O ano do pensamento mágico - Resenha crítica - Joan Didion
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O ano do pensamento mágico - resenha crítica

O ano do pensamento mágico Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Biografias & Memórias

Este microbook é uma resenha crítica da obra: The Year of Magical Thinking

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-8595083554

Editora: HarperCollins

Resenha crítica

A escrita como refúgio

Joan Didion é uma das escritoras mais icônicas dos Estados Unidos. No auge do chamado Novo Jornalismo, que misturava aspectos da escrita literária em deliciosos e extensos textos jornalísticos, ela foi a principal representante feminina dessa modalidade de escrita. 

Foi casada com o também escritor John Gregory Dunne de 1964 a 2003. A relação foi interrompida bruscamente com um infarto do miocárdio que vitimou John. Se há males que vêm para o bem, foi a partir da viuvez que teve origem este O ano do pensamento mágico, também temperado com a dura experiência de ter uma filha internada por meses com uma doença grave.

Quintana Roo Dunne, única filha do casal de escritores, passou meses de sua vida internada em hospitais e demorou algum tempo para saber da morte de seu pai. E no relato abaixo, a superação é vista como a necessidade de atravessar os momentos em que tudo parece desaparecer, indo embora com pessoas que amamos. 

Sem autopiedade, Joan Didion cria envolvimento e emoção em uma escrita que gruda nossos olhos em cada página. Não é à toa que ela é das escritoras mais celebradas na literatura norte-americana. 

Mudanças

Depois da morte de seu marido, os primeiros escritos de Joan Didion foram estas palavras: “A vida muda rapidamente. A vida muda em um instante. Você se senta para jantar, e a vida que você conhecia termina. A questão da autopiedade.”

Estavam em um arquivo de Word intitulado “Notas sobre a Mudança”, salvo em 20 de maio de 2004 às onze e onze da noite. Possivelmente, foi arquivado de maneira automática antes de ser fechado, pois a autora indicava que tais palavras foram escritas originalmente em janeiro daquele ano, poucos dias depois do desastre súbito que a desafiou. Tempos depois ao revisitá-lo, Joan Didion notou que não havia uma alteração sequer.

Para a autora, quando um desastre surge em nossas vidas, é comum fixar-se em circunstâncias banais até o inimaginável acontecer, como tarefas rotineiras prontamente cortadas pelo que depois vimos como tragédia. 

Didion entrevistou muitas pessoas ao longo da carreira, desde os mais privilegiados até aqueles menos abastados. E quando notou que sua história era digna de um livro, percebeu tudo tão próximo, sem saber lidar bem com o que aconteceu. 

Didion pegou firme, de verdade, na escrita deste livro, no dia 4 de outubro de 2004, nove meses depois da fatídica noite de 30 de dezembro de 2003. Ela chegou a olhar por muito tempo para a mesa onde jantava com o marido antes de sua morte. 

Lembrava da cara de espanto de José, que trabalhava em sua casa e no dia seguinte à morte de John limpava o sangue no lugar em que ele faleceu com espanto, sem acreditar que o chefe havia falecido.

Nas cinco noites anteriores à morte de John, Quintana, única filha do casal, estava inconsciente na UTI da ala Singer do Beth Israel Medical Center com uma aparente gripe sazonal que a levou a ser internada às vésperas do Natal de 2003. Depois, souberam que se tratava de uma pneumonia e choque séptico.

Joan Didion precisou escrever para tentar entender todo aquele período nebuloso, entre a morte do marido, as semanas e meses seguintes ao luto. 

Terça-feira, 30 de dezembro de 2003.

Era um dia comum. Joan e John haviam visitado Quintana no hospital, longe de sua casa em Nova York.

Enquanto ela lia um livro qualquer e tomava um uísque, conversava banalidades com o marido, como de costume ao fim dos dias de trabalho. 

Foi então que, do nada, ele parou de falar. Calado, não a respondia e ela pensou se tratar de mais uma brincadeira daquele homem tão piadista e cheio de tiradas. Depois, o susto: ele deveria estar engasgado. 

Quando John desmaiou, Joan chamou paramédicos sem acreditar na gravidade do caso. Só se deu conta quando usaram desfibrilador para reanimá-lo. Foi um infarto do miocárdio o responsável por interromper uma trajetória de quase 40 anos juntos. 

A partir dali, a vida nunca mais seria a mesma. 

O poder da dor 

Até Freud já escreveu sobre o quanto a dor é poderosa, como no livro Luto e Melancolia, de 1917, quando diz que esse poder “envolve um grande desvio da atitude normal em relação à vida”.

Joan tinha em mente todos os escritos envolvendo a dor profunda como motivadora para seguir adiante no trabalho e em outros aspectos, mas se sentia como que paralisada, sozinha e única responsável por tantos transtornos em volta de si. Quando se sente a dor, tudo parece ser mais complexo que as palavras organizadas em livros. 

Racional?

Joan Didion parecia racional. Apenas superficialmente. Quem a via naqueles dias de luto, com a filha internada, acreditava que ela havia aceitado a morte como irreversível, um fator contra o qual não temos muito o que fazer. 

Todas as tarefas burocráticas foram tratadas rapidamente e as cinzas de seu marido seriam jogadas na catedral de St. John the Divine.

Com toda a papelada resolvida, a constatação da autora era de que estava quebrada por dentro, muito longe da fortaleza que os observadores imaginavam. 

Rápido

Quando Joan Didion era criança, morou na Califórnia. Desses tempos, lembra que era normal ver as pessoas usando um espelho diante da boca e do nariz dos mortos para conferir se eles, de fato, tinham passado dessa para a melhor. 

Na noite de 30 de dezembro de 2003, ela esqueceu de fazê-lo, mesmo quando a atendente no telefone perguntou se John estava respirando. 

Faziam poucas horas que haviam visitado Quintana na UTI do hospital e observado atentamente os números no respirador, bem como segurado a mão inchada da filha confinada em um hospital em pleno fim de ano. 

A autora lembra que o casal planejou comer e conversar com a lareira acesa ao chegarem em casa, com muita tranquilidade. Mas nossos planos podem ser cortados assim, de uma hora para outra, pelo nosso próprio corpo parando de funcionar. 

Uma premonição da morte

Anos antes da viuvez, Joan andava em Nova York pela 57th Street, entre a 6th e a 5th Avenues. Era um dia típico de outono, com muita claridade no ar.

E teve o que acreditou, então, ser uma premonição da morte. Um rápido reflexo da luz do sol com as folhas amarelas caindo diante dela, como uma chuva de ouro e uma rápida queda de luz. A premonição, em sua cabeça, tinha a ver com a ausência de árvores naquela avenida e ainda assim as folhas aparecerem tão fortes em sua mente. 

Ela chegou a pensar se não havia sido um delírio aquilo tudo. Mas o fato é que um sonho, muitos anos depois, de uma ilha gelada vista de cima, era a certeza de que a morte lhe rondava.

Mas elas nos ronda a todo tempos, não é mesmo?

Lidando

Joan se perguntou por muito tempo sobre os motivos que a levavam a normalizar aquela situação. Ver a filha ser internada na UTI no Natal de 2003 e o marido morrer cinco dias depois não era uma situação trivial.

Sua filha só soube da morte do pai na manhã de 15 de janeiro de 2004, depois que os médicos puderam retirar o tubo do respirador, reduzindo a sedação para que ela acordasse aos poucos. Não havia planos para contar a notícia trágica naquele dia, mas ela não conseguiu segurar a informação para si. 

Os médicos alertaram Joan de que sua filha poderia absorver toda e qualquer notícia apenas intermitentemente. Ela acordou e voltou a ser sedada por outras vezes. 

Entre melhoras e pioras da filha, o mundo caía sobre as costas da autora, recém-viúva e tendo que lidar com uma filha entre a vida e a morte. 

Estar a salvo

“Você está a salvo” foi a frase que Joan sussurrou para Quintana, sua filha, na primeira vez que a viu na UTI do hospital da Universidade da Califórnia, tão distante de sua casa. Na internação, metade da cabeça dela foi raspada por uma cirurgia, que deixou uma longa incisão e grampos que a mantinham fechada. 

Sua filha perguntou quando ela precisava ir embora no momento em que pôde voltar a falar. Foi ali que ela teve a percepção de que, na verdade, nunca estamos a salvo e há uma impotência de manter-nos e às pessoas amadas inteiramente a salvo.

Parentes e amigos mais próximos perguntavam qual era o estado de Quintana, esperando um diagnóstico preciso e Joan não sabia bem como respondê-los, tanto quanto não sabia como lidar com a situação tão pesada em que vivia. 

Evitando pensar 

Durante o tempo passado no hospital, à espera de notícias sobre a filha, Joan Didion evitava pensar no motivo que a levava a estar ali. Fazia o possível para manter a mente ocupada.

E quando Quintana teve alta, sua visão pareceu turva, pois ela teve muitas dificuldades em relatar detalhes daqueles dias tão cansativos depois da morte do marido. E passou, então, a se questionar sobre por quais motivos sempre tinha a palavra final para assuntos sérios e por que sempre queria estar certa nas discussões familiares 

Foi a primeira vez na vida que resolveu deixar tudo para lá, esquecer compromissos e apenas desfrutar a saída da filha do hospital, depois de tantos meses de aflição. 

Mudando costumes e seguindo a vida

Joan Didion contava todos seus sonhos a John. Ela não fazia questão de tentar compreendê-los, mas queria se livrar deles, limpando a mente para encarar o dia. Ele se recusava a ouvi-los, mas depois desistia e escutava tudo sobre a noite de sono da esposa. 

Após sua morte, a autora parou de sonhar. No verão seguinte à morte de John, Joan sentiu uma fragilidade e instabilidade com a qual nunca teve de lidar antes das tragédias.

Ela recebeu um convite para cobrir as prévias do Partido Democratas e seus colegas de trabalho tinham dúvidas se ela estaria bem para fazê-lo. Depois de pensar e relutar, ela aceitou e tocou a vida, fazendo o que melhor sabia: escrever. 

E depois de muito tempo reparou que a morte de seu amado fez com que ficasse muito tempo sem mexer em seus arquivos de ideias, como se estivesse paralisada no tempo até a noite fatídica. 

De tão transtornada, ela chegou a passar o endereço errado ao departamento que realizou os exames no corpo de seu marido. Ainda se sentia transtornada, mesmo ao finalizar o livro. E sentia a presença do companheiro ainda ali, ao seu lado. 

Notas finais 

A morte segue como tema tabu em nossa cultura ocidental. Falar sobre ela causa arrepios em boa parte da população, ainda que seja impossível fugir de sua sombra. 

Joan Didion expulsa os fantasmas que ainda a atormentavam com a morte de seu marido, John Gregory Dunne, sem apelar a lições fáceis. Seu relato cru é um ensinamento para encarar melhor a vida e a morte. 

Dica do 12’

A leitura do microbook A Voz do Silêncio tem tudo para trazer bons ensinamentos sobre buscar o melhor de si mesmo, em seu interior, especialmente nos momentos de luto e de busca pelo caminho a ser seguido.

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Quem escreveu o livro?

Joan Didion, uma prestigiada autora americana, narra em seu livro "O ano do pensamento mágico", a morte de seu marido, John Gregory Dunne, bem como as suas dificuldades e resistências que vieram... (Leia mais)

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