confronto deixou nove ativistas mortos e dezenas de feridos, gerando uma crise diplomática entre Israel e a Turquia e colocando o cerco a Gaza no centro do debate internacional. Desde então, a chamada Flotilha da Liberdade tem repetido missões semelhantes, buscando desafiar simbolicamente — e, quando possível, materialmente — o bloqueio.
Em 2015, outra tentativa foi barrada antes de chegar ao destino. Em 2018, uma nova embarcação foi interceptada, novamente sem sucesso em entregar a carga humanitária. Mas o objetivo nunca foi apenas chegar: era mobilizar a opinião pública, chamar atenção da imprensa e pressionar governos. Em 2025, o cenário geopolítico estava ainda mais sensível. Uma tentativa anterior, com o navio Conscience, foi interrompida de forma dramática em maio, ao ser bombardeada por drones perto de Malta. Embora ninguém tenha se ferido, os danos obrigaram a embarcação a retornar à Europa.
Dessa frustração nasceu a operação com o Madleen. O veleiro partiu discretamente de Catânia, na Sicília, no dia 1º de junho, levando 12 ativistas de diferentes nacionalidades e carregamentos de ajuda básica. A previsão era chegar a Gaza no dia 7, mas no dia 8, antes de atingir a zona costeira, o barco foi interceptado por forças israelenses em águas internacionais, encerrando a missão — mas não a repercussão.
O tema da flotilha voltou à tona em junho de 2025 porque a missão do Madleen não aconteceu em um vácuo histórico ou midiático — ela foi lançada no ápice de uma nova fase da guerra em Gaza, que já havia se tornado uma das crises humanitárias mais documentadas e polarizadas da década. Desde o ataque de 7 de outubro de 2023, o bloqueio imposto por Israel se intensificou ao ponto de restringir quase completamente a entrada de bens essenciais no território. Vários organismos internacionais, incluindo a ONU e Médicos Sem Fronteiras, classificaram a situação como uma “catástrofe em câmera lenta”, com risco real de fome em massa, colapso hospitalar e disseminação de doenças.
Nesse contexto, a missão do Madleen ganhou não apenas força simbólica, mas também um enorme apelo comunicacional. O fator Greta Thunberg foi decisivo: sua presença na embarcação não só ampliou o alcance da história, como também atraiu cobertura da mídia ocidental e gerou debates intensos nas redes sociais. Greta, até então mais associada ao ativismo climático, expandiu publicamente sua atuação para causas humanitárias e de direitos humanos, aumentando a força moral e política da viagem.
Além disso, a ação coincidiu com movimentos jurídicos internacionais relevantes: dias antes da flotilha zarpar, o Tribunal Penal Internacional havia solicitado mandados de prisão contra Benjamin Netanyahu e líderes do Hamas, reforçando o caráter de “momento de virada” no conflito. A missão, portanto, não foi apenas resgatada pela imprensa — ela foi estrategicamente planejada para acontecer em um momento de máxima visibilidade e tensão diplomática.
No centro da narrativa estão nomes conhecidos, mas também estruturas menos visíveis que coordenam ações como essa.
Greta Thunberg é, sem dúvida, a figura mais reconhecível da missão. Aos 22 anos, a ativista sueca se consolidou como uma das principais vozes da juventude global em defesa do clima — e agora amplia seu campo de atuação ao se juntar a causas humanitárias. Sua presença na flotilha não é apenas midiática: é estratégica. Greta representa uma geração que conecta pautas — entende o colapso climático como intrinsecamente ligado a conflitos políticos, desigualdade social e crises humanitárias. Sua detenção e posterior deportação viraram manchete global, impulsionando ainda mais a visibilidade da missão.
Thiago Ávila, por outro lado, é um nome menos conhecido no cenário internacional, mas extremamente ativo em redes de militância latino-americanas. Economista de formação, com passagens por territórios em conflito como o Líbano e o Irã, Thiago atua há mais de uma década em causas sociais, ambientais e decoloniais. Ele é figura chave na articulação da Freedom Flotilla Coalition, conhece as dinâmicas do Oriente Médio e já participou de ações de solidariedade com Gaza anteriormente. Sua recusa em assinar a deportação foi um ato político — e o manteve sob custódia israelense por mais tempo, gerando pressão sobre o Itamaraty e dividindo opiniões no Brasil.
Por trás desses rostos, está a Coalizão Flotilha da Liberdade: uma articulação internacional de ONGs, juristas, parlamentares e ativistas que, desde 2010, organiza essas missões como formas de desobediência civil e denúncia. O grupo atua com respaldo jurídico e estratégia comunicacional.
E no outro polo está o Estado de Israel, que enxerga essas iniciativas como ameaças à sua segurança. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, chamou o Madleen de “flotilha do ódio” — acusando os envolvidos de colaborarem, ainda que indiretamente, com o Hamas. Para o governo israelense, romper o bloqueio, mesmo simbolicamente, é um ato provocador. Por isso, o país age antes que os barcos se aproximem de suas fronteiras marítimas, mesmo que isso envolva interceptações em águas internacionais.
Apesar do simbolismo envolvido, a Flotilha da Liberdade não é só um gesto político — é uma operação logística complexa, com meses de preparação. Tudo começa com a compra de um barco e a arrecadação de recursos por meio de doações internacionais. Os ativistas definem quais insumos levar, considerando tanto as necessidades emergenciais da população de Gaza quanto o espaço físico limitado da embarcação. No caso do veleiro Madleen, que partiu da Sicília no dia 1º de junho de 2025, a carga incluía leite em pó, fórmulas infantis, fraldas, alimentos básicos como arroz e farinha, kits médicos, próteses e um sistema portátil de dessalinização de água.
Durante a navegação, o barco também realizou resgates no Mediterrâneo — prática comum entre missões desse tipo, que muitas vezes cruzam rotas de migrantes em situação de risco. A aproximação da costa egípcia foi estratégica: como Israel controla o acesso marítimo a Gaza, muitos barcos tentam se aproximar pela fronteira sul, próxima a Rafah.
A interceptação ocorreu no dia 8, em águas internacionais, a cerca de 120 km da costa. Drones sobrevoaram o barco antes da abordagem direta da Marinha israelense. Os ativistas foram comunicados via alto-falante de que seriam interceptados. Após resistência simbólica, o barco foi rebocado até o porto de Ashdod, onde os tripulantes foram separados, interrogados e encaminhados à imigração.
Cada passo é documentado: a coalizão libera vídeos, relatórios e comunicados detalhados — tanto para garantir transparência quanto para alimentar a narrativa pública de que a missão foi pacífica, legítima e orientada pelo direito humanitário.
O destino da carga também é controlado: Israel geralmente promete entregar os itens por canais oficiais, embora organizações independentes aleguem que parte dos suprimentos acaba confiscada ou retida indefinidamente. A credibilidade desse processo é uma das principais tensões diplomáticas entre Israel e os países envolvidos nessas ações.
A ação da flotilha não é apenas uma operação logística com propósitos humanitários — é um movimento profundamente simbólico, com impactos geopolíticos e midiáticos relevantes. Entre os que se beneficiam diretamente estão os organizadores e ativistas da Freedom Flotilla Coalition, que conseguem projetar sua causa para o centro do debate internacional. Ao desafiar publicamente um bloqueio amplamente criticado por organismos internacionais, eles não só geram manchetes, mas também forçam governos e organismos multilaterais a se posicionar. A presença de figuras midiáticas como Greta Thunberg e Thiago Ávila amplia o alcance: as redes sociais, nesse cenário, funcionam como multiplicadores de impacto, especialmente entre jovens e movimentos progressistas.
Israel, por outro lado, sai arranhado aos olhos da opinião pública internacional. A intercepção de um barco civil em águas internacionais é vista como um ato de força excessiva, alimentando críticas de que o país não está disposto a aceitar nem mesmo iniciativas humanitárias pacíficas. Mesmo que a narrativa oficial aponte para riscos de segurança e tentativa de violação de um bloqueio legalmente sustentado, o efeito prático é o de reforçar a imagem de isolamento e militarização diante de civis desarmados.
Gaza, ironicamente, perde novamente. Apesar da boa intenção dos ativistas, a missão não chegou ao território, os suprimentos não foram entregues diretamente, e a crise humanitária permanece. O gesto simbólico não substitui o alívio concreto necessário: hospitais continuam sem energia, água potável é escassa, e mais de 2 milhões de pessoas seguem em situação-limite.
No Brasil — e em outros países não diretamente envolvidos — boa parte da população mal percebe o que está em jogo. O noticiário pontual e a polarização política interna fazem com que o evento seja lido de maneira rasa: para alguns, ativismo oportunista; para outros, heroísmo ignorado. Pouco se discute, de fato, o que significa uma violação contínua de direitos humanos, ou a complexidade jurídica e ética do bloqueio.
Por fim, países vizinhos como o Egito — cujas águas foram parte da rota do Madleen — atuam nos bastidores. Facilitam negociações, autorizam passagens ou ignoram intervenções, mantendo-se estrategicamente neutros para não comprometer suas próprias relações diplomáticas com Israel ou com a Palestina. São agentes silenciosos, que operam fora do foco da mídia, mas são peças centrais no tabuleiro.
No fim das contas, essa ação mobiliza mais do que 12 ativistas: reverbera em organismos da ONU, chancelerias, redações jornalísticas e redes sociais. E revela que, mesmo em um mundo saturado de conflitos, ainda existem gestos — arriscados, estratégicos, simbólicos — que tentam desafiar o status quo.
A presença do ativista Thiago Ávila na flotilha de 2025 colocou o Brasil, de forma inesperada, no centro de um dos eventos mais simbólicos do conflito Israel-Gaza nos últimos meses. Assim que a notícia da detenção de Ávila ganhou repercussão internacional, o Itamaraty foi acionado. O Ministério das Relações Exteriores emitiu nota afirmando que acompanhava o caso, oferecendo apoio consular e cobrando das autoridades israelenses que os direitos do brasileiro fossem respeitados. A atuação foi rápida, mas também alvo de debates: para parte da população, representou o compromisso do Brasil com a dignidade de seus cidadãos; para outra, a resposta foi vista como alinhamento com uma agenda política pró-Palestina.
Internamente, o episódio reativou uma velha clivagem ideológica. Setores progressistas e movimentos sociais brasileiros elogiaram a coragem de Thiago, destacando seu histórico de luta em defesa de causas humanitárias. ONGs e coletivos de direitos humanos reforçaram a importância da ação como símbolo de resistência. Já grupos conservadores criticaram a viagem, acusando os participantes de irresponsabilidade ou de alimentar tensões internacionais.
Nas redes sociais, o caso se tornou meme, com comparações entre o veleiro e o Greenpeace, ou mesmo com reality shows. Apesar do tom bem-humorado, esse tipo de conteúdo revela como o episódio conseguiu mobilizar diferentes níveis de atenção — do ativismo sério ao entretenimento digital.
Para além do buzz, o caso reacende o debate sobre qual deve ser o papel do Brasil em conflitos internacionais: apenas mediador neutro ou ator político com posicionamento moral claro? A atuação futura do governo frente a situações como essa será um termômetro da política externa brasileira.
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