As veias abertas da América Latina - Resenha crítica - Eduardo Galeano
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As veias abertas da América Latina - resenha crítica

As veias abertas da América Latina Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
História & Filosofia

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Las venas abiertas de Latinoamérica

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-254-0755-9

Editora: 

Resenha crítica

As consequências do “descobrimento”

Segundo a historiografia considerada oficial, o continente americano teria sido “descoberto” no ano de 1492. Cristóvão Colombo, em 1845, liderou uma campanha militar que exterminou os povos indígenas da Ilha Dominicana.

Os poucos sobreviventes foram vendidos como escravos. Assim, a invasão espanhola e portuguesa articulava o saque de todas as riquezas nativas com a disseminação da fé cristã.

Os índios foram expostos a enormes sofrimentos. Consequentemente, muitos se suicidaram, outros tombavam pela escravidão e a maior parte era vencida por vírus e bactérias oriundos da Europa. 

A resistência indígena

A diferença no desenvolvimento cultural, científico e militar entre os índios e os conquistadores pode explicar, em grande parte, o motivo de tantas derrotas. Por conta disso, os povos indígenas sofreram perdas terríveis, diminuindo assustadoramente.

Após o descobrimento, em um primeiro momento, os metais preciosos foram os principais alvos da exploração. Entre essas riquezas, houve um interesse especial na prata da Bolívia (em Potosí) e no ouro do Brasil (em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais). Nesse processo, quase todos os índios pereceram.

Embora alguns tentassem resistir, o massacre era inevitável e impiedoso, como exemplificado pelo líder nativo Tupac Amaru, que dirigiu um movimento revolucionário e acabou sendo, além de executado, mutilado ao lado de seus partidários e familiares.

O motor das conquistas

É de suma importância mencionar que a maioria dos metais que foram explorados em nosso continente servia, apenas, para ser enviado às nações europeias.

Particularmente, no caso do Brasil, a maior beneficiária foi a coroa inglesa. Ademais, quase todos os itens consumidos em nosso país vinham da Inglaterra, incluindo as roupas dos negros escravizados que trabalhavam junto às minas.

A busca pela prata e pelo ouro foi, de acordo com Galeano, o principal motor das conquistas. Quando os colonizadores descobriram a facilidade e rapidez do plantio de cana-de-açúcar, passaram a explorar, também, esse recurso.

O resultado imediato foi um incremento exponencial de homens e mulheres trazidos acorrentados do continente africano. Vale lembrar que o açúcar era considerado artigo de luxo — algo caro e muito cobiçado pelas classes dominantes do velho continente.

Os holandeses e o açúcar

O Brasil foi, até o século XVII, o maior produtor global de açúcar. Por consequência, também era um dos principais destinos dos africanos comercializados como escravos, uma vez que os indígenas logo morriam perante a escravidão.

Predominantemente financiado por capitais holandeses, o negócio açucareiro dependia desses aportes para a edificação de instalação, traslado de mão de obra e refinamento de matérias-primas.

Os holandeses tentaram, em 1630, conquistar o Brasil, sendo expulsos e levando consigo os empreendimentos açucareiros, instalando-os nas Antilhas. Essa região ficou condenada ao mercado do açúcar até a atualidade, relegados à monocultura que gera pobreza e desemprego à sua população.

Monocultura, Cuba e o abolicionismo

A monocultura da cana-de-açúcar exercia uma força tão grande que Cuba somente conseguiu se livrar do seu jugo após a revolução. Extinguiu, também, males como o desemprego e o analfabetismo.

Com efeito, a reforma agrária implementada a partir de 1959 iniciou um novo processo de diversificação econômica na ilha. O açúcar produzido pela América Latina propiciou gigantesca acumulação de capital, tanto para os países europeus quanto para os Estados Unidos.

Nas primeiras décadas do século XIX, os ingleses encabeçaram uma campanha abolicionista, pois seu nível de industrialização já demandava a existência de mercados consumidores internacionais que gozassem de maior poder aquisitivo.

O Brasil, como se sabe, arrastou o sistema escravocrata até 1888, porém o latifúndio não acabou depois da abolição. Portanto, mesmo “libertos”, os trabalhadores, em sua maioria, viviam e atuavam profissionalmente sob condições similares às da escravidão.

Borracha

Galeano aborda, na presente obra, o comércio da borracha. Como o Brasil conquistou o território do Acre, passou a contar com, praticamente, todas as reservas de seringueira do mundo.

A exploração do produto utilizou mão de obra nordestina em larga escala. Os ingleses, pouco tempo depois, furtaram sementes da seringueira e as levaram até o continente asiático.

Dessa forma, o Brasil deixou de exercer controle irrestrito sobre a borracha. Nesse ínterim, produtos como o café e o cacau passaram a ser vistos como alternativas viáveis de exploração de produtos primários.

Cacau, café e as lutas de libertação nacional

A Venezuela era a principal fonte de extração do Cacau, mas, no Brasil também existiam plantações importantes dessa planta. Quanto ao café, nosso país sempre foi um dos principais exportadores, tanto que utilizou tanto mão de obra escrava quanto de imigrantes pobres que chegavam da Europa.

Com efeito, esse negócio gerava enormes lucros, levando os cafeicultores a se consolidarem como a nova elite social. Porém, as empresas estadunidenses participavam das transações, ainda que o Estado brasileiro suportasse todos os ônus.

Nesse contexto, revolucionários como Zapata, no México, e Sandino, na Nicarágua, iniciaram lutas de libertação nacional de suma importância, enfrentando, de armas em punho, os desmandos dos latifundiários e dos imperialistas.

Agora que chegamos na metade da leitura, vamos conhecer alguns dos elementos centrais para o entendimento do atual nível de subdesenvolvimento dos países de nossa América Latina.

As novas matérias primas

Os Estados Unidos, bem como as empresas estadunidenses, investiram pesado na América Latina, a fim de obter as matérias primas que precisavam para subsidiar os mais diversos ramos de suas indústrias.

Afinal, eles não possuíam esses recursos na quantidade necessária em seus próprios territórios. Nesse processo, os capitalistas se valeram dos mais distintos meios para atingir o controle dos mercados.

Entre as práticas adotadas, destaca-se o fomento aos conflitos armados, tais como Guerra do Chaco (que durou de 1932 a 1935) e a do Pacífico (de 1879 a 1893).

A partir do desenvolvimento tecnológico da indústria bélica, produtos primários como gás natural, ferro, estanho e, sobretudo, o petróleo, passaram a atrair o interesse das grandes potências.

Os movimentos que lutavam pela independência da América Latina — incluindo aqueles que foram bem-sucedidos — não interferiram na lucratividade obtida pelos países imperialistas, notadamente, a Inglaterra.

Livre comércio para quem?

As metrópoles enviavam os produtos manufaturados, atingindo quantias enormes de rentabilidade com os novos mercados. A abundância de produtos britânicos nos territórios latino-americanos justificava-se pelo fato de que as colônias não criavam barreiras alfandegárias.

Desse modo, as mercadorias estrangeiras não pagavam nenhum imposto. Nos raros casos em que havia tal incidência, os valores eram insignificantes, permitindo que os produtos exportados fossem, inclusive, mais baratos que os nacionais.

Em decorrência dessa dinâmica, as nascentes indústrias latino-americanas foram completamente arrasadas. O nosso autor cita Friedrich List (economista austríaco defensor do protecionismo) para o qual, o “livre comércio” era, de fato, o principal produto britânico.

Não obstante, os únicos beneficiados com essa “liberdade econômica” eram os próprios ingleses, visto que seu enriquecimento crescia à medida que as jovens nações da América Latina se empobreciam cada vez mais.

Obviamente, existiram algumas tentativas esparsas para proteger os mercados internos. Um bom exemplo disso pode ser encontrado na legislação alfandegária argentina de 1835 que, infelizmente, provocou ataques militares de ingleses e franceses.

Um mau exemplo

Na América Latina, todavia, o Paraguai era o único país no qual as oligarquias e o capital inglês não mandavam. Nessa nação, inexistiam grandes latifúndios particulares.

Isto é, as terras eram, na maioria, propriedade do Estado. Além disso, os índices de analfabetismo eram os menores do subcontinente e, de maneira geral, a população gozava de uma boa qualidade de vida, sem passar por necessidades.

Esse estado de coisas preocupou a Inglaterra. Afinal, ela não podia penetrar nesse mercado. As oligarquias vizinhas consideravam que o Paraguai servia de “má influência”.

Nesse contexto, formou-se, em 1865, a chamada “tríplice aliança” entre Uruguai, Brasil e Argentina. O intuito era utilizar o apoio financeiro e moral dos ingleses para destruir a única nação livre do comando imperialista.

Da Europa aos Estados Unidos

A resistência paraguaia foi heroica. Sem embargo, o país acabou sucumbindo e sua população havia sido aniquilada. Enfim, a tríplice aliança sofreu uma bancarrota financeira, elevando sua dependência da Inglaterra.

O Paraguai, por sua vez, passou a ser fortemente explorado e nunca mais se recuperou. O autor enfatiza que os Estados Unidos não enviaram nada à Inglaterra.

Isso possibilitou um desenvolvimento local aprimorado, ao passo que a América Latina enviava quase todas as matérias primas necessárias para que a Europa expandisse seu poderio.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os interesses europeus recuaram e os estadunidenses se intensificaram. Logo, houve uma redução nos gastos com mineração e serviços públicos e um aumento nas atividades relacionadas à indústria manufatureira e ao petróleo.

A preponderância do capitalismo estadunidense

Os capitais estadunidenses tomaram os setores estratégicos das indústrias locais. Dessa posição, comandaram toda a economia e obtiveram as condições ideais para ditar as regras aos países, agora chamados de “periféricos”.

Os capitalistas da América do Norte desvincularam-se, paulatinamente, de quaisquer sentimentos ou ideais nacionalistas. O elemento prejudicial desse cenário encontrava-se no fato de que o crescimento industrial latino-americano passou a ser estimulado de fora.

Fundo Monetário Internacional

Em termos práticos, havia poucas empresas não vinculadas, de um modo ou de outro, aos capitalistas dos Estados Unidos. Ainda assim, muitos negócios que não tinham ligação direta com ele acabaram sendo absorvidos por organizações estrangeiras.

Estas usufruíam de maiores benefícios, em função do tratamento recebido pelo Estado — que fundamentava a concessão de facilidades em um pretenso potencial desenvolvimentista — algo que ficava cada vez mais claro no Brasil.

Galeano observa que a consolidação do FMI (Fundo Monetário Internacional) incrementou o controle capitalista de toda a América Latina. Essa instituição era controlada pelos Estados Unidos, prometendo milagres que nunca se cumpriram.

Seu objetivo era a institucionalização do controle financeiro e econômico de todo o mundo. Os países latino-americanos, por exemplo, passaram a ter suas políticas públicas inteiramente regidas pelo Fundo.

O predomínio dos bancos

A fundação de bancos estadunidenses tem se mostrado outra forma bastante eficiente de subtrair dinheiro dos países latino-americanos. Como não podia deixar de ser, essas instituições bancárias influenciam decisivamente os mercados internos.

A detenção de recursos financeiros, certamente, é o método mais eficiente de dominação, sendo usado para elevar determinados grupos políticos ao poder e derrubar outros.

A ditadura militar — tão corriqueira na América Latina — é o método perfeito para desmantelar indústrias nacionais e reafirmar os monopólios estrangeiros.

Notas finais

Cumpre ressaltar, por fim, que o fator determinante para a permanência dessa exploração pode ser encontrado na falta de unidade entre os povos latino-americanos.

Essa desunião evidencia-se, sobretudo, na esfera econômica, uma vez que essas nações comercializam muito mais com a Europa e os Estados Unidos do que entre si.

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Quem escreveu o livro?

Galeano foi um jornalista uruguaio. Escreveu mais de 40 obras, abrangendo temas como história, sociologia, jornalismo e... (Leia mais)

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